EUCLIDES CAVACO , nasceu em Seixo de Mira, distrito de Coimbra onde concluiu a instrução primária.
Devido às carências económicas de então não lhe foi possível ingressar de imediato, como desjava, nos estudos secundários.
Contudo a sua vontade de estudar era manifesta, por isso ainda muito jovem decidiu ir para Lisboa a fim de conciliar o seu grande sonho de estudar, anseio que consumou tendo assim concluído em Lisboa o curso geral dos liceus e frequentado posteriormente os estudos superiores.
Euclides Cavaco começou a escrever poesia nos seus anos académicos e dela tem feito uma constante da vida.
Incondicionalmente apaixonado pelo FADO, foi talvez no FADO que encontrou a sua inspiração maior.
Por ele nutre uma transparente admiração consagrando-lhe grande parte da sua obra.
Em 1970 num impulso de aventura optou por se radicar no Canadá, onde continua a residir.
No Canadá concluiu o curso
Em 1974 com um grupo de amigos funda o programa de televisão Saudades de Portugal, de cujo foi apresentador.
Em 1976 é nomeado Comissário Público pelo Governo do Ontário.
Em 1980 liga-se à criação da RÁDIO VOZ DA AMIZADE, de que é director e locutor há mais de 26 anos.
Euclides Cavaco acaba de lançar o seu quinto livro de poesias, a que deu o título de HORIZONTES DA POESIA.encontra-se em Portugal, e já foi convidado a fazer várias apresentações da sua obra em diversas cidades do país.
A obra de Euclides Cavaco, é resumidamente a tenacidade de mais de 37 anos dedicados à divulgação da Língua e Cultura Portuguesa no mundo, dignificando com convicção patriótica o nome de Portugal da Nossa Gente e da nossa história.
Pelo mérito da sua obra tem recebido diversas distinções honoríficas entre as quais se destacam:
Condecoração oficial com a medalha de honra pelo Governo Federal do Canadá em 1992.
Agraciado com a medalha e diploma de reconhecimento pelo Ministério da Cultura Canadiana em 1993.
Premiado com o PRECOM da literatura em 2000 na cidade de Toronto.
Destacado pelo “ Free Press” numa edição especial em Maio de 2000 como “ The King of Little Portugal” .
Homenageado pela Assembleia da República Portuguesa com a medalha de mérito em 2001.
Em 2003 recebe o troféu por dedicação comunitária “John McKenna Award”
Distinguido com o troféu Prestígio e Dedicação das Comunidades Portuguesas pela revista Portugal em 2004.
Certificado de Mérito em 2005 pelos 25 da Rádio Voz da Amizade - CHRW
1º prémio no concurso literário da Associação Cultural Poética Mensageiro da Poesia em Maio de 2006.
Em 2007 é um dos 10 poetas convidados a fazer parte da obra : 10 rostos da poesia Lusófona no mundo, ainda em 2007 volta a ser-lhe atribuído o 1º prémio literário pela Associação Poética Mensageiro da Poesia.
O seu género poético tem atraído a admiração e preferência de diversos intérpretes do FADO, da canção e das baladas. Mais de 120 temas seus já foram gravados em CD. (Alguns estão disponíveis e audíveis na sua página)
Editou também já 5 CDS com mais de 70 récitas suas e assina diversas rubricas de poesia publicadas em conceituados jornais e revistas e, mantém participação activa em muitíssimas páginas na Internet.
Continua a recitar poesia com grande convicção Lusíada nas frequentes aparições e entrevistas concedidas à rádio , TV e nos espectáculos para onde é convidado , procurando glorificar sempre o nome de Portugal e
DESTE POVO QUE NÓS SOMOS.
OBRAS DO AUTOR :
VOZ DA
ECOS DA POESIA
NATAL DA DIÁSPORA
RETALHOS DE FADO
QUANDO O MEU CANTO É POESIA
Livros electrónicos:
TERRAS DA MINHA TERRA
RETALHOS DE FADO
FADO É A ALMA PORTUGUESA
PASSATEMPOS EM VERSO
Nota de destaque:
No próximo Sábado dia 2 de Maio, Euclides Cavaco recebe o colar da Ordem Nacional dos escritores pelas mãos do seu presidente o Dr. José Verdasca.
Poema dito pelo autor
ALMA DO FADO
Fado...
Meu fado amigo
Fado triste e magoado
P’las tristes penas da vida.
Ai...quantos silêncios
Comungas comigo
Por às mágoas dares guarida
Na tua alma de fado...
Fado
Meu fado confidente
Dos momentos de solidão
Meu fado feito gente
Que sentes no peito
A dor e a agonia...
E com emoção
A transformas com teu jeito
Em suave melodia
Que mitigas docemente
Nos versos duma poesia...
Fado
Meu refúgio e acolhimento
Que a alma sabes abrir
Para à angústia dares alento.
VÍTOR DUARTE MARCENEIRO
A tradição impôs-lhe o apelido Marceneiro), entrecruza-se com o Fado, através da sua descendência. Filho de Alfredo Duarte Júnior, o fadista bailarino, e neto de uma das figuras nucleares do Fado, Alfredo Marceneiro, Vítor Duarte cedo se habitua aos percursos e convívios fadistas.Aos sábados com 10 anos, acompanhava o avô ou o pai aos espaços fadistas, e as "passeatas" por Alfama ou Bairro Alto. Porém, afirma, nunca se sentiu pressionado para seguir qualquer carreira no Fado. Só aos 20 anos, este filho do bairro de Alcântara, cantou pela primeira vez em público. Teve ainda uma curta experiência no Restaurante Típico Luso ao lado de Tristão da Silva, Augusta Ermida e Plínio Sérgio, e gravou com o avô e o pai para duas discográficas. Seguirá aliás uma outra carreira profissional que abandonará para se dedicar ao cinema e à televisão. Será produtor executivo na Cinegra até Abril de 1974. Como independente, foi produtor e realizador do jornal cinematográfico "Bric à Brac" e de vários documentários e filmes de publicidade. Em 1975 integra os quadros do Instituto Português de Cinema como Chefe de Produção, mais tarde exerce em simultâneo as funções de operador de som, e posteriormente assume a direcção de som, aliás como bolseiro licenciou-se em engenharia de som.Correspondente das televisões CBS e ARD, em 1979 foi produtor e director de som do programa da RTP 1, "Marceneiro - Três Gerações de Fado", o último registo em filme de Alfredo Marceneiro. Descobre assim o interesse por uma outra faceta a cantar, em vários espectáculos e programas de televisão, até em 1995 editar o seu primeiro livro: "Recordar Alfredo Marceneiro", a que se seguiu em 2001, "Marceneiro - Os Fados que ele cantou" e, em 2004, "Recordar Hermínia Silva".Realiza várias conferências sobre temas e figuras fadistas, nomeadamente o seu avô, mas também Hermínia Silva, Berta Cardoso, Manuel de Almeida, entre outros.Actualmente está empenhado em colocar Lisboa no Guíness Book como "a cidade mais cantada no mundo". No âmbito deste seu intento mantém activo o blog:
http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt
onde divulga as suas investigações, nomeadamente fixando biografias de vários fadistas, poetas e músicos de fado, para além de referenciar as diferentes temáticas fadistas.Em 2008 é galardoado pela Fundação Amália Rodrigues com o prémio ENSAIO/DIVULGAÇÃO
LISBOA DE CAMÕES, VIEIRA , PESSOA.....
..........E OUTROS NOMES DE PROA
É com grande honra que tenho o prazer de apresentar pela primeira vez em público, o poema e a música vencedora do concurso para a grande "Marcha de Lisboa de 2008".
Sinto-me sensibilizado pela distinção com que os autores me agraciaram, ao aceitarem o meu pedido.
Para realçar esta obra fiz este singelo video-clip, como preito de homenagem aos seus autores.
Devo no entanto informar que no caso do poema é a versão final, mas no que respeita à música e à interpretação, esta gravação foi somente a base para apresentação a concurso, pelo que haverá decerto uma orquestação final.
Letra de: José Luís Gordo
Música de:Professor Arménio de Melo
Voz: Vanessa alves
Nota: Este composição está protegida por direitos autorais, pelo que é proibida a sua reprodução, sem autorização expressa dos autores. No entanto o poema pode ser transcrito somente para efeitos de divulgação.
MARCHA DE LISBOA 2008
Lisboa de Camões, Vieira e Pessoa
Letra de: José Luís Gordo
Música de: Arménio de Melo
Dos telhados encarnados
E o Tejo cheio de estrelas
Nos olhos dos namorados
E no Chiado janota
Sentado na Brasileira
Lá está falando Pessoa
No Padre António Vieira
refrão
Olá Lisboa
Cidade das sete colinas
Do Camões e do Pessoa
De tantos nomes de proa
E das antigas varinas
Olá Lisboa
Dos poentes cor-de-rosa
Da sua Sé já velhinha
Tão perfeita e tão formosa
Cidade mulher rainha
Dos amores e ilusões
Da saia Augusta e garrida
Do Terreiro de paixões
Da Liberdade da vida
De espelhos feitos de mar
Senhora de Fado e saudade
Onde Alfamas se penteiam
Seis letras, nome, cidade
refrão
Olá Lisboa
Dos poentes cor-de-rosa
Da sua Sé já velhinha
Tão perfeita e tão formosa
Cidade mulher rainha
Em notícia publicada hoje no jornal, “Diário de Notícias” e depois de através da Agência Noticiosa “Lusa” já termos tomado conhecimento dos galardoados para os prémios “Carreira” e “ Instrumentista”, tivemos hoje conhecimento dos restantes comtemplados, assim como a constituição do respectivo júri.
Galardoados na III Gala AMÁLIA
Ana Moura.............................. Melhor intérprete
Beatriz da Conceição ......... Prémio carreira
Carlos M. Proença............... Melhor instrumentista (Viola)
Marco Rodrigues................. Prémio revelação
Moniz Pereira........................ Prémio Composição/poesia
Pedro Moutinho................... Melhor Álbum
Vítor Duarte (Marceneiro)... Ensaio/divulgação
Composição do Júri
Américo Lourenço........Juiz e vogal do C.A. da Fundação Amália
Gabriela Canavilhas......Pres. Orquestra Metropolitana de Lisboa
Helder Moutinho.............Fadista/autor/produtor
MachadoSoares.............Juiz Conselheiro, autor/compositor
Nelson Tereso.................Advogado e vogal na Fundação Amália
Nuno Lopes.....................Jornalista
É evidente, que é sempre satisfatório, ver o nosso trabalho reconhecido, pelo que me sinto grato pela distinção que o júri me conferiu. No entanto, não quero deixar de recordar todos aqueles que à semelhança do trabalho que tenho vindo a desenvolver se dedicam igualmente ao estudo e divulgação do Fado, esperando, que possam também ter a satisfação de virem a ser galardoados, e sentirem a mesma alegria e emoção que eu senti quando tomei conhecimento desta nomeação.
Aproveito ainda para recordar, o galardoado que me antecedeu, Prof. Rui Vieira Nery.
Arménio de Melo nasceu em Santa Maria de Lamas, Feira, em 1953.
Aos 13 anos de idade iniciou a aprendizagem da Guitarra Portuguesa com o Guitarrista Manuel dos Santos, profissionalizando-se por altura de 1968. Em 1978 já integra o consagrado conjunto do Prof. Martinho d'Assunção.
Estudou no Instituto Gregoriano de Lisboa e possui o curso complementar de música pela Academia de Amadores de Música e a Licenciatura em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa. Foi professor na Academia de Amadores de Música, Escola Profissional e Conservatório Regional de Almada, Conservatório Regional de Loures, Conservatório Regional de Palmela. Actualmente lecciona Guitarra Portuguesa, no Musicentro (Salesianos, Oficinas de S. José, Lisboa) onde dirige cursos de Guitarra Portuguesa, de Viola de Fado e de Canto de Fado.
Em 1975 dá-se a sua primeira apresentação no estrangeiro, onde para além de acompanhador de fado, apresenta verdadeiros recitais de Guitarra Portuguesa, bastante apreciados pelo público.
Já actuou em todos os países da Europa Ocidental, na ex União Soviética, Canadá, E.U.A, Brasil, Venezuela, México, Angola, África do Sul, Cabo Verde, Costa do Marfim, Senegal, Moçambique, Japão, Hong-Kong, Macau e Índia.
De todas estas tournées, muitas delas já repetidas, salientam-se as seguintes apresentações:
Suécia: Lulea - para as Nações Unidas; Estocolmo - com a presença do então primeiro ministro Olof Palme; Malmo - para o Congresso Social Democrata.
França: vários festivais com «Visages de Ia Guitarre» (1985-86); Festival de Albi (1989); «Rendez- vous de Ia Guitarre» (1994), Expo Lingue Paris (1999 e 2004). Espanha: Festival Internacional de Folclore do Mediterrâneo (1989); aniversário da TV Galiza (1990); Festival de Jazz de Sevilha (1994), Festival de Segóvia (1994), Casa da Cultura de Madrid (1995), Rádio Nacional de Espanha (1996). Suiça: Festival de Genève.
Brasil: Canecão, Rio de Janeiro (1992-93); Memorial da América Latina, S.Paulo,
Venezuela: Centro Português de Caracas com a Orquestra Sinfónica Venezuela; um CD com a mesma; Teatro Teresa Carreño " As Cordas que nos Unem" (1996), Festival de Música El Hatillo (1997).
Alemanha: grande quantidade dos quais se destacam a Alte Opera Franquefurt (1992), Universidades de Estugarda (1989), Mainz e Mainheimm (1999) e ZDF (Televisão) vários.
Japão: “Feira Internacional de Tokio” (2003).
México: 4ª Semana Académica da Universidade de Guanajuato (2003).
Portugal: inúmeros recitais, Lisboa Capital da Cultura, Teatro S. Luís, (1996), Expo 98 Palco Promenade e Teatro Camões, Encontros Lusófonos Praça da Ribeira (produtor e executante), Cimeira Ibero-Americana Porto (produtor e executante) (1998) e Amália, Musical de Filipe La Féria desde 2000. Um sem fim de registos discográficos na área do fado bem como outros géneros musicais e até ao momento, 11 CDs a solo.
Em 2008 compõe a música vencedora para a Grande Marcha de Lisboa 2008, com poema de José Luis Gordo.
Arménio de Melo
Toca acompanhado pelos violistas
Jaime Santos Jr. e José Elmiro
A melhor forma de recordar e homenagear esta "Grande Cantadeira de Fados" é ouvi-la cantar
Flora Pereira canta:
SOU TUA
Letra Domingos Costa
Música Casimiro Tamos
O Fado está de luto, deixou-nos Flora Pereira.
Faleceu precisamente no dia em que completava 79 anos, nasceu em Lisboa, no Bairro de Alcantara a
9 de Abril de 1929
Lisboa, 09 Abr (Lusa)
A fadista Flora Pereira, 79 anos, foi hoje encontrada morta na sua residência em Lisboa, disse à Lusa fonte da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado (APAF).
"Morreu no dia em que completou 79 anos", observou mesma fonte.
O corpo da fadista encontra-se em câmara ardente na Igreja de Santo Condestável, onde será rezada missa de corpo presente quinta-feira, realizando-se em seguida o funeral para o Cemitério de Benfica, às 15:00.
Flora Pereira, com uma carreira de mais de 50 anos, começou como cançonetista na Emissora Nacional e chamou à atenção dos críticos no programa radiofónico "Comboio da seis e meia".
Na década de 1950, enveredou pela carreira de fadista e em 1963 integrou o elenco da Festa de Homenagem a Alfredo Marceneiro ao lado de nomes como Berta Cardoso, Fernanda Maria, Carlos Ramos, Estela Alves, Hermínia Silva, Maria Amorim, Max, Fernando Farinha, Lucília do Carmo, Teresa de Noronha e Argentina Santos.
"Teve vários êxitos, nomeadamente de Alberto Ribeiro, como o fado 'Antes só'", lembrou à Lusa o editor discográfico Emílio Mateus, que em 1971 gravou um LP da artista.
"Outro êxito seu foi o fado 'Sou tua', que interpretava como ninguém", referiu por seu lado o fadista Hélder Moutinho, que com ela cantou na casa de fados Nónó, no bairro Alto, em Lisboa.
Além de actuar nesta casa de fados, Flora Pereira integrou os elencos da Nau Catrineta, Parreirinha de Alfama, e, mais recentemente, o Dragão de Alfama.
"Voz bonita, clara e melodiosa" são qualificativos que lhe atribuem o poeta José Luís Gordo e o editor Emílio Mateus.
Tinha "uma voz muito fadista, de bonito timbre", disse o investigador Vítor Duarte Marceneiro.
NL.
Lusa/Fim
Agradeço a colaboração de Ofélia Pereira e Ferdando Baptista
http://fadocravo.blogspot.com/ que é
Blog a visitar pelos amantes do Fado, pois lá acontece Fado.... Fado.
Fado Bailado
de Alfredo Marceneiro
execução :
Guitarra Arménio de Melo
Violas Jaime Santos Jr. e José Elmiro
EU TAMBÉM TIVE UM SONHO
Na minha cama, só, estava deitado e, sem poder dormir, pus-me a sonhar — que eu sonho muitas vezes acordado e o que sonhei então vou-lhes contar: tive um pesadelo, em que eu, por conveniência, era comunista, membro de uma loja política, e que principiava com a minha ida ao Ministério da Cultura, onde o ministro me incumbia, não sem alguma pompa — que eu, no sonho mau, era algo presunçoso —, de superintender, junto da UNESCO, à candidatura do Fado a obra-prima do património oral e imaterial da humanidade, para o que me constituía em embaixador daquela ciclópica tarefa. O ministro disse-me ainda para formar uma equipa que trabalhasse comigo todos os pormenores para o bom sucesso da empresa.
Mal saí do Palácio da Ajuda desatei a falar ao telemóvel, primeiro para convidar uma jovem fadista em ascensão — achei de bom tom acrescentar algum ar hodierno à coisa —, depois um musicólogo de renome, de esquerda, como convém, finalmente o Museu do Fado, apoiado em várias associações da guitarra, do contrabaixo, do clarinete e de outros castiços instrumentos.
À medida que o pesadelo avançava, dei comigo a idealizar a cena em que o presidente Cavaco Silva me condecoraria com a Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, e uma onda de jactância abateu-se sobre os meus cabelos brancos, um tanto ralos, antecipando o êxtase pelos dividendos de triunfar onde o afamado tango fracassara. Mas a minha altivez, nessa fantasia, não conhecia limites e pus-me logo a pensar noutras glórias, noutras honrarias, eu tinha de ir mais além, o meu prestígio derrubaria fronteiras. Foi com algum arrepio que me imaginei no Itamarati, em cena idêntica, o Lula a galardoar-me com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, da mesma forma enternecida com que abraça o Chávez e, com mais alguns empenhos de peso, a receber até a Legião de Honra, lamentando, porém, que o “mon ami” Mitérrand já não fizesse parte do mundo dos vivos, pois não teria de renegar o meu comunismo oportunista a fim de entregar o tórax nas mãos do reaccionário Sarkozy. Quanto à da Jarreteira e do Banho, paciência, ficava de fora, tal como a Inglaterra que não integra o lote dos 170 países que subscreveram a Convenção.
E foi nessa altura do pesadelo que me ocorreu uma luminosa ideia que me ajudaria pela certa a atingir aqueles desideratos e mais alguns: dado que, além da Inglaterra, os Estados Unidos da América também estavam de fora da venturosa Convenção, eu teria apenas de agradar à maioria dos estados aderentes, quase todos do terceiro mundo. Como? Muito simplesmente lançando a teoria de que o fado nascera em África — Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné — e na América do Sul — Brasil e Rio da Prata. Estava feita a pombinha, deixava de fora a Ásia e a Oceânia, porque era um pouco complicado arranjar analogias entre a música fadista e as daquelas paragens, mas os estados desses continentes sensibilizar-se-iam com o aplauso dos seus pares africanos e sul-americanos. Os portugueses poderiam levar isso a mal, mas quem se rala com a indignação lusitana perante a minha ambição? Nada me deterá. Imediatamente após esta minha conclusão ouvi um burburinho, surgiram numerosos e agitados vultos na minha direcção, apavorei-me.
E eu que andava para ali entontecido, com o sol, com a luz, com a algazarra; de repente, porém fui atraído pelo doce trinar de uma guitarra: era o fado, mas o fado rigoroso, cantava-o a Severa a preceito, com a guitarra nas mãos do Vimioso tangia anseios de fogo no peito.
É verdade, era uma turba imensa, como se fora uma manifestação da Intersindical (que saudades!), só que encabeçada por Luiz de Camões, Fernando Pessoa, Alfredo Marceneiro e Amália Rodrigues — fiquei como que paralisado. Junto à cabeça da manif lobriguei ainda Sophia de Mello Breyner Andresen, David Mourão-Ferreira, Miguel Torga, Pedro Homem de Mello, António Botto, tudo poetas que eu cantei, consegui até ver o O’Neill escrevinhando uns versos a ridicularizarem-me, enquanto a multidão se ia aproximando de mim, sufocando-me, e eu a reconhecer cada vez mais rostos, Maria Teresa de Noronha, Ercília Costa, a “santa” do Fado, Armandinho, José Nunes e Jaime Santos, com uma fita negra nas guitarras, Carlos Ramos, Manuel de Almeida, Hermínia Silva, Júlio Gomes, Alfredo Mendes, Martinho d’Assunção, Joaquim do Vale (“covinhas”), Pedro Leal, Manuel Martins, José Inácio e Francisco Perez Andión, o meu Paquito, todos eles com fumos nas violas. O pesadelo atingia o seu auge, com tantos olhares de desprezo em cima da minha pessoa, todos os meus mestres, todas as vozes, os tocadores, os poetas e os compositores que eu idolatrei, Júlio Peres, Frederico Valério, Lucília do Carmo, Alain Oulman, Berta Cardoso, Fernando Farinha, José António Sabrosa, Carlos Conde, Henrique Rego, os dois Joões, Linhares Barbosa (o autor do “Pierrot”, sob o pseudónimo de Luís de Sousa) e Silva Tavares, Manuel de Andrade, Vasco Lima Couto, Joaquim Campos, Júlio Proença, os manos Porfírio, Ricardo e José, João Soares Fernandes (“ferro-velho”), também Fernando Maurício, Carlos Zel, e muitos mais. Estava ali o fado inteiro — como cantou o Marceneiro, o fado que eu traíra da forma mais vil e videirinha.
Camões adiantou-se então a todos e proferiu, num timbre forte e muito bonito, a fazer lembrar Manuel Alegre: “para trás, fadista ímpio e traidor aos teus, já não és digno da nossa pena, das nossas liras, do nosso canto. A partir de agora, doravante e para o futuro, não mais, não mais, voltarás a cantar esta canção!”
Senti um frio inumano a percorrer-me o corpo todo. Acordei encharcado em suor e dei graças a Deus por tudo não passar de um sonho, ainda que sinistro.
E eu então, fadista como era, peguei numa guitarra e fui tocar. Cantei ao desafio com a Severa, mas isto meus senhores, foi a sonhar. E ainda bem, porque mal acordei pus-me foi a cantar quadras do Luis Vaz e do Fernando, com complemento da Rodrigues, assim uma espécie de verso de pé quebrado, ao qual, como vocês todos sabem, se chama versículo. Claro que o cantei na famosa melodia do Tio Alfredo, que lhe deu o mesmo nome. De seguida adormeci profundamente, em paz com a minha consciência.
Lisboa, 5 de Abril de 2008
João Braga
P.S. As palavras em itálico são extraidas de uma letra de Francisco Radamanto que eu, no que toca a autorias, não brinco. Nem sequer em sonhos.
Martin Luther King, foi assassinado há 40 anos por ter tido a ousadia de SONHAR, numa sociedade racista e intolerante .
MESMO QUE ISSO LHE CUSTE A VIDA , SEMPRE QUE UM HOMEM SONHA, O MUNDO PULA E AVANÇA
Manuel Freire canta:
Pedra Filosofal
Poema de António Gedeão
Música de Manuel Freire
PEDRA FILOSOFAL
Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altos
Em que verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul
Eles não sabem que o sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Num perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral
Pináculo de catedral
Contraponto, sinfonia
Máscara grega, magia
Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distante
Rosa-dos-ventos, Infante
Caravela quinhentista
Que é Cabo da Boa Esperança
Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e Arlequim
Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora
Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança
HÁ ESQUECIDOS.... HÁ IGNORANTRES ....HÁ COMPLACENTES... TANTOS OPORTUNISTAS...HÁ .... as imagens falam por si, e o texto também.
...
Das normas mais experimentais das décadas de 1910 e 20 sobreviveu apenas o fenómeno isolado do Versículo —
... um fado regular de quadras em redondilha maior mas em que a cada verso foi acrescentada um hemistíquio adicional de três sílabas, mantendo-se a obrigatoriedade da rima entre os finais dos heptassílabos originais mas verificando-se nova rima entre os finais dos hemistíquios assim apostos. Marceneiro celebrizar-se-á neste sub-género pelos fados Laranjeira e Versículo, reelaborações melódicas, respectivamente, dos fados Corrido e Menor de forma a acolher esta extensão da estrutura métrica original.
...
Texto de: Prof. Rui Vieira Nery , retirado do seu livro
"Para uma História do Fado" editado em 2004.
Rui Vieira Nery foi consultor musical para o "Filme Fados" de Carlos Saura , e como se recusa a tomar uma posição sobre a questão levantada, diz o povo e tem razão " QUEM CALA CONSENTE".
Pelo que me é licito deduzir:
A MÚSICA DO FADO MENOR, COM COMPLEMENTO DE VERSÍCULO É DA AUTORIA DE ALFREDO MARCENEIRO.
ou então
1º Na opinião do Prof. Rui Vieira Nery , a música que Carlos do Carmo canta. nos versos com versículo de Fernando Pinto do Amaral, é a música do Fado Menor, música popular, e sem autor conhecido há mais de 100 anos.
2º E assim sendo, o Prof. Rui Vieira Nery , aceita que a Academia Espanhola, tenha optado por conselheiro musical, o produtor Ivan Dias, e confirma que, o Fado Menor é uma música original, mas composta em exclusivo para o filme "Fados"!, sendo o seu autor, Carlos do Carmo, e portanto está conforme os requisitos do Artº 13º, dos seu regulamentos. (afinal quem é o consultor musical? !)
Coincidências:
Carlos do Carmo é filho de Alfredo de Almeida e Lucília do Carmo, que foram dos maiores amigos do meu avô, e ele deles, era mesmo amizade não eram negócios.
Rui Vieira Nery é filho do grande guitarrista e também amigo e admirador de meu avô, Raul Nery , que o acompanhou e com quem conviveu desde miúdo. Felizmente ainda está entre nós, mas por uma questão de lisura nem me passa pela cabeça abordar com ele esta questão, pedindo-lhe a sua opinião.... Também sou pai.
Fernanda Maria canta:
Poema "AUSÊNCIA " de João Linhares Barbosa
Música "FADO VERSÍCULO" de Alfredo Marceneiro
Nota: Quero agradecer a colaboração
AINDA GOYA por Zé da Viela
Em tão pouco tempo, o Jornal de Noticias, faz duas entrevistas a
Para que servem então as entrevistas ? Não deveriam as entrevistas servir, para dar voz às pessoas envolvidas, e proporcionar o esclarecimento das duvidas existentes ?
Não é estranho, que a imprensa, não entreviste, e não tenha a curiosidade ( ou dever ? ), de conhecer a opinião de outros intervenientes, tão importantes, como o produtor, o realizador, o autor da letra, e o musicólogo Rui Nery ? Porquê sempre, e só
É uma hipótese que se pode admitir. (1)
Nem sequer o autor da letra, merece uma oportunidade, de na comunicação social, se pronunciar, sobre o assunto, ele que foi o verdadeiro ganhador, ( o poema é na verdade original ), e que foi, quem, em palco, recebeu o Goya ? Isto não é estranho ?
E, não é estranho, que Rui Vieira Nery , tão "embrenhado" no Fado, autor de um livro, que se pretende seja importante para a História do Fado, se remeta ao silêncio ?
E, não é também muito estranho, que nenhum órgão de comunicação, tenha abordado uma pessoa, que muito tem escrito sobre o assunto, no Portal do Fado, com o pseudónimo de Fernando Zeloso, e, que nem sequer tenham transcrito afirmações importantes, que os textos que tem escrito contêm, tendo ele, ao que me parece, enviado os referidos textos para a imprensa ?
Fado é cultura, e, nenhum organismo oficial com responsabilidades na vida cultural se pronuncia ?
Caros amigos, tudo isto, já é mais do que estranho, é uma vergonha !
O que já começa a não ser estranho, é o comportamento de
É lamentável , e perfeitamente reveladora da sua forma de estar na vida, a afirmação que faz, de que a polémica só faz sentido, quando existe ao nível do 5º andar, e não da subcave, porque esta afirmação, já ultrapassa o Fado e o Prémio Goya . Quero crer, que o próprio
Como é possível , que um homem , que , sempre se afirmou ser politicamente de esquerda, faça esta descriminação, entre a subcave e o 5ºandar ? Será que quem vive na subcave, ( por não ter posses para mais, mas vivendo honradamente), não poderá ser tão ou mais digno, e respeitado, do que os que vivem, no luxo dos 5ºs . andares ?
É por estas e por outras, que nós temos a esquerda que temos....
E, ainda vem falar no que lhe dita a sua consciência ? Mas que consciência ?
Zé da Viela
Publicado Segunda-feira, 31 de Março de 2008,
in : http :/ vieladofado.blogs.sapo.pt /
(1) O destaque é da minha responsabilidade e irei na próxima crónica comentar e acrescentar mais alguns dados relevantes sobre este assunto.