
Amália com o guitarrista José Nunes
A Tua Voz Amália
A tua voz, Amália, é quente como um raio de sol em dia de inverno e fresca como talhada de melancia em tarde de canícula... É doce como um beijo de amor antes da posse e amarga como travo de ciúme após o amor... É macia como pétalas de rosa-chá ao bater Trindades e áspera como espinhos a fazer sangrar...
Nos teus olhos, Amália, negros e profundos como poços sem fundo, brilhantes e deslumbrantes como gemas preciosas, retracta-se a tua alma onde cabe a vida com todos os seus desesperos e crenças, com todas as suas revoltas e amores. Tudo quanto a vida tem de mau e de bom, as teus olhas o exprimem como nenhuns outros... Eles são a fonte onde vais beber a tua voz impar — essa voz que nos prende e nos domina, essa voz bruxa que nas encanta e faz sonhar...
Amália — encarnação da Severa e da Maria Vitória numa alma só — Amália sonhadora e boémia, Amália fadista e perdulária. Amália Mulher, pela magia da lua voz, para tudo quanto ela nos dá de vida palpitante e viva, — bendita sejas tu, Amália ! Bendita seja a tua voz !
Francisco Radamanto
De Augusto Saraiva a 17 de Fevereiro de 2007 às 18:07
Tanto se tem aqui enaltecido - e merecidamente - Amália mas há que referir o extraordinário guitarrista que foi José Nunes! Um vate da guitarra!
De Ruy Diaz Prieto a 17 de Fevereiro de 2007 às 19:31
Como espanhol não posso de deixar claro testemunho que Amália fez sombra às grandes de Espanha do seu tempo e é até hoje um respeitadissímo nome! "Ojos Vierdes", "Lerele", "Que bonita es mi niña" ou até o eurovisivo "La, la,la" na sua interpretação servem ainda hoje de modelo!
D. Ruy Diaz Prieto .
Como Português e Fadista agradeço-lhe a sua observação, que terá mais validade do que fosse um português a proferi-la.
No entanto sei que há uns largos anos atrás lhe faziam muitas criticas aqui em Portugal - principalmente os puristas - por ela cantar em Espanhol e com tanto salero, que incomodou algumas artistas espanholas da época.
Um abraço e o muito obrigado.
De Almeida Coelho a 18 de Fevereiro de 2007 às 12:15
Amália foi sempre muito apreciada quer pelo público espanhol quer nos meios musicais. A própria artista afirmava que se sentia "ibérica" e que gostava de cantar em espanhol pois não se preocupava com a pronúncia. Estava segura de bem pronunciar e sentia-se mais liberta a interpretar. O Estado espanhol condecorou-a com a Ordem de Isabel Católica ainda antes de qualquer condecoração de Portugal, também o Rei João Carlos a condecorou, e com Império Argentina recebeu o doutoramneto Honoris Causa da Universidade Complutense de Madrid. Carlos Cano compôs propositadamente para Amália "Maria, la portuguesa" que com ela gravou.
Amigo Almeida Coelho.
Obrigado por esta informação pois està no contexto que o nosso amigo D. Ruy Prieto falou, e dá-lhe informações de homenagens que Espanha fez à nossa Amália que talvez tal com eu, ele e muita gente não soubesse.
Sinto-me orgulhoso pelas distinções dadas à nossa "Diva"
De Ai Deus e ue a 1 de Março de 2007 às 00:33
Surpresa senhor! Parabéns pelo livro!
De Regina Silva a 17 de Fevereiro de 2007 às 19:46
Amália é absolutamente mágica, suas interpretações me arrepiam! Ela nutria grande empenho na música brasileira e gravou alguns êxitos como "Falsa baiana".
Amiga Regina Silva
Obrigado pela sua observação, desconhecia essa interpretação de Amália, se tiver a letra e tivesse a gentileza de me a enviar agradecia-lhe.
Cumprimentos
De Almeida Coelho a 18 de Fevereiro de 2007 às 12:22
Foram vários êxitos brasileiros que Amália trouxe não só para Portugal como para a Europa. A canção "Luar do sertão" foi variadas vezes incluída nos seus espectáculos e poderá confirmar no CD "Amália no Bobino" em 1960. Mas há a somar a "Falsa baiana", "Nega maluca", "Trepa no coqueiro" ou "Coroa do Rei". Em Itáli, onde Amália tinha legiões de fãs as primeiras partes dos seu espectáculo eram preenchidas por Maria Bethânia e chegou a gravar com Chico Buarque na RAI (Radiotelevisione Italiana).
A nossa amiga brasileira deve ficar contente com esta informação, que acaba por ser levantada por ela e muito mais abragente pela explicação do amigo Almeida Coelho.
Obrigado
De Amélia Pitta a 18 de Fevereiro de 2007 às 11:12
Acho absolutamente brilhante este texto de Radamanto que não conhecia. Ele exemplifica bem o que é a nossa Amália, a grande Amália como muitas vezes a vi ser apresentada nos palcos do mundo! Sem disso fazer alarde. Só no final da carreira tivémos uma pequena consciência de quão grande foi e é Amália Rodrigues!
De Pedro Pimenta a 18 de Fevereiro de 2007 às 14:31
O que diria Amália a este blog? O que pensaria realmente deste blog sobre a sua Lisboa tão cantada?
De Ai Deus e ue a 1 de Março de 2007 às 00:37
Amália diria: "Ó Vitor que grande ideia. Tu tens caco. Olha conta comigo, eu cantei Lisboa até mais não e além dos fados há as marchas, e depois das marchas vamos nós para o bailarico".
Era isto que, com o seu encanto e graça natural, Amália diria ao seu grande amigo Vitor Marceneiro, neto de outro seu grande amigo que ela admirava e ouvia com respeito Alfredo Marceneiro.
De Maria Helena Morais a 18 de Fevereiro de 2007 às 15:34
Amália foi lisboeta até mais não e acho que a escolher um figura da cidade seria ela sem dúvida!
Nunca é demais falar da GRANDE AMÁLIA! Tenho um post bastante longo sobre uma pesquisa que fiz sobre ela no meu blogue. Talvez lhe interesse.
De Maria Pereira a 18 de Fevereiro de 2007 às 18:08
Não podia estar mais de acordo consigo e prova disso mesmo é o interesse que este post sobre a grande fadista motivou neste blog!
De António Prata a 18 de Fevereiro de 2007 às 18:11
Sobre Amália repetimos sempre o mesmo, mas gostamos, como gostamos muito dos que ala nos deixou, de felizmente a poder rever em imagens - são tão poucos os DVD - como ouvi-la, sempre surpreendentemente. Ao Sr. Almeida Coelho os meus parabéns por tanta e preciosa informação acrescentado eu que há no mercado um CD "Amália en español" da EMI Musica España que reúne 18 interpretações da artista exclusivamente em espanhol! Olé!
Obrigado pela informação, mas este é um blog sobre Lisboa, sabe se por acaso nesse CD Amália canta sobre Lisboa em Espanhol?
Isso sim tinha muito interesse.
No entanto como me parece que a informação é importante sugiro que a exponha nos vários sites de Amália como o fez aqui, pois estará mais inserido no contexto.
De Pedro Rebelo a 18 de Fevereiro de 2007 às 18:16
Caro senhor há um cálculo de quantos fados Amália cantou sobre Lisboa? Para não falar de marchas que julgo serem cerca de 24!
Meu amigo para que naõ tenha qualquer dúvida, pois eu ainda não as consegui todas é mais seguro consultar os vários sites sobre Amália.
De João Soutelo a 18 de Fevereiro de 2007 às 22:30
Amália e Marceneiro dois grande do Fado outros houveram, grandes na sua arte, mas estes, pelas razões que todos os conhecedores isentos do Fado conhecem, foram grandes, e ficam na história, algumas famas efémeras irão caindo no esquecimento.
Amália Internacionalizou e cantou como ninguém.
Marceneiro era o Fado.
Parabéns.
De Pedro Pimenta a 21 de Fevereiro de 2007 às 19:32
Quase diria que se inverteram os papéis. Marceneiro "pariu" vários fados, foi "mãe" e Amália pegou neles trabalhou-os, divulgou-os, deu-os a conhecer, saiu portas e foi mostra-los, foi "pai" E por cá ficou uma imensa família que os soube honrar. Todos aqueles que reverenciavam Alfredo Marceneiro e o ouviam não apenas a canaar como os seus conselhos - registe-se o Fado do Conceitro - como honravam quem andava lá por fora a mostrar fado. Estão neste rol todos os fadiustas que diariamente, á noite, cantavam nas casa de fado com um lustro que hoje raramente se vê!
Desses refira-se a Celeste Rodrigues, mas também Maurício, Manuel de Almeida, Fernanda Maria, Maria José da Guia, Maria da Fé, Lucília do Carmo e tantos outros!!!!!!!!
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