Para mim já o afirmei várias vezes, o poema LISBOA de Artur Ribeiro, é um dos mais bonitos e identificativos dos sentimentos de quem ama Lisboa.
Já aqui editado, mas desta vez, tenho o prazer de vos apresentar a Lenita Gentil a cantá-lo, e ainda imagens dos quadros, desse grande Mestre que se chama Real Bordalo, que também canta Lisboa pintando.
LISBOA
Autor Artur Ribeiro
Canta Lenita Gentil
Nasceu em Estremoz a 24 de Junho de 1893, onde passou a sua infância e parte da adolescência. Aos 13 anos descobre-se poeta, tendo publicado o seu primeiro livro de versos Nuvens aos 18 anos.
A sua vida literária virou-se predominantemente para a poesia, mais de quatro dezenas de obras poéticas publicadas. Mas também dedicou muito do seu tempo e imaginação ao teatro. Escreveu mais de nove dezenas de peças, entre dramas, comédias e farsas. Mas foi no teatro ligeiro (opereta e revista) onde melhor se encontra, pelo tom popular que empresta a quase tudo o que escreve. Na sua vasta obra assinalamos ainda duas novelas, algumas crónicas, estudos históricos e biografias.
Foi durante cerca de trinta anos chefe da Secção de Coordenação de Programas da Repartição dos Serviços de Produção da Emissora Nacional. Aqui desenvolveu intensa actividade, dinamizando programas ligados à poesia e ao teatro. No seu testamento deixou como legado à Biblioteca de Estremoz mais de uma dezena de manuscritos das suas obras, um bronze, uma tela e as insígnias das condecorações com que foi distinguido.
Embora haja quem não dê grande destaque à sua obra para o Fado, ele foi um grande poeta, com alma bem fadista, lembremo-nos de algumas das suas criações, que foram grande êxito para os repertórios de Amália Rodrigues e Alfredo Marceneiro.
Para Amália Rodrigues, Céu da Minha Rua, Elogio do Xaile, Que Deus me perdoe, etc.
Para Marceneiro, A Casa da Mariquinhas, Mariquinhas 50 Anos depois e Fado da Balada.
QUE O FADO PERTENCE Á HISTÓRIA,
JÀ NÃO PODE SER NEGADO
O MARCENEIRO É A GlÓRIA
MAIS DIGNIFICANTE DO FADO
HOJE FORAM ACTUALIZADAS VÁRIAS PÁGINAS DO BLOG
"ALFREDO MARCENEIRO é só fado..."
um Blog sobre a vida e obra de meu avô, Alfredo Marceneiro, tal como já o fiz em livros e video.
Espero a vossa vista e que seja do vosso agrado, todos os comentários e sugestões são sempre bem recebidos.
http://alfredomarceneiro.no.sapo.pt/
http://alfredomarceneiro.blogs.sapo.pt/
Sobre este tema, tenho montado um espectáculo/conferência, em que com a colaboração de outros fadistas, e com a ajuda de um diaporama projectado em video, se oferece um espectáculo com dignidade, e em que o Fado acontece, em moldes inéditos, espectáculo este, que tem merecido o agrado das entidades e organizações que nos têm contratado.
Para mais informações: fado.em.movimento@sapo.pt
Telefone
Jerónimo Jorge Parola Caracol nasceu em 1959, no Lugar de Casaínhos – Fanhões Loures, pelo que tem muito orgulho em ser um “saloio” de gema.
Foi criado em conjunto com os avós, e uma das mais belas recordações que tem desde miúdo, e que marcou o seu gosto pela música, conta quase com uma lágrima no olho ao lembrar a avó materna que tocava gaita de beiços, o que não era muito vulgar na época para as mulheres. Toda a gente na aldeia achava muita graça ouvir o jovem Jerónimo acompanhado pela avó nas modinhas bem populares e saloias.
Durante a sua adolescência foi experimentando todos os géneros musicais, mas o fado e o folclore foram sempre os seus preferidos.
Andou no Liceu Camões até ao 5º ano, aos 16 anos, parou pois a vida é dura, e era necessário começar a trabalhar para ajudar os pais, foi trabalhar para uma firma de electromecânica. Entrou como aprendiz, mas cedo começou a ter mais responsabilidades, porque tinha gosto e dedicação pelo que fazia, e, assim, passou a oficial de primeira, tinha cerca de 18 anos. Casou e foi pai muito cedo, e portanto sabia que tinha que se dedicar com o máximo das suas capacidades para progredir e sustentar a família. Infelizmente sofreu um acidente de trabalho provocado pela explosão de um quadro eléctrico que fez com que estivesse bastante debilitado durante vários meses.
Estava com 24 anos e decide começar uma nova etapa da sua vida. Faz sociedade com um familiar, e criam uma empresa de distribuição de bebidas e produtos alimentares, que se mantém até hoje estável.
O gosto pela música. quer nas horas boas, quer nas más, manteve-se. Canta o seu Fado, aquele Fado que se canta por amor e que consideramos que faz parte da nossa vida, não esquecendo as modinhas da sua juventude.
Sempre que tinha oportunidade frequentava recintos onde acontecia Fado, e
Em 1992 participou no Concurso de Fados organizado pelo radialista Fernando de Almeida, na Rádio Voz de Lisboa, denominado “Lugar aos Novos”, cujo prémio para os 12 finalistas era fazerem parte da gravação de um LP. Como foi um dos nomeados, gravou o tema que ainda hoje considera a sua coroa de glória “ANJO DE LOURES”, tema este que sempre que actua, o público e os colegas lhe solicitam.
É frequentemente convidado para festas de beneficência, às quais nunca deixa de dar o seu contributo. Hoje em dia há já muitas colectividades a pedirem a sua colaboração para organizar eventos de Fado.
Como não faz parte de nenhum “lobbie” decide gravar um CD ás suas custas, mas que tem sido bem aceitem nas rádios…. Desculpem, queria dizer nas Rádios Locais, as tais que não têm subsídios, mas tocam música portuguesa.
Jerónimo Caracol
canta "ANJO DE LOURES"
Letra de Julio Vieitas Música Pedro Rodrigues
Fernando Jorge Aniceto Silva nasceu na bonita vila de Óbidos, em 1966.
Desde muito jovem que sentiu o gosto para a música, o pai cantava fado como amador, o tio Guilherme, irmão de seu pai, vendo o seu gosto pela música ofereceu-lhe uma guitarra, que Fernando ainda se recorda que lhe parecia maior do que ele, pois tinha só12 anos.
Como o tio Guilherme dava alguns “toques” na guitarra, e por vezes até dedilhava para pôr o irmão a cantar, o jovem Fernando não tirava os olhos dos dedos do tio, lembra-se que lhe parecia um acariciar do instrumento.
Como havia em casa discos de Fado, começou sozinho a tentar reproduzir os tons que ouvia. Passado pouco tempo ainda de calções, já acompanhava nas festas populares alguns amadores lá da terra, e era muito aplaudido.
Entretanto estuda e tira o curso de "Desenhador Projectista de Moldes" , e chega a trabalhar numa empresa na Marinha Grande.
Mas o seu “hobbie” é tocar guitarra, e, assim todos os fins-de-semana era vê-lo em locais onde houvesse Fado, agarrado à sua guitarra.
Quando andava a estudar, era seu professor de educação física, o baterista Tó Freitas, que conhecia os seus dotes a tocar guitarra, como mais tarde abraça a profissão só de músico, é convidado por Júlio Isidro para a banda do seu programa na RTP – Luzes da Ribalta, e como precisavam para as partes de Fado de um guitarrista, lembra-se do Fernando e convida-o para ser o guitarrista residente, onde se manteve cerca de um ano.
Em 1990 foi convidado por
È convidado por Nuno da Câmara Pereira, no auge da sua carreira para seu guitarrista privativo, fazendo parelha com os violistas Carlos Garcia (Cajé) e Fernando Maia, com quem sempre se manteve enquanto este só fazia espectáculos. Mesmo agora, o Nuno quando actua não dispensa o Fernando como seu guitarrista, assim como quando grava.
Actuou em diversos recintos com Fado, destacando-se O Faia, Grand`Tasca, Luso e outros.
Nas “Quartas de Fado no Wonder Bar” no Casino Estoril,
A partir do ano 2000, começa a acompanhar o fadista Rodrigo, fazendo parelha com o violista
Em simultâneo é solicitado para acompanhar outros artistas, tais como, Mafalda Arnauth, Dulce Pontes com quem gravou um álbum duplo e um DVD em Istambul, gravou um CD de instrumentais, com produção e músicas Pedro Brito, e arranjos Ramon Gallarza.
Gravou ainda com Teresa Tapadas, Lenita Gentil, Entre Vozes,
Quando Mariza apresenta na Antena 1, o seu primeiro disco, é
Fernando Silva executa
uma criação sua
Sons do Infinito
Acompanhado à viola por Cajé
e João Moreira viola baixo
Mário Pacheco nasceu em Lisboa. (Em que bairro?)
Filho António Pacheco, que tinha um negócio de mercearias, e que durante alguns anos era o guitarrista contratado no Solar da Hermínia.
Decerto por influência do pai começou tocar viola. Estudou solfejo e guitarra clássica na Academia de Música de Lisboa. Chegou a tocar em algumas casa de fado como viola de acompanhamento.
Começou a interessar-se pela guitarra portuguesa.
Estudando a técnica da guitarra portuguesa, também compôs as suas próprias músicas.Músicas de sua autoria foram cantadas por muitos fadistas e cantores dos quais se destacam Amália Rodrigues, Mariza,
Em 1992 é editado um álbum seu “ Um outro Olhar”, depois “Outro Olhar” e seguiram-se “Guitarras do Fado” e ainda as compilações “Cantar Amália” e “Guitarra Portuguesa”.
Dos inúmeros espectáculos em que tem participado, destacam-se as suas actuações no World Festival of Historical Citys (Kioto- Japan); no Festival das Guitarras de Cordoba, Mitte Europa Festival
( Munich), em Nápoles com Amália Rodrigues e Roberto Murolo, no Festival de Literatura da Noruega, em Lillehamer e na Expo 98.
É proprietário da Casa de Fados “Clube de Fado”, que abriu nos anos noventa, que é hoje um local de referência.
Foto na Adega Machado, em que Mário Pacheco ainda violista acompanhou Alfredo Marceneiro.
Historiador licenciado, Etnógrafo. Escritor e poeta-cronista.
Flaviense de gema, pois foi na cidade de Chaves que nasceu.
Embora vivendo no Sul, não falta com a sua colaboração no semanário Notícias de Chaves, é responsável por uma página que aborda temas diversos de cunho cultural, e onde dá grande destaque à poesia.
Encetámos contacto através do nosso comum amigo o poeta Fernando Pinto Ribeiro. No passado mês de Junho enviou-me alguns poemas seus, dedicados ao projecto Lisboa no Guiness, dois dos quais agora aqui publico, com os meus agradecimentos.
REPE DO FADO VADIO
Poema de Manuel António Pereira
Fado vadio, saudade,
rufião da liberdade,
prostituta, proxeneta,
hedonista e/ou asceta,
pensador, filosofia,
preferes a noite ao dia,
ciúme, crime, paixão,
“as tábuas do meu caixão”.
Cantigas de amor e de amigo,
o escárnio canta contigo
ao abrigo dos poetas,
da lei da morte os libertas.
Marialva da paixão
na misógina traição
recusas lugar cativo,
cantas o povo furtivo.
Cigarros, copos- de- três,
mijas na esquina ao revés
das cordas trinando vida,
pela guitarra parida
por trágicas intimidades,
desconhecendo as idades.
Mares de afectos, comoções,
violas ,flores , ilusões,
numa boa, coisa boa,
“joaninha voa, voa,
leva as cartas a Lisboa”,
platónicas metáforas,
sensuais alegorias
p´las vielas mais sombrias
comigo sempre a teu lado,
fado vadio, vadias!
Martim Moniz - Quadro a óleo do Mestre Real Bordalo
SILÊNCIO, CANTA-SE O FADO
Silêncio, canta-se o fado
por Lisboa enamorado,
atrevido fado, gingão,
rei do fado, evocação,
Marceneiro, embuçado,
Bairro Alto renovado.
Alfama, estiva, marujos,
Mourarias de intrusos,
procissões e arraiais,
Feira da Ladra, jornais,
alcachofras,aguarelas,
Maluda, típicas janelas,
gatos de Fialho, a ronronar,
“Lisboa galante “ a desfilar,
quadras populares, Sto.António,
labaredas no escroto do demónio,
marchas dos bairros a passar,
arcos e balões,enlevado par.
manjericos no vaso, à janela
malmequeres de sentinela,
sina: muito, pouco, nada,
alterna no fado, gravada.
Sorrisos, lágrimas, ais,
carroças, jumentos, atafais,
malandrecos de urinol,
discussões de futebol,
Luas plas noites beijadas,
boémias e desgarradas,
rufias, chulos, rameiras,
nas varandas, as floreiras.
Caldo verde, verde vinho,
maduro ou branco, muitinho,
chouriço assado, sardinhada,
grelhados numa guitarrada.
Silêncio, canta-se o fado.
Lisboa canta, canta Lisboa,
canta até que a voz te doa.
Xailes choram de saudade,
amores e ciúmes ,amizade.
Marco do correio a conversar
com “aquela janela virada pró mar”.
Andorinhas nos telhados,
Portugueses deserdados,
”pão e vinho sobre a mesa”,
novo estado ,singeleza,
Estado Novo, vil pobreza.
Silêncio, canta-se o fado…
Na guitarra o Armandinho
trata as cordas com carinho;
ti Alfredo Marceneiro,
rei do fado verdadeiro,
Zé Viana,”Zé cacilheiro”,
o Chico do cachené,
citações em rodapé.
Varandas quase juntinhas
pedem salsa às vizinhas.
Leoa do fado, fadista,
já cantaste na revista,
que exilaram da cidade,
perversão da liberdade?
Varinas, canastras, chinelas,
descem na Madragoa as vielas,
Bairro da Esperança, Ribeira
da Júlia Florista, vendedeira.
Touros, cavaleiros, forcados,
marialvismos aperaltados,
“ a casa da Mariquinhas”,
“janelas com tabuinhas”.
Fadistices, tascas, fado vadio,
calceteiros,alarido,rapazio,
putos a jogar a trapeira,
o “chui” no giro, asneira…
No cais, uma grossa amarra
à liberta Lisboa se agarra,
chia a rir do marujo enjoado
fixando o bombordo atracado,
tudo existiu, tudo isto é fado.
Poema de Manuel António Pereira