Clique aqui para se inscrever na
Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Sexta-feira, 26 de Maio de 2017

A Casa da Mariquinhas e O Leilão

Digite CM 3.jpg

 

 tema " A Casa da Mariquinhas ", teve tal êxito, que levou outros poetas a se basearem nele compondo outras versões igualmente cantadas por Marceneiro.
O poeta João Linhares Barbosa, escreveu:

 

O LEILÃO DA MARIQUINHAS

 

                                  Ninguém sabe dizer nada
                                  Da famosa Mariquinhas
                                  A casa foi leiloada
                                  Venderam-lhe as tabuinhas

 

Ainda fresca e com gagé
Encontrei na Mouraria
A antiga Rosa Maria
E o Chico do Cachené
Fui-lhes falar, já se vê
E perguntei-lhes, de entrada
P´la Mariquinhas coitada?
Respondeu-me o Chico: e vê-la
Tenho querido saber dela
Ninguém sabe dizer nada.

 

                                  E as outras suas amigas?
                                  A Clotilde, a Júlia, a Alda
                                  A Inês, a Berta e a Mafalda?
                                  E as outras mais raparigas?
                                  Aprendiam-lhe as cantigas
                                  As mais ternas, coitadinhas
                                  Formosas como andorinhas
                                  Olhos e peitos em brasa
                                  Que pena tenho da casa
                                  Da formosa Mariquinhas.

 

Então o Chico apertado
Com perguntas, explicou-se
A vizinhança zangou-se
Fez um abaixo assinado,
Diziam que havia fado
Ali até de Madrugada
E a pobre foi intimada,
A sair, foi posta fora
E por more de uma penhora
A casa foi leiloada.

 

                                  O Chico foi ao leilão
                                  E arrematou a guitarra
                                  O espelho a colcha com barra
                                  O cofre forte e o fogão,
                                  Como não houve cambão
                                  Porque eram coisas mesquinhas
                                  Trouxe um par de chinelinhas
                                  O alvará e as bambinelas
                                  E até das próprias janelas
                                  Venderam-lhe as tabuinhas.

 

  

Nesta actuação na TVI - Tardes da Júlia, sou acompanhado na guitarra portuguesa por Luís Ribeiro

 e na viola de acompanhamento por Jaime Martins

 

Foram muitos os temas que Alfredo Marceneiro cantou, mas, de entre todos eles, houve um que teve grande êxito com versos da autoria do grande jornalista e poeta Silva Tavares e que foi, aliás, considerado o "ex-libris" das suas criações,

" A Casa da Mariquinhas".

Todos os que o escutavam, eram unânimes em afirmar que os versos que Silva Tavares escreveu, quando cantados pelo Alfredo, "viam imagens reais". Marceneiro, numa ideia genial, decide demonstrar a todos que, também no seu ofício, é um mestre e na escala de 1/10 constrói em madeira a Casa da Mariquinhas, recriando todos os pormenores que são descritos nos versos do fado.

 

   

 

 

"CASA DA MARIQUINHAS"


                                               É numa rua bizarra 
                                               A casa da Mariquinhas
                                              Tem na sala uma guitarra
                                              Janelas com tabuinhas.


Vive com muitas amigas
Aquela de quem vos falo
E não há maior regalo
De vida de raparigas
É doida pelas cantigas
Como no campo a cigarra
Se canta o fado á guitarra
De comovida até chora
A casa alegre onde mora
É numa rua bizarra

 

              Para se tornar notada
              Usa coisas esquisitas
              Muitas rendas, muitas fitas
              Lenços de cor variada
              Pretendida e desejada
              Altiva como as rainhas
              Ri das muitas, coitadinhas
              Que a censuram rudemente
              Por verem cheia de gente
              A casa da Mariquinhas

 

É de aparência singela
Mas muito mal mobilada
No fundo não vale nada
O tudo da casa dela
No vão de cada janela
Sobre coluna, uma jarra
Colchas de chita com barra
Quadros de gosto magano
Em vez de ter um piano
Tem na sala uma guitarra

 

                                               Para guardar o parco espólio
                                               Um cofre forte comprou
                                               E como o gás acabou
                                               Ilumina-se a petróleo
                                               Limpa as mobílias com óleo
                                               De amêndoa doce e mesquinhas
                                               Passam defronte as vizinhas
                                               Para ver o que lá se passa
                                               Mas ela tem por pirraça
                                              Janelas com Tabuinhas

 

 

 

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
música: A Casa da Mariquinhas e O Leilão da Mariquinhas
publicado por Vítor Marceneiro às 00:00
link do post | comentar | favorito
Sábado, 6 de Maio de 2017

DIA DA MÃE 7 de Maio de 2017

MÃE... com três letras apenas se escreve esta palavra,

palavra pequena, mas é daquelas  que na VIDA, um  maior  significado têm.

Mãe do Vitó aos 20 anos.jpg

 Minha mãe Mariete aos 20 anos

Minha mãe faleceu tinha eu cinco anos de idade, fui apara casa dos meus avós  Alfredo e Judite.

Eu nasci para os braços da minha avó Maria (madrasta de minha mãe), dado que na altura da morte de minha mãe,  a minha avó Maria não me podia ter aos seu cargo,  pois era empregada doméstica interna.

Aos  10 anos de idade,  fiz o exame de admissão ás escolas técnicas, os seu patrões  aceitaram que eu fosse viver com ela para poder frequentar a Escola Industrial Marquês de Pombal em Alcântara. Fiz-me homem a seu cargo, ficou sempre a meu lado até ao seu falecimento.

Avó Maria.jpg

A minha saudosa avó Maria

 Nunca a chamei de mãe, nem nunca tal me pediu, ou sugeriu,  mas o meu coração sentia que ela era/foi a minha MÃE  e,  recordo quando se comemorava o dia oficial da mãe no dia 8 de Dezembro (Feriado Religioso dia de Nª. Snrª Maria mãe de JESUS)  nunca deixei de lhe dar o cartãozinho como se minha mãe fosse. A esta  grande mulher tudo fiquei a dever.

Saúdo as mães de todo o Mundo, com especial carinho para aquelas que acabam por passar os seus últimos dias de vida, ou sós nas suas casas, ou em lares, e tantas vezes esquecidas e desamparadas.

A solidão é muito triste, mas como deve ser angustiante a solidão de uma mulher que pariu um filho, e no fim da vida, se vê só e abandonada por esse próprio filho.  

Relembro estes versos de um poema da autoria de Linhares Barbosa e cantado por  Fernando Farinha.

 

P´las mãos de minha mãezinha

 Andei nos tempos de então

Hoje com está velhinha

É ela que anda p´la minha

Faço a minha obrigação

 

 

De Henrique Rego. 

 

 

 

DA MULHER DESVENTURADA NINGUÉM FUJA

SE ELA ACASO UM FILHO TEM,

DEIXÁ-LA SER DESGRAÇADA

PORQUE A DESGRAÇA NÃO SUJA

O SANTO AFECTO DE MÃE

 

De Eugénio de Andrade o poema "MÃE", num Video-Clip

Produzido por Estúdios Raposa

Poema dito pelo meu meu amigo Luís Gaspar

 

 

 

 

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
publicado por Vítor Marceneiro às 14:00
link do post | comentar | favorito
Clique na Foto para ver o meu perfil!

arquivos

Março 2024

Agosto 2021

Maio 2021

Fevereiro 2021

Maio 2020

Março 2020

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Novembro 2018

Outubro 2018

Agosto 2018

Dezembro 2017

Outubro 2017

Agosto 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Aguarelas gentilmente cedidas por MESTRE REAL BORDALO. Proibida a sua reprodução.

tags

10 anos de saudade

2008

50 anos de televisão

a severa

ada de castro

adega machado

adelina ramos

alberto ribeiro

alcindo de carvalho

alcino frazão

aldina duarte

alfredo correeiro

alfredo duarte jr

alfredo duarte jr.

alfredo duarte júnior

alfredo marcemeiro

alfredo marceneiro

alice maria

amália

amália no luso

amália rodrigues

américo pereira

amigos

ana rosmaninho

angra do heroísmo

anita guerreiro

antónio dos santos

antónio melo correia

antónio parreira

argentina santos

armanda ferreira

armandinho

armando boaventura

armando machado

arménio de melo - guitarrista

artur ribeiro

beatriz costa

beatriz da conceição

berta cardoso

carlos conde

carlos escobar

carlos zel

dia da mãe

dia do trabalhador

euclides cavaco

fadista

fadista bailarino

fado

fado bailado

fados da minha vida

fados de lisboa

feira da ladra

fernando farinha

fernando maurício

fernando pinto ribeiro

florência

gabino ferreira

guitarra portuguesa

guitarrista

helena sarmento

hermínia silva

herminia silva

joão braga

josé afonso

júlia florista

linhares barbosa

lisboa

lisboa no guiness

lucília do carmo

magusto

manuel fernandes

marchas populares

maria da fé

maria josé praça

maria teresa de noronha

max

mercado da ribeira

miguel ramos

noites de s. bento

oficios de rua

óleos real bordalo

paquito

patriarca do fado

poeta e escritor

porta de s. vicente ou da mouraria

pregões de lisboa

raul nery

real bordalo

santo antónio de lisboa

santos populares

são martinho

teresa silva carvalho

tereza tarouca

tristão da silva

vasco rafael

vítor duarte marceneiro

vitor duarte marceneiro

vítor marceneiro

vitor marceneiro

zeca afonso

todas as tags