AINDA GOYA por Zé da Viela
Em tão pouco tempo, o Jornal de Noticias, faz duas entrevistas a Carlos do Carmo, e, em ambas, aborda a atribuição do Prémio Goya , embora, sem quererem entrar directamente no assunto, uma vez, que, em Março, já há mais informação, do que havia em Fevereiro (data da primeira entrevista), o que permitia, maior objectividade, na análise de um assunto, que tanta polémica tem gerado. Anda-se à volta da questão... mas pouco se avança, no intuito de esclarecer a vergonha que é o Filme Fados, o Fado da Saudade, e o Prémio Goya .
Para que servem então as entrevistas ? Não deveriam as entrevistas servir, para dar voz às pessoas envolvidas, e proporcionar o esclarecimento das duvidas existentes ?
Não é estranho, que a imprensa, não entreviste, e não tenha a curiosidade ( ou dever ? ), de conhecer a opinião de outros intervenientes, tão importantes, como o produtor, o realizador, o autor da letra, e o musicólogo Rui Nery ? Porquê sempre, e só Carlos do Carmo ? Será que o silêncio dos outros responsáveis, pretende transmitir, que por não estarem de acordo com o interprete ( já não há duvidas, que a musica não é original, por se tratar do Fado Menor), se furtam a esclarecer o assunto, como que a quererem dizer, que, se a "tramóia" foi urdida por Carlos do Carmo, ele agora que se justifique, porque nós não temos nada a ver com isso ...?
É uma hipótese que se pode admitir. (1)
Nem sequer o autor da letra, merece uma oportunidade, de na comunicação social, se pronunciar, sobre o assunto, ele que foi o verdadeiro ganhador, ( o poema é na verdade original ), e que foi, quem, em palco, recebeu o Goya ? Isto não é estranho ?
E, não é estranho, que Rui Vieira Nery , tão "embrenhado" no Fado, autor de um livro, que se pretende seja importante para a História do Fado, se remeta ao silêncio ?
E, não é também muito estranho, que nenhum órgão de comunicação, tenha abordado uma pessoa, que muito tem escrito sobre o assunto, no Portal do Fado, com o pseudónimo de Fernando Zeloso, e, que nem sequer tenham transcrito afirmações importantes, que os textos que tem escrito contêm, tendo ele, ao que me parece, enviado os referidos textos para a imprensa ?
Fado é cultura, e, nenhum organismo oficial com responsabilidades na vida cultural se pronuncia ?
Caros amigos, tudo isto, já é mais do que estranho, é uma vergonha !
O que já começa a não ser estranho, é o comportamento de Carlos do Carmo, que já não consegue disfarçar a sua tradicional arrogância, que o leva a fazer afirmações descabidas, despropositadas, deselegantes e reveladoras de mau companheirismo, quando afirma, que pessoas, como João Ferreira Rosa e João Braga, que estão na história do Fado, para apenas citar estes dois nomes, se situam numa subcave.
É lamentável , e perfeitamente reveladora da sua forma de estar na vida, a afirmação que faz, de que a polémica só faz sentido, quando existe ao nível do 5º andar, e não da subcave, porque esta afirmação, já ultrapassa o Fado e o Prémio Goya . Quero crer, que o próprio Carlos do Carmo, mais calmo e mais sereno, se envergonhará de ter proferido tal afirmação, porque ela vem contrariar, tudo o que tem afirmado ao longo da vida.
Como é possível , que um homem , que , sempre se afirmou ser politicamente de esquerda, faça esta descriminação, entre a subcave e o 5ºandar ? Será que quem vive na subcave, ( por não ter posses para mais, mas vivendo honradamente), não poderá ser tão ou mais digno, e respeitado, do que os que vivem, no luxo dos 5ºs . andares ?
É por estas e por outras, que nós temos a esquerda que temos....
E, ainda vem falar no que lhe dita a sua consciência ? Mas que consciência ?
Zé da Viela
Publicado Segunda-feira, 31 de Março de 2008,
in : http :/ vieladofado.blogs.sapo.pt /
(1) O destaque é da minha responsabilidade e irei na próxima crónica comentar e acrescentar mais alguns dados relevantes sobre este assunto.
Gostei do seu post. Convido-o/a a visitar o meu blog.
Caro amigo Hugo Jorge
Esqueceu-se de indicar qual é o seu blog, que terei muito gosto em visitar.
Um abraço
Vítor M;arceneiro
De Carlos Santana a 2 de Abril de 2008 às 12:53
Como é possível que tudo isto esteja a acontecer?
Será que este assunto não está no ambito da Procuradoria Geral da República?
Se o Carlos do Carmo disser que quando canta qaulquer música, a partir de agora é dele?
Uhh... cheira-me a m...
Mas como se apanha mais depressa um MENTIROSO de que um coxo, o Carlos vai ter coxear muito para se refugiar até ao dia em que ele e os que lhe dão cobertura forem desmascarados.
Até ver
Caro "Zé da Viela":
Não é meu costume enviar comentários acerca de textos assinados com pseudónimos, embora estes não sejam menos credíveis por esse facto. Mas dei-me a esse trabalho por causa de duas coisas que refere: " já não há dúvidas, que a musica não é original, por se tratar do Fado Menor..."; a este respeito gostaria apenas de dizer que desafio seja quem for a ouvir a "explicação" cantada, para desmontar de vez essa confusão que alguém logrou instalar de forma descarada e escancarada. A outra coisa que me chamou a atenção foi a sua interrogação "Como é possível um homem, que sempre afirmou ser politicamente de esquerda, fazer esta discriminação entre a subcave e o 5ºandar?". É que eu estava convencido que já ninguém se deixava enganar por um vigarista intelectual encartado, que vai ao extremo de tentar apropriar-se de um tema que não lhe pertence (Fado Pierrot ou do Versículo), apenas para satisfação da sua incomensurável vaidade.
Caro Zé da Viela, sabe que na religião também há, sempre houve, uns malandros que se aproveitaram da sacralidade das doutrinas para roubarem, caluniarem, torturarem, prenderem, matarem. Na política é a mesma coisa. O Hitler era da direita ou da esquerda? O Estaline era da esquerda ou da direita? Nem uma coisa nem outra — eram simplesmente umas bestas, tal como outras que estimam situar-se à direita ou à esquerda conforme as conveniências: são mais conhecidos por oportunistas.
Resta-me dizer-lhe que o João Ferreira-Rosa é, além de um grande fadista, que jamais roubou obras a quem quer que seja, um homem íntegro, corajoso, frontal, um fadista que honra os pergaminhos da classe porque sabe cantar como os melhores: de uma forma emotiva, sentida e profunda, com estilo. Nos antípodas dos que não sabem “estilar”, dos que fingem emoção, dos que repetem há mais de 40 anos, as mesmas "voltas", os mesmos tiques, os mesmos gestos. Esses poderão habitar um 5º piso ou o último andar de um arranha-céus — por mais alto que vão morando, o seu lugar na história do fado será sempre ao nível da sarjeta.
Saudações fadistas.
João Braga
não sabia desta história do carlos do carmo, mas ele desceu 15 andares da minha consideração.
um abraço
jorge vicente
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