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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Sábado, 4 de Fevereiro de 2012

Lucília do Carmo

Lucília Nunes de Ascenção Carmo nasceu em Portalegre em 1920. Estreou-se no Retiro da Severa em 1936 e foi nesta casa que a sua voz e talento chamou a atenção dos proprietários e empresários das maiores casas típicas de Lisboa. Em 1947 abriu a sua própria casa de fados com o nome de Adega da Lucília (mais tarde mudou, para "O Faia"), na Rua da Barroca, no Bairro Alto.
Quando regressou do Brasil, onde viveu durante cinco anos. Lucília do Carmo realizou poucas digressões ao estrangeiro e foi pena não ter gravado mais discos.
Entre os seus êxitos encontram-se: “Leio em teus olhos”, “ Foi na Travessa da palha”, “Maria Madalena”, “Não gosto de ti”, “Preciso de te ver”, “Senhora da Saúde” ,”Olhos Garotos”, “Antigamente”, “Tia Dolores” , “Loucura” , “Zé Maria”, “Lá Vai a Rosa Maria”
Lucília do Carmo retirou-se da vida artística na década de 1980, sendo considerada uma das melhores vozes que o fado conheceu.
Faleceu em Lisboa em 1999.
 
Caricatura de Armando Boaventura, em que para além do próprio poder-se-á identificar Lucilia do Carmo, Alfredo Marceneiro, Carlos do Carmo ainda miúdo e Alfredo de Almeida npo canto saperior esquerdo.
 

 Lucilia do Carmo com Alfredo Marceneiro

 


Sempre tive por Lucília do Carmo, desde muito miúdo, uma ternura muito especial, devido não só à sua simpatia para comigo, mas também pela grande amizade que ela e seu companheiro, Alfredo de Almeida, tiveram com o meu avô, o que era recíproco.
No início da abertura da Adega da Lucília, os tempos eram difíceis e Marceneiro nunca deixou de aparecer e colaborar, o que contribuiu para o êxito da casa, mesmo sem  nunca ter ser sido contratado.
Mais tarde, com a passagem para “O Faia”, Marceneiro era presença obrigatória ao final da noite, que passa a ser o seu “poiso” preferido, o que se torna do conhecimento dos seus admiradores que ali afluem na mira de o ouvir cantar, o que sempre acontecia, também sem que nunca tenha contratado. Carlos do Carmo começa a interessar-se pelo Fado e tem ali à mão de semear o Mestre. Inteligentemente sabe ouvir e assimila. Afirmo-o porque sei e o próprio muitas vezes, também o afirmou. Carlos do Carmo grava em disco com a benesse de Marceneiro, alguns dos seus fados mais emblemáticos - Fado Bailado, A Viela, etc. -.
Após a realização do documentário “Marceneiro é só Fado” para RTP, e cujos interiores foram filmados n’O Faia, e em que Carlos do Carmo se assume como produtor, Marceneiro deixa de entrar n’O Faia! 
A amizade com a Lucília mantém-se como sempre e talvez mais reforçada! (estranho?...) Lucília que não tem nada a ver com o assunto, mas que muito a mágoa, e como deixa de contar,  como já vinha sendo hábito hà vários anos, o amigo Marceneiro a seu lado , visita-o na sua casa pelo menos de 15 em 15 dias sempre ao final da tarde, levando sempre um miminho, quer para ele, quer para a minha avó, a “Ti Judite”.
No último ano da sua vida, meu avô fica acamado e Lucília até à hora da sua morte não deixa de o visitar semanalmente.
Continuei a conviver com a Lucília do Carmo quer depois do falecimento do meu avô, quer após a sua retirada artística. 
Guardo uma recordação de grande ternura por esta grande Mulher (com M maiúsculo).
Infelizmente não pude retribuir-lhe, quando ficou acamada, as visitas que fez ao meu avô.
Lucília morre e infelizmente estou fora de Portugal.
Acabo se me permitem com um ditado popular que o meu avô incutiu no meu espírito e na minha formação, e acho que tenho dado mostras que não me esqueci: “QUEM MEUS FILHOS BEIJA MINHA BOCA ADOÇA”... mas há quem esqueça, ou faz-se esquecido.
Vítor Duarte (Marceneiro)
 
Lucília do Carmo
 
Por direito e por justiça,
Lucília do Carmo é bem
A figura mais castiça
Das poucas que o Fado tem!
 
Se ela canta a dor incalma
Logo vive a mágoa atroz,
E então abre-nos a alma
Na expressão da sua voz!
 
Dá-nos o gosto, o prazer,
De uma certeza formal,
                                     A de poderemos dizer
                                    Que inda há Fado em Portugal!
 
Versos de: Carlos Conde
Desenho de: Pedro Leitão
Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
Viva Lisboa:
publicado por Vítor Marceneiro às 00:00
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2 comentários:
De José Machado a 4 de Fevereiro de 2012 às 16:18
Caro amigo, ontem você contou esta história em Braga. Apreciei a sua franqueza e a sua comunicabilidade, gostei do seu trabalho. O filme que apresentou sobre o seu avô tem toda a importãncia etnográfica e antropológica para os estudos sobre o fado e naturalmente sobre a vida do seu avô. Ficou no ar aquela atitude crítica sobre a elevação do fado a património, parecendo politicamente pouco correcto desconfiar das suas virtudes, mas eu também partilho da desconfiança e acho que sem criatividade e sem fadistas e sem músicos, o fado pode ficar gravado, mas morre e não virão os outros salvá-lo.
De Vítor Marceneiro a 5 de Fevereiro de 2012 às 20:52
Caro amigo, fico contente que tenha gostado e que tenha ficado bem claro a minha posição. Eu estive naquela sessão gratuitamente.
Cumprimentos
Vítor

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