Bailarico de Benfica 1940 |
Norberto de Araújo |
Bairro Alto |
Carlos Simões Neves |
Bairro Eterno |
José António Saborosa |
Bairros de Lisboa |
Carlos Conde |
BELLA LISBOA |
D.R. |
Bendita Sejas Lisboa |
Manuel Rodrigues |
Bom dia, Menina Lisboa |
António Vilar da Costa |
Cá vai Lisboa (GRANDE MARCHA. 1963) |
Raul Dubini |
Cabeça de Vento |
Linhares Barbosa |
Canção de Lisboa |
José Galhardo |
Canção do Castelo 1935 |
Fernando Teles |
Canção Lisboa |
Fernando Farinha |
Canção Nova de Alfama 1940 |
Frederico de Brito |
Canoas do Tejo |
Frederico de Brito |
Cantilena Amalista |
Azinhal Abelho |
Cantinho Ocidental |
António Frazão |
Céu da Mouraria |
Pedro Ayres Magalhães |
Chegada |
João M.B. Sousa |
Cheira a Lisboa |
César Oliveira |
Chico do Cachené |
António Vilar da Costa |
Chico do Cachené continua |
António Vilar da Costa |
Cidade |
Ary dos Santos |
Cidade Imortal |
Joana Veiga |
Cidade Maravilhosa 1955 |
Norberto de Araújo |
Cinco Bairros |
Fernando Farinha |
Coisas Suas |
|
Colinas de Lisboa |
Sofia Delgado |
Corri Lisboa |
Frederico de Brito |
Corri Lisboa Inteirinha |
Maria de Lourdes De Carvalho |
Corvo da Cidade |
|
De Cacilhas para Lisboa |
José Rego (Zé Brasileiro) |
Deixem Passar a Graça 1940 |
Frederico de Brito |
Dois fados |
Fernando Farinha |
Conhecida no meio do Fado por (Bia) nasceu no Porto em 1939.
Numa vinda a Lisboa vai ouvir fados ao Solar da Márcia Condessa, é desafiada a cantar, interpreta de tal maneira que logo é contratada pela dona da casa.
Fica a viver em Lisboa e rapidamente o seu estilo de cantar lhe granjeia muitos admiradores, acabando por fazer várias épocas em quase todas as casas de fado.
Na revista, onde obteve grandes êxito, em, Fado Para Esta Noite e John Português.
Grava todo o repertório que estreia, que é êxito assegurado.
Faz várias digressões ao estrangeiro, actuando para as comunidades emigrantes, actua em diversos festivais internacionais de música, festas de beneficência.
Beatriz da Conceição, canta com um estilo muito pessoal verdadeiro, diz muito bem e divide o verso como deve ser, é irreverente mas tem uma alma fadista incontestável. Tem um vasto repertório, porque raros foram os poetas que não lhe escrevessem poemas, como Artur Ribeiro, Vasco de Lima Couto, ou José Carlos Ary dos Santos que em parceria com Fernando Tordo, escreveram o Fado da Bia,
Continua a actuar em programas de televisão, espectáculos ao vivo, na gravação de discos e, é presença assídua nas casas de fado.
Beatriz da Conceição
O fado já não lhe chega,
Mas como nada lhe falta
Tanto canta numa adega
Como à luz de uma ribalta!
E embora sentindo a chama
Que leva à celebridade,
Não se deslumbra na fama
Nem se perde na vaidade!
A Beatriz da Conceição
Não é somente fadista,
Muito mais do que atracção
Ela impõe-se como artista!
Poema de Carlos Conde
CANÇÃO DE LISBOA
Cantado por Beatriz da Conceição
Letra de: Artur Ribeiro
Vejo do cais, mil janelas
Da minha velha Lisboa
Vejo Alfama das vielas
O Castelo, a Madragoa
E os meus olhos rasos de água
Deixam por toda a cidade
A minha prece de mágoa
Nesta canção de saudade
Estribilho
Quando eu partir
Reza por mim Lisboa
Que eu vou sentir Lisboa
Penas sem fim Lisboa
Saudade atroz
Que o coração magoa
E a minha voz entoa
Feita canção Lisboa
E se ao voltar
Me vires chorar, perdoa
Que eu abra a porta à tristeza
Para depois rir à toa
Tenho a certeza
Que ao ver as ruas
Tal qual hoje as vejo
Nesse teu ar de rainha do Tejo
Hei-de beijar-te Lisboa
Hei-de beijar com ternura
As tuas sete colinas
E vou andar à procura
De mim p’las esquinas
E tu Lisboa
Hás-de vir aqui ao cais
Como agora
P’ra eu te dizer a rir
O que hoje minha alma chora
Estribilho
|
Eurico Augusto Cebolo |
José Rodrigues Estronca |
Alberto Antunes Mendes |
F. Radamanto |
José Rufino Mendonça |
Alberto Dias Ribeiro |
F. Santos/Almeida Amaral |
Júlia Molico |
Alexandre O´Neill |
Fausto |
Júlio de Sousa |
Álvaro Leal |
Fernad Bonifay |
Julio Isidro |
Alves Coelho (Filho) |
F. Carvalho/Anibal Nazaré |
Júlio Vieitas |
Amadeu do Vale |
Fernando Farinha |
Linhares Barbosa |
Ana Vidal |
Fernando Santo e C. Lopes |
Linhares de Almeida |
Aníbal Nazaré |
Fernando Santos |
LOQUILO |
António Frazão |
Fernando Teles |
Lourenço Rodrigues |
António Gedeão |
Fernando Tordo |
Luís Simão |
António José Forte |
Francisco Nicholson |
Madalena Avellar |
António Lobo Antunes |
Francisco Valério |
Manuel Alegre |
António Vilar da Costa |
Frederico de Brito |
Manuel António Pereira |
Armando Neves |
Frederico Valério |
Manuel Bogalho |
Artur Ribeiro |
Gaito |
Manuel Casimiro |
Artur Soares Pereira |
Gonçalves Preto/F. Nicholson |
Manuel Paião |
Ary dos Santos |
Gonsalves Preto |
Manuel Rodrigues |
Ascensão Barbosa |
Guiomar Figueiredo |
Manuela de Freitas |
Azinhal Abelho |
Hermenegildo de Figueiredo |
Manuela Moura e Sá T.Santos |
Banda Espanhola Revolver |
J. Faria Rodrigues |
Mª de Lourdes De Carvalho |
Belo Marques |
Joana Veiga |
Maria de Lurdes Brás |
Carlos Alberto França |
João Dias Nobre |
Maria Teresa Horta |
Carlos Alberto Giudicelli |
João M.B. Sousa |
Mascarenhas Barreto |
|
João Monge |
Matos Sequeira |
Carlos Conde |
João Queimado |
Norberto de Araújo |
Carlos dos Jornais |
João Vasconcelos |
Nuno Gomes dos Santos |
Carlos Escobar |
João Villaret |
Olivier Leite, |
Carlos Mendonça |
Joaquim Almeida Ribeiro |
Oscar Gusmão Martins |
Carlos Queiroz |
Joaquim Murale |
Paulo Fonseca |
Lisboa, Carlos Conde é um dos poetas com mais poemas sobre Lisboa
FLORES DE LISBOA
Letra de Carlos Conde
Música de: Túlio Pereira
Sempre a rir, sempre a cantar
Esta Lisboa bonita
Beija quem a sabe amar
E abraça quem a visita
Lisboa não se afadiga
De cantar a vida inteira
Tem p´ra tudo uma cantiga
A Cidade Cantadeira
A quem visita
Esta Lisboa
Terra que o mundo prende em fortes laços
Os nossos beijos
Com os desejos
A que voltam de novo a nossos braços
O meu país
P´ra ver feliz
Quem nos rende amizade fraternal,
Concede flores
De vivas cores
Colhidas nos jardins de Portugal!
Lisboa deita-se tarde
E tão bem o fado entoa
Que nunca falta quem guarde
Uma nesga de Lisboa!
Canta e sente um bem profundo
Pois é feliz e contente
A cantar p´ra todo o mundo
E a sorrir para toda a gente
Casa de Pateo de Lisboa - Óleo do Mestre Real Bordalo
FADO DE INTERVENÇÃO - Carlos Conde tinha uma visão muito profunda das injustiças sociais, foi dos poetas de fado com mais poemas censurados.
"JANELA DA VIDA"
Letra de: Carlos Conde
Música: Alfredo Marceneiro
Para ver quanta fé perdida
E quanta miséria sem par
Há neste orbe, atroz ruim
Pus-me à janela da vida
E alonguei o meu olhar
P´lo vasto Mundo sem fim.
Pus todo o meu sentimento
Na mágoa que não se aparta
Do que mais nos desconsola;
E assim a cada momento
Vi buçais comendo à farta
E génios pedindo esmola!
Vi muitas vezes a razão
Por muitos posta de rastos
E a mentira em viva chama;
Até por triste irrisão
Vi nulidades nos astros
E vi ciências na lama!...
Vi dar aos ladrões valores
E sentimentos perdidos
Nas que passam por honradas
Vi cinismos vencedores
Muitos heróis esquecidos
E vaidades medalhadas
Vi no torpor mais imundo
Profundas crenças caindo
E maldições ascendendo
Tudo vi neste Mundo
Vi miseráveis subindo
Homens honrados descendem
Por isso afirmo com siso
Que p´ra na vida ter sorte
Não basta a fé decidida
P´ra ser feliz é preciso
Ser canalha até à morte
Ou não pensar mais na vida.
FADO DE ESPERAÇA E FÉ, Carlos Conde também era um poeta de esperança, virado para o futuro.
Carlos Conde (Trineto de Carlos Conde Beatriz Duarte e Alfredo Duarte (Bisnetos Marceneiro)
Oh! Desventura, Oh! Saudade
Causas da minha inconstância
Dai-me pedaços de infância
Retalhos de mocidade
Dai-me a doce claridade
Roubando-a ao tempo atroz
Eu queria ter a minha voz
Para cantar o meu passado
E é tão bom cantar o fado
E ter quem goste de nós
Instrumental de Guitarra por Arménio de Melo
Marcha de Alfredo Marceneiro
AMIGOS
Se alguma coisa me consome e me entristece é que a roda furiosa da vida, não me permite ter sempre ao meu lado,
Morando comigo
Andando comigo
Falando comigo
Vivendo comigo
Todos os meus amigos
· Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
· Tenho amigos que não percebem o amor que lhes devoto.
· Tenho amigos que não imaginam a necessidade que tenho deles.
· A alguns dos meus amigos não os procuro, basta-me saber que eles existem.
· Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles... eles não iriam acreditar.
· Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
· Se um dos meus amigos morrer, eu ficarei torto para um lado.
· Se todos os meus amigos morrerem, eu desabo!
· Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
Muitos dos meus amigos irão ler esta crónica e não sabem, não fazem ideia que. estão incluídos
...na sagrada relação de meus amigos.
A gente não faz amigos, reconhece-os
Tin-Tin e os seus amigos por HERGÉ
Obrigado a todos os amigos que me têm apoiado, fazer um trabalho destes, embora que modesto, é mais graticante quando recebemos uma palavra de retorno, mesmo de crítica, saber que somos lidos só por si é um estímulo.
Bem Hajam
“David Mourão-Ferreira e o Fado”
De 18 de Maio a 30 de Setembro, está patente no Museu do Fado, uma exposição alusiva à multifacetada figura de David Mourão-Ferreira (1927-1996) poeta, ensaísta, ficcionista, jornalista, professor e tradutor. “David Mourão-Ferreira e o Fado” retrata o importante legado do autor na história da canção de Lisboa.
“David Mourão-Ferreira e o Fado” ilustra um dos momentos mais marcantes na evolução da canção de Lisboa, através da fusão da poesia erudita com o universo fadista, para a qual também contribuíram as carismáticas figuras de José Régio, Pedro Homem de Mello, Luís de Macedo, Alexandre O´Neil, Cecília Meireles, José Carlos Ary dos Santos, Manuel Alegre, entre outros.
Exposição muito bem elaborada, a não deixar de vistar, quer pelo aspecto técnico, quer pelo acervo iconográfico relativo a David Mourão-Ferreira.
O FADO E A PALAVRA
MARCENEIRO E PESSOA
Ao grande Alfredo Marceneiro - professor de sucessivas gerações de fadistas e alvo (tal como Hermínia Silva) de entusiasmada admiração da parte de Amália - deve-se a repetida afirmação da importância de defender a palavra.
No disco recentemente editado "Marceneiro é só Fado", podemos ouvir fragmentos do seu discurso directo:"a dicção também vale muito; agora quem quebrou melhor o verso e que deu expressão ao verso eram todos; mas eu tinha uma forma especial (.. .)porque o meu forte não foi só cantar; foi dividir a oração"
Dizia um contemporâneo de Marceneiro (1891-1982), Fernando Pessoa (1988-1935), evocado por Carlos Tê no trecho "Fado Pessoano":
"Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada - reflecte o que a alma não tem. Por isso, a canção dos povos tristes é alegre e a canção dos povos alegres é triste. O fado, porém, não é alegre nem triste. É um episódio de intervalo. Formou-o a alma portuguesa quando não existia e desejava tudo sem ter força para o desejar. (...)
O fado é o cansaço da alma forte, o olhar de desprezo de Portugal ao Deus em que creu e também o abandonou”.
In: Primavera David Mourão-Ferreira (pág. 22)
Letra de: David Mourão Ferreira
É varina, usa chinela,
Tem movimentos de gata.
Na canastra a caravela;
No coração, a fragata
Em vez de corvos, no chaile
Gaivotas vêm pousar,
Quando o vento a leva ao baile,
Baila no baile com o mar!
É de conchas, o vestido,
Tem algas na cabeleira
E, nas veias, o latido
Do motor duma traineira!
Vende sonho e maresia
Tempestades apregoa;
Seu nome próprio: Maria;
Seu apelido: Lisboa!
Deolinda Rodrigues canta " Lisboa Mulher"
Deolinda Rodrigues
Dotada de arte e bom gosto
No seu jeito delicado,
A Deolinda marca um posto
Dos mais altos que há no Fado!
Subiu momento a momento
E logo breve se impôs,
P´la força do seu talento
E o mimo da sua voz!
Nesta Artista nunca finda
O que de bom ela tem,
È Deolinda por ser linda
Rodrigues por cantar bem!
Versos de: Carlos Conde
"Marcha do Marceneiro" instrumental" por Arménio de Melo
No fim da Idade Média, vulgarizou-se chamar-se “guitarra”, na Península Ibérica, a todo o instrumento de dedilhação, Provinha a palavra do étimo grego “Kitara”, que em latim tinha a grafia de” Chitara”, ou “Cítara”.
Mas o instrumento medieval mais usado para acompanhamento de canções era o “Alaúde”, que só apareceu na Europa para além dos Pirinéus, no século XIII, mas na Península Ibérica já era utilizado desde o século VIII.
Havia também um outro instrumento em forma de “8”, de uso mais popular e também denominada guitarra, ou mais precisamente “Guitarra Castelhana”, que em Espanha acabou com a utilização do “Alaúde”.
Em Portugal continua-se a utilizar o “Alaúde” mas agora denominado de “Guitarra”, em relação à “Guitarra Castelhana”, os portugueses passam a denominá-la de “Viola” do latim “Vitula” já que a sua forma se assemelha ao instrumento de concerto “Viola de Arco”.
Hoje fazemos referência à Guitarra Portuguesa, à Viola de Fado e à Guitarra Clássica (Espanhola)
Apenas em Portugal se mantém a parelha da Guitarra com a Viola para acompanhar o Fado.
Até ao século XVIII, o sistema de afinação das guitarras portuguesas era constituído por “cravelhas de madeira”, mais tarde (no tempo da Severa) aparece a “chapa metálica quadrangular”, cuja afinação se fazia com uma chavinha de relógio. No final de século XIX, toma a forma actual de leque, afinada por esticadores em parafuso, (no tempo da Cesária e da Maria Vitória) e que tem vindo a sofrer alterações até aos dias de hoje.
Era e é notório o amor tradicional dos portugueses pela sua guitarra.
Afirma-se que era tal a afeição pela guitarra pelos portugueses, que após a trágica jornada de Dom Sebastião em que o nosso Rei foi derrotado pelo Sultão de Fez de Marrocos, que entre os despojos do acampamento dos portugueses havia milhares de guitarras.
Também os nossos marinheiros levavam guitarras nas caravelas que singrava os mares à descoberta de Novos Mundos.
Foi na distância das terras longínquas que a saudade da Pátria e das afeições apartadas, que as trovas dos nautas portugueses ganharam novos ritmos e o Fado actual entrou em embrião
Carlos Baleia nasceu em 1938 no concelho de Sintra mas desde 1953 que passou a viver em Lisboa.
É licenciado pela Faculdade de Letras de Lisboa em Estudos Anglo-Americanos e frequentou durante três anos o Curso de Teatro do antigo Conservatório Nacional.
Foi bolseiro da Embaixada Alemã e estagiou durante seis meses em Stuttgart onde preparou como trabalho final de curso um estudo sobre o teatro radiofónico alemão no após guerra incidente sobre o dramaturgo Gunther Eich.
Como registo da sua actividade teatral de vinte anos ficaram saborosas experiências artísticas tidas a um nível semi-profissional com o grupo Proscénium, representando por todo o País centenas de espectáculos de autores reputados, clássicos da dramaturgia, como Moliére, Shakespeare, Gil Vicente, Arthur Miller, Ariano Suassuna, Durrenmatt, Karl Wittlinger, Lope de Vega e bastantes outros, tendo sido dirigido por encenadores prestigiados do panorama teatral português, nomeadamente Pedro Lemos, do Teatro Nacional D. Maria II, Fernando Gusmão, Costa Ferreira, Paulo Renato e pela encenadora australiana Roberta Elliott num espectáculo representado em inglês para a colónia britânica em Portugal.
Fez também dobragens de filmes e apareceu nos pequenos ecrãs nas noites de teatro da RTP.
Na década de setenta, sem abandonar completamente o teatro pois encenou alguns espectáculos de amadores, teve, contudo, que optar pela sua vida profissional de gestor empresarial da qual se reformou em 1999, retomando de imediato o seu contacto com o palco na condição de intérprete de teatro vicentino e estendendo a sua actividade à dramaturgia tendo escrito diversos textos, entre os quais o drama Locomotiva e a comédia O assalto, ambos publicados em 2001.
Adepto de um conceito de teatro global onde texto e música se associam, acabou por se interessar também pelo campo mais vasto das cantigas como elemento teatral e ainda pelo fenómeno do fado como expressão artística umbilicalmente ligada à cidade de Lisboa, tendo escrito as letras do CD editado em 2002, Lisboa em vários tons, no que foi largamente apoiado pelo conhecido estudioso e intérprete do fado, Daniel Gouveia.
Desde então tem parcerias com diversos compositores musicais em dezenas de letras gravadas por conhecidas vozes do fado e da canção e ainda algumas outras em vias de gravação.
Apesar das conhecidas limitações que impendem sobre a edição de música portuguesa, Carlos Baleia está presentemente envolvido através de trinta letras de sua autoria no projecto discográfico Junto ao rio, à beira-mar, relacionado com traços da nossa alma colectiva, com as nossas viagens interiores, terrestres e marítimas, com a imensidade da lusofonia e com o povo que somos, numa pretendida visita musical no tempo e no espaço que abarcará diversos estilos de canções, com o Fado e Lisboa obviamente presentes.
O tema Lisboa tem, aliás, acompanhado sempre os seus escritos e tem neste momento mais de vinte composições musicadas dedicadas à cidade onde cresceu e que aprendeu a chamar de sua.
( A partir dum texto em prosa de Fernanda de Castro, com o mesmo título, escrito em 1933 para o Guia de Portugal Artístico )
Quadro do Mestre Real Bordalo
Letra: Carlos Baleia
Um bote-navio,
dito cacilheiro,
Traz gente apressada
Que corre no cais
Entre um nevoeiro
De dias iguais.
E em tal madrugada
Todo o movimento
De cara ensonada
Sem ninfas no rio
Tem o argumento
Das coisas banais
Que num ano inteiro
Lisboa-Barreiro
Lhe deixa sinais.
Neste barco me atravesso
Para invadir a cidade
Quando no rio amanheço
Com os raios da claridade.
E a maré deste começo
Da viagem fugidia
Logo terá seu regresso
Quando se acabar o dia.
Tejo de poetas
Canções de sereia
Agora discretas
Nesta lufa-lufa
Que chega em caudais
Inunda o Terreiro
E em passo ligeiro
Se junta aos demais.
Neste barco me atravesso
Para invadir a cidade
Quando no rio amanheço
Com os raios da claridade.
E a maré deste começo
Da viagem fugidia
Logo terá seu regresso
Quando se acabar o dia.