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"O Patriarca do Fado"
Sexta-feira, 29 de Junho de 2007

MARIA DO ESPÍRITO SANTO

Maria Amélia Consciência do Espírito Santo, nasceu em Lisboa no bairro de Xabregas em 1938.

O seu começo foi como o de tantos outros artistas, começando a cantar em festas de amigos, até que através de um concurso na Emissora Nacional, deu inicio à sua carreira artística, tendo passado a actuar nos espectáculos daquela Emissora, granjeando a simpatia e admiração do público, que a levou a passar rapidamente do anonimato para a ribalta.

Dedicou-se ao fado, tendo cantado nas mais conhecidas casas de fado, nomeadamente na " TOCA" propriedade do grande fadista Carlos Ramos, e mais tarde passou pelo cinema, não tendo o teatro de revista ficado insensível à sua figura insinuante, elegância e beleza, tendo integrado o elenco de revistas que tiveram êxito, como "Põe-te a Pau " e " Bate o Pé ".

Integrou também o elenco das "Caravanas da Saudade", fez várias digressões ao estrangeiro, e teve uma boa prestação no festival de "Aranda del Duero".

Do seu vasto repertório constam letras de Fados que lhe granjearam admiração, “Não te digo, Devagar Coração, Rainha do Tejo, O meu último pecado, Noutro Tempo, Olha o Toiro, A Minha Sina, Assim é que é, Sou Fadista, Se eu pudesse, Olhos Tontos, Lisboa do Fado”, etc.

No pleno uso de todas as suas capacidades, que a tornaram conhecida do grande público, sem qualquer explicação, retirou-se, abandonando a vida artística, privando-nos a todos os que muito a admirávamos, da sua simpática figura, da sua elegância e do seu talento.

 

 

LISBOA DO FADO

 Repertório de Maria do Espírito Santo

Letra: Moita Girão

Música: Adelino dos Santos

 

                                            És de todas as cidades

                                            A cidade mais vistosa

                                            Tensa. cor maravilhosa

                                            Com que se pintam saudades.

                                            Tens craveiros nas janelas

                                            Beijados pelo luar;

                                            És rica desde as chinelas

                                            Ao sol que te vem beijar.

 

                                            Estribilho

 

                                            Lisboa airosa

                                            Menina mimada

                                            Que sabe cantar;

                                            Tens graça de rosa

                                            Linda, perfumada,

                                            Aberta ao luar;

                                            Lisboa formosa.

                                            Menina risonha.

                                            De belo passado;

                                            Lisboa saudosa,

                                            Lisboa que sonha,

                                            Lisboa do fado!

 

                                            São teus bairros diamantes,

                                            Com que vaidosa te enfeitas;

                                            Sempre que à noite te deitas

                                            Vestes de estrelas brilhantes.

 

                                            Em carícia apaixonada,

                                            O Tejo beija-te os pés;

                                            Lisboa cidade amada,

                                            Lisboa tão linda és!

 

 Imagem de Lisboa - FotoM. Esteves

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Viva Lisboa: Grande Fadista
publicado por Vítor Marceneiro às 11:20
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Terça-feira, 26 de Junho de 2007

ALFREDO MARCENEIRO AUSENTE HÁ 25 ANOS

Alfredo MarceneiroFaleceu há 25 anos,  
a 26 de Junho de 1982.

 

UM FADO "A MARCENEIRO"

À solta e desvairada a morte certo dia

Entrou no velho pátio e ali quase em segredo,

Num golpe traiçoeiro de raiva e cobardia,

Maldosa nos levou p'ra sempre o Ti Alfredo

 

Ao chorar das guitarras como se fosse um hino

Juntou-se a voz do povo de Portugal inteiro

Tinha morrido o rei fadista genuíno

O mais de todos nós o grande Marceneiro

 

Sua garganta rouca tinha o condão cubano

De nos dar fado a sério sem ais, sem fantasias

Se o fado para ser fado algum segredo tem

Então esse segredo só ele o conhecia

 

Sempre que a noite chega eu julgo ainda vê-lo

Fazendo a sua ronda p'los retiros de fado

De boné ou mostrando o seu farto cabelo

E o seu lenço varino ao pescoço ajustado

 

Recordo as suas birras e em grande cavaqueira

Seus ditos graciosos se bem disposto estava

E oiço até o seu riso no Cacau da Ribeira

Onde já madrugada sua ronda findava

 

De Alfredo Marceneiro eu guardo um disco antigo

E um retrato dos dois sobre um fundo bairrista

Um fado ao desafio que ele cantou comigo

E uma eterna saudade desse enorme Fadista

 

 


Poema de: Fernando Farinha

 

Nota: Para além desta,  não mereceu mais nenhuma notícia a efeméride, nem uma palavra  daqueles que passam a vida a contar histórias e que dizem terem tantas lembranças dele, e os inspirados e seguidores?, mas uma coisa é certa "MARCENEIRO É PARTE INTEGRANTE DA GRANDE HISTÓRIA DO FADO, È TAL O SEU LEGADO QUE A SUA LEMBRANÇA NÃO SERÁ TEMPORAL, MAS PARA TODO O SEMPRE, ENQUANTO HOUVER FADO EM PORTUGAL".

Enquanto este neto tiver um sopro de vida não deixará de relembrá-lo  para que as gerações actuais saibam quem ele foi, para as gerações futuras  também já   dei o  meu testemunho escrevendo dois  livros biográficos.

Dirão alguns, como já aconteceu quando escrevi o 1º Livro da sua biografia, "Recordar Alfredo Marceneiro", que não faço nada de mais, é neto, tem a papinha feita, pois para espanto desses e de outros mais,  é que felizmente não sou analfabeto, e tenho muito orgulho nas minhas origens

Obrigado Avô, Pai e Avó Maria por tudo o que me deram, para bem ou mal puder escrever sobre vós e sobre o Fado.

 

 

 “ANTES QUE QUEIRA NÃO POSSO”

 

Letra de: Henrique Rêgo

 

Antes que queira não posso

Deixar o fado é morrer

É ele o meu Padre-Nosso

Que eu vou rezando a sofrer

 

                                          Se a minha sina é cantar

                                          O fado que é meu e vosso

                                          Como é que o posso deixar

                                          Antes que queira não posso

 

Sou fadista à moda antiga

Quero cantar e viver

Aprendi numa cantiga

Antes quebrar que torcer

 

                                          Se o fado tem amargor

                                          É a cantar que o adoço

                                          Num misto de Graça e dor

                                          É ele o meu Padre-Nosso

É Acto de Contrição

É Credo que faz Querer

É a mais bela canção

Que eu vou rezando a sofrer

 


 

" — Alfredo Duarte — Este sentimental fadista é um dos mais completos da actualidade. Desde o fado em que os poetas compõem o verso francês — Alexandrino — até ao correntio, mas saudoso, fado corrido, a sua voz é sempre cariciosa e de uma ternura inigualável; tem-nos sensibilizado até ás lágrimas; é o cantador chocante das plateias.
Os versos de Henrique Rêgo, que actualmente canta, têm a expressão que o autor lhes imprime. Feliz do poeta que tem tal executor dos seus trabalhos.
Para traçar o perfil fadista do Alfredo Marceneiro, a pena não excita; corre ligeira e firme, como se estivéssemos fazendo o elogio dum grande artista.
Os fados e os versos cantados pela garganta deste sentimental trovador, tornam-se conhecidos do povo.
É que ele, com a sua plangência, deixa nas bocas dos que o escutam, o sabor doce da Canção Lusitana.
É um verdadeiro fadista!..."
 
João Linhares Barbosa

 


 
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publicado por Vítor Marceneiro às 23:22
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Domingo, 24 de Junho de 2007

GABINO FERREIRA

Gabino Ferreira nasceu em 1922 no Porto, freguesia do Bonfim.

Aos 14 anos começa a cantar  o fado em festas nas colectividades e de  beneficência

Aos 16 anos estreou-se  no Café Portugal, chamado a  "Catedral do Fado" portuense,  e foi sendo solicitado para actuar noutros locais, por esta altura até lhe chamam o “Miúdo do Bonfim”.

Em 1940  com 18 anos é tal o seu prestígio que é convidado a actuar no espectáculo "Glória a Portugal" apresentado no Porto, em vários recintos, em comemoração do aniversário da Fundação e da Restauração da Nacionalidade.

Em 1942, com vinte anos, decide vir para  Lisboa, estreando-se na Esplanada Luso (ex. Retiro da Severa),  mais tarde é contratado para Café Luso, já na Travessa da Queimada, altura em que o elenco era dos mais aceites pelo grande público,  como Filipe Pinto, Maria do Carmo Torres, Júlio Vieitas, Fernando Farinha, Frutuoso França, Mário José Paninho e outros mais. Cantou também no Retiro dos Marialvas, actuou em quase todos os restaurantes típicos da época tendo finalmente sido contratado para “A Severa” como gerente artístico.

No programa radiofónico "Voz de Portugal", cantou também ao lado de Berta Cardoso, Maria Cármen, Quinita Gomes e Moisés Campelos. 

Simultaneamente tem outra actividade profissional e opta por abandonar a vida artística profissional, numa fase da sua carreira em que era considerado um dos grandes intérpretes do fado do seu tempo. Não deixou, porém, de cantar. E hoje, quando aparece nas tertúlias fadistas continua a deliciar-nos quando canta o Fado como ele o faz. 

Gravou dois discos (long play) , um em 1979,  (Fado da Velha Guarda), e outro em 1980, (Fados e Saudades de Gabino Ferreira). 

Dispõe de um vasto reportório,  tais como: Quem Não Tem Mãe Não Tem Nada, Vamos Para as Hortas, Juventude, O Fado Está Doente, A Praga Que te Rogo, Ri Sempre!, A Vida É Uma Tacada, Carta do Hospital, Despedida, Esposa Ideal, Incertezas do Tempo, Três Fases (Partida, Ausência e Chegada), Lenda da Amendoeira, Até Logo!, Escravos e Donos, e Cabelo Branco e Alfama, etc.

Gabino Ferreira canta " O Fado Está Doente"
Letra de: Carlos Conde
Música : Gabino Ferreira
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música: O Fado Está Doente
Viva Lisboa: Grande Fadista do Passado
publicado por Vítor Marceneiro às 21:37
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Entrevista ao Poeta Carlos Conde

O FADO ESTÁ DOENTE

Repertório de Gabino Ferreira

 

Letra de Carlos Conde

Música de: Gabino Ferreira

 

                                   O fado está doente, adoeceu o fado!

                                   Quando hoje o visitei quedei-me em sobressalto

                                   Ao vê-lo triste e só, com a guitarra ao lado

                                   Numa casa qualquer ali do Bairro Alto!

 

É triste a sua dor, profundo o seu abalo,

Saudoso do seu tempo alegre de conquistas!

O fado está doente, é preciso salvá-lo

Com o gosto do povo e a alma dos fadistas!

 

                                  Está muito abatido. Eu nem o conhecia!

                                  Ele, o Imperador ali da Madragoa,

                                  O Príncipe de Alfama, o Rei da Mouraria

                                  E acima de tudo o Senhor de Lisboa!

 

Fadistagem de garra, altiva e bem unida:

Se o fado é muito nosso, é grande, é imortal,

Nós temos o dever de lutar pela vida

Da mais bela canção que existe em Portugal!

 

 


De uma entrevista que o Poeta deu em 20 de Abril de 1967.

Como poderão verificar, e não querendo de forma alguma desvalorizar ninguém, mas acho que se isto fosse dito hoje 40 anos passados, nem uma vírgula seria necessário acrescentar.

 

 


 Há hoje  alguns novos interpretes de Fado, que ascenderam com rapidez fulgurante ao cume da popularidade... Porque será?

Carlos Conde: — A popularidade deve surgir naturalmente, por mérito próprio, e não por habilidades que todos nós conhecemos. A aura de verdadeiro artista deve conquistar-se pelo seu valor, pela sua arte, pelo seu talento e não por outros meios a que não é estranha uma certa forma de conluios (1)  e propagandas fáceis que, por vezes à força da insistência, chegam a comprometer e até a enganar os que julgam que a subida ( 2 )não custa.

 

(1) Hoje são "lobbies"

(2) A séria e honesta sem sofismas, custa e muito.

 

 

O Fado é devedor a alguém da sua popularidade?

Carlos Conde:—O Fado não deve nada a ninguém; todos os autores e compositores; todos os tocadores e cantadores; todos os empresários e aficcionados é que devem ao  Fado, o Fado é credor.

 

 

Como define o Fado de hoje?

Carlos Conde: — O Fado alcançou um lugar de dignidade,. Mudar-lhe o ritmo é deturpar-lhe o sentido. O Fado não pode sair do seu ambiente ainda que, por vezes, rodeado de cenários discutíveis e caricaturas exageradas.

O que é preciso acima de tudo, é que o Fado seja realmente Fado.

 

 

E os repertórios?

 

Carlos Conde — Antigamente cada artista tinha o seu repertório, nós os poetas a maioria das vezes já calculavamos para quem eram os poemas que faziamos. Hoje há bons poetas, mas pouco cantados, toda a gente canta a measma coisa que já tenha obtido êxito fosse por quem fosse.

 

 

E a música?

Carlos Conde — Tal com diz o Marceneiro, hoje toca-se muito bem, mas acompanha-se muito mal, há mais música, menos fado.

 Já tenho perguntado a mim próprio,  se  depois de Marceneiro alguém mais criou algum fado tradicional/clássico, daqueles apanhados pelos guitarristas ao estilo que o fadista dava ao cantar,  e que tenha vindo a ser um clássico, como são todos os dele... parece-me que não, e mesmo esses querem modernizá-los!

 

 

Acha que o fado está doente?

 

Carlos CondeOs grandes admiradores estudiosos do Fado são unânimes em afirmar que o fado (o genuíno)  está doente, que morre aos poucos.

Os modernos «fadistas» elevados à  «alta categoria » de cançonetistas famosos, empertigados no seu «alto prestígio» de vedetas de nomeada, afirmam  que eles é salvarão o Fado,  que é a eles que se deve a sua projeccção internacional! A ver vamos no futuro.

 

 

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publicado por Vítor Marceneiro às 21:30
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Sexta-feira, 22 de Junho de 2007

JULIETA ESTRELA

 JULIETA ESTELA

Julieta da Ascenção Estrela de Castro, nasceu em Lisboa em 1938, e viveu a sua infância no Bairro de Santa Catarina. Desde muito pequena mostra gosto pelo canto e em especial pelo Fado. Em 1955, com 16 anos venceu o concurso Rainha das Cantadeiras, ex-aequo com Florinda Maria, patrocinado pelo jornal "A Voz de Portugal". Em 1957 estreou-se profissionalmente num dos mais conceituados espaços fadistas de Lisboa, o Restaurante Típico o Luso, ao Bairro Alto. Início de um percurso que a levou a actuar em várias outras casas de fado, tanto em Lisboa como no Porto, . A Emissora Nacional a convida-a integrar os seus quadros artísticos, (1959 a 1968), tendo ainda participado em outros programas radiofónicos. Em 1958, grava os primeiros discos que alcançam êxitos, tanto em Portugal, como no estrangeiro, com temas como "Rainha do meu lar", "Ser fadista" ou "Sei lá, sei lá", etc. 1960 é cabeça de cartaz nos Casinos da Póvoa do Varzim e de Espinho Em 1967 é contratada para a inauguração do “Restaurante Típico A Guitarra da Madragoa” Em 1968 é convidada a actuar na Africa do Sul, para a comunidade de portugueses onde merece o agrado de todos. Nos anos setenta dedica-se mais à família e faz o interregno nas actuações, mas começa a interessar-se pelo estudo do Fado nas suas vertentes histórica e literária. Em 1994, conjuntamente com seu marido o investigador Dr. Luís de Castro, são os impulsionadores da criação da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado, de que é actualmente presidente. Em 1998, a quando da fundação do Museu do Fado, em Lisboa, é convidada para consultora, faz também parte dos consultores para a candidatura do Fado a Património Cultural Intangível da UNESCO. Ainda no Museu do Fado dirige o gabinete de ensaios de fado, onde procura transmitir aos mais novos a sua experiência e conhecimentos. É proprietária do “Restaurante Típico FADO MAIOR” no bairro histórico de Alfama, onde actua todos os dias com outros fadistas seus convidados.

Julieta Estrela actuando no seu Restaurante "Fado Maior"

LISBOA PEQUENINA

 Repertório de Julieta Estrela

Letra de: Francisco Radamanto

Música de Amadeu Ramin

 

                                          Lisboa pequenina, ó meu amor

                                          Lisboa popular sempre garrida

                                          Tu és quem dá ao fado este sabor

                                          Tão doce e tão amargo como a vida

 

Gosto de ti, Lisboa pequenina,

Porque és heróica, humilde e leveirinha

E tens a graça ingénua de menina

Que vai pousar num trono de rainha

 

                                          Lisboa pequenina, ó minha amada

                                          Dos bairros onde o povo sofre e ama

                                          Da Mouraria antiga e destroçada,

                                          Do Bairro Alto, e da velhinha Alfama

 

Foi contigo, Lisboa pequenina

Que aprendi a cantar esta canção

Este fado, que a vida só destina

A quem tem cá por dentro, um coração

 

                                          Lisboa pequenina, o meu encanto,

                                          Voz de guitarra maviosa e fina

                                          Por ti eu peço a Deus, neste meu canto

                                          Que te abençoe, Lisboa pequenina!....

 

 

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publicado por Vítor Marceneiro às 22:47
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Quarta-feira, 20 de Junho de 2007

Recordar IVONE SILVA

TEATRO DE REVISTA

Foi em Paris pelos finais do séc. XVIII que começou a fazer furor um novo género de espectáculo chamado "revue de fin d’année", um conjunto de quadros desligados em que se misturava o canto, a dança e a declamação com a finalidade de passar "em revista" e criticar os acontecimentos mais marcantes de cada ano que findava.

A Portugal, a revista chegou a meio do séc. XIX, foi em Lisboa em 1850 a apresentação da primeira revista à portuguesa, e o público português logo a consagrou como o mais popular dos géneros teatrais, habituando-se pelos anos fora a rir ás gargalhadas, com os trocadilhos e a piscadela de olho dos seus cómicos, a admirar a alegre desenvoltura das suas vedetas, a trautear as cantigas lançadas dos seus palcos, e onde obviamente o Fado teve os seus momentos de glória.

Ao evocarmos Ivone Silva, que faz este ano 20 anos que nos deixou, fazemo-lo por mérito seu, mas homenageamos em simultâneo todos os que contribuíram para os sucessos do Teatro de Revista em Portugal

 

O Fado lembra Ivone Silva

 

                                             Foi empregada e patroa

                                             Foi p’rós copos com o Camilo

                                             Vocês lembram-se daquilo

                                             Vestia um vestido preto

                                              E eu acho que comprometo

                                              O fado o povo e os artistas

                                              Ao recordar  as revistas

                                              Em que a revista foi sua

                                              Em que a arte foi ciclone

                                              A graça foi mais brejeira

                                              À maneira da maneira

                                              Da nossa querida Ivone

por: Carlos  Escobar

 

 

 IVONE SILVA

Maria Ivone Silva Nunes, nasceu em 1935 em Paio Mendes, perto de Ferreira do Zêzere, faleceu em Lisboa em 1987.

Estreou-se no ABC, em 1963 na “Revista Vamos à Festa” contratado pelo empresário José Miguel, o espectáculo agradou e, em Setembro, a mesma equipa produziu a “Revista Chapéu Al­to”, já então Ivone aparecia como cabeça de cartaz.

O público, com o seu julgamento implacável, elevou Ivone Silva, passou a reinar sobre o Parque Mayer, deslocando-se apenas do ABC pa­ra o Maria Vitória e do Maria Vitória para o ABC, como quem reconhece os seus domínios, sem temer confronto. A sua carreira é segura, sem solavancos, sendo rara a revista em que não consegue uma boa actuação. E nunca fez menos de duas revistas por ano.

Com o seu sorriso aberto, os olhos saltitantes, mal Ivone entra em cena o públi­co sabe logo que vai chegar o melhor momento. E ela, ou ri alegremente ou barafus­ta, gesticula, atravessa o palco de uma ponta a outra, falando com incrível rapidez. Tão bem caricatura a elegância afectada da Senhora de bem-fazer em (Lábios pintados, 1964), como a burguesa dona de casa, nas suas aflições diárias, em números do fôle­go de (Diário de Uma Louca), (Sete Colinas, 1967) ou (Angústia para o jantar), (O Bom­bo da Festa, 1976).

Os pequenos cantores de Viana do Castelo em (Mini-saias, 1966) ficou como o ti­po de rábula em que Ivone Silva consegue grande brilho. Talvez por isso os autores lhe escrevem, às vezes, textos demasiado pretensiosos, como A operário da fábrica das lâmpadas em (Pronto a despir, 1972) ou A Guerra Santa em (P´ra trás mija a burra, 1975), que em nada a beneficiam. Porque o que dá mesmo gozo é vê-la imitar Amá­lia Rodrigues, recém-chegada da Rússia e só a pensar "no dela" (Ena, já fala, 1969), ou a “fellineana" Corista de outros tempos, cole ante e com uma patética re­forma  em (O Zé aperta o cinto, 1971).

No pós 25 de Abril, Ivone compôs, com imen­sa graça, a chique Madame Salreta, socialista de recente data em (O Bomba da Festa, 1976) e a inquieta alívio-alívio, empregada-patroa, posta ante o dilema terrível de se sanear a si própria em (P´ra trás mija a burra, 1975).

In Revista à Portuguesa de Vítor Pavão dos Santos

 

                                      

IVONE SILVA EM QUEM TEM CUBO...TEM MEDO
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Viva Lisboa: Grande Comediante
música: Sátira: Quem tem Cubo tem Medo
publicado por Vítor Marceneiro às 00:47
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Segunda-feira, 18 de Junho de 2007

RECORDAR TRISTÃO DA SILVA

Tristão da Silva, canta "Aquela Janela Virada p´ró Mar" 

 

TRISTÃO DA SILVA

Manuel Martins Tristão da Silva era um alfacinha de gema, que nasceu na Penha de França, em 17 de Julho de 1927.

Em 1937 usava o nome artístico Manuel da Silva passando a ser apelidado de “Miúdo do Alto Pina” e aos 10 anos de idade é contratado pelo empresário José Miguel para actuar no Café Mondego, de que este é proprietário, mas devido a ser menor, a Inspecção de Espectáculos só lhe permite actuar aos Domingos às “matinée”.

Adopta finalmente o nome artístico de Tristão da Silva, tendo durante a sua carreira tido imensos êxitos. È raro o poeta que não deseja que ele interprete os seus poemas.

È frequentemente convidado para actuar fora do país, principalmente no Brasil, onde chega a ter um restaurante típico com cozinha portuguesa e com Fados, nunca esquecendo o colorido e o tipicismo da sua Lisboa, onde acabou por regressar.

O seu vasto repertório dividia-se entre o fado e a canção, mas Tristão da Silva, com o seu grande talento deliciava-nos com as suas interpretações, dando-lhe tal “garra” fazendo sobressair a sua alma fadista, tais como:

Somos Dois Loucos

A Calçada da Glória

Aquela Janela Virada p´ro Mar

Ai se os meus olhos falassem

Mulher Deixada. etc.

O seu passatempo preferido era jogar bilhar, sendo considerado um bom executante

Um infeliz acidente levou-o prematuramente.

Tristão da Silva deixa descendentes, até este momento julgo que só o seu filho Tristão da Silva Jr., que a par com outra profissão, tem seguido as pisadas do pai, cantando os seus maiores êxitos.

 

Tristão da Silva

                                                 

                                                 Justamente consagrado

                                                 Todos sabem que o Tristão,

                                                 Tem sido grande no Fado

                                                 P´ra ser maior na canção!

 

                                                 Não pediu vez a ninguém

                                                 P´ra chegar onde chegou,

                                                 O prestigio que hoje tem

                                                 A seu tempo o conquistou!

 

                                                 O Tristão não é dos tais

                                                 Que julgam muito saber,

                                                 Por isso é que vale mais

                                                 Do que o julga valer!

Versos de: Carlos Conde

 

 


 

À PROCURA DO FADO

Repertório de Tristão da Silava 

Letra de: Frederico de Brito

 

                                                Lisboa de lado a lado

                                                Corri de noite e de dia

                                                Fui à procura do Fado

                                                Que fugiu da Mouraria.

 

                                                Bati às portas d'Alfama

                                                Disseram-me com desgosto

                                                Que se limpara da lama

                                                E saiu todo bem posto.

 

                                                Fui depois ao Bairro Alto

                                                Onde o Fado era bemquisto

                                                Pus o bairro em sobressalto

                                                Mas ninguém o tinha visto.

 

                                                Andei pela Madragoa

                                                Sem lá o ter encontrado

                                                Em suma: corri Lisboa

                                                E não encontrei o Fado.

 

                                                Confesso que não o vi

                                                Nem pelas tascas vizinhas.

                                                Se alguém o vir por ai

                                                Dê-lhe lá saudades minhas.

 

 

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música: Aquela Janela Virada pr´ó mar
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Quarta-feira, 13 de Junho de 2007

Colecção de Discos de Massa de música portuguesa 1904-1945 (Fechado o negócio)

Aqui está uma notícia que nos alegra a todos, amantes do Fado

 

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 Disco de massa de 78 rpm- Alfredo Marceneiro canta "Cabelo Branco" 1936

  

Estado garante a compra da colecção de discos de música portuguesa na posse de Bruce Bastin

 

Lisboa, 13 Jun (Lusa) - A colecção dos discos de música portuguesa na posse do britânico Bruce Bastin vai ser adquirida por Portugal, garantiu hoje à agência Lusa o secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho.

    "Dentro de uma semana, poderemos acertar a minuta do contrato da compra, no valor de 1,1 milhões de euros", disse o governante.
    O Ministério da Cultura e a Câmara de Lisboa "aceitaram reforçar em 100.000 euros cada um, a sua participação, de modo a cobrir o valor pedido por Bruce Bastin", disse Vieira de Carvalho.
    O ministério, a quem caberá a guarda e tratamento do espólio, participará com 400 mil euros, tal como a Câmara de Lisboa, e os restantes 300 mil euros são assegurados por um mecenas, cuja identidade não foi revelada, sabendo-se tratar de uma entidade bancária.
    Mário Vieira de Carvalho fez hoje este anúncio, depois de ter recebido uma carta da Câmara de Lisboa confirmando que garantia o reforço de 100 mil euros.
    O então vereador da Cultura, José Amaral Lopes, tinha já afirmado à Lusa a disponibilidade da edilidade em "avançar com mais 100 mil euros, para Portugal não perder o espólio".
    "A colecção irá integrar o futuro Museu da Música e do Som, onde há pessoal técnico para o tratamento específico deste material", disse Vieira de Carvalho.
    Contactado pela agência Lusa, o advogado José Alberto Sardinha, representante legal de Bruce Bastin, confirmou ter sido já contactado no sentido "de se redigir minuta da versão final do contrato de compra".
    O estudo deste espólio, maioritariamente constituído por discos de fado, é considerado essencial por vários investigadores.
    Para o musicólogo Rui Vieira Nery, a aquisição deste espólio "é essencial para um melhor conhecimento da história fadista, nomeadamente nos primórdios da gravação fonográfica".
    A colecção inclui registos fonográficos efectuados entre 1904 e 1945 pela His Master's Voice, Columbia, Homokord, Victor ou Grammophone, estando, na sua maioria, dados como perdidos.
    Entre as vozes de referência, estão gravadas as de Júlia Florista, Maria Vitória e Reinaldo Ferreira.
    Bastin tinha na sua posse cinco mil registos fonográficos de música portuguesa, entre baladas, folclore, canção ligeira e fado, a que se juntam outros três mil encontrados no Brasil e adquiridos pelo coleccionador.
    Entre os cerca de oito mil discos encontram-se algumas das primeiras gravações de artistas nacionais como José Bastos, Isabel Costa, Almeida Cruz, Eduardo de Souza, Rodrigues Vieira ou Delfina Victor.
    O espólio encontra-se em "muito boas condições", afiançou à Lusa o investigador José Moças, que o descobriu e propôs a sua aquisição por Portugal.
    "Estas são - realçou - as primeiras gravações de fado de sempre, que nos irão dar, certamente, uma outra perspectiva da história desta canção popular urbana".
    Além dos fados, são, na avaliação de Moças, "igualmente importantes do ponto de vista musical e etnográfico registos mais tardios de Maria Alice, Manasses de Lacerda, Avelino Baptista, Estêvão Amarante, Madalena de Melo, Maria Emília Ferreira, Júlia Florista e Maria do Carmo Torres, bem como dos mais conhecidos Ercília Costa, Berta Cardoso, António Menano, Edmundo de Bettencourt, Armandinho e o popular Alfredo Marceneiro".
    NL.
    Lusa/Fim


 

Vieira Nery, Mariza, Sara Pereira e Amigos do Fado aplaudem compra da colecção de discos de música portuguesa 
   
Lisboa, 13 Jun (Lusa) - O musicólogo Rui Vieira Nery afirmou à Lusa que a compra dos discos de música portuguesa, na posse de Bruce Bastin, anunciada hoje pelo secretário de Estado da Cultura, é "algo pelo qual todos nos congratulamos".

    "Ninguém compreendia esta não concretização ou o ter sido repetidamente adiada pelo Ministério da Cultura esta decisão", disse Nery.
    "Fico muito feliz pois esta compra permite o enriquecimento do espólio fonográfico português", acrescentou.

    Sara Pereira, gestora do Museu do Fado, disse que esta era "uma decisão esperada, no sentido em que se tem trabalhado para a sua concretização".
    A gestora do Museu, no bairro lisboeta de Alfama, afirmou que o estudo da colecção "é fundamental para um melhor conhecimento da historiografia do fado".
    "Muitos nomes desconhecidos vão ser agora divulgados e, apesar de mais de metade da colecção ser fado, é um enriquecimento também para a música portuguesa em geral", afirmou.

    Efusiva, Mariza, embaixadora da candidatura do fado a património imaterial da humanidade pela UNESCO, afirmou à Lusa ser esta "uma notícia genial".
    "Para mim, que tanto me bati pela vinda desta colecção para Portugal, é um sonho tornado realidade", afirmou.
    A fadista afirmou que "esta colecção coloca tudo em aberto quanto às origens do fado e vem beneficiar-nos a todos, pois ficamos a conhecer melhor como se cantava, tocava, etc".
    "Eu que pergunto sempre aos mais velhos como era e procuro aprender, estou muito curiosa em saber o que nos reserva a colecção. Resta agora saber quando a vamos poder ver e estudar", disse a criadora de "Ó gente da minha terra".

    A presidente da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado (APAF), Julieta Estrela, membro do conselho consultivo do Museu do Fado, afirmou-se satisfeita "por terem chegado a bom porto as negociações".
    Para Julieta Estrela, "é essencial agora garantir a sua preservação, digitalização, para que não se perca, e permitir um acesso efectivo dos investigadores de modo a tirar proveito do que nos poderão revelar essas gravações".
    Numa altura em que se prepara a candidatura do fado a patrinmónio imaterial da humanidade, a presidente da APAF afirmou que "a colecção pode dar uma achega essencial".
    Julieta Estrela afirmou-se curiosa em conhecer algumas vozes de que só havia memória literária, como o caso de Maria Vitória ou Júlia Florista, bem como a forma como se interpretava e acompanhava instrumentalmente o fado.
    "Para os fados tradicionais e mais antigos, casos do Corrido, Mouraria e Menor, poderá haver surpresas", rematou.

    O estudioso de fado Vítor Duarte Marceneiro, actualmente empenhado na concretização de uma base de dados de canções sobre Lisboa, é perentório em afirmar que "o estudo desta colecção vai trazer surpresas".
    O estudo de uma coelcção que faz todo o sentido vir, finalmente, para Portugal pode "demonstrar outras formas de interpretação e a revelação de nomes de que nem temos memória".
    Neto de Alfredo Marceneiro, o investigador considera que o repertório do seu avô está amplamente conhecido e divulgado, "não sendo de crer que haja novidades", mas "haverá certamente de outros nomes, nomeadamente de Maria Alice".

    A colecção inclui registos fonográficos efectuados entre 1904 e 1945 pela His Master's Voice, Columbia, Homokord, Victor ou Grammophone, estando, na sua maioria, dados como perdidos.

    Entre as vozes de referência, estão gravadas as de Júlia Florista, Maria Vitória e Reinaldo Ferreira.

    Bastin tinha na sua posse cinco mil registos fonográficos de música portuguesa, entre baladas, folclore, canção ligeira e fado, a que se juntam outros três mil encontrados no Brasil e adquiridos pelo coleccionador.
    Entre os cerca de oito mil discos encontram-se algumas das primeiras gravações de artistas nacionais como José Bastos, Isabel Costa, Almeida Cruz, Eduardo de Souza, Rodrigues Vieira ou Delfina Victor.
    O espólio encontra-se em "muito boas condições", disse à Lusa Sara Pereira que teve já possibilidade de o examinar e acompanhou as negociações.
NL.
Lusa/Fim



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Origem das Marchas Populares _ Santos Populares

Classificação das Marchas Populares
2007

1º Alfama
2º Marvila
3º Campolide
4º Castelo e Mouraria
5º Alcântara
6º Lumiar
7º Bica
8º São Vicente
9º Madragoa
10º Olivais, Bairro Alto
11º Alto do Pina
12º Graça
13º Carnide
14º Bela Flor
15º Santa Engrácia
16º Beato
17º Ajuda
18º Benfica

OS SANTOS POPULARES

Santo Anónio de Lisboa

MARCHAS POPULARES - ORIGENS
 
As “Maias”, originaram as festas dos três Santos Populares, Santo António, S. João e S. Pedro.
Eram as “Maias” cantos litúrgicos dedicados no mês de Maio, à Virgem Maria, Porém, tendo-se adulterado o seu carácter religioso, com povo a fazer bailados  nas ruas das cidades, forma consideradas pagãs e assim, foram proibidas no século XIV, por ordem de El-Rei Dom João I. O povo que sempre gostou de cantar e bailar, passou todavia, a celebrar outra festa, oriunda da bênção dos primeiros frutos, em Quinta-Feira de Ascensão de Jesus Cristo: o “Dia da Espiga”, o povo vai aos campos para recolher, raminho de oliveira, rosmaninho, malmequer, papoila e trigo. Ainda hoje na «Quinta-Feira da Espiga»,  há esta tradição chegando a haver vendedores de rua a vender o “Raminho da Espiga” e que segundo a tradição é guardado em casa até ao ano seguinte.
Por meados do século XVIII,  os franceses durante o período napoleónico, iniciaram  a moda de dançar as marchas militares,  realizavam em Junho para celebrar a tomada da Bastilha a que chamavam “marche aux falambeaux ” em que o povo desfilava com uns archotes acesos na mão.
Este costume foi adoptado pelos portugueses que lhes passaram a chamar “Marcha ao flambó" (portanto adaptação do termo francês), só que nós os portugueses substituímos os «archotes revolucionários dos franceses» por "balões de papel" e "fogo de artificio", que  tinham sido costumes trazidos da China no século XVII, e que jà eram usados nos arraiais e feiras por todo o País, e assim  as antigas danças e cantares de "Maio à Virgem Maria"  que  entretanto tinham sido proibidas foram transpostas para o mês de Junho, passando a celebrar-se as festas dos «Santos Populares»,  “Santo António, São João e São  Pedro “.
Lisboa veste-se de cravos rubros que são esplendor em Junho festivo, de vasos com manjericos nas janelas, sendo costume colocar na copa do manjerico, um cravo encarnado com uma bandeirinha hasteada com uma quadra popular escrita.
 
Se eu fosse o cravo vermelho
Que trazes sobre o teu peito
Por muito que fosse velho
Não te guardava respeito
 
Cravo manjerico e vaso
E uma quadrinha singela
Tudo lhe dei... Não fez caso!...
Pronto! Não caso com ela
 
Ateia-se uma fogueira  para assra as sardinhas,  mas os rapazes e raparigas saltam e bailam á sua volta até ao raiar do dia.
A alcachofra brava, também tem o seu simbolismo nestas festividades, quem queria saber se era correspondida/o no amor pelo namorado, devia chamuscar na fogueira, a alcachofra em flor, e sea mesma  passados alguns dias voltasse a florir, era sinal que o amor era sincero e daria em casamento.
Sobre o saltar à fogueira, houve também muita inspiração para versos mais “malandrecos”
 
Ou ela não usa calças
Ou as tem na lavadeira
Dei por isso ontem à noite
Quando saltava à fogueira
 
As Marchas têm um ritmo diferente do Fado: mais cadenciado, mais vivo e de métrica poética menos uniforme, sempre enriquecida pelo «estribilho» , o refrão no Fado, mas arcos, balões, cravos manjericos, alcachofras, fogueiras e danças não deixam de ser motivos de inspiração para os letristas de Fado.
Consulta: Fado- Mascarenhas Barreto

Amostra dos trajes dos Padrinhos das Marchas

Nota: Este artigo já tinha sido publicado em 25 de Março, mas achei importante repetir nesta data

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publicado por Vítor Marceneiro às 14:15
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Sexta-feira, 8 de Junho de 2007

Alfredo Marceneiro e Vítor Duarte, cantam "Amor é água que corre"

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publicado por Vítor Marceneiro às 22:04
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Alfredo Duarte Jr. e Vítor Duarte, cantam "A Lucinda Camareira"

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publicado por Vítor Marceneiro às 21:56
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Quarta-feira, 6 de Junho de 2007

RECORDAR MARIA TERESA DE NORONHA

Maria Teresa de Noronha canta "Avé Maria Jesus"

 

MARIA TERESA DE NORONHA

Maria Teresa do Carmo de Noronha Guimarães Serôdio (Paraty), tratada carinhosamente por  (Baté) pelos íntimos, (1918 – 1993).

Nasceu em Lisboa, onde passa a sua infância, vindo a tornar-se Condessa de Sabrosa pelo seu casamento com o Conde José António Barbosa de Guimarães Serôdio, grande admirador do Fado, e  guitarrista com uma sensibilidade fora do comum.

Com voz bem timbrada, e decidida aptidão para interpretar o Fado, desde muito cedo cantava nas festas de família e de amigos. Com a sua visita aos retiros de Fado passa a tornar-se conhecida a sua  expressão artística, e a ganhar muitos admiradores autênticos, entre os conhecedores do Fado.

Grava o seu  o seu primeiro “single” com o título de "O Fado dos Cinco Estilos" em 1939.

A Emissora Nacional, em 1938, convida Maria Teresa de Noronha, que acompanhada pelo guitarrista Fernando Freitas e pelo violista Abel Negrão, foi apresentada aos radiouvintes pelo locutor D. João da Câmara, sendo tal o êxito que foi convidada para um programa semanal de Fados e Guitarradas, que esteve no ar vinte e três anos.

Fados como “Fado da Verdade”, “Fado Hilário” e “Fado Anadia” e outros mais foram êxitos que muito agradaram ao grande público, assim como outros fados do seu repertório: Nosso Fado, Os Teus Olhos, Fado Menor e Maior, Minhas Penas, Choro Cantando, Fado Rita, Gosto de TI Quando Mentes, Minha Cruz, Fado Antigo, Mentira, Mouraria Antiga, O Vento, Fado Pinóia, Pintadinho, Pombalinho, Fado Hilário, Quatro Versos, Fado Alexandrino, Desengano, Sou Feliz, Canção Duma Tricana, Rosa Enjeitada, Minha Dor, Mouraria, Sina, Cantigas de Amor-Saudade e Mataram a Mouraria, Loucura em Loucura, etc.

Abandona a Emissora Nacional mas não deixa de cantar, continuando a fazê-lo em privado.

De entre as suas actuações no estrangeiro, destaca-se em 1946 a sua deslocação a Espanha, por ocasião do Festival da Feira do Livro de Barcelona, e ainda Madrid, a convite do Governo espanhol, para actuar no Hotel Ritz, onde teve um êxito estrondoso.

Ainda em 1946 vai ao Brasil e é igualmente muito apreciada.

Actuou no Principado de Mónaco para Grace e Rainier.

Em 1964 desloca-se a Londres para actuar na BBC.

A sua dicção perfeita, a sua maneira de se expressar, tornou-a criadora de um estilo muito próprio, que fez escola.

Um dos seus poetas preferidos foi D. António de Bragança, autor do Fado da Verdade, Saudade das Saudades, Folhas Caídas e o Fado das Horas, cuja letra é a seguinte:

 

                                       Chorava por te não ver...

                                       Por te ver eu choro agora,

                                       Mas choro só por querer,

                                       Querer ver-te a toda a hora!

 

                                       Deixa-te estar a meu lado

                                       E não mais te vás embora

                                       P´ra o meu coração, coitado,

                                       Viver na vida uma hora!

 

                                       Passa o tempo de corrida;

                                       Quando falas eu te escuto.

                                       Nas horas da nossa vida

                                       Cada hora é um minuto!

 

                                      Quando estás ao pé de mim

                                      Sinto-me dona do Mundo,

                                      Mas o tempo é tão ruim...

                                      Tem cada hora um segundo!

 

                        

        Com Alfredo Marceneiro, o marido D. António Saborosa, Lucilia do Carmo e Alfredo de Almeida, na "Adega da Lucília" - "O FAIA".

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música: Avé Maria Jesus
publicado por Vítor Marceneiro às 21:48
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Terça-feira, 5 de Junho de 2007

CARLOS ZEL

CARLOS ZEL, Carlos Frazão, nasceu na Parede, a 29 de Setembro de 1950. Seu pai António Frazão, marceneiro de profissão era um apaixonado do fado, cantava como amador e editou um livro de poemas "O Poeta e Eu". Teve ainda um irmão ligado ao Fado,  o saudoso Alcino Frazão, que foi um exímio guitarrista, que infelizmente nos deixou ainda muito jovem.

 

Carlos Zel, começou a cantar no Estoril e Cascais como amador

 

Iniciou a sua carreira profissional em 1967, cantando na Emissora Nacional, altura que adopta o nome artístico de Carlos Zel.

 

Fez teatro de revista e musical - "Aldeia da Roupa Suja" (1978), "A Severa" (1990) e "Ai Quem Me Acode" (1994) -,

 

Na televisão chegou a participar na telenovela "Cinzas", como actor.

 

  

 

  

 

  

 

  

 

  

 

 

 

Deixou-nos cerca de uma dezena de produções discográficas
Em 1993, recebe o Prémio Prestígio, atribuído pela Casa de Imprensa, em 1997 a mesma entidade concedeu-lhe o Prémio José Neves de Sousa.

 

Foi ainda condecorado com a Medalha de Mérito da Cruz Vermelha Portuguesa, e ainda a Medalha de Mérito da Câmara Municipal de Cascais.
Em mais de 30 anos de carreira, fez vários espectáculos em Portugal e no Estrangeiro, cantou em casas de fado, e no fim da sua vida foi o impulsionador das “Quartas de Fado no Casino Estoril”

 

Faleceu repentinamente em Fevereiro de 2002.

 

Cascais deu o seu nome a uma rua do Concelho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                               AMAR OUTRA VEZ

 

 

 

Repertório de Carlos Zel 

 

Letra de: Rosa Lobato faria

 

Música de: Fernando Correia Martins

 

 

 

Eu já te amei no Rossio

 

Na pomba que esvoaçou

 

Aceitei o desafio

 

De te amar onde não estou

 

Eu já te amei à partida

 

Numa pedrinha do cais

 

Se te amei na despedida

 

Ao voltar trago-te a vida

 

Vou amar-te ainda mais

 

 

 

Amar uma mulher quando há luar

 

Rasgar as rendas à claridade

 

Amar uma mulher ao pé do mar

 

Romper a espuma da tempestade

 

Amar uma mulher se a chuva cai

 

Descer o rio, morrer à toa

 

É ter a lua

 

É ter o mar

 

É ter a chuva

 

É ter canoa

 

É ter uma mulher que faz lembrar

 

Lisboa

 

 

 

Eu já te amei na viela

 

Eu já te amei no jardim

 

Não sei que sombra era aquela

 

Que deitou luto por mim

 

Eu já te amei à noitinha

 

Quando o carmim se desfez

 

Quando ficaste sozinha

 

Mandei aquela andorinha

 

E fui amar-te outra vez

 

 

 

 

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Segunda-feira, 4 de Junho de 2007

Lisboa Antiga

LISBOA ANTIGA

 

Letra: Amadeu do Vale/José Galhardo

Música: Raul Portela

 

                                               Lisboa velha cidade

                                               Cheia de encanto e beleza

                                               Sempre formosa a sorrir

                                               E ao vestir sempre airosa

                                               O branco véu da saudade

                                               Cobre o teu rosto linda princesa

 

                                                      ESTRIBILHO

 

                                               Olhai, senhores,

                                              Esta Lisboa doutras eras

                                              Dos cinco réis das esperas

                                              E das toiradas reais

                                              Das festas

                                              Das seculares procissões

                                              Dos populares pregões matinais

                                              Que já não voltam mais.

 

                                              Lisboa d'oiro e de prata

                                             Outra mais linda não vejo

                                             Eternamente a brincar

                                             E a cantar de contente

                                             O teu semblante se retrata

                                             No azul cristalino do Tejo

               

                        O Chora - Quadro a Óleo do Mestre Real Bordalo

Um dos primeiros transportes colectivos de Lisboa, da Empresa Eduardo Jorge, o veiculo era puxado por duas mulas e era conhecido pela populaça como " O Chora".

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Sexta-feira, 1 de Junho de 2007

JOÃO BRAGA

JOÃO BRAGA

BRAGA, João de Oliveira e Costa, cantor e autor de melodias, nasceu na Rua da Creche, no bairro lisboeta de Alcântara, a 15 de Abril de 1945. Estreou-se em público, aos nove anos, como solista do coro do Colégio S. João de Brito. Em 1957, a sua família mudou-se para Cascais, onde, a partir de 1963, começou a cantar em casas de fado amador daquela região (Galito, 1963; Estribo Clube, 1964) e em Lisboa (Taverna do Embuçado, 1966), altura em que abandonou o curso de Direito. Foi também nesse ano que Alfredo Marceneiro, à mesa da “Tipóia”, de Adelina Ramos, lhe ditou a glosa de Carlos Conde de “É Tão Bom Ser Pequenino”, que ele viria a gravar em Dezembro.

O ano de 1967 marcou o começo da sua carreira musical, com a saída, em Janeiro, do seu 1º disco, "É Tão Bom Cantar o Fado" (título tirado daquela letra de Carlos Conde), editado pela Aquila, que lançou nesse ano mais 3 EP, ("Tive um Barco", "Sete Esperanças, Sete dias", "Jardim Abandonado") e 1 LP , "A Minha Cor", o que lhe valeu actuar, pela primeira vez, num programa da RTP ("Alerta Está!"). Em 1969 ficou definitivamente conhecido do grande público, por via dos serões televisivos do Villaret (Zip-Zip). Um ano antes conhecera Luís Villas-Boas, que viria a tornar-se seu produtor (gravou mais 7 discos com ele, para a Philips) e com quem organizaria o 1º Festival Internacional de Jazz de Cascais (1971). No ano seguinte, participou no Festival da Canção e fundou a revista Musicalíssimo (onde foi editor) e lá permaneceu até 1974, altura em que foi emitido um mandato de captura em seu nome, forçando-o a ir para Madrid até Fevereiro de 1976.

Quando voltou do exílio, abriu a casa de fados O Montinho, em Montechoro, que esteve em actividade apenas durante um Verão. A abertura do Páteo das Cantigas (1978-1982) marcou o seu regresso a Lisboa. Entre 1977 e 1987 gravou mais sete álbuns: 2 para a Orfeu ("Canção Futura", 1977, "Miserere", 1978), um para a Valentim de Carvalho ("Arraial", 1980), 3 para a Sassetti ("Na Paz do Teu Amor", 1982, "Do João Braga Para a Amália", 1984, "Portugal/Mensagem, de Pessoa", 1985) e um para a Silopor ("O Pão e a Alma", 1987). 

Após o encerramento daquela casa de fados, centrou a sua actividade nos concertos e na composição musical, tendo, a partir dos anos 90, dado início à renovação do panorama fadista através de convites a jovens intérpretes para integrarem os seus concertos: Maria Ana Bobone, Rodrigo Costa Félix, Miguel Capucho, Mafalda Arnauth, Ana Sofia Varela, Mariza, Cristina Branco, Katia Guerreiro, Nuno Guerreiro e Filipa Pais, Gonçalo Salgueiro, Joana Amendoeira, Ana Moura, António Zambujo, Diamantina, Lina Rodrigues, Raquel Peters e, mais recentemente, Pedro Silva Miguel e Alexandra Guimarães.

Em 1984 surgiu pela 1ª vez como autor de melodias, "O Menino da Sua Mãe" e "Prece" (Pessoa), "Ai, Amália" (Luísa Salazar de Sousa) e "Ciganos" (Pedro Homem de Mello), num álbum a que chamou "Do João Braga para a Amália" -- em homenagem à grande diva do Fado. Desde então já assinou mais de 50 temas de grandes poetas. Em 1990 gravou o seu 1º CD ("Terra de Fados", Edisom, vendas superiores a 30.ooo cópias), onde incluiu inéditos de Manuel Alegre, que pela primeira vez escreveu expressamente para um cantor. Mais um CD para a Edisom ("Cantigas de Mar e Mágoa", 1991), um para a Strauss ("Em Nome do Fado", 1994), outro para a BMG ("Fado Fado", 1997), um para o BNC ("Dez Anos Depois", 2001), outro para A Capital ("Fados Capitais", 2002) e três para a Farol ("Cem Anos de Fado" vol. 1, 1999, vol. 2, 2001, e "Cantar ao Fado", 2000, — considerado por Braga como o melhor da sua carreira, com poemas de Pessoa, O'Neill, Torga, Mourão-Ferreira e Alegre, entre outros).

Foram assim já editadas para cima de 50 gravações suas (28 originais e mais de 20 compilações), concebeu e/ou protagonizou cerca de 250 programas televisivos e radiofónicos, tendo escrito até à data um número muito próximo de 300 crónicas e um livro, posto no mercado em Novembro de 2006, pela Esfera dos Livros, sob o título, “Ai Este Meu Coração”..

Desde os tempos da Musicalíssimo, desenvolveu actividade na imprensa escrita (como editor, redactor e cronista: Eles & Elas, Sucesso, Independente, DN, Euronotícias, A Capital), na rádio (TSF e Antena 1) e na televisão (RTP, SIC e TVI). Desde 1970 actuou em muitos países da Europa, África, América do Norte e do Sul e foi distinguido, entre outros, com os seguintes prémios: Medalha de Mérito Cultural do Governo Português (1990, o único cantor de fado, até à data, assim galardoado), Prémio Neves de Sousa, atribuído pela Casa da Imprensa (1995), Medalha da Cruz Vermelha de Mérito (1996), Prémio de Carreira, da Casa da Imprensa (1999) e com a Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique, entregue pelo então chefe do estado, em Fevereiro de 2006.

Além do fado, interpreta um repertório diversificado, incluindo música francesa, brasileira e anglo-saxónica. O seu emocionado estilo interpretativo é caracterizado por um timbre bem pessoal, pela primazia do texto (que divide com eficácia — teve bons mestres, como Alfredo Marceneiro) e por uma abordagem melódica imaginativa, sempre actualizada e de constante improviso (muito "estilada", em jargão fadista).

(Biografia resumida  pelo próprio)

 

Fado de Lisboa 

Repertório de João Braga

poema: Manuel Alegre

música: João Braga

 

                                             Tem navios nas vogais

                                             Gaivotas nas consoantes.

                                             Em cada sílaba um cais

                                             Para o mar de nunca dantes.

 

                                             Lisboa tem brancas velas

                                             Suas letras são sinais

                                             Caravelas, caravelas;

                                             Que não voltam nunca mais.

 

                                             Cais de partida e chegada

                                             Cheira a sul e oriente.

                                             Esta é Lisboa prezada

                                             De tão desvairada gente.

 

                                             Com Fernão Lopes, foi prosa;

                                             Com Cesário, alexandrino;

                                             Rua a rua, rosa a rosa,

                                             Lisboa é fado e destino.

 

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publicado por Vítor Marceneiro às 17:29
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