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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Sexta-feira, 23 de Maio de 2008

MÁRIO MONIZ PEREIRA - Compositor e Poeta

"Valeu a pena" escrito e composto por MONIZ PEREIRA é sem dúvida o seu cartão de visita e revela uma outra faceta deste professor de educação física e treinador de atletas de alta competição como Álvaro Dias, Manuel Fana, Carlos Lopes e Fernando Mamede. Numa busca rápida pelos registos da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) contamos cerca de 120 temas {fados e canções) de sua autoria, quer a música, quer a letra ou de ambas. Além de "Valeu a pena" criado por Carlos Ramos e popularizado por Maria da Fé que o tornou inesquecível e um "hit" da música portuguesa, podemos referir entre outros êxitos "Fado Varina", "Chaves da vida", "Rosa da noite", "Rio Tejo de Lisboa", "Não me conformo", "Rosa da Madragoa", "Eu sei que tu sabes" ou "Leio em teus olhos".
Carlos Ramos, Maria da Fé, Carlos do Carmo, Lucília do Carmo, Maria Armanda, Manuel de Almeida, Deolinda Rodrigues, Rodrigo são alguns dos fadistas que criaram letras ou músicas de sua autoria, sem referir os muitos que as continuam hoje a cantar e a recriar.
Mário Alberto de Freire Moniz Pereira, 87 anos, tem sido alvo de diferentes homenagens e tem recebido várias distinções, além de condecorações oficiais. Entre outros, recebeu o Emblema de Ouro da Associação Europeia de Atletismo (2001), Prémio Consagração de Carreira pela Casa da Imprensa (1998), Prémio Prestígio do Município de Sintra (1997), Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique (1991), Ordem Olímpica pelo Comité    Olímpico    Internacional    (1988),
Medalha de Mérito Grau Ouro da Câmara de Lisboa (1985), e é Doutor Honoris Causa pela Universidade Técnica de Lisboa (2001). Um pavilhão e uma pista na capital ostentam o seu nome. Sócio n° 2 do Sporting Clube de Portugal foi galardoado em  2001  com o Leão de Ouro e Palma.
Mantém com grande dinamismo a Associação de Amizade Portugal-Portugal por si fundada há duas décadas com o intuito de "pôr a falar os portugueses com  os  portugueses",  nas suas  palavras.
Tem publicado quatro títulos sobre temas desportivos, entre eles, "Carlos Lopes e  a  escola portuguesa do meio fundo".
Lisboeta, nascido na Rua Gomes Freire, espantou  todos  quando  aos   cinco  anos improvisou ao violino. A música continuaria a ser a sua paixão a vida toda, apesar de afirmar não conhecer uma nota. Não chegou a estudar música mas se uma ideia musical surge, coloca-se ao piano e cria, graças a um apurado ouvido e sensibilidade excepcional.
Qualquer esboço biográfico seu tem de referir em paralelo a carreira desportiva - quer como atleta, quer como treinador e homem empenhado no desenvolvimento do desporto nacional, participou entre dezenas de competições desportivas internacionais, nomeadamente em 12 Jogos Olímpicos -,   e a carreira na música.
Ainda aluno do extinto INEF (Instituto Nacional de Educação Física) actual Faculdade de Motricidade Humana, em 1945 o jornal Os Sports escrevia a propósito da festa de aniversário daquela instituição: "uma menção especial para o conjunto vocal dirigido pelo aluno estagiário Moniz Pereira, que deu prova de muito apreciável sentido musical", acrescentando que   foi   ovacionado   pelos   espectadores.
"Tocar de ouvido" como afirma é uma especialidade sua desde miúdo, quando regressava a casa do Cinema Central tocava no piano da família as   músicas   do   filme   a   que   assistira.
Um mero acaso levou-o a começar a compor para fado. Aconteceu n'A Viela, quando ouviu certo fado e imediatamente o reproduziu num piano que lá se encontrava. É desafiado a escrever, e começa a compor, estamos em finais da década de 1950. O primeiro fado que compõe (letra e música), "Contentamento", será gravado por Lucília do Carmo que registou onze temas seus.
Depois do desafio feito n 'A Viela começa a frequentar A Toca de Carlos Ramos, que ainda gravou alguns temas de sua autoria. D'A Toca passa a frequentar O Faia e dá-se o conhecimento e convivência com Lucília  do   Carmo,   cuja  voz   o   apaixona.
"Valeu a pena" escrito em 1964, tem, segundo o seu autor, 23 versões diferentes interpretadas por 18 artistas, incluindo o espanhol Diego Romero e a brasileira Roberta Miranda.
Relativamente à música, a sua opinião foi expressa à revista Autores da SPA: "Perguntei um dia a um homem da rádio qual a palavra que mais se ouve na rádio portuguesa. Ele pensou, pensou e disse que não fazia ideia. Eu respondi-lhe:  é  ai. E depois expliquei-lhe: não é o ai de ó ai ó linda, não é o ai de ai  Mouraria. É o ai de I love you, de I believe, I go, I want.   As letras são péssimas, são muito piores que as nossas".

Nota: O texto foi retirado do programa da III GALA dos Prémios Amália de 2008, em que o Prof. Moniz Pereira foi galardoado como COMPOSITOR/AUTOR, da autoria do jornalista NUNO LOPES.

 

MARIA DA FÉ

canta Valeu a Pena

 

 

 

 

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Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
música: Valeu a Pena - canta Maria da Fé
publicado por Vítor Marceneiro às 22:10
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1 comentário:
De MLeiria a 25 de Maio de 2008 às 18:07
Um texto à altura do homenageado. Parabéns a Moniz Pereira, esse autor de excelência, e a Nuno Lopes, jornalista, que também tanto tem feito pelo Fado!
Parabéns ao bloguista, também premiado, que mantém este sítio com interesse crescente.
Um abraço
OP

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