Conheci pessoalmentel Xavier de Oliveira, foi talvez o único imitador que teve contratos em casas de fados, muitas das vezes em parceria com vozes que ele imitava.
Foi amigo de meu avô e de meu pai, era uma pessoa muito bem disposta, que irradiava simpatia.
Tive a sorte de seu filho Luís Oliveira, ter contactado comigo, e como é daqueles filhos que fez e guardou religiosamente o espólio sobre o pai, solicitei-lhe que me desse informação mais detalhada sobre o pai. e assim hoje, com texto e iconografia de sua autoria, publico com muito carinho, em homenagem à memória de seu pai, o Fadista/Cançonetista/Imitador Xavier de Oliveira, mais esta página neste blog.
Luís Oliveira, também é um apaixonado do Fado e canta-o como amador.
Foto de Alfredo Marceneiro, Candida Ramos e Xavier de Oliveira
Xavier de Oliveira canta
imitando Luis Piçarra
SER BENFIQUISTA
NECA RAFAEL – A Memória do Tempo
Manuel Garcia da Silva, nasceu a 2 de Janeiro de 1906 na Freguesia de Paranhos concelho do Porto, e residiu até á hora do seu desaparecimento (carnal) na Freguesia de S. Pedro da Afurada no concelho de Vila Nova de Caia. Tudo isto seria pouco relevante, se não estivéssemos a falar daquele que foi, sem dúvida, o maior fadista humorístico que o povo conheceu... Neca Rafael.
A sua classe, o seu enorme talento artístico, e a sua boa disposição, foram uma constante nos palcos deste país durante aproximadamente 4 décadas. Sublinhe-se que, para além de ter sido o rei dos fadistas humorísticos, ele foi também um criativo de raro talento, autor de inúmeras Rábulas Teatrais, que fizeram as delícias do seu público. José Neves, da Rádio Festival, escreveu que, (e passo a citar) " A humildade era a primeira das virtudes do Neca " depois desta alusão pouco mais haverá a acrescentar, a não ser um "Muito Obrigado Neca Rafael, por teres existido.
A memória do tempo não permitirá que a obra deste enorme artista fique sepultada no esquecimento, e talvez alguém se lembre de nos brindar com uma reedição dos seus muitos sucessos. Entretanto, fiquem com estes versos singelos, mas que exprimem toda a minha admiração por Neca Rafael.
Dom Neca Rafael
Este sentimento estranho
Que decerto nos invade
Tem a cor e o tamanho
Da nossa grande saudade
Este sopro de magia
Tem beleza e emoção
Nos versos há alegria
Na saudade há gratidão
O tempo tem na memória
Essa existência feliz
Dum nome que fez história
Na alma deste país
Nesta passagem menor
P' la vida, qual carrossel;
E com saudade e amor
Que se realça o valor
De Dom Neca Rafael
Texto e poema do poeta José Fernandes de Castro
Apoio iconográfico de Fernando Batista - Porto
Neca Rafael canta
Orquesta Barulheira
de sua autoria
DESTAQUE:
Logo após a publicação desta página, recebi do meu querido amigo Dr. Domingos Messias, este poema, (ver comentários)a que dou o destaque que merece, destaque que decerto não tinha no local dedicado aos comentários, agradeco a sua colaboração, pedindo desde já as minhas desculpas, por o fazer, sem lhe pedir autorização.
Conselho :
Era bom que alguns cretinos do "bota abaixo" com dor de c.., que mandam "bicadas" cobardemente anónimas, aprendessem como se comporta quem na realidade tem cultura para nos transmitir os seus conhecimentos, com classe e categoria.... aprendei, e mais vos digo estão perdoados, eu ainda me lembro de alguns (IF), leia-se SE,que aprendi com Rudyard Kipling
De Teixeira de Pascoaes, pseudónimo literário de
Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos(1877-1952)
«a sua saudade» em Poeta
Nos meus olhos, divina claridade
A minha pátria aldeia alumiou
Duma luz triste, que era já saudade.
Humildes, pobres cousas, como eu sou
Dor acesa na vossa escuridade...
Sou, em futuro, o tempo que passou-
Em num, o antigo tempo é nova idade.
Sou fraga da montanha, névoa astral,
Quimérica figura matinal,
Imagem de alma em terra modelada.
Sou o homem de si mesmo fugitivo;
Fantasma a delirar, mistério vivo,
A loucura de Deus, o sonho e o nada.
Deu-me hoje para recordar as salas de cinema, poiso das minhas fantasias, e causa de tantas "gazetas" às aulas.
Comecei a fazer cinema amador, em 8 mm ainda a preto e branco, tinha para aí os meus 18 anos, com a minha primeira máquina, adquirida a prestações. Mais tarde veio o 8 mm a cores e posteriormente o super 8 já com hipótese de banda sonora magnética.
O cinema foi uma das minhas paixões, assim como a fotografia, em ambos fui profissional, mais no cinema, onde fui produtor, director de som e realizador.
Como disse, lembro o passado para viver o futuro, sem saudosismos retrógrados .
Lembram-se?
Cinema Paris - à Estrela
Jardim Cinema ao Rato
Cinema Europa - Campo d´Ourique
Cinema Palatino ao Alto de Santo Amaro
Cinema Promotora ao Largo do Calvário Alcântara
Cinema Eden à Rua do Alvito em Alcântara
Cinearte a Santos
Cinema S. Jorge
Cinema Tivoli
Cine Esplanada do Parque Mayer ou seja Terraço do Capitólio
Eden Teatro
O Galo, situado no edifico do Eden Teatro
Cinema Condes
Cinema Odeon
Cinema Olímpia
Cinema Politeama
Cinema Chiado Terrace
Cinema S. Luiz
Cinema Loreto
Salão Lisboa, Martim Moniz
Cinema Nimas
Cine Palácio
Cinema Roma
Cinema Alvalade
Cinema Monumental
Cinema Mundial
Cinema Liz
Cinema Imperial ao Chile
Cinema Império
O primeiro filme a que assisti, foi História de uma Cantadeira, no Cinema Paris, levado pela minha tia Aida. Naquele tempo os miúdos desde que acompanhados, não pagavam bilhete, embora tendo que ficar sentados ao colo do familiar. Eu tinha cerca de 6 anos e fartei-me de chorar, pois minha mãe tinha falecido há relativamente pouco tempo, e aquela "Linda Senhora do filme", fez-me recordá-la. Passado pouco tempo venho a conhecer a tal "Linda Senhora!", que era grande amiga do meu avô, e que por vezes o transportava a nossa casa, depois de grandes noites de fado, ainda hoje recordadas por muita gente, — era a saudosa Amália Rodrigues.
Mais tarde depois dos filmes dos "cow-boys e índios" comecei a ver romances, e o que mais me marcou foi: CASABLANC
ALCINDO DE CARVALHO, nasceu em Lisboa, o pai era alfaiate e também aprendeu a arte.
Um dos irmãos tocava guitarra, e outro viola, e ele começou a cantar.
Estreou-se profissionalmente no “Faia”, onde esteve vários anos e mais tarde na Parreirinha de Alfama.
Tem uma dicção e tom de voz que muito se assemelham ao estilo de Carlos Ramos.
Gravou alguns discos e estreou-se na Televisão em 1974.
Lisboa Capital Mundial da Cultura em 1994, é convidado por Ricardo Pais, a participar num programa de fados no CCB, com José Pedro Gomes e Carlos Zel .
Faz parte do espectáculo “CABELO BRANCO É SAUDADE”, com Ricardo Ribeiro, Celeste Rodrigues e Argentina Santos, cuja estreia foi em 2005 no Teatro Nacional S.João no Porto,
espectáculo este, que já correu todo o país, assim como já teve vários apresentações no estrangeiro.
Alcindo de Carvalho
Canta: Tristeza Sai do meu Fado
Nota:
O Sr. Pedro Moreira, mandou-me mais alguns dados sobre a carreira de Alcindo de Carvalho, que acho ter de dar destaque.
Do blog do Teatro Municipal da Guarda, que encontra no endereço que referi acima passo a citar: "Alcindo de Carvalho é outro dos fadistas que emergiu das casas de fado e que integra o espectáculo “Cabelo branco é saudade”. Nasceu em Lisboa, no Bairro Alto, em 1932. Começou a cantar o fado com regularidade após ter sido seleccionado numa audição da ex- Emissora Nacional. Depois e a convite do guitarrista Carvalhinho, passou a cantar no restaurante Márcia Condessa. Mais tarde passaria pela casa “A Faia”, onde se apresentou ao longo de 14 anos ao lado de Lucília e Carlos do Carmo e Alfredo Maceneiro. Posteriormente transitou para “A Parreirinha de Alfama” e, mais recentemente, para o Clube de Fado. Foi homenageado em 2004 com o Prémio de Carreira, atribuído anualmente pela Casa da Imprensa".
1O de JANEIRO de 1978
Num trágico acidente de automóvel faleceu o cantor TRISTÃO DA SILVA
o mundo artista está mais pobre.
Faz hoje 30 anos que partiu do nosso convivio Tristão da Silva, já aqui tinha sido homenageado, mas hoje é sentidamente que o relembro.
Tristão da Silva, um alfacinha de gema, nasceu na Penha de França, em 17 de Julho de 1927.
Em 1937 usava o nome artístico Manuel da Silva passando a ser apelidado de “Miúdo do Alto Pina” é aos 10 anos de idade que é contratado pelo empresário José Miguel para actuar no Café Mondego, de que este é proprietário, mas devido a ser menor, a Inspecção de Espectáculos só lhe permite actuar aos Domingos às “matinée”.
Adopta finalmente o nome artístico de Tristão da Silva, durante a sua carreira tem imensos êxitos é raro o poeta que não deseja que ele interprete os seus poemas.
È frequentemente convidado para actuar fora do país, principalmente no Brasil, onde chega a ter um Restaurante com Fados, mas nunca esqueceu o colorido e o tipicismo da sua Lisboa, e acabo por regressar.
Tive o prazer de estar com ele em cartaz no Restaurante Típico Luso no Bairro Alto, quando da sua reabertura em 1971.
O seu vasto repertório em dividia-se entre o fado e a canção, mas Tristão da Silva quer em poemas de fado ou de canção, interpretava-os com tal “garra” que nos deliciava, não há dúvidas que tinha alma fadista, que foi um grande cantor. Aliás sobre Tristão da Silva. disse o grande poeta Carlos Conde:
Justamente consagrado
Todos sabem que o Tristão,
Tem sido grande no Fado
P´ra ser maior na canção!
Não pediu vez a ninguém
P´ra chegar onde chegou,
O prestigio que hoje tem
A seu tempo o conquistou!
O Tristão não é dos tais
Que julgam muito saber,
Por isso é que vale mais
Do que o julga valer!
Tristão da Silva canta:
Calçada da Glória
Autoria de: Álvaro Duarte Simões
Tristão da Silva Canta:
Lisboa é Sempre Lisboa
De Artur Ribeiro e Nobrega e Sousa
Nasceu a 9 de Abril de 1929
Fadista que aparece nos anos cinquenta do século vinte, esteou-se na Emissora Nacional como cançonetista onde obteve grandes êxito no célebre programa da época " O Comboio das Seis e Meia".
Começo a cantar o Fado e rapidamente se profissionalizou-se, tendo actuado praticamente em todas as Casas de Fado da época, A Severa, Tipóia, Adega Machado, Toca do Carlos Ramos e muitos anos na Parreirinha de Alfama, com um estilo muito próprio, e pessoa muito afável granjeado muitos admiradores e amigos, quer entre os clientes quer com os colegas.
A última casa de Fados onde esteve contratada foi no "Nónó", no Bairro Alto.
Pela mão do empresário Emílio Mateus, gravou para a editora "Estúdio", gravou 3 EP, onde se destacam dois Fados do seu repertórios - "Antes Só" e "Sou Tua".
Actuou no Teatro S.Luiz em 1963, na Festa de Consagração a Alfredo Marceneiro, de quem era amiga, também cantou muitas das vezes em parceria com meu pai, Alfredo Duarte Júnior
Faleceu na sua casa em Campo de Ourique no dia em que fazia precisamente 79 anos de idade. Foi a sepultar no Cemitério de Benfica.
Flora Pereira
canta: Chamaram-me Ovelha Negra
Letra de: João Dias
Música de: Jaime Santos
Recebi este mail do meu amigo Acácio Monteiro, que foi para mim uma novidade, assim publico o mesmo na integra
De: nunes [gilasio@gmail.com]
Enviado: segunda-feira, 7 de Janeiro de 2008 15:12
Para: fado.em.movimento@sapo.pt
Assunto: Uma curiosidade que me parece importante destacar
Constatei que numa entrevista feita a Mariza e publicada na revista TABU em 14 de Outubro de 2006 o seguinte texto, com algumas correcções semânticas feitas por mim:
“... já canto desde os 5 anos, mas cedo, não mais tarde que as dez e meia, punha o meu xaile e nessa altura tinha um cabelo enorme... Chamavam-me 'o passarinho'.
A minha mãe não achava piada nenhuma, mas o meu pai pegava em mim e íamos muitas vezes de moto, para as associações ouvir fados e cantar. Era um bicho, um vírus. Eu levava aquilo muito a sério, e já sentia a responsabilidade.
Nunca concorri à Grande Noite, o meu pai não achava piada a esse tipo de concurso e tentou proteger-me disso. Cantava fado vadio, mas nunca tinha entrado numa casa profissional. A primeira vez que tal aconteceu, foi na Adega Machado, tinha sete anos. O meu pai era muito amigo do filho do Alfredo Marceneiro, o Alfredo Duarte Jr., e ele convidou-nos, a lá ir uma noite, depois da ceia ele pôs-me em cima do pequeno palco e cantei, sem ter muito a noção do que era uma casa de fados profissional....
Em anexo uma provável fotografia do referido evento, aonde se destaca a famosa sala da Adega Machado. Para mim esta curiosidade revela uma cumplicidade histórica digna de referência e anotação.
Com um abraço de
Acácio Monteiro
Mariza aos 7 anos na Adega Machado
CUSTÓDIO CASTELO- Guitarrista. Esta é a minha homenagem ao músico e amigo, divulgando a sua composição, a Lisboa, inserida no seu último CD, só com músicas de sua autoria. Para saber mais sobre este grande artista:
VELHO FADO DE LISBOA
Custódio Castelo
é acompanhado por:
Viola : Carlos Velez
Viola Baixo: Fernando Maia
Partiu um homem do Fado, Vítor Francisco, poeta, editor do site "Terreiro do Fado" que muito contribuiu para a divulgação do Fado e de Portugal.
Todos os amantes do Fado lhe estão certamente agradecidos, lamentando eu, não o ter conhecido pessoalmente, mas é sentidamente que digo:
— Obrigado amigo Vítor por tudo o que deu ao Fado.
Vítor Marceneiro
Do nosso querido amigo o poeta Euclides Cavaco, tenho a honra de publicar esta sentida mensagem.
Olá amigos da poesia e do fado...
Vítor Manuel Moreira Francisco , insigne poeta e fadista
faleceu em Lisboa na noite de 31 de Dezembro
deixando o fado e a poesia de luto e muita consternação
no coração dos amigos.
Este é um póstumo tributo ao fadista e poeta/amigo.
TRISTE ADEUS
Adeus fadista partiste
À vida foste roubado
Deixaste a poesia triste
E ficou de luto o fado !...
Vítor Manuel Moreira
Francisco, já nos deixou
Dedicou a vida inteira
Ao fado que tanto amou.
Do fado grande expoente
Deu-lhe na alma guarida
Que nele estava presente
Como constante da vida.
O fado sentiu nobreza
Ao ser tão bem divulgado
Como canção portuguesa
No seu Terreiro do Fado.
Grande fadista e poeta
Com talento e com mestria
Que transmitiu à caneta
Enriquecendo a poesia.
Compartilhámos contigo
A tua franca amizade
Na alma de cada amigo
Fica uma eterna saudade !...
Euclides Cavaco
Em sua memória, dedico-lhe o poema "Silêncio... Hoje Morreu um Poeta", cantado pelo saudoso Tony de Matos, com letra de Rui Manuel e música de Vital d´Ássunção e acompanhado pela orquesta de Shegundo Gallarza.