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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Segunda-feira, 18 de Março de 2024

AVELINO DE SOUSA _ Fadista, Compositor, Poeta e Dramaturgo

Retrato Avelino de Sousa P&B.jpg

Nasceu em Lisboa em 1880 e residia no Bairro de Campolide. Faleceu em Lisboa em 1946.

Começou a trabalhar numa livraria, foi posteriormente tipógrafo e bi­bliotecário da Torre do Tombo.

Aos 15 anos já cantava as suas obras. Era pre­sença obrigatória em qualquer festa de trabalha­dores.

cantando apenas obras de sua autoria,  nor­malmente acompanhado pelo guitarrista Domin­gos Pavão, seu amigo de infância, o mote das suas letras, versava o amor, saudade e também usava o Fado, para através dele veicular as suas ideias politicas e sociais.

Cantou em tabernas, retiros, colectividades de recreio, em salas de gente elegante.

Travou grandes “despiques” com João Patusquinho, Manuel Serrano, João Black, Júlio Janota, Carlos Harrington e o Calci­nhas Narigudo.

Estreou-se em 1911, como autor teatral com a revista “Perdeu a Fala”, vindo a conquistar assinalá­vel êxito com a opereta “Bairro Alto”, com música de Venceslau Pinto, Alves Coelho e Raul Portela, apresentada em 1927 no Teatro São Luiz, em que a cantadeira Aldina de Sousa, desempenha o papel de Adelaide Pinóia cantando o Fado do Bairro Alto, “Cacho Doirado” (de colaboração com Venceslau de Olivei­ra), a fantasia “País do Sol” (de colaboração com Carlos Leal), o drama “A Guerra” (de colaboração com Luís Galhardo), e o «vaudeville» “Guerra do Fa­do”.

Publicou ainda, entre outros, os livros Canções do Fado, O Fado das Mulheres, A Canção Nacional (com prefácio de Angelina Vidal), Cinquenta So­netos e Cantem Todos...

Há uma quadra que compôs,  que ainda hoje, quase toda a gente, principalmente do Fado conhece, pela sua originalidade, sendo muito cantada em desgarradas:

Ao Fado tudo se canta,

Ao Fado tudo se diz:

— No cristal de uma garganta

Vive a alma de um país.

 Colaborador regular da imprensa operária e da imprensa do Fado, coligiu em 1912 os artigos escritos em A Voz do Operário sob o título O Fado e os Seus Censores, com prefácio de Júlio Dantas, obra de referência na bibliografia fadista.

Meu avô era amigo de Avelino de Sousa, (ainda não era conhecido como “Alfredo Marceneiro”), e foi por sua influência que entrou para sócio de “A Voz do Operário” em 1914, o que decerto muito contribuiu para o seu futuro como fadista, mais tarde e já conhecido como Alfredo Marceneiro, veio a integrar o elenco da opereta de Avelino de Sousa “História do Fado”, no Coliseu dos Recreios, como interprete de Fado.

Parte do espólio de Avelino de Sousa, foi entregue ao autor deste bloco, na sua qualidade de Director Executivo da Associação Cultural de Fado “ O Patriarca do Fado”- Alfredo Marceneiro, através da Poetisa Aline Mamede e a pedido da Srª. Dª Noémia Marques Gouveia Alexandre, filha adoptiva de Avelino de Sousa e de sua mulher Lucinda Ferreira de Sousa, para que o entregasse a quem considerasse que melhor o divulgaria e conservava, pelo que,  a A.C.F.P.F, foi quem lhe mereceu melhor consenso, aliás este blogue já tinha relembrado este grande autor  numa publicação desde 2007.

Este espólio, é composto por:

  • O manuscrito da peça de Avelino de Sousa “Bairro Alto” estreada em 1927.  E ainda,  um livro da mesma peça, com encadernação da época.
  • Um álbum de recortes de jornais e cartazes encadernado feito por Avelino de Sousa e que contem poemas seus inéditos.
  • Um livro encadernado com poemas dedicados por Avelino de Sousa á sua esposa amada , Lucinda, todo escrito á mão.
  • 25 Fotografias da Opereta História do Fado e outras de artistas da época, e uma foto do poeta em tamanho A3.

Foi uma grande honra recebermos este espólio, sabemos que não fomos a primeira opção, mas as outras,  que pensavam ter mais lógica recebê-las, foram ao que me constou, uma desilusão.

Aqui vos deixo algumas fotos deste extraordinário espólio.

Vítor Duarte Marceneiro

 

Fotos do manuscrito e do livro encardenado da  Opereta Bairro Alto

Manuscrito Opereta Bairro Alto.jpg

            Livro da Opereta Bairro Alto.jpgInterior do Livro Operata Bairro Alto.jpg

Fernanda de Sousa H do Fado 2.jpg                     Opereta História do Fado3.jpgFernanda de Sousa H do Fado.jpg

 

 

 Fotos da Opereta "Bairro Alto" com a artista que fazia de camareira Aldina de Sousa e outros figurantes.

Opereta História do Fado.jpg

Livro de Poemas manuscrito  dedicado á mulher                                                    Album de Recordações 

Livro Poemas á Mulher.jpg

 

Album de Recortes.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FADO DO BAIRRO ALTO

 

Letra de: Avelino de Sousa

Música de: Alves Coelho

Cantado por: Aldina de Sousa n´Opereta Bairro Alto

 

Coro

É o fado nacional

A canção mais portuguesa,

Que nos fala ao coração

E que tem em Portugal

A graça, o encanto, a beleza,

Da mais sagrada oração!

 

Do Alto Longo ao Camões,

Atravessa-se num salto!

Mas tão curtas dimensões

Guardam sempre as tradições

Do meu velho Bairro Alto!

 

refrão

Quando chega a procissão

Dos Passos, no seu andor,

Todo o bairro vai então

Confirmar a devoção,

Beijar o pé ao Senhor!

O Bairro Alto

Vale mais que a Mouraria,

Onde a Severa vivia

E só por isso tem fama!...

O Bairro Alto,

Mais fidalgo e mais artista,

É mil vezes mais fadista

Até do que a própria Alfama.

 

 Da madrugada ao alvor

Passa a rascoa e o faia...

E entre a navalha e o amor

Chora o fado a sua dor

Pela Rua da Atalaia!

 

Toda a gente dos jornais,

Poetas e actor's lá vão

Ouvir os sons divinais

Dos fadinhos nacionais

À taberna do Tacão!

 

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
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Sexta-feira, 2 de Janeiro de 2015

AVELINO DE SOUSA, Compositor, poeta e dramaturgo

 

 

Nasceu em Lisboa  no ano 1880 e residia nos Bairro de Campolide, faleceu  em 1946.

Começou a trabalhar numa livraria, foi posteriormente tipógrafo e bi­bliotecário da Torre do Tombo.

Aos 15 anos já cantava as suas obras. Era pre­sença obrigatória em qualquer festa de trabalha­dores.

cantando apenas obras suas,  nor­malmente acompanhado pelo guitarrista Domin­gos Pavão, seu amigo de infância, o mote das suas letras, versava o amor, saudade e também usava o Fado, para através dele veicular as suas ideias politicas e sociais.

Cantou em tabernas, retiros, colectividades de recreio, em salas de gente elegante.

Travou grandes “despiques” com João Patusquinho, Manuel Serrano, João Black, Júlio Janota, Carlos Harrington e o Calci­nhas Narigudo.

Estreou-se em 1911, como autor teatral com a revista “Perdeu a Fala”, vindo a conquistar assinalá­vel êxito com a opereta “Bairro Alto”, com música de Venceslau Pinto, Alves Coelho e Raul Portela, apresentada em 1927 no Teatro São Luiz, em que a cantadeira Aldina de Sousa, desempenha o papel de Adelaide Pinóia cantando o Fado do Bairro Alto, “Cacho Doirado” (de colaboração com Venceslau de Olivei­ra), a fantasia “País do Sol” (de colaboração com Carlos Leal), o drama “A Guerra” (de colaboração com Luís Galhardo), e o «vaudeville» “Guerra do Fa­do”.

Publicou ainda, entre outros, os livros Canções do Fado, O Fado das Mulheres, A Canção Nacional (com prefácio de Angelina Vidal), Cinquenta So­netos e Cantem Todos...

Há uma quadra que compôs,  que ainda hoje, quase toda a gente, principalmente do Fado conhece, pela sua originalidade, sendo muito cantada em desgarradas:

 

Ao Fado tudo se canta,

Ao Fado tudo se diz:

— No cristal de uma garganta

Vive a alma de um país.

 

Colaborador regular da imprensa operária e da imprensa do Fado, coligiu em 1912 os artigos escritos em A Voz do Operário sob o título O Fado e os Seus Censores, com prefácio de Júlio Dantas, obra de referência na bibliografia fadista.

© Vítor Duarte Marceneiro

 

 

NOTA:

Meu avô era companheiro de Avelino de Sousa, (ainda não era conhecido como “Alfredo Marceneiro”), e foi por sua influência que entrou para sócio de “A Voz do Operário” em 1914, o que decerto muito contribuiu para o seu futuro como fadista, mais tarde e já conhecido como Alfredo Marceneiro, veio a integrar o elenco da opereta de Avelino de Sousa “História do Fado”, no Coliseu dos Recreios, como interprete de Fado.

 


 

FADO DO BAIRRO ALTO

 

Letra de: Avelino de Sousa

Música de: Alves Coelho

Cantado por: Aldina de Sousa n´Opereta Bairro Alto

 

Coro

 

É o fado nacional

A canção mais portuguesa,

Que nos fala ao coração

E que tem em Portugal

A graça, o encanto, a beleza,

Da mais sagrada oração!

 

                                                            I

                                                            Do Alto Longo ao Camões,

                                                            Atravessa-se num salto!

                                                            Mas tão curtas dimensões

                                                            Guardam sempre as tradições

                                                            Do meu velho Bairro Alto!

 

refrão

 

Quando chega a procissão

Dos Passos, no seu andor,

Todo o bairro vai então

Confirmar a devoção,

Beijar o pé ao Senhor!

O Bairro Alto

Vale mais que a Mouraria,

Onde a Severa vivia

E só por isso tem fama!...

O Bairro Alto,

Mais fidalgo e mais artista,

É mil vezes mais fadista

Até do que a própria Alfama.

 

                                                            II

 

                                                            Da madrugada ao alvor

                                                            Passa a rascoa e o faia...

                                                            E entre a navalha e o amor

                                                            Chora o fado a sua dor

                                                            Pela Rua da Atalaia!

 

                                                            Toda a gente dos jornais,

                                                            Poetas e actor's lá vão

                                                            Ouvir os sons divinais

                                                            Dos fadinhos nacionais

                                                            À taberna do Tacão!

 

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Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
Viva Lisboa: Grandes da Velha Guarda
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