E DEUS LHE DEU A GRAÇA E A ALEGRIA, DE TER MORRIDO NA SUA FREGUESIA, COMO UM SOLDADO MORRE NO SEU POSTO
Alfredo Marceneiro faleceu na sua casa pelas sete horas da manhã do dia 26 de Junho de 1982, contava 91 anos. (*)
O seu corpo esteve em câmara ardente, na Igreja de Santa Isabel, sendo apostas na urna a Bandeira Nacional e a bandeira da cidade de Lisboa por iniciativa do, então, Presidente da edilidade Engº Krus Abecassis e ainda uma guarda de honra permanente prestada pelos Soldados da Paz do Batalhão de Sapadores Bombeiros de Lisboa.
O Padre designado para fazer as exéquias do funeral de Alfredo Marceneiro desconhecia de todo a sua obra, mas impressionado com os milhares de pessoas presentes no velório, quis esclarecer-se sobre a sua figura. Levou a noite a escutar o José Pracana e este tão eloquentemente lhe falou do seu querido amigo "Ti Alfredo", que no dia do funeral, o Padre ao dizer a Missa de Corpo Presente, ele próprio com as lágrimas nos olhos enalteceu a sua imagem de lisboeta e fadista, amante da sua cidade e da sua freguesia E a todos supreendeu, quando recitou os versos que Marceneiro tantas vezes cantou:
Alfredo Marceneiro canta:
A Minha Freguesia
Se os cantadores todos, hoje em dia
Ruas e bairros cantam, de nomeada
Eu cantarei á minha freguesia
A de Santa Isabel tão afamada
Freguesia gentil que não tem par
É talvez de Lisboa, a mais dilecta
De D. Diniz, a rua faz lembrar
O esposo de Isabel o Rei poeta
Lembra a Rainha Santa, quando vinha
Transformar o pâo em rosas, com fé tanta
Ela que Santa foi, menos Rainha
Mas foi entre as Rainhas, a mais Santa
Poetas e literários, foram seu
Ilustres moradores, geniais
Como Almeida Garrett, João de Deus
Teófilo, Junqueiro e outros mais
Freguesia onde enfim, moro também
Onde sempre pisei honrados trilhos
Nela casou a minha querida mãe
E nela é que nasceram os meus filhos
Que Deus me dê a graça, a alegria
Na vida tão cheínha, de desgostos
A vir morrer na minha freguesia
Como um soldado morre no seu posto
Assim, até na sua morte o Fado acontecia. Cumpriu-se o desejo que Alfredo Marceneiro cantava nos versos escritos pelo poeta Armando Neves.
É de realçar, que não havendo espaço no talhão dos artistas no Cemitério dos Prazeres, a Câmara Municipal de Lisboa, disponibilizou um gavetão perpétuo para repouso dos seus restos mortais.
Milhares de pessoas acompanharam o cortejo fúnebre que apesar de ser proibido se efectuou a pé, numa sentida manifestação de pesar desde Santa Isabel até ao Cemitério dos Prazeres. Guitarristas dedilharam os seus instrumentos, durante todo o percurso, " a sua Marcha" em tom dolente e magoado, que mais parecia um choro de guitarras.
O Povo de Campo d´Ourique estendeu colchas nas janelas, numa homenagem singela ao homem simples do seu bairro.
Todos os orgãos de informação se referiram á efeméride, com títulos de destaque.
(*) 91 anos em termos de registo de nascimento, masa na realidade tinha 94 anos
Chorai Fadistas, chorai...
A morte de Alfredo Marceneiro
— A GRANDE LENDA DO FADO
in Diário de Notícias
« Ti Alfredo » deixou-nos
Morreu O REI do FADO.
Morreu aquele a quem apelidaram de
—PATRIARCA do FADO
Marceneiro morreu, o fado de luto
Morreu Alfredo Marceneiro
— O MONSTRO do FADO
Guitarras choraram por Alfredo Marceneiro
in Correio da Manhã
Morreu Alfredo Marceneiro...
O Fado lisboeta está de luto.
in O Dia
De todos os jornais diários que se referiram á efeméride destaco o artigo assinado pelo jornalista e poeta Fernando Peres que foi seu grande amigo e admirador:
GUITARRAS CHORAM NO FUNERAL DE MARCENEIRO
in A Capital
"Não sabemos de quem teria sido a ideia mas não é difícil adivinhá-lo: José Pracana tem alma de poeta e uniu-o sempre ao ti Alfredo uma amizade filial. Talvez pela primeira vez, desde a saída do corpo até ao cemitério dos Prazeres, guitarras e violas choraram o que deixa insubstituível um lugar e foi um intérprete ímpar de várias gerações. Apenas melodias suas foram escutadas por gente que se espalhava pelas janelas para assistir ao cortejo enorme e ouvir um coro imenso de vozes de que Alfredo Duarte (o Marceneiro para toda a gente) era autor e andam na boca de toda a gente.
Esta é uma verdade indesmentível. Se reflectirmos, podemos concluir que a vida e a morte constituem os círculos viciosos do tempo.
A hora que se viveu é uma hora morta. Aquilo que hoje é emoção violenta, constitui amanhã, uma sensação esquecida.
Devemos insistir: esta é uma verdade indesmentível pois existe dentro de cada homem uma tragédia que ele ignora e uma comédia que ele vive. Algumas vezes, a tragédia é caricata ridícula, dá vontade de rir. Mas nunca ninguém riu da tragédia que consigo arrasta. É que a dor é um sinal da vida. Na realidade, só vive quem sabe sofrer...
Por isso ti Alfredo não sofre sózinho. Consigo leva um bocadinho do coração de todos nós. Os ídolos do fado são ídolos do povo. E um desses foi esse extraordinário Alfredo Marceneiro, decano dos intérpretes portugueses e, talvez, mundiais. Quase todos choraram quando foi o «momento da despedida». Mas homens como o ti Alfredo não morrem, nunca. Faltou a madrugada, substituída por um Sol radioso. Mas tudo teve expressão e significado. Valeu pela intenção valiosa e espectacular (houve quem estivesse de muletas). Se era preciso, foi a consagração de um grande fadista. Quantos o acompanharam, e entre eles o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Leonor Beleza, constituíram um público, sem distinção de classes ali acorrendo a acenar o seu adeus ao maior intérprete da canção, nascida não se sabe onde ecoou em vozes doridas e viciosas nas betesgas das ruelas de Lisboa. Depois, ganhou raça em gargantas aristocráticas e hoje corre mundo na névoa das «boites».
De facto, passam tristezas a desfazer-se e o vento arrasta-se, lentamente, com vagares de cansaço. Já se feriram alegrias em vibrantes risos. Uma lágrima indiscreta espreita um sorriso.
Não o disse? «Felizes os que sabem, colhendo beleza e poesia, refugiar-se em recordações purificadas da mesquinhez do mundo. Felizes os que são sabem, colhendo inspirados pelo amor, para quem o poente é sempre uma rosa e o azul tem transparências». Teve a sua companheira — a tia Judite — ao seu lado até ao último momento. Mãe dos seus filhos teve até ao final um gesto de amor. «Felizes os que sabem andar feliz o coração no espaço infinito, entre orações, bençãos e perdão. Felizes os que sabem demorar o perfume que o amor deixou».
Lá estiveram os seu amigos. O infalível Júlio Amaro (como podia ele faltar?). E sabe uma coisa? Foi uma manifestação de ternura, neste mundo de egoísmos, cada vez mais fracas.
Ti Alfredo, até qualquer dia..."
Na Revita "MAIS" de 2 de Julho de 1982, destaca-se aqui o seu editorial e dois artigos da autoria de grandes jornalistas.
UM SILÊNCIO NO FADO
"Um silêncio no Fado, eis o que se fez, súbito, no último fim-de-semana.
Morrera Alfredo Marceneiro ou, se preferirem ele mudara de "poiso" para parte incerta onde, afinal, todos acabaremos por beber do mesmo copo — como ele continua, certamente a fazer.
Um silêncio no Fado, eis o que se fez, súbito no último fim-de-semana.
Um silêncio de guitarras e violas, um silêncio de gargantas vazias, um silêncio cúmplice de cantos impossíveis.
Alfredo Marceneiro "diz" agora ali mesmo, ao virar desta esquina, todos o sabemos. Por isso aqui estamos prontos a escutá-lo naqueles que o testemunharam, naqules que o viveram e conviveram.
Prontos, não a consagrá-lo (que é lá isso?) mas a guardá-lo, nosso."
"MARCENEIRO" — exemplo do fado autêntico
"Sim, é uma verdade indesmentível: os ídolos do Fado são os ídolos do povo. E Alfredo Marceneiro, o «maior» do Fado tinha em si qualquer coisa de indefinível, de boémia atrevida e palpitante a confundir-se com uma ingenuidade quase infantil. Como era ele, afinal?
Igual a si próprio: rezingão e pitoresco, com a sua madeixa preta, a testa enrugada, matendo ao pescoço o lenço de seda com um nó mal-humorado. Como cantava? Como ninguém: com voz saturada de sensibilidade, uma voz popular e instintiva intérprete como nenhuma outra, da pobreza feliz da cidade e a pesia do seu povo. No Fado, soube sempre poetizar Lisboa. E, por isso, talvez, já não pertence apenas ao Fado e aos que o admiram — é património de Lisboa.
A cidade vai perdendo as suas figuras típicas. Mas ainda tinha em Alfredo Marceneiro um exemplo do Fado autêntico, nascido não se sabe onde mas que vivia na sua alma. Ele possuía a reforma do ofício que foi durante anos um apelido. Chamava-se Alfredo Rodrigo Duarte, o «Marceneiro» para quase todos, «Ti Alfredo» para os fadistas e para os amigos. Andou a roçar os noventa e era ainda uma figura da noite lisboeta. Raros o viram de dia e sempre por ocasiões graves. De resto era a noite que o trazia, envolvendo-o nas suas sombras de mistério. E, parecia conservar nos lábios uma saudade e um beijo quando chegava e dizia: «boa-noite». Sim, era a noite quem o trazia pois é de noite que ele vivia no mundo onde ganhou fama e glória. A sua ronda diária pelas casas típicas (a terminar sempre madrugada alta) era já talvez, uma necessidade de se sentir estimado, acarinhado, vivo para os que lhe queriam bem. O Fado, a sua segunda vida foi, afinal, a sua vida inteira."
Assina: Fernando Peres
E ainda na Revista Mais um artigo de Miguel Esteves Cardoso
Ao fadista, Alfredo Marceneiro,
bem ido e bem vindo,
por,ocasião do fim da sua primeira vida (1891 - 1982)
"Se, como escreveu D.H. Lawrence, a morte é a única pura e bela conclusão de uma grande paixão, então a morte do fadista Alfredo Marceneiro é, também ela, um acto de paixão.
E é um Fado.
E é uma morte.
Mas um fadista não morre como morreram os outros homens.
A morte não o surpreende nem o leva — é ele que a chama e a ela se entrega. Porque ser fadista é atiçar, cortejar, pedir a morte desde o primeiro momento em que o Fado lhe nasce na voz. Um fadista, ao morrer, vê a sua arte a atingir o ponto máximo de perfeição.
E é um Fado.
E é uma morte.
Mas um fadista não morre como morrem os outros homens.
Ele trata a morte por tu. Conhece-le os jeitos e as manhas e só pode ter por ela o respeito que se tem por aquilo que conhecemos de gingeira: é gingão com ela, mas tem-lhe amor. Ou não fosse todo o Fado um fingimento da morte e todo o fadista um fingimento da vida
E é um Fado.
E é uma morte
E é uma saudade, e um destino. Ou não fosse a saudade, como memória do bem que jamais regressará, no qual que nunca desaparecerá, uma espécie de morte. O mesmo, em vida que ver morrer. Ou não fosse o destino, como pressentimento sem recuo nem apelo, uma espécie de preparação para a morte. O mesmo, em vida, que ver-mo-nos morrer.
E é um Fado
E é uma morte.
Pela saudade, o fadista pôde saborear a morte que lhe sobe do peito pela garganta, até à boca. É talvez um amargo e doce paladar — terá concretiza algo a ver com amêndoas cruas, caroços de cereja, vinho acre.
Pelo destino, o fadista faz no peito a cama á morte e o aroma desses lençóis sobe pela garganta até à boca e tem o cheiro de uma mortalha lavada nas lixívias pungentes da vida.
E é só um Fado.
É afinal apenas uma Morte.
Mas que sentido teria celebrá-la e senti-la senão com sua própria língua, a do Fado e da Morte ? A morte de um fadista, a morte de Marceneiro, só pode ser celebrada e sentida na voz de outro fadista. Não pode ser escrita, não consente ser lida.
Porque o Fado precisa dos seus fadistas mortos, das suas lendas e lugares. No Fado, o luto continua. Deste modo sempre. Ou há alguém que disputa a lenda e o lugar da Severa ? Ou há alguém que duvide que, como morto. Marceneiro servirá o Fado como o não pôde servir nos últimos anos da sua vida ?
E é outro Fado.
E é nenhuma Morte.
Ao morrer, Marceneiro inicia uma outra carreira no Fado. Tão bela e importante como aquela que findou. Será furiosamente lembrado, mistificado, transformado em voz. Porque é uma das bonitas qualidades do Fado: o Fado nunca esquece. Agora é que Marceneiro começará a viver, porque já está morto, reconciliado com o seu destino de homem, preparado para a sua missão de reminiscência e saudade.
E é este o verdadeiro Fado.
E é esta a verdadeira Morte.
Porque os fadistas não morrem como os outros homens.
Melhor: nem sequer morrem. Toda a vida anseiam morrer. De amor e paixão, de cio e da saudade. Sem respeitar a vida, que é coisa que vem e que passa, senão daquilo que a vida tem de transportadora. Transportadora da imagem e do desejo das coisas que se amaram, e que nela se guardam, tão brancos como no dia que nasceram,os vícios da alma, os vícios do corpo.
E é assim um bonito Fado.
E não é assim uma feia Morte.
Ou não haja alguém que ponha em causa que um fadista não é um homem que, ora em ora, canta o Fado. Não existe esse bicho: o fadista em tempo parcial. Cantar o Fado é apenas um momento na vida de um fadista, tão natural como abrir as janelas de manhã, tão normal como as tarefas do dia-a-dia. E as tarefas do noite-a-noite, as rondas, as batalhas, os amores, os vinhos, os amigos, os trabalhos, misturam-se com o canto e — nos grandes fadistas, como o Marceneiro — entram pelo canto adentro e tudo encharcam para que a voz depois dê vazâo à paixão, dê cor à dor, dê despejo ao desejo.
È isto o dito Fado.
Bendito Fado, para além da Morte.
Alfredo Marceneiro foi esse fadista em que o Fado, como mero canto, era indissociável do Fado, como mera vida. Mas se dantes não havia realidade que podia com o arroubo de lembrar — o Fado é uma perpétua reconstrução do passado, sabendo sempre que nunca o poderá reconstruir a tempo de evitar o futuro — se dantes não havia Marceneiro—homem que podia com o esplendor de Marceneiro—mito; agora, agora e durante os muitos anos que só o Fado guarda contristadamente faz enternecer, Marceneiro pertence todo ao Fado como nem ele em vida, conseguiu pertencer.
E é Fado
E deixa de ser Morte
Digamos só: Olá Alfredo Marceneiro, é bom tê-lo outra vez entre nós.
Assina: Miguel Esteves Cardoso
Imagem do Cortejo que acompanhou a pé, em marcha lenta, ao som das guitarras, Marceneiro até à sua sepultura
NAS RUAS DA NOITE
A Vítor Duarte, “Marceneiro Terceiro” — Meu padrinho no Fado
Fernando Pinto Ribeiro
No crepitar de estilhaços(*)
de estrelas sobre os espaços
da Lisboa rua em rua —
crucificámos abraços
encruzilhados nos passos
que à noite a lua insinua
Nas nossas bocas unidas
sangrámos fados em feridas
dos beijos amordaçados —
salvámos vias vencidas
que andam pla treva perdidas
como num mar afogados
Cegos de sombras e lama
E da sede que se inflama
numa inquisição divina —
bebemos o vinho em chama
que sanguínea luz derrama
no candeeiro da esquina
Embriagados de lume
sem dissipar o negrume
do fumo que nos oprime —
rezamos todo o queixume
do cio deste ciúme
num amor que se faz crime
Crucificamos abraços
encruzilhados nos passos
que a noite nua desnua —
crepitantes de estilhaços
de estrelas quando em pedaços
vêm morrer sobre a rua
Fernando Pinto Ribeiro, é natural da Guarda. Nasceu em 1928. Ao 17 anos vem para Lisboa após completar o Curso Liceal, inscrevendo-se na Faculdade de Direito, cujo curso não chegou a completar. Já em jovem começa a rimar as palavras, nunca deixando de escrever quadras soltas, tendo aos catorze anos escrito, o seu primeiro soneto a que dá o título de “Soneto dos 15 Anos”.
Colaborou nas Revistas Flama , Panorama, Páginas Literárias, em Jornais, como Diário de Notícia, Diário Ilustrado e em vários jornais regionais, tendo também sido publicados no Brasil alguns poemas de sua autoria.
Foi Director da Revista de Letras e Artes “CONTRAVENTO” (1968), da qual só se conseguiram editar quatro números, dado que o seu cariz intelectual e democrático, não podia de deixar de ser amordaçado pela censura.
Pertence aos corpos sociais da Sociedade da Língua Portuguesa, Sócio da Associação Portuguesa de Escritores, Cooperador da Sociedade Portuguesa de Autores, Sócio da Colectividade Grupo Dramático e Escolar “Os Combatentes”. (Colectividade Popular Centenária)
Frequenta algumas noites de Fado e fica fascinado com o ambiente da noite fadista, começando sem que se aperceba, a identificar-se com a “expressão fadista” o que apela à sua alma de poeta, começando a escrever alguns fados que desde logo foram bastante elogiados. Compositores de Fado colaboraram, e a qualidade dos seus poemas é tal, que logo houve nomes do panorama musical do Fado que os quiseram interpretar, fadistas como: Ada de Castro, Alexandra Cruz, Anita Guerreiro, António Mourão, António Laborinho António Passão , António Severino, Arlindo de Carvalho, Artur Garcia, Beatriz da Conceição, Branco de Oliveira, Carlota Fortes, Chico Pessoa, Estela Alves, tia e sobrinha, Fernando Forte, Francisco Martinho, Humberto de Castro, Julieta Reis e sua filha Sara Reis, Lenita Gentil, Lídia Ribeiro, Maria Jô-Jô Pedro Lisboa, Lurdes Andrade, Natércia Maria, Simone de Oliveira Toni de Almeida,, Tonicha , Tristão da Silva, Xico Madureira, e outros. No início Fernando Pinto Ribeiro usava o pseudónimo "SÉRGIO VALENTINO".
Alguns das suas letras para fado mais conhecidos, são: Às Meninas dos Meus Olhos, A Cantiga dos Pardais, Era um Marinheiro, Fado Alegre, Hino à Vida, Nas Ruas da Noite, Bom Fim de Semana, Noites Perdidas, Pensando em Ti, Lisboa vai, Pensando em Ti, , etc.
© Vítor Duarte Marceneiro
Fernando Pinto Ribeiro
Diz um poemas de sua autoria
«AO NOVO DIA»
Video realizado por Vítor Marceneiro
Estreou-se no Fado em 1943, no Salão Monumental (o tal que existia à R. Carvalho Araújo), com 10 anos de idade, actuando com autorização especial da Inspecção dos Espectáculos. Foi conhecida pela miúda do Alto do Pina porque viveu alguns anos nesse Bairro. Gravou o 1º disco com cerca de 16 anos, para a Estoril. Foi rainha do Fado Menor, em 1952, no Teatro Apolo. Fez parte do elenco das mais conceituadas casas de fado em Portugal e também em França, Holanda, Alemanha, Suíça e Bruxelas. Algumas criações suas : Erva da rua, de Linhares e de Jaime Santos; Ai Fado, Fado, de J. Rosa e de João Alberto; Santa Mãe, de Linhares e do A. Marceneiro; Errei , do Alberto Rodrigues e Acácio Gomes. È uma fadista de raça actualmente uma das mais antigas, voz muito bem colocada e uma dicção impecável é bem uma “Cantadeira de Fado” Conheço a Mariana Silva desde os meus cinco anos, é pessoa por quem nutro um carinho muito especial. É uma fadista de "raça", atualmente uma das mais antigas da sua geração, tem uma voz muito bem colocada e uma dicção impecável é bem uma “Cantadeira de Fado”, a sua ascensão desde jovem, não poderá ser desassociada á sua vivência com a família Marceneiro, foi companheira de meu pai, Alfredo Duarte Jr, logo foi muito acarinhada por meu avô Alfredo Marceneiro, que com ela fez muitos espetáculos, assim como gravações de duetos em disco. Conheço a Mariana Silva desde os meus cinco anos, porque como já referi, foi companheira de meu pai, é uma pessoa por quem nutro um carinho muito grande.
©Vitor Duarte Marceneiro
Com Alfredo Marceneirona Parreirinha de Alfama
no inicio da suas carreiras no Fado
Versos de: Carlos Conde
COMEMORAMOS O DIA DOS TRABALHADORES DE TODO MUNDO
TEREMOS DE SER SOLIDÁRIOS, POIS AGORA ESTAMOS A SER MASSACRADOS POR ESTA MALDITA PANDEMIA
UNIDOS VENCEREMOS
No dia do trabalhador, há 47anos estávamos todos de braço dado, com um cravo ao peito, acreditando num futuro melhor....
Hoje embora com algumas desilusões, temos que dar as mãos e lutar por um futuro mais justo para todos os povos do Mundo Inteiro, e celebremos em todos os dias o dia do cidadão independentemente das raças ou credos de cada um.
Viva a Paz, Viva a Liberdade,
Viva a Democracia
1º de Maio – Dia Mundial do Trabalho
O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889, por um Congresso Socialista realizado em Paris. A data foi escolhida em homenagem à greve geral, que aconteceu em 1º de Maio de 1886, em Chicago, o principal centro industrial dos Estados Unidos naquela época.
Milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Naquele dia, manifestações, passeatas, piquetes e discursos movimentaram a cidade. Mas a repressão ao movimento foi dura: houve prisões, feridos e até mesmo mortos nos confrontos entre os operários e a polícia.
Em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias que nesta cidade se desenvolveram em 1886 e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, servindo de exemplo para o mundo todo, o dia 1º de Maio foi instituído como o Dia Mundial do Trabalho.
Fazia daqui a oito dias 101 anos. Descansa em Paz querido amigos
SE PARA SER HOMEM, JESUS,
PRECISOU QUE UMA MULHER
O DESSE Á LUZ NESTE MUNDO
O AMOR DE MÃE É A LUZ
QUE TORNA O NOSSO VIVER
NUM HINO DE AMOR PROFUNDO
Maria das Dores ( a avó Maria) e Vítor Duarte
Nasceu em Beja a 3 de Junho de 1938. Apaixonou-se pela guitarra portuguesa aos 13 anos e dois anos depois começou a aprender tocar, influenciado pelo que ouvia na Rádio, sobretudo quando se tratava de José Nunes. Em 1957 veio viver para Lisboa, tendo sido contratado para tocar na Adega da Anita, de Anita Guerreiro, no Parque Mayer. Posteriormente passou para o Restaurante Típico Lobos de Mar, da Calçada de Carriche. Foi depois para a Viela, Márcia Condessa, Toca, Severa e 0 Folclore. Em 1965 esteve no Carlota de Cascais, daqui passou para a Taberna do Embuçado em Alfama, para o Arreda e Picadeiro. Até esta altura tinha acompanhado Alfredo Marceneiro, Filipe Pinto, Maria Teresa de Noronha, Lucília do Carmo, Argentina Santos, Fernando Farinha, Fernando Maurício, Fernanda Maria e Beatriz da Conceição. Em Maio de 1968 passou a acompanhar Amália Rodrigues, integrada no conjunto de José Fontes Rocha. E autor do fado Quero Que Sintas Que Te Quero", com música popular. Foi interpretado por João Roque no CD Tasca do Chico. Em 2004 Carlos Gonçalves voltou a brindar os amantes da guitarra portuguesa, através da edição de novo álbum produzido pela CNM onde encanta com 0 Meu Sentir, de Jaime Santos, Meditando, de Armandinho, Marcha Fadista, de Armandinho / Francisco Carvalhinho, Lágrima, de Carlos Gonçalves, Caixinha de Música, de José Nunes, Lisboa Antiga, de Raul Portela, Variações em Mi, de Armandinho/José Nunes, Variações Em Si Menor, de José Nunes, Vira de Frielas, de José Nunes, Fado João de Deus, de Armandinho/José Nunes, Balada de Coimbra, de Artur Paredes com arranjo seu, Romance, de Narciso Yepez e Abril Em Portugal, de Raul Ferrão. Teve o acompanhamento à viola de Leio Nogueira. Luís Caldeira foi o técnico de som. O álbum é apresentado por Rui Vieira Nery. Fez conjunto com Sebastião Pinto Varela, Jorge Fernando e Joel Pina nos Anos 80. Nessa altura atingiu o ponto máximo da sua carreira, como autor e como intérprete, tendo acompanhado Amália em variadíssimas gravações, espectáculos ao vivo e em muitos palcos de todo o mundo. A sua colaboração com a Diva do Fado durou até 6 de Outubro de 1999, data em que ela faleceu. Reconhece-se por unanimidade que Carlos Gonçalves é dotado de grande musicalidade e de grande técnica na guitarra portuguesa. Entre outras gravações salientam-se três LP's de 1980-1983, com temas exclusivos de sua autoria, com letras de Amália como Lágrima e Grito. Desde o final de 1999 tem actuado também como solista, tendo nesta situação gravado um CD. São da sua autoria musical os seguintes fados gravados por Amália; Ai As Gentes, Ai A Vida, Ai, Minha Doce Loucura, Alma Minha, Amor de Md, Amor De Fé! Asa De Vento, Contigo Fica O Engano, Entrega, Flor De Lua, Flor De Verde Pinho, Fui Ao Mar Buscar Sardinhas, Gostava De Ser Quem Era, Grito, Lágrima, Morrinha, Nasci Para Ser Ignorante, O Fado Chora-se Bem, O Pinheiro Meu Irmão, Obsessão, Olha A Ribeirinha, Romance, Se Deixas De Ser Quem És, Sete Anos De Pastor e Sou Filha Das Ervas. É também autor das músicas dos seguintes fados: Perlim Pim Pim, Quando Se Gosta De Alguém, Rosa De Fogo, Tenho Em Mim A Voz Dum Povo, Vai Do Vira, Variações Em Mi Menor, Vi O Meninotes, Xaile De Silêncio, Ai Maria, Alfama Não Cheira A Fado, Bem £ Mal Amado, Cor De Lua, Gastei Contigo As Palavras, Marcha Fadista Em Ré, Meu Amor De Alfazema, Labão e Nasçam Os Amores e Homenagem, hoje em estreia, poema de Manuel Trindade. Carlos Gonçalves efectuou as seguintes gravações: de 1970 a 1979, Covilhã, Cidade Neve, É Ou Não É, Ó Careca, Oiça Lá Ó Senhor Vinho I, 2e3, Amália No Japão, Cantigas De Amigos, Zé Soldado Soldadinho, Amália Canta Portugal 3, Cheira A Lisboa, Fadinho De Ti Maria Benta, Cana Verde Do Mar, Valentim, Meu Amor £ Marinheiro, Trova Do Vento Que Passa e Caldeirada; de 1980 a 1989, Gostava De Ser Quem Era, Cantigas Ao Menino Jesus, É Ou Não £, Amália Fado, Lágrima, Amália Coliseu 3 de Abril de 198 7, Folclore A Guitarra e A Viola, Amália 50 Anos, Amália Mais Os Poetas Populares; de I 990 a 1999, Obsessão, Oiça Lá O Senhor Vinho, Gostava De Ser Quem era e Lágrima. Teve os acompanhamentos de José Fontes Rocha na guitarra, Pedro Leal na viola e Joel Pina na viola-baixo, por vezes Manuel Martins (Oiça Lá O Senhor Vinho), Jorge Fernando em discos gravados em 1980-89, José Nunes, Castro Mota, Raul Nery, Domingos Camarinha, Santos Moreira, Jaime Santos e Joaquim Luís Gomes ( O menor de Amália Vol. II, Tudo Isto É Fado ). Em 2005 a Fundação Amália Rodrigues atribuiu-lhe o prémio Guitarra Portuguesa.
in: Programa I GALA DOS PRÉMIOS AMÁLIA RODRIGUES.
Publicado pela primeira vez neste blogue e 20 de Setembro de 2012
Foto de: Leonel Lourenço
Vítor Duarte Marceneiro
Canta Bairros de Lisboa
Guitarra Carlos Gonçalves - Viola Jaime Martins
http://www.youtube.com/watch?v=PT-r-SeCnQY
<
MARIA ARGENTINA PINTO DOS SANTOS, nasceu em Lisboa, na Mouraria (freguesia do Socorro), a 6 de Fevereiro de 1926.
Desde 1950 que se mantém à frente do seu restaurante típico “A Parreirinha de Alfama”, também conhecida antigamente com (Cantinho da Amália), sendo considerada uma excelente cozinheira.
Argentina Santos só iniciou a sua carreira artística depois da abertura do seu restaurante, cantando com sucesso para os frequentadores da casa. De facto, graças à autenticidade das suas interpretações e a um estilo muito pessoal, logo se impôs como uma das mais dotadas e prometedoras fadistas da época, tornando-se desde então, muito apreciada como intérprete do fado clássico, na linha das cantadeiras afamadas do passado.
Pela Parreirinha de Alfama passaram as mais consagradas cantadeiras de fado, aliás as paredes estão decoradas com molduras com as fotos de todas elas. Homens só Marceneiro e Júlio Peres.
Os fados As Duas Santas (letra de Augusto Martins e música do Fado Franklin) e Juras (letra de Alberto Rodrigues e música de Joaquim Campos) foram, entre outros, grandes êxitos seus.
Gravou o seu primeiro disco em 1960 cantando conhecidas composições como Chafariz do Rei, Quadras (de António Botto), Naquela Noite, Em Janeiro, Amar Não é Pecado, Dito por Não Dito, Passeio Fadista, A Grandeza do Fado, Não Me Venhas Bater à Porta, Mágoas Com a Vida, Reza, Quadras Soltas e Os Meus Passos.
Tendo-se embora confinado às suas actuações na Parreirinha de Alfama e a uma ou outra intervenção em festas públicas e particulares, Argentina Santos não deixou, por isso, de se tornar conhecida e apreciada como cantadeira castiça.
Nas últimas décadas tem tido umas deslocações ao estrangeiro, onde também tem agradado.
Na 1º Gala dos *Prémios Amália Rodrigues, foi agraciada com o prémio carreira.
Em 2011 Argentina Santos, retira-se para a Casa do Artista.
Argentina Santos e Alfredo Marceneiro
Anúncio da "Parreirinha de Alfama" no Jornal a Voz de Portugal de Janeiro de 1959
em que se verifica que se apelidava também de (Cantinho da Amália)
Berta Cardoso, Alfredo Marceneiro, Lina Maria Alves (a fadista que há mais anos foi residente na Parreirinha) e o guitarrista Acácio Gomes
Caricatura de Argentina Santos da autoria
do Dr. Francisco Faria Pais
oferecida à Associação Cultural de Fado "O Patriarca do Fado"
Protegida por Direitos Autorais
Tereza Tarouca faleceu hoje 11 de Novembro de 2019 aos 77 anos de idade. Paz à sua Alma
Tereza de Jesus Pinto Coelho Telles da Silva, nasceu em Lisboa a 4 de Janeiro de 1942, oriunda de uma família ligada à música e grandes amantes de Fado. É bisneta dos Condes de Tarouca, prima afastada de Maria Teresa de Noronha e prima de Frei Hermano da Câmara.
O Salão dos Bombeiros de Oeiras, foi palco da estreia de Tereza Tarouca, em que cantou o fado tinha apenas 13 anos, afirma que teve influências de Amália Rodrigues e Maria Teresa de Noronha.
Gravou seu primeiro disco para a RCA em 1962.
Fez vários programas de televisão.
Cantou poemas e músicas de Fados clássicos de autores de nomeada, como D. António de Bragança, João de Noronha, Casimiro Ramos, João Ferreira-Rosa, Francisco Viana, Alfredo Marceneiro, D. Nuno de Lorena, Pedro Homem de Mello e Maria Manuel Cid.
Tereza Tarouca ganhou vários prémios nacionais e internacionais e actuou em muitos países como Dinamarca, Bélgica, Espanha, Estados Unidos e Brasil.
Em 1989 publicou um álbum emblemático da sua carreira: Tereza Tarouca Canta Pedro Homem de Mello.
Dos seus principais êxitos, destacam-se:
"Mouraria",
"Deixa Que Te Cante Um Fado",
"Fado",
"Dor e Sofrimento",
"Passeio à Mouraria",
"Saudade,
"Silêncio e Sombra",
"Não Sou Fadista de Raça",
"Meu Bergantim",
"Zé Sapateiro".
Tereza Tarouca canta: Cai Chuva no Céu Cinzento
Festival da RTP - 1993
EU AINDA QUERO SONHAR COM UM PAÍS DEMOCRÁTICO E PLURALISTA
Martin Luther King, foi assassinado vai há mais de 50 anos, por ter tido a ousadia de SONHAR e LUTAR
contra uma sociedade racista e intolerante, tiraram-lhe a vida, mas a sua mensagem perdura.
MESMO QUE ISSO LHE CUSTE A VIDA , SEMPRE QUE UM HOMEM SONHA, O MUNDO PULA E AVANÇA2019-10-30
Manuel Freire canta:
Pedra Filosofal
Poema de António Gedeão
Música de Manuel Freire
PEDRA FILOSOFAL
Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altos
Em que verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul
Eles não sabem que o sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Num perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral
Pináculo de catedral
Contraponto, sinfonia
Máscara grega, magia
Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distante
Rosa-dos-ventos, Infante
Caravela quinhentista
Que é Cabo da Boa Esperança
Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e Arlequim
Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora
Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança
Documento inédito de uma entrevista a Francisco Cruz (1º marido de Amália alcunhado do Chico da Amália), dada ao Jornal de Notícias de Lourenço Marques em 16 de Janeiro de 1951. Com factos que embora do foro pessoal de Amália e do Francisco Cruz, são relevantes para desmistificar algumas publicações menos correctas e objectivas, que me foi entregue em mão, com a mensagem: És uma fonte credível... continua.
Esta página inédita em breve será divulgada depois de trancrita para um ficheiro Pdf
©Vitor Duarte Marceneiro
ARTUR RIBEIRO
Artur Ribeiro, Max e Alfredo Marceneiro
Artur Ribeiro nasceu no Porto em 1923, mas cedo vem para Lisboa e aqui fica radicado, sendo para mim o poeta que fez um dos poemas mais lindos sobre Lisboa, Lisboa , A Grande Marcha de Lisboa 1965 – Só Lisboa, Lisboa à meia-noite, Cachopa do Minho, A Rosinha dos Limões, A Fonte das Sete Bicas, Sete Saias, Nem às Paredes Confesso, Pauliteiros do Douro, Eu nasci Amanhã, O Meu Coração Parou, Adeus Mouraria, Lisboa à meia-noite, Fiz Leilão de Mim, Anda o fado Noutras Bocas, è Urgente que Venhas, Vielas de Alfama, etc. A sua parceria com Fernando Farinha e mais tarde com Max teve o condão de nos deliciar, e foi raro o artista que não tenha cantado Fados da sua autoria.
Connheci o Artur Ribeiro, convivi com ele desde muito jovem, meu pai e meu avô eram seus grandes amigos, era uma pessoa bastante afável e uma clarividência intelectual notável, aprendi muita coisa em escutá-lo, ficou-me a honra de ter gravado um poema seu que escreveu de propósito para mim, a que deu o título “Ser Mais Um Entre Tantos” ao receber o poema logo me apercebi que tinha a ver comigo, constatei que aquele grande Senhor durante aqueles anos em que falava com este rapazinho de então, me levava a sério, e já homem escreve-me num Fado tudo aquilo que sentia por mim e pela minha maneira de ser.
Artur Ribeiro deixou de escrever poemas para nós em 1988.
O meu projecto “Lisboa A Cidade mais cantada do mundo” tem como poema eleito, a Canção de Lisboa de sua autoria.
Fiz a apresentação de projecto à CML e espero vir a ter colaboração de toda a comunidade fadista para que seja feita a devida homenagem a este grande poeta que tanto amou Lisboa, para que lhe seja atribuída a titulo póstumo a Medalha da Cidade e uma rua da edilidade. (Sonhos...!?)
Anda o Fado Noutras Bocas
Beatriz da Conceição canta Canção de Lisboa de Artur Ribeiro
Obrigado a todos os amigos que me têm apoiado, fazer um trabalho destes, embora que modesto, é mais graticante quando recebemos uma palavra de retorno, mesmo de crítica, saber que somos lidos só por si é um estímulo.
Bem Hajam
A gente não faz amigos, reconhece-os
AMIGOS
Se alguma coisa me consome e me entristece é que a roda furiosa da vida, não me permite ter sempre ao meu lado,
Morando comigo
Andando comigo
Falando comigo
Vivendo comigo
Todos os meus amigos
· Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
· Tenho amigos que não percebem o amor que lhes devoto.
· Tenho amigos que não imaginam a necessidade que tenho deles.
· A alguns dos meus amigos não os procuro, basta-me saber que eles existem.
· Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles... eles não iriam acreditar.
· Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
· Se um dos meus amigos morrer, eu ficarei torto para um lado.
· Se todos os meus amigos morrerem, eu desabo!
· Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
Muitos dos meus amigos irão ler esta crónica e não sabem, não fazem ideia que. estão incluídos
...na sagrada relação de meus amigos.
Nota: Poema amigos - Excertos de Vinicios de Morais
Cantadeira e actriz, nasceu em Lisboa (1885-1911).
Revelando desde pequena especial talento, começou a cantar o Fado pelas ruas de Lisboa enquanto a mãe pedia esmola.
Estreou-se no teatro de revista no Teatro da Trindade, no dia 25 de Dezembro de 1902, numa matinée promovida pela Tuna do Diário de Notícias.
Foi a consolidação de uma carreira iniciada nos teatros de feira, situação que viria a prejudicá-la junto de alguns empresários, nomeadamente José dos Santos Libório, do Casino de Paris, o qual apesar disso lhe assegurou o primeiro contrato estável, tornando-se desde logo conhecida do grande público pelo seu espírito trocista, ditos brejeiros e capacidade de improviso.
Passou pelo Príncipe Real e pelo teatro Avenida. Ficaram célebres as suas participações nas revistas Ó da Guarda!, P'rá Frente, Zig-Zag, ABC e Sol e Sombra.
Menina mimada do povo boémio da época pela beleza da sua voz e dicção claríssima, foi considerada Rainha da Revista, chegando a manter um teatro com o seu nome - Salão Júlia Mendes na Feira de Agosto.
Desempenhou o papel de Severa na ópera cómica do mesmo nome, acompanhando-se à guitarra.
Os seus grandes olhos expressivos e alegria natural criaram um estilo a que não era alheio, segundo os críticos da época, uma subtil tendência para o trágico dentro do próprio humor que levaram ao carácter eminentemente popular da sua Severa.
Representou pela última vez, em 1910, na Feira de Agosto, na revista Zig-Zag.
Tal como Maria Vitória desaparecida muito jovem, com ela se formou um dos grandes mitos dos tempos do Fado do início do século.
Em 1969, na Revista Ena, Já Fala, é relembrada por Fernanda Batista, que declamava:
Acabando em apoteoso cantando o Fado ”Saudades da Júlia Mendes”,
cujos autores foram: João Nobre e César de Oliveira, Rogério Bracinha e Paulo Fonseca
© Vítor Duarte Marceneiro
Maria da Nazaré canta:
Saudades da Júlia Mendes
Saudades da Júlia Mendes
Eu trago a vida suspensa
Das cordas duma guitarra
Mas oiço com indiferença
Quando me veem dizer
Naquela ideia bizarra
De eu não cantar p'ra viver.
Ó Júlia
Trocas a vida pelo fado Pelo fado
Esse malandro vadio
Ó Júlia
Olha que é tarde
Toma cuidado
Leva o teu xaile traçado
Porque de noite faz frio
Ó Júlia
Andas com a noite na alma
Tem calma
Inda te perdes p' raí
Ó Júlia
Se estás no mundo vencida
Não finjas gostar da vida
Que ela não gosta de ti.
Não fales coração
Tu és um tonto sem razão
Viver só por se querer
Não chega a nada
Aceito a decisão
Que os fados trazem ao nascer
Todos nós temos que viver
De hora marcada
Se Deus me deu voz
Que hei-de eu fazer
Senão cantar
O fado e eu a sós
Queremos chorar
Eu fujo não sei bem
De quê, do mundo ou de ninguém
Talvez de mim
Mas oiço alguém
Dizer-me assim:
Ó Júlia
Trocas a vida pelo fado Pelo fado
Esse malandro vadio
Ó Júlia
Olha que é tarde
Toma cuidado
Leva o teu xaile traçado
Porque de noite faz frio
Ó Júlia
Andas com a noite na alma
Tem calma
Inda te perdes p' raí
Ó Júlia
Se estás no mundo vencida
Não finjas gostar da vida
Que ela não gosta de ti.
A SEVERA
Imagem da Severa
As relações amorosas ilícitas, entre o Conde de Vimioso e a cantadeira de Fado Maria Severa, constituíram motivo de inspiração para representações de arte plástica, de teatro, cinema, televisão, sendo decerto o livro de Júlio Dantas que mais se destacou, mais tarde Júlio Dantas com base no livro escreve uma peça (em quatro actos) representada pela primeira vez no Teatro D. Amélia (actual S. Luís) em 25 de Janeiro de 1901, e tal como já acontecera com o romance, obteve grande sucesso.
Que saudades daquela noite no «Solar da Hermínia», em que cantei pela primeira vez, na presença do meu pai e do meu avô.
O «SOLAR da HERMÍNIA» e a própria Hermínia Silva fazem parte de um dos episódios mais marcantes da minha vida, na relação pai/avô/fado
Corria o ano de 1965, inícios de 1966 , tinha cerca de 20 anos, fiz uma pausa nos bailaricos e outros «poisos» e comecei a frequentar o fado amador, que praticamente desconhecia, pois, até essa altura, costumava acompanhar o meu avô e o meu pai às casas tradicionais.
Certo dia, uns amigos convidaram-me para uma noite de fados no Galito, que ficava no Estoril. Lá fui e, como é lógico entre os frequentadores habituais, ao saberem de quem eu era filho e neto, logo pensaram que havia mais um para cantar. Gostei imenso do ambiente e passei a ser frequentador assíduo. Ali conheci o Zé Pracana, o malogrado Carlos Zel, o Frazão, pai deste, e do saudoso Alcino, que era então um miúdo mas já demonstrava o gosto que tinha pela música e pela guitarra portuguesa (estava sempre a dedilhar a guitarra do Zé Inácio, mal este parava de tocar e a poisava), o Valdemar Silva, o saudoso Carlos Barra, a Maria do Carmo «Micá», e tantos outros amadores do Fado, na época.
Ora eu não cantava. Para ser sincero, com muita pena minha, achava que não conseguia e, para «meter água», era melhor estar calado. Isto porque tinha a noção da responsabilidade de ser filho e neto de quem era.
Mas a rapaziada estava sempre a apertar comigo (este gajo é filho de fadistas e não canta?), alguns até aventavam a hipótese de que eu não cantava porque tinha a mania de que era bom de mais para cantar ali! Mal sabiam eles a pena que eu tinha de sentir que não era capaz.
Certa noite, por insistência do Zé Inácio, grande executante de viola, mas que, na altura, fazia o acompanhamento à guitarra, acompanhado à viola pelo «Pirolito da Ericeira», começaram a dedilhar a Marcha do Marceneiro, o Zé Inácio começou a desafiar-me, era no princípio da noite, não havia ainda muitos clientes, timidamente comecei a entoar o poema Amor é Água Que Corre (eu nem calculava que, afinal, sabia o poema todo). Parece que não saiu muito mal, recordo que o tom em que cantei foi Fá (hoje canto em So/); no final, o Zé Inácio disse-me:
- Como vês, é preciso não ter medo, perder a vergonha e, a partir de agora, ir praticando. Tomei-lhe o gosto e, durante algum tempo, só cantava este fado. Foi ainda com a ajuda do Zé Inácio que comecei a ensaiar e a cantar outros poemas, mas cantava sempre letras e músicas do repertório do meu avô.
Uma noite, no fim da fadistice do costume no Galito, o Valdemar Silva, que era conhecido pelo «Chico Fadista» e passou a ser o meu companheiro destas andanças, aceitou o meu convite para irmos até ao Bairro Alto, ter com o meu pai, Alfredo Duarte Júnior, que estava a cantar contratado no «Solar da Hermínia».
Chegámos, as luzes estavam reduzidas, como é costume quando se canta o fado, era o meu pai que estava a cantar, pelo que ficámos logo ali na entrada, sentámos-nos na mesa da Dona Hermínia que, prontamente, com o ar carinhoso e sorridente com que sempre me recebia, segredou-me ao ouvido que o meu avô, Alfredo Marceneiro, se encontrava na sala.
O meu pai termina o fado que estava a cantar e informa os presentes:
— Senhoras e Senhores, o meu pai, Alfredo Marceneiro, a pedido da Dona Hermínia, vai cantar.
Esta informação foi, de imediato, estrondosa e efusivamente recebida pela assistência, pois era do conhecimento geral, o quanto era difícil convencer Alfredo Marceneiro a cantar.
O meu avô cantou, julgo que uns três fados, sempre escutados num rigoroso silêncio e, no final, vigorosamente aplaudidos.
Ainda com as luzes reduzidas e após uma das entusiásticas ovações que o meu avô teve, sublinhada por ditos do tipo «- Ah! Grande Ti' Alfredo», houve um curto espaço de tempo de relativo silêncio e eis que o Valdemar, o «Chico Fadista», se levanta de repente e, com uma voz possante, diz sensivelmente isto:
- O que vocês não sabem é que aqui o Vitó, neto do Ti Alfredo também canta, e não deixa a família ficar mal!
Fez-se um silêncio total na sala, eu fiquei sem pinga de sangue! (- Ó Chico, tu és maluco?)
A assistência começou a bater palmas, insistindo para que cantasse, eu nem conseguia levantar-me, olhei de relance para o meu pai e para o meu avô, estavam ambos na expectativa, eu só queria que aparecesse ali um buraco onde pudesse desaparecer. A Dona Hermínia, então, com o seu habitual bom humor, disse-me: «- Vai, filho, não tenhas medo. Quando a música começa, a gente esquece tudo.»
Levantei-me, hesitante, e dirigi-me para junto dos guitarristas, pedi que tocassem a «Marcha do meu Avô». Aos acordes iniciais da música, todo eu tremia, mas foi um momento inesquecível, eu ia cantar à frente do meu pai e do meu avô. E, logo a seguir ao meu avô, era uma grande responsabilidade.
Comecei a cantar e nunca tirei os olhos do meu avô. Este, com o cotovelo sobre a mesa e a cabeça apoiada no braço, de olhos fechados, ouvia-me atentamente. Reparei que trauteava baixinho os versos que eu ia cantando e ia acenando com a cabeça.
Quando terminei, o público foi generoso e aplaudiu-me. Dona Hermínia comentou: «- Temos fadista.»
O comentário do meu avô foi: «- Não está mal, mas tem é que aprender outros versos, para não andar a cantar a mesma coisa que eu ando a cantar há mais de trinta anos.» !.
O meu pai avisou-me logo: «- Deixa lá as fadistices, que isto não dá nada, tira mas é o teu curso, e fado, só por desporto.»
Não segui estes conselhos e, sempre que me dão a oportunidade continuo a cantar, nas suas músicas, os versos do seu repertório não enjeitando o “apelido” MARCENEIRO.
Com este episódio ultrapassei algumas barreiras que até então julgava intransponíveis, e assim acabava de entrar no Fado, bem ou mal, mais um elemento da família, dando a origem ás “ 3 GERAÇÕES DE FADO de MARCENEIRO”
Gravei em disco e em Televisão com meu avô e meu pai
Amália e Marceneiro
(Lendas do Fado)
No nosso tempo, Amália e a sua bonita lenda, constituem o motivo mais grato ao coração sentimental dos portugueses.
Uma menina, num bairro popular de Lisboa, frágil como haste duma flor, gorjeia timbres, qual ave de penas. Como esta também, quando as possui, saem-lhe da garganta adolescente os amargores que lhe possam ir no peito.
— Se tiveres tanto jeito para as letras como para as cantigas...
Era o que a avó lhe dizia. Morreu com 94 anos, e viu que a neta se inclinava mais para as trovas.
Ladina e gárrula entrou na escola cedo e saiu cedo. Só o preciso para decifrar os versos das cantigas.
Amália é um nome de raiz amorosa.
«Amália, sem amor
Não rima...»
O Tejo glauco e lírico caminha para o mar na sua eterna corrente elegíaca. A cidade é um presépio emaranhado. Manjericos e cravos de papel! O pardalito das ruas do seu bairro começa a cantar para os outros e os outros ouvem-na deslumbrados e alguns olhos choram.
— Há uma pequena do bairro de Alcantara...
De boca em boca, foi assim que a fama começou a correr. Depois...
Depois foram as primeiras cantigas públicas. Amália está numa casa entre a-terra-e-o-mar, mas nasceu na Mouraria, junto ao Benformoso, ao pé da Calçada de Santana.
Quando tomou parte num concurso da Primavera, organizado por um jornal de Fado como o nosso, todas as concorrentes desistiam ao ouvi-la. Foi-lhe pedido para que ela abandonasse a competição. Era o primeiro degrau para o seu trono de rainha.
Nunca mais Lisboa deixou de ouvir os ais das suas cantigas nostálgicas e misteriosas. De retiro em retiro, chega ao teatro, à rádio e ao cinema. Todas as mesas se povoam; as lotações dos espectáculos esgotam-se e as emissões de rádio obtêm o maior sucesso. Duma vez foi ao Porto e veio de lá com o cognome de «Princesinha do Fado». Depois ao Brasil e, na chegada do avião, estavam os produtores à sua espera para assinar contractos dum filme que esgotaria as bilheteiras meses e meses seguidos. As suas canções e os seus fados postos em disco ou película, dão a volta ao Mundo inteiro. Portugal, para se fazer representar numa parada artística internacional, envia-a como embaixatriz das nossas cantigas. Madrid, Paris, Roma, Londres, Berlim, Estocolmo — todas as capitais da Europa a aplaudem e a conhecem.
Que fluido ou que sortilégio possui a voz de Amália Rodrigues? Que amplidão sentimental e que força de sedução é capaz de arrastar consigo pobres e ricos, nobres e plebeus, desgraçados ofendidos, tristes e desesperados ou desconsolados?
Gentes de todos os matizes e povoados de todas as linguagens a entendem. Ninguém explica mas todos atestam. Ela mesmo não sabe. Canta como os pássaros trinam, como o vento soa ou como a chuva chora. É a linguagem dos eleitos — a graça.
Um dos seus poetas dedicou-lhe esta estrofe:
«Foi Deus
Que me pôs no peito
Esta voz...»
E assim, as multidões a seguem. Os palcos são pequenos. Os redondéis das praças abrem-se para a multidão ansiosa. Verificam-se os únicos recintos com capacidade para tal. Ela, franzina, silhueta negra, com o coração chagado, as mãos nas franjas do xaile, não tem mais nada do que a sua arte. Afunda-se, perde-se no espaço. Só a voz soa. Canta o lado da Mouraria, em cima dum estrado, entre uma viola e uma guitarra. É uma trágica a desfiar emoções. Nesta simplicidade aterradora está uma força telúrica inexplicável. Fenómeno? Talvez. Na singularidade ímpar da sua pessoa criou-se a sua lenda a lenda da Amália, a lenda «Amalista».
Uma actriz popular, enraizada no Brasil há muito, quando lhe perguntaram a sua opinião sobre Amália, disse:
Esta é que é grande. Canta o Fado e deita-se ás seis da manhã! —
Fadista, grande, a maior fadista!
Ganha milhões e troca-os em moedas que espalha como pétalas de flores.
Na sua rua, todos estão ansiosos por vê-la quando ela sai. Lisboa adora-a. Portugal idolatra-a. Os presos chamam-lhe consoladora e os exilados irmã.
Para ser eterna só lhe falta calar-se.
...Calou-se há 10 anos? Não, Amália vai cantando, cantando, cantando sempre.
E uma Lágrima caiu
Foi tão triste a despedida
Já não vais ao Rio Lavar
E Deus Vai-te Perdoar
Que Estranha Forma de Vida
Na Rua do Capelão
Confesso, foi Maldição
Esse teu Nome de Rua
Malhoa, na sua vez
E esse, Fado Português
A quem disseste, Sou Tua
Eras Casa Portuguesa
Lisboa Não é Francesa
No mundo inteiro tens fama
Ai Mouraria, Madragoa
Foste, Maria Lisboa
E Madrugada de Alfama
Eu Queria Cantar-te Um Fado
Como, Tudo Isto É Fado
Foi a Deus que agradeci
A Gaivota, quebrou amarras
Silêncio, trinam guitarras
Disse-te Adeus e Morri
Maria de Lurdes Brás (2009)
Joaquim da Silva Cardoso, nasceu a 15 de Dezembro de 1948 na bela povoação Senhora Aparecida, situada em pleno coração do Vale do Sousa, concelho de Lousada no Douro Litoral.
Desde muito jovem começou a despertar para a poesia, música e canto. As palavras simples, claras e abrangentes dos poetas, a magia das melodias da guitarra portuguesa e os estilos e formas tão apaixonadas dos fadistas, fizeram nascer nele a forte paixão de ser Fadista!!!
Define-se como um fadista muito ligado ao Fado tradicional, porque entende que o Fado é "O reflexo exacto de cada geração que passa, e na sua essência, sempre esteve , está, e estará em constante evolução. Será sempre Fado !... O Fado de todos nós!!!
Também desde muito jovem que escreve poemas, tinha 16 anos quando concorreu ao
“Concurso de Jovens Poetas” , organizado pelo Rádio Clube Português, no qual arrebata o 1º prémio.
Tem cantado em “Casas Típicas”, festas populares e de apoio social, tendo actuado em diversos espectáculos, quer em Portugal, quer no estrangeiro, ao lado de grandes nomes do Fado.
Em 1992 consegue realizar um sonho, que foi trazer á sua terra a grande Amália Rodrigues. No inicio do espectáculo também actuou, tendo merecido de Amália o elogio que nunca esquece: "Tem uma forma muito bonita de cantar o Fado! Contínue sempre assim!!!".
Já gravou três cd´s, o primeiro em 1991 "Desde Menino", segue-se em 1997 "Com Guitarras", e em 2005 "O Lado de Cá do Fado".
A sua actividade profissional principal é de empresário na área da industria e comércio de máquinas agrícolas, mas arranja sempre tempo, porque a disposição e o gosto não lhe falta para continuar a cantar e a viver o FADO!
Joaquim Cardoso
canta: Ser Mãe
Letra de sua autoria
Música do Fado Georgino
Fados do meu Fado....
Joaquim Cardoso e a “Geração de Marceneiros”
Joaquim Cardoso afirma, gostar de Fado, passa por gostar de Marceneiro, não teve a oportunidade conhecer pessoalmente, mas tem um episódio na sua vida, que muito preza, e que há muito me queria contar. Tomou conhecimento do meu contacto através do blogue, e não hesita em telefonar-me, para me falar de um encontro que teve com o meu pai, e do gosto que teria em conhecer-me pessoalmente, o que muito me sensibilizou.
Contou-me então...
Corria o ano de 1986, Joaquim Cardoso, veio a Lisboa com um grupo de amigos que o levaram até ao bairro alto, entraram na Adega Machado onde estava contratado o meu pai, não teve dificuldade em encetar conversa com ele, pois meu pai era um homem muito popular, fala-lhe do seu gosto pelo Fado, pelos “Marceneiros” e meu pai em dada altura diz-lhe de rompante: — Sabes, estou a ouvir-te falar, e fazes-me lembrar o meu filho Vítor!!! Pega-lhe num braço, e logo de seguida o põe a cantar. Tudo isto cimentou mais a admiração que já tinha por meu pai.
Passados dias, telefona-me novamente, e convida-me a deslocar-me á sua bonita terra, Senhora Aparecida, onde organizou com os proprietários do “Salão Nobre Estrada Real “, uma noite de Fado para homenagear meu pai e meu avô, é o mesmo salão onde actuou Amália, quando lé esteve.
Foi uma grande noite de Fados no dia 21 de Novembro de 2009, cantei eu, o Cardoso e uma jovem que canta muito bem de seu nome, Melanie, a qual brevemente aqui terei muito gosto em apresentar.
Não é difícil de perceber que logo nos tornámos amigos, e os meus filhotes ao ouvirem a história da boca do Joaquim Cardoso, logo o começaram a tratar carinhosamente por “tio”.
Obrigado Joaquim Cardoso, até sempre, e muito obrigado pela tua amizade.