Rosebelle Serra Faria Pais, nasceu em Montemor-o-Novo e aí estuda até ingressar na Escola do Magistério Primário em Évora.
Aos 19 anos inicia a sua vida de professora do ensino oficial.
Colocada na região de Lisboa, exerceu em diversas escolas tendo-se efectivado alguns anos mais tarde, na escola da Malveira da Serra, onde esteve até solicitar a passagem à reforma, aos 54 anos.
Desde criança que adorava cantar. Na escola primária já se “notabilizava” pela facilidade, capacidade vocal e alguma originalidade com que interpretava as canções em voga , de Maria de Lourdes Resende , Júlia Barroso, Maria Clara, Milú e outras cançonetistas de grande popularidade na rádio e nos espectáculos de variedades, que então decorriam pelo país fora. Colabora em quase todas as festas escolares, constituindo presença obrigatória.
Começa a interessar-se propriamente pelo fado, na altura que frequentava a Escola do Magistério Primário, o que lhe trás uma grande popularidade entre as colegas, pela maneira como “estilava” alguns fados. Uma composição muito apreciada na altura, que era “Oh tempo volta para trás”, que constituía o seu tema preferido na altura. Poucas pessoas do seu convívio de então, não se lembrarão ainda hoje como era irresistível ouvir o seu timbre de vós e o seu estilo muito próprio, na interpretação dessa canção “afadistada”. Por certo que a marcou também, porque daí para a frente, ela começa a seguir o fado com entusiasmo, sobretudo as actuações de uma grande fadista do panorama português, que era a Sr.ª D.
Foi interessante sentir, que nesta primeira fase de apego ao fado, mesmo sem o suporte do acompanhamento da guitarra e da viola, pois cantava “à capela”, jamais o ouvi-la, deixou de transmitir momentos de grande emoção.
Uma noite ao comparecer num jantar de aniversário de um familiar, foi surpreendida pela entrada em cena de dois acompanhantes de fado, o guitarra Alcino Frazão e o viola Jorge Fernando. Foi talvez a primeira vez que cantou enquadrada com os sons instrumentais. Ficou encantada, mas ao mesmo tempo sentiu a limitação de uma liberdade de interpretar como habitualmente fazia.
Depois passou frequentemente a cantar com guitarra e viola, já então como um complemento que achava indispensável à voz.
Os pedidos para participar em festas de amigos, festas de escolas, eventos do sociais do Ministério e organizações religiosas, eram frequentes. Ao mesmo tempo entrando num grupo de amigos, muito ligados ao gosto pelo fado, frequentava jantares, em variados restaurantes de Lisboa e Cascais, onde a pedido quase sempre cantava. No restaurante em Lisboa, denominado “Número Um”, era o que mais assiduamente frequentava. Os melhores amadores de Lisboa por aí passavam. Cantava-se o fado e nos intervalos todos se transformavam em cantores de modas alentejanas.
Gravou, exclusivamente para família e amigos, uma cassete e com os fados da sua preferência.
Faleceu prematuramente e quase inesperadamente, em Agosto de 2004.
Biografia da autoria de de seu marido Dr. Francisco Pais
Conheci Rosebelle Faria Pais e o marido no final dos anos noventa, ficámos amigos, unia-nos o Fado e a admiração mútua.
Fui decerto o incentivador das suas idas ao "Número Um", onde tempos antes da sua morte prematura, nos encontravamos-nos todas as quintas-feiras. Era sempre eu que a desafiava para cantar, e fazia questão de que ela cantasse primeiro, não por qualquer vedetismo, mas porque o seu cantar me inspirava. Era sempre muito admirada e muito aplaudida, pois sem imitar, pois era a sua voz natural, fazia-nos lembrar Maria Teresa de Noronha, com dignidade.
Era casada com Francisco Pais, médico e também artista, um dos seus "hobbies" é fazer escultura em barro, um dia presentearam-me com uma estatueta representando o meu avô e eu em miúdo, que guardo religiosamente e cuja fotografia aqui publico.
Que saudades Rosebelle....
Vítor Marceneiro
"Ti Alfredo e Vítor Duarte
— Oh Avô e quando crescer?
— Olha filho se quizeres
Pega na pena e no tinteiro
E escreve aquilo que souberes
Sobre o fadista Marceneiro
Rosebele Faria Pais
canta Não Sou Fadista de Raça
Música Fado Bailarico de
Alfredo Marceneiro