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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Quinta-feira, 25 de Junho de 2009

JOÃO BRAGA - Fado Nosso

Dia 23 de Junho de 2009, será decerto para o Fado uma data memorável, pois talvez pela primeira vez no Salão Nobre nos Paços do Conselho da Camara Municipal de Lisboa, com o apoio do presidente da edilidade, houve Fado, cantado ao vivo. João Braga apresentou o seu úttimo trabalho em CD " Fado Nosso". Há  nove anos que não gravava! 

 

"Fado Nosso" marca o regresso de João Braga aos discos de originais, nove anos depois de "Cantar ao Fado". Nome de referência do Fado e mentor de novas gerações de fadistas, é com grande satisfação que a Companhia Nacional de Música edita este seu trabalho, onde se comprova cabalmente que a força interpretativa do cantor se encontra num dos pontos mais elevados da sua carreira. Quando em 2005 João Braga foi alvo de uma delicada intervenção cirúrgica, reavaliou a vida e disso deixou testemunho no livro "Ai Este Meu Coração", editado no ano seguinte. Agora, é ele próprio que encara "Fado Nosso" - título sugerido por Manuel Alegre, o poeta mais cantado neste novo disco - como um renascimento. Tendo cm conta a elevada qualidade poética aqui presente - além de Alegre, há poesia de Luiz de Camões, de Vinícius de Moraes, de David Mourão-Ferreira, de António Tavares-Telles e de Eduardo Valente da Fonseca, entre outros - é impossível esquecer que João Braga tem vindo a ser um dos mais dignos seguidores de um percurso iniciado por Amália Rodrigues, ao trazer para o fado os grandes poetas da língua e da alma portuguesas. Mas também ao nível musical este trabalho se destaca, já que alia de forma magistral versões de temas clássicos de Carlos Ramos, de Alfredo Marceneiro ou de Joaquim Campos a novas composições de Nuno Rodrigues {num sempre aguardado regresso ã escrita musical), de Arlindo de Carvalho (o autor do eterno "Chapéu Preto") e do próprio João Braga. Por último, importa destacar as presenças especiais de Manuel Alegre (no recitativo de "Soneto de Separação") e da jovem fadista Cuca. O brilho instrumental das melodias é dado por Jaime Santos Jr., José Luís Nobre Costa c Joel Pina - três dos músicos mais prestigiados do "nosso fado"-, em conjunto com um dos valores mais recentes da nova geração de guitarristas: Pedro de Castro.

Lisboa 23 de Junho de 2009

 

 

Por razões que espero me desculpem, entre todos os temas qual deles o melhor, escolhi este, espero que gostem.

 

João Braga

canta: O Último Faia

Letra de: António Tavares-Teles

Música de: Fado Versículo de Alfredo Marceneiro

 

 

O ULTIMO FAIA

Letra: António Tavares-Teles

Música; Alfredo Marceneiro - "Fado do Versículo'

 

Da casa da Mariquinhas ao Café,

Ao Café das Camareiras, provocante.

De viela em viela, Mestre Alfredo

Vai em busca da Menina do Mirante.

 

Encostado ao balcão de uma taberna

Numa pausa do caminho ele encontrou

O pintor, velho pintor que um dia terna,

Ternamente, o seu fado desenhou.

 

Sem arvorar um ar gingão ou fadistão

Mas como um real fadista que se assume

Para o velho pintor cantou então

Até quase de manhã, sem um queixume.

 

Foi num cabaré de feira, ruidoso,

Na viela um novo dia despontava

E ao escutá-lo o velho pintor pintava

Uma tela apenas digna do Malhoa.

 

Amor é água que corre, tudo passa,

E a Menina do Mirante enfim passou,

Pois por vezes a taberna tem mais graça

Tem mais vida, mesmo quando tem mais dor.

 

À mercê do vento brando bailam rosas

Em quimérico vergel, descolorido.

É mais um dia que morre, mas que importa?

Batem as oito na Sé, de um fado antigo.

 

 

 

 

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Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
música: O Último Faia
publicado por Vítor Marceneiro às 20:27
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Quarta-feira, 20 de Agosto de 2008

O FADO, O MAR, A VIDA


 

 


 

Mistério de Lisboa


 


Devo-vos revelar um mistério transcendente


Lisboa surgiu do mar trazida por um tridente


Deus Neptuno a quis plantar virada ao poente


desejando-lhe criar marinheira a sua gente


que ao mundo soube dar,  novos mundos por semente.



 

Versos de: Carlos Alberto Giudicelli (português de raiz a viver no Brasil)


 

 


 

 O mar sem fim é português...


O Fado canta a alma portuguesa e são o desafio lusitano ao fatalismo que o destino (fatum, em latim) encerra. É uma canção antiquíssima e muito rara. Quando as naus partiram, os navegadores portugueses procuraram os novos limites da malázia, para provarem á  Terra que o Mar não era fronteira, abismo ou cerco, era rua larga e estrada azul, para lá da linha fria do horizonte. E cantavam, como quem reza pela protecção divina do espírito, para que a Terra fosse toda uma.


A música que os acompanhou lá foi o Fado. E esta canção dorida, que força a intimidade com o destino, é uma canção temida, porque reconhece na adversidade o anúncio da grandeza.


Há quem lhe atribua contornos misteriosos — sem conseguir explicar por quer. Desafiando o destino, canta o êxtase e a mágoa dos momentos supremos: a paixão e a morte. Tem o mistério que o destino tem. E a saudade. A mesma que nos versos de Fernando Pessoa estão na origem do sal do mar — aquele de que são feitas as lágrimas dos Portugueses.


Sendo o destino, todos os fados estão certos, todos os caminhos se cruzam, com encontros e desencontros, partidas e regressos, tristezas e alegrias, tragédias e glórias.


Por sobre as ondas que vão repousar no Tejo navegam os textos dos grandes poetas e o sortilégio da nossa saudade. O Fado torna-se então mais português e, assim, cada vez mais universal. Como também escreveu Pessoa: "O mar com fim será grego ou romano: o mar sem fim é português". Poderão querer tirar-nos muita coisa, mas o desvendar da espuma será sempre nosso.


João Braga

 


 


 

O certo para mim é que  tudo isto é Vida, é Fado....
 

 

                      Já ouvi mais do que uma vez

                      Ao falarem do passado

                      Que do pranto português
                      É  que o mar ficou salgado


 

 

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publicado por Vítor Marceneiro às 20:53
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Segunda-feira, 7 de Abril de 2008

EU TAMBÉM TIVE UM SONHO - João Braga

Fado Bailado

de Alfredo Marceneiro

execução :

Guitarra Arménio de Melo

Violas Jaime Santos Jr. e José Elmiro

 

 

EU TAMBÉM TIVE UM SONHO

 

Na minha cama, só, estava deitado e, sem poder dormir, pus-me a sonhar — que eu sonho muitas vezes acordado e o que sonhei então vou-lhes contar: tive um pesadelo, em que eu, por conveniência, era comunista, membro de uma loja política, e que principiava com a minha ida ao Ministério da Cultura, onde o ministro me incumbia, não sem alguma pompa — que eu, no sonho mau, era algo presunçoso —, de superintender, junto da UNESCO, à candidatura do Fado a obra-prima do património oral e imaterial da humanidade, para o que me constituía em embaixador daquela ciclópica tarefa. O ministro disse-me ainda para formar uma equipa que trabalhasse comigo todos os pormenores para o bom sucesso da empresa.

 

Mal saí do Palácio da Ajuda desatei a falar ao telemóvel, primeiro para convidar uma jovem fadista em ascensão — achei de bom tom acrescentar algum ar hodierno à coisa —, depois um musicólogo de renome, de esquerda, como convém, finalmente o Museu do Fado, apoiado em várias associações da guitarra, do contrabaixo, do clarinete e de outros castiços instrumentos.

 

À medida que o pesadelo avançava, dei comigo a idealizar a cena em que o presidente Cavaco Silva me condecoraria com a Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, e uma onda de jactância abateu-se sobre os meus cabelos brancos, um tanto ralos, antecipando o êxtase pelos dividendos de triunfar onde o afamado tango fracassara. Mas a minha altivez, nessa fantasia, não conhecia limites e pus-me logo a pensar noutras glórias, noutras honrarias, eu tinha de ir mais além, o meu prestígio derrubaria fronteiras. Foi com algum arrepio que me imaginei no Itamarati, em cena idêntica, o Lula a galardoar-me com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, da mesma forma enternecida com que abraça o Chávez e, com mais alguns empenhos de peso, a receber até a Legião de Honra, lamentando, porém, que o “mon ami” Mitérrand já não fizesse parte do mundo dos vivos, pois não teria de renegar o meu comunismo oportunista a fim de entregar o tórax nas mãos do reaccionário Sarkozy. Quanto à da Jarreteira e do Banho, paciência, ficava de fora, tal como a Inglaterra que não integra o lote dos 170 países que subscreveram a Convenção.

 

E foi nessa altura do pesadelo que me ocorreu uma luminosa ideia que me ajudaria pela certa a atingir aqueles desideratos e mais alguns: dado que, além da Inglaterra, os Estados Unidos da América também estavam de fora da venturosa Convenção, eu teria apenas de agradar à maioria dos estados aderentes, quase todos do terceiro mundo. Como? Muito simplesmente lançando a teoria de que o fado nascera em África — Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné — e na América do Sul — Brasil e Rio da Prata. Estava feita a pombinha, deixava de fora a Ásia e a Oceânia, porque era um pouco complicado arranjar analogias entre a música fadista e as daquelas paragens, mas os estados desses continentes sensibilizar-se-iam com o aplauso dos seus pares africanos e sul-americanos. Os portugueses poderiam levar isso a mal, mas quem se rala com a indignação lusitana perante a minha ambição? Nada me deterá. Imediatamente após esta minha conclusão ouvi um burburinho, surgiram numerosos e agitados vultos na minha direcção, apavorei-me.

 

E eu que andava para ali entontecido, com o sol, com a luz, com a algazarra; de repente, porém fui atraído pelo doce trinar de uma guitarra: era o fado, mas o fado rigoroso, cantava-o a Severa a preceito, com a guitarra nas mãos do Vimioso tangia anseios de fogo no peito.

É verdade, era uma turba imensa, como se fora uma manifestação da Intersindical (que saudades!), só que encabeçada por Luiz de Camões, Fernando Pessoa, Alfredo Marceneiro e Amália Rodrigues — fiquei como que paralisado. Junto à cabeça da manif lobriguei ainda Sophia de Mello Breyner Andresen, David Mourão-Ferreira, Miguel Torga, Pedro Homem de Mello, António Botto, tudo poetas que eu cantei, consegui até ver o O’Neill escrevinhando uns versos a ridicularizarem-me, enquanto a multidão se ia aproximando de mim, sufocando-me, e eu a reconhecer cada vez mais rostos, Maria Teresa de Noronha, Ercília Costa, a “santa” do Fado, Armandinho, José Nunes e Jaime Santos, com uma fita negra nas guitarras, Carlos Ramos, Manuel de Almeida, Hermínia Silva, Júlio Gomes, Alfredo Mendes, Martinho d’Assunção, Joaquim do Vale (“covinhas”), Pedro Leal, Manuel Martins, José Inácio e Francisco Perez Andión, o meu Paquito, todos eles com fumos nas violas. O pesadelo atingia o seu auge, com tantos olhares de desprezo em cima da minha pessoa, todos os meus mestres, todas as vozes, os tocadores, os poetas e os compositores que eu idolatrei, Júlio Peres, Frederico Valério, Lucília do Carmo, Alain Oulman, Berta Cardoso, Fernando Farinha, José António Sabrosa, Carlos Conde, Henrique Rego, os dois Joões, Linhares Barbosa (o autor do “Pierrot”, sob o pseudónimo de Luís de Sousa) e Silva Tavares, Manuel de Andrade, Vasco Lima Couto, Joaquim Campos, Júlio Proença, os manos Porfírio, Ricardo e José, João Soares Fernandes (“ferro-velho”), também Fernando Maurício, Carlos Zel, e muitos mais. Estava ali o fado inteiro — como cantou o Marceneiro, o fado que eu traíra da forma mais vil e videirinha.

 

Camões adiantou-se então a todos e proferiu, num timbre forte e muito bonito, a fazer lembrar Manuel Alegre: “para trás, fadista ímpio e traidor aos teus, já não és digno da nossa pena, das nossas liras, do nosso canto. A partir de agora, doravante e para o futuro, não mais, não mais, voltarás a cantar esta canção!”

Senti um frio inumano a percorrer-me o corpo todo. Acordei encharcado em suor e dei graças a Deus por tudo não passar de um sonho, ainda que sinistro.

 

E eu então, fadista como era, peguei numa guitarra e fui tocar. Cantei ao desafio com a Severa, mas isto meus senhores, foi a sonhar. E ainda bem, porque mal acordei pus-me foi a cantar quadras do Luis Vaz e do Fernando, com complemento da Rodrigues, assim uma espécie de verso de pé quebrado, ao qual, como vocês todos sabem, se chama versículo. Claro que o cantei na famosa melodia do Tio Alfredo, que lhe deu o mesmo nome. De seguida adormeci profundamente, em paz com a minha consciência.

 

Lisboa, 5 de Abril de 2008

 

João Braga

 

P.S. As palavras em itálico são extraidas de uma letra de Francisco Radamanto que eu, no que toca a autorias, não brinco. Nem sequer em sonhos.

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música: Fado Bailado de Alfredo Marceneiro
publicado por Vítor Marceneiro às 21:45
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Sexta-feira, 1 de Junho de 2007

JOÃO BRAGA

JOÃO BRAGA

BRAGA, João de Oliveira e Costa, cantor e autor de melodias, nasceu na Rua da Creche, no bairro lisboeta de Alcântara, a 15 de Abril de 1945. Estreou-se em público, aos nove anos, como solista do coro do Colégio S. João de Brito. Em 1957, a sua família mudou-se para Cascais, onde, a partir de 1963, começou a cantar em casas de fado amador daquela região (Galito, 1963; Estribo Clube, 1964) e em Lisboa (Taverna do Embuçado, 1966), altura em que abandonou o curso de Direito. Foi também nesse ano que Alfredo Marceneiro, à mesa da “Tipóia”, de Adelina Ramos, lhe ditou a glosa de Carlos Conde de “É Tão Bom Ser Pequenino”, que ele viria a gravar em Dezembro.

O ano de 1967 marcou o começo da sua carreira musical, com a saída, em Janeiro, do seu 1º disco, "É Tão Bom Cantar o Fado" (título tirado daquela letra de Carlos Conde), editado pela Aquila, que lançou nesse ano mais 3 EP, ("Tive um Barco", "Sete Esperanças, Sete dias", "Jardim Abandonado") e 1 LP , "A Minha Cor", o que lhe valeu actuar, pela primeira vez, num programa da RTP ("Alerta Está!"). Em 1969 ficou definitivamente conhecido do grande público, por via dos serões televisivos do Villaret (Zip-Zip). Um ano antes conhecera Luís Villas-Boas, que viria a tornar-se seu produtor (gravou mais 7 discos com ele, para a Philips) e com quem organizaria o 1º Festival Internacional de Jazz de Cascais (1971). No ano seguinte, participou no Festival da Canção e fundou a revista Musicalíssimo (onde foi editor) e lá permaneceu até 1974, altura em que foi emitido um mandato de captura em seu nome, forçando-o a ir para Madrid até Fevereiro de 1976.

Quando voltou do exílio, abriu a casa de fados O Montinho, em Montechoro, que esteve em actividade apenas durante um Verão. A abertura do Páteo das Cantigas (1978-1982) marcou o seu regresso a Lisboa. Entre 1977 e 1987 gravou mais sete álbuns: 2 para a Orfeu ("Canção Futura", 1977, "Miserere", 1978), um para a Valentim de Carvalho ("Arraial", 1980), 3 para a Sassetti ("Na Paz do Teu Amor", 1982, "Do João Braga Para a Amália", 1984, "Portugal/Mensagem, de Pessoa", 1985) e um para a Silopor ("O Pão e a Alma", 1987). 

Após o encerramento daquela casa de fados, centrou a sua actividade nos concertos e na composição musical, tendo, a partir dos anos 90, dado início à renovação do panorama fadista através de convites a jovens intérpretes para integrarem os seus concertos: Maria Ana Bobone, Rodrigo Costa Félix, Miguel Capucho, Mafalda Arnauth, Ana Sofia Varela, Mariza, Cristina Branco, Katia Guerreiro, Nuno Guerreiro e Filipa Pais, Gonçalo Salgueiro, Joana Amendoeira, Ana Moura, António Zambujo, Diamantina, Lina Rodrigues, Raquel Peters e, mais recentemente, Pedro Silva Miguel e Alexandra Guimarães.

Em 1984 surgiu pela 1ª vez como autor de melodias, "O Menino da Sua Mãe" e "Prece" (Pessoa), "Ai, Amália" (Luísa Salazar de Sousa) e "Ciganos" (Pedro Homem de Mello), num álbum a que chamou "Do João Braga para a Amália" -- em homenagem à grande diva do Fado. Desde então já assinou mais de 50 temas de grandes poetas. Em 1990 gravou o seu 1º CD ("Terra de Fados", Edisom, vendas superiores a 30.ooo cópias), onde incluiu inéditos de Manuel Alegre, que pela primeira vez escreveu expressamente para um cantor. Mais um CD para a Edisom ("Cantigas de Mar e Mágoa", 1991), um para a Strauss ("Em Nome do Fado", 1994), outro para a BMG ("Fado Fado", 1997), um para o BNC ("Dez Anos Depois", 2001), outro para A Capital ("Fados Capitais", 2002) e três para a Farol ("Cem Anos de Fado" vol. 1, 1999, vol. 2, 2001, e "Cantar ao Fado", 2000, — considerado por Braga como o melhor da sua carreira, com poemas de Pessoa, O'Neill, Torga, Mourão-Ferreira e Alegre, entre outros).

Foram assim já editadas para cima de 50 gravações suas (28 originais e mais de 20 compilações), concebeu e/ou protagonizou cerca de 250 programas televisivos e radiofónicos, tendo escrito até à data um número muito próximo de 300 crónicas e um livro, posto no mercado em Novembro de 2006, pela Esfera dos Livros, sob o título, “Ai Este Meu Coração”..

Desde os tempos da Musicalíssimo, desenvolveu actividade na imprensa escrita (como editor, redactor e cronista: Eles & Elas, Sucesso, Independente, DN, Euronotícias, A Capital), na rádio (TSF e Antena 1) e na televisão (RTP, SIC e TVI). Desde 1970 actuou em muitos países da Europa, África, América do Norte e do Sul e foi distinguido, entre outros, com os seguintes prémios: Medalha de Mérito Cultural do Governo Português (1990, o único cantor de fado, até à data, assim galardoado), Prémio Neves de Sousa, atribuído pela Casa da Imprensa (1995), Medalha da Cruz Vermelha de Mérito (1996), Prémio de Carreira, da Casa da Imprensa (1999) e com a Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique, entregue pelo então chefe do estado, em Fevereiro de 2006.

Além do fado, interpreta um repertório diversificado, incluindo música francesa, brasileira e anglo-saxónica. O seu emocionado estilo interpretativo é caracterizado por um timbre bem pessoal, pela primazia do texto (que divide com eficácia — teve bons mestres, como Alfredo Marceneiro) e por uma abordagem melódica imaginativa, sempre actualizada e de constante improviso (muito "estilada", em jargão fadista).

(Biografia resumida  pelo próprio)

 

Fado de Lisboa 

Repertório de João Braga

poema: Manuel Alegre

música: João Braga

 

                                             Tem navios nas vogais

                                             Gaivotas nas consoantes.

                                             Em cada sílaba um cais

                                             Para o mar de nunca dantes.

 

                                             Lisboa tem brancas velas

                                             Suas letras são sinais

                                             Caravelas, caravelas;

                                             Que não voltam nunca mais.

 

                                             Cais de partida e chegada

                                             Cheira a sul e oriente.

                                             Esta é Lisboa prezada

                                             De tão desvairada gente.

 

                                             Com Fernão Lopes, foi prosa;

                                             Com Cesário, alexandrino;

                                             Rua a rua, rosa a rosa,

                                             Lisboa é fado e destino.

 

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publicado por Vítor Marceneiro às 17:29
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