CADAVAL - Terra de Origens de Marceneiro
O Clube Atlético do Cadaval irá acolher, no próximo dia 14 de Junho, pelas 22h00, com o apoio da Câmara Municipal do Cadaval, uma Grande Noite de Fado, numa iniciativa que pretende constituir uma homenagem a Alfredo Marceneiro, incontornável figura do fado, de origens cadavalenses.
A apresentação deste espectáculo, consagrado a uma das mais ilustres figuras do fado, Alfredo Duarte Marceneiro, filho de pais cadavalenses, ficará a cargo de Vítor Duarte Marceneiro, neto do homenageado, e de Francisco Pintéus, da comissão para a criação da “Associação Alfredo Marceneiro”, por sua vez projectada para a vila do Cadaval.
Este tributo ao ícone do fado que celebrizou “A Casa da Mariquinhas” contará com a participação especial de Rodrigo e de outros fadistas convidados, cujo acompanhamento ficará a cargo de Luís Ribeiro, à Guitarra Portuguesa, e de Jaime Martins, à Viola.
A iniciativa contará, também, com a especial participação de Ruy de Matos, encenador reformado do teatro nacional, que, para além de assegurar a cenografia do espectáculo, proporcionará declamação de poesia alusiva ao Fado.
O espectáculo, que sucede 26 anos após o desaparecimento de Alfredo Marceneiro, decorrerá na vila do Cadaval, mais propriamente no Pavilhão Augusto Simões, junto ao Campo de Jogos Municipal.
O Concelho do Cadaval é uma região onde os vestígios da presença humana remontam à pré-história. Na Serra de Montejunto, em Pragança, foram localizadas grutas que terão servido de habitação durante o período neolítico.
A vila de Cadaval propriamente dita, que foi habitada pelos árabes durante a sua permanência na Península, recebeu foral em 1371, concedido pelo rei D. Fernando, beneficiando ainda da reforma administrativa empreendida por D. Manuel que, em 1513, lhe outorgou novos privilégios.
D. João IV, ao, consumar a independência de Portugal relativamente à Espanha, fê-la cabeça de ducado, dando assim nascimento a uma das mais sólidas casas nobres do país. Mesmo assim, em 1895, a vila perde as prerrogativas de sede do concelho, que readquire no entanto três anos depois, a 13 de Janeiro, data que por este facto se transformará no Feriado Municipal.
Da Romanização à Reconquista
Com a conquista do território pelos romanos toda a região da Estremadura Central foi colonizada e surgiram cidades e diversas vilas rurais onde os romanos se estabeleceram.
Perto de Óbidos edificaram a cidade de Eburobrittium e na sua área administrativa estava incluída a região do Cadaval. Uma ara romana epigrafada encontrada em S. Tomé de Lamas e datada do século II refere este município de Eburobrittium.
Outros vestígios romanos do Cadaval foram encontrados na Quinta do Cidral, perto de Alguber, no Juncal, perto de Pragança, em Borjigas, perto da vila do Cadaval e na Quinta de S. Lourenço, no Peral.
Após o fim do Império romano e durante as ocupações bárbara e muçulmana a região continuou a ser povoada por gentes de origens diversas, nas quais se incluem os moçárabes.
Com o advento da nacionalidade, a reconquista feita pelos exércitos cristãos expulsou progressivamente os muçulmanos. Após a conquista de Lisboa, em 1147, toda a Estremadura passou a estar sob domínio dos cristãos e rei português.
Da Reconquista à Formação do Concelho
Após a reconquista deu-se o início ao repovoamento cristão. O rei tomou posse dos castelos existentes e mandou construir outros. Óbidos, Torres Vedras e Alenquer desenvolveram-se com novos habitantes, foram dadas terras aos emigrantes e aos cruzados francos que ajudaram na reconquista. Foi o caso de Vila Verde dos Francos, doada por D. Afonso Henriques ao franco Dom Alardo em 1160.
Começou com o primeiro rei a reorganização administrativa da região que foi continuada por D. Sancho I. O senhorio de Vila Verde dos Francos foi tornado concelho ainda no século XII e em finais deste século ou inícios do XIII foi constituído o concelho de Óbidos que incluía no seu termo a região do Cadaval. No século XIV dá-se novo arranjo na organização administrativa com a criação do concelho do Cadaval cuja área foi tirada ao termo de Óbidos.
Porém, ainda antes do Cadaval o Peral foi também concelho. Em 1371 o rei D. Fernando elevou o Peral a vila e incluiu neste concelho o Cercal. Foi de seguida este novo concelho doado a D. João Afonso Telo, conde de Barcelos. Mas poucos meses depois, a 1 de Dezembro de 1371, decidiu este rei elevar o Cadaval a vila integrando neste concelho as freguesias de Peral, Cercal, Vilar e Figueiros e foi novamente este concelho doado a D. Afonso Telo.
A Administração Concelhia
Com a criação do concelho do Cadaval, retirado ao termo de Óbidos, o rei dava-lhe também autonomia administrativa e fiscal mas, ao ser doado a um senhor nobre, o rei alienava a jurisdição, os tributos e parte dos direitos reais em favor desse senhor.
Após a Crise de 1383-85 o concelho do Cadaval perdeu a sua autonomia a favor de Óbidos. Só se tem notícia de que os antigos privilégios já tinham sido recuperados em 1394 com a confirmação de D. João I aos besteiros do conto do Cadaval.
Ao longo de vários séculos o concelho do Cadaval esteve na posse de sucessivos senhores donatários até ao advento do Liberalismo. Em 1832 o decreto de Mouzinho da Silveira extinguiu os forais e os direitos senhoriais.
Durante todo este tempo, até 1832, a autonomia administrativa do concelho esteve limitada pela autoridade senhorial. Mesmo assim, na época medieval havia um corpo administrativo de juizes, eleitos anualmente, e mais alguns oficiais da Câmara.
Com a criação da Casa de Cadaval, no século XVII, foi dada à autoridade senhorial o poder de nomear ou confirmar as vereações municipais. A Casa de Cadaval podia nomear os ouvidores, escrivães, inquiridores, contadores e outros cargos nas terras sob sua jurisdição. Apesar disso, no século XVIII há referências ao senado da vila que reunia representantes da nobreza e do povo.
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