Nascido em Lisboa, na freguesia de S. Sebastião da Pedreira, em 1948, José Luís Nobre Costa é um dos mais prestigiados guitarristas portugueses e já acompanhou várias gerações de fadistas, quer em gravações, quer em concertos. É uma referência obrigatória para todos os que começam a cantar fados ou a tocar guitarra portuguesa.
Não chegou a conhecer o avô paterno que tocava guitarra como amador, mas ainda brincou com a guitarra dele, em casa de seus pais, que gostavam muito de Fado, escutando-o em programas de rádio ou nas vozes dos fadistas que constavam da sua razoável colecção de discos.
José Luís habituou-se assim a ouvir fados desde muito novo e cedo começou a escolher os seus ídolos na música fadista, quer cantada quer tocada.
Estudou na Escola Eugénio dos Santos, chegou a pedir ao pai para lhe arranjar quem lhe ensinasse a tocar guitarra, mas não teve muita sorte pois o seu progenitor receou que ele descurasse os estudos por esse motivo.
A partir dos treze anos começou a juntar o dinheiro das semanadas, calou-se bem caladinho e, quando amealhou duzentos e cinquenta escudos, comprou uma guitarra. Perante esta perseverança, seu pai cedeu e apresentou-o a um professor, Raul Silva, cujo irmão, Arménio, era violista profissional, fazendo parelha com Carlos Paredes.
No entanto, havia na família de José Luís um guitarrista profissional, de seu nome Alfredo Rodrigues, que começa a levá-lo a sessões onde vai participar e deixa-o sentar ao seu lado, para ir vendo e aprendendo os movimentos dos dedos na guitarra. Nobre Costa vai assim, a pouco e pouco, aperfeiçoando os seus conhecimentos do instrumento.
Com o correr dos anos da adolescência, passa a fazer parte de um grupo de boémios amadores de Fado, “Os Feiticeiros”, que integrava fadistas e tocadores, cujos pontos de encontro eram os restaurantes “Pote” ou “A Alga”, no bairro de Alvalade, onde decorriam as suas fadistices. Mais tarde, em 1969, estreia-se como profissional no restaurante típico “O Faia”, ao Bairro Alto, tocando ao lado de nomes como o violista Orlando Silva e dos guitarristas Ilídio dos Santos (o “Very Nice”) e Fernando Freitas, um mestre, dos autênticos, da guitarra portuguesa, com quem muito aprende e que lhe dá apoio decisivo.
Seguidamente vai para a “Taverna do Embuçado”, em Alfama, onde se junta a uma parelha da sua predilecção: José Fontes Rocha, na guitarra, e Pedro Leal, na viola.
Pouco tempo depois, é convidado para ser guitarrista privativo do Casino Estoril, onde se mantém cerca de vinte e três anos, tocando a solo ou a acompanhar grandes nomes do Fado, sem se afastar de outros palcos em espectáculos fadistas.
Tem vindo a contribuir para a descoberta de inúmeros valores dentro do Fado, como Mafalda Arnauth ou Raquel Peters, sendo Isabel "Cuca" Roseta ou Tânia Oleiro, os casos mais visíveis e mais recentes. Desde há muitos anos que acompanha João Braga, mas nos últimos 18 integrou sempre o grupo de músicos dos seus álbuns e quase sempre o dos seus concertos e programas de televisão.
Iniciou a sua actividade como solista e acompanhante de guitarra portuguesa em 1965, sem interrupções até aos dias de hoje e participou em centenas de gravações em disco, em vídeo, na televisão ou no cinema, com quase todas as figuras do canto e da música fadista, das quais se destacam a que protagonizou, com vinte anos apenas, ao lado do lendário Alfredo Marceneiro, na que foi a sua estreia em televisão, no documentário que a RTP realizou, em 1969. A cena em que interveio constituiu um dos melhores momentos do programa, quando o velho mestre canta, em estilo de desgarrada, ao desafio com a malograda Ana Rosmaninho; o outro momento alto do seu currículo é durante a que passa por ser a melhor cena, senão a única, aquela em que o Fado é mostrado, no controverso documentário de Carlos Saura, "Fados", numa sequência que foi titulada como "Casa de Fado".
Completou as gravações do seu primeiro álbum, "Há Guitarra", que será editado brevemente.
Texto de João Braga
José Luis Nobre Costa faleceu a 11 de Fevreiro de 2014
Foto da esquerda, José Luìs Nobre Costa com Alfredo Marceneiro no inicio da sua carreira.
Foto á direita, Leonor a mulher de José Luís Nobre Costa, com Alfredo Duarte 4ª Geração de Marceneiro, ao colo
Video-Clipe numa variação de Fado
acopanhado à viola por Jaime Santos Jr. e viola-baixo por Tó Moliças