Lisboa, 10 Fev (Lusa) - O álbum "Marceneiro... é só fado" de Alfredo Marceneiro, a editar na próxima semana pela Ovação, além de trazer a lume um inédito seu, apresenta o fadista em discurso directo.
Vítor Duarte, produtor executivo do álbum, explicou à agência Lusa que resgatou este inédito de "um convívio fadista realizado por volta de 1965, em Lisboa".Outra originalidade desta edição é que, antes de interpretar cada fado, Marceneiro fala de si e da sua forma de cantar.O musicólogo Rui Vieira Nery, em declarações à Lusa afirmou que "ouvir tão só e apenas Marceneiro constitui uma lição para todos: ouvintes, tocadores, compositores e intérpretes".No CD, em discurso directo, Alfredo Marceneiro explica "a importância de saber dividir uma oração" ou a atenção que dava às sílabas e a preocupação de as "pronunciar bem" ou como um pregão originava uma melodia fadista.Relativamente a este projecto, Rui Vieira Nery afirmou à Lusa que "Marceneiro nunca quis dar lições de fado, quando explicava era num determinado contexto e ambiente, deste modo as frases gravadas surgem descontextualizadas".As gravações agora reunidas num CD datam de 1972, segundo Vítor Duarte, e foram feitas para a etiqueta Estúdio, cujo espólio foi adquirido pela Ovação.Segundo informação do produtor executivo, em nove dos dez fados registados Alfredo Marceneiro é acompanhado à guitarra portuguesa por António Chaínho e à viola por José Maria Nóbrega.Relativamente ao tema inédito, segundo a mesma fonte, "não há registos dos acompanhadores mas é de tal forma importante este fado na carreira de Marceneiro e na história fadista que era indispensável trazê-lo à luz do dia no tempo actual".Dos dez fados registados neste álbum, sete melodias são de autoria de Alfredo Marceneiro.Excepções são "Sonho dourado", letra de Fernando Teles cantada no tradicional "fado Mouraria", "Moinho desmantelado" de Henrique Rêgo, cantado na música do "fado corrido" e "Quadras soltas" também de Rêgo com música própria de Francisco Viana (Vianinha).O álbum "Marceneiro é só fado" integra entre outros, "Rainha Santa", "Sinas", "Cabaré" ou "Remorso", todos de autoria de Henrique Rêgo, e dois outros de autoria de Fernando Teles, "Sonho dourado" e "O pagem".Alfredo Marceneiro, uma das figuras referenciais do fado, faleceu em Lisboa, cidade onde nasceu, a 26 de Junho de 1982.
NL. (*)
Lusa/Fim
(*) NL são as iniciais do nome do jornalista da Agência Lusa, NUNO LOPES, que é dos jornalistas que quanto a mim mais tem noticiado sobre assuntos de Fado.
No ano passado fez parte do "Júri dos Prémios Fundação Amália", tem levado a cabo várias palestras e debates sobre o Fado e as gentes do Fado, como aqui neste blog já várias vezes foi referenciado.
Somos amigos e colegas de Direcção da APAF, mas creiam que a sua imparcialidade não é por esse facto alterada
Vou relembar aqui outras Jornadas que para o caso de não terem assistido ou nem sequer terem ouvido falar, fica documentado.
Estas Jornadas forma levadas a efeito pela “APAF” coordenadas pelo Jornalista Nuno Lopes, os quais decidiram dar-me a honra de me incluir entre estas ilustres figuras, de reputada categoria pessoal e profissional.
Nesta altura, embora eu fosse sócio fundador da APAF, encontrava-me auto-supenso, que em nada influenciou pela negativa o convite, eu tinha acabado de editar um modesto trabalho, a biografia de Hermínia Silva, talvez por esse facto fui convidado.
Estas Jornadas além do vasto público presente foram transmitidas pela RDP- Antena 1, e foram do agrado geral e muito elogiadas.
Há no entanto um pormenor que decerto me desculparão a imodéstia ao relatá-lo;
A entrevista transmitida “Histórias para a História do Fado” - Vítor Duarte Marceneiro/Nuno Lopes, após a sua emissão, teve na RDP pedidos de repetição porque ouve pessoas que não conseguiram apanhar a emissão do principio e que como tinham achado muito interessante ficaram decepcionados de não conseguirem ouvir tudo, assim a RDP repete na 5ª Feira seguinte o programa. Receberam novamente pedidos de repetição e demonstrações de agrado que a Direcção de Programas da RDP decidiu repetir em mais duas semanas.
Só de há alguns anos para cá me apercebi que o Fado é um estado de alma, é paixão. Desde muito novo que o adoro e cultivo, mas à medida que vou amadurecendo, dou por mim a venerá‑lo cada vez mais. Lembro coisas do «fado» e de Fado, que durante muito tempo parecia que nada me diziam, estavam adormecidas, mas que agora me vêm à memória, em catapulta desenfreada, e penso... tanto tempo que eu perdi.
Reuni em livro, a que dei o título de Recordar Hermínia Silva, tudo o que sobre ela consegui recolher, com o intuito de fazer história sobre essa mulher, que era povo, foi amada e ovacionada, mas manteve‑se sempre simples e despretensiosa. Era dotada de um dom especial, que só muito poucos têm, de cantar e representar muito bem, era um representar que não se estuda no «Conservatório», com a sua voz bem castiça dava um cunho muito pessoal às suas interpretações que deliciavam a quem a escutava, quer no fado tradicional, quer no fado revisteiro, mas na revista para além de cantar interpretou figuras e «meteu buchas» que fizeram o delírio de milhares de espectadores.
Obrigado Hermínia Silva por tudo que deu ao Fado, ao Teatro de Revista, ao Povo Português.
In: Recordar Herminia Silva de Vítor Duarte Marceneiro - 2003
Livro biográfico "Recordar Hermínia Silva"
Edição de Autor Vítor Duarte Marceneiro
Formato 16 X 21 com 232 páginas , custo: € 15 inclui portes
Herminia Silva desde a sua estreia em 1932, participou em 13 operetas, 37 revistas, 2 peças declamadas e ainda em 5 filme e vários programas de televisão.
A poetisa Maria De Lourdes de Carvalho, acedeu com todo o entusiasmo a este projecto, e teve a atenção de me ofertar o seu livro de poemas , que para além de três poemas que versam Lisboa e que já a seguir publico, tem outros fados que eu ainda não conhecia, mas com aquela pinga de sangue que me corre nas veias com alguns «glóbulos fadistas» só senti,
.... todo ele é fado....
Parabéns, fico à espera do próximo.
CAPA CONTRACAPA
A autora escreve na contacapa, mesmo por baixo da sua foto este "grito"
Real Bordalo - Nome completo: Artur Real Chaves Bordalo da Silva. Nasceu em Lisboa em 1925. Cedo mostrou vocação para o desenho e para a pintura mas, obrigado a interromper o curso que lhe daria acesso à Academia de Belas Artes, exerceu diversas profissões e, admitido aos 16 anos de idade na Fábrica da Cerâmica Constância Faiança Bastitini, como pintor, teve aqui oportunidade de contactar com João Rosa Rodrigues e Francisco Branco, dois excelentes artistas, não só como ceramistas, mas também, como pintores de óleo e aguarela.
Mais tarde trabalhou com Leitão de Barros na modalidade de cenografia, na Tobis e na Lisboa Filme para diversos filmes Portugueses. Desenhador técnico, retocado r de rotogravura e desenhador maquetista no Diário de Notícias, profissões que também exerceu. Mais tarde trabalhou com Leitão de Barros na modalidade de cenografia, na Tobis e na Lisboa Filme para diversos filmes Portugueses. Desenhador técnico, retocado r de rotogravura e desenhador maquetista no Diário de Notícias, profissões que também exerceu.
Destes contactos resultou um maior interesse pelas artes plásticas e em consequência das tentativas que levou a efeito, inscreveu-se como sócio da Sociedade Nacional de Belas Artes, onde frequentou as aulas nocturnas de desenho, tendo como mestre, Álvaro Duarte de Almeida, no pastel o mestre Domingos Rebelo e em aguarela os mestres Alberto de Sousa e Alfredo Morais.
Tendo concorrido com trabalhos seus, não só nos Salões Anuais de Outono e Primavera daquela Sociedade, onde passou a sócio efectivo, por lhe ter sido atribuída uma 3.a medalha em aguarela, mas também em outros Salões noutros locais. O êxito obtido, de que são testemunhos os prémios concedidos (diversas medalhas e menções honrosas e alguns prémios de mérito) levou-o a dedicar-se inteiramente a esta actividade artística. Surgiu então a oportunidade de realizar a sua primeira exposição individual dos seus trabalhos a aguarela e pastel, no Casino da Figueira da Foz (Salão Nobre) em 1952, à qual se seguiu outra em 1953, na Sociedade de Belas Artes. Incentivado tanto pelo público como pela crítica, o êxito assim alcançado justificou a sua integração no Grupo Português de Aguarelistas e mais tarde no Grupo dos Artistas Portugueses, permitiu-lhe assim continuar a realizar exposições em diversas cidades do País, concorrendo sempre aos diversos Salões Nacionais - Imagem da Flor, Câmara Municipal de Lisboa, Salão de Artes do Casino do
Estoril, entre outros. No estrangeiro Salões Internacionais de Madrid, Sevilha, Lugano, Paris, Estocolmo, Rio de Janeiro e Nápoles.
Afastado das Artes Plásticas de 1959 a 1973, voltou a partir desse ano a expor com regularidade os seus trabalhos, com assinalado êxito.