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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Sábado, 31 de Outubro de 2009

José Viana - Actor, Desenhador, Escritor e Cantor - Zé Cacilheiro

José Maria Viana Dionísio nasceu em Lisboa, a 6 de Dezembro 1922.

Após a instrução primária, frequentou a Escola Industrial Machado de Castro mas não chegou a acabar nenhum curso.

Desde muito jovem que demonstrou aptidão e jeito para desenhar ,  aos 13 anos, já desenhava para o «Jornal O Senhor Doutor», o suplemento de «O Século», «Pim Pam Pum» e a fazer capas para o «O Papagaio».

O primeiro emprego foi como  retocador de gravura, na Casa Bertrand & Irmãos.

Também desde muito cedo se sente atraído pela música do swing e do jazz, passa também a cantar integrado em  conjuntos musicais que animam nas colectividades populares de cultura e recreio, posteriormente canta em recintos nocturnos, mas como segunda ocupação.

Continua a sua profissão de desenhador, até que é convidado como  publicista de cinema, para a Sonoro Filmes.

De espírito criativo e ávido de inovações, passa a frequentar a  Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, colaborando na pintura de cenários, na época em que por lá estavam   o Jacinto Ramos, Varela Silva, Raúl Solnado,  etc.

Estreia-se como actor amador, em obras de Gil Vicente, Alves Redol, e outros.

Estreia-se na RTP com o programa  «Riscos e Gatafunhos» e depois «Melodias de Sempre», programas que lhe dão grande notoriedade.

Esteve  no Teatro de Gerifalto,  e também  Teatro ABC (Vinho Novo),  pela mão do empresário José Miguel .

Estreia-se como autor, ao lado de Nelson Barros em 1959 na revista «Mulheres à Vista», e destaca-se na rábula «Inimigo de Lisboa». Em 1963, encena pela primeira vez uma revista, «Elas São o Espectáculo», seguindo-se outro sucesso com «Embaixador do Fado».

Nas andanças do teatro de revista, conhece uma actriz brasileira Jújú Batista, que lhe dá uma filha, a Maria.

Passados alguns anos José Viana conhece Dora Leal,  com quem contracena  e passa a ser sua companheira de que resultam duas filhas (a Maria Raquel e a Madalena Leal).

Em meados da década de 60, José Viana atinge o auge da sua carreira, na Empresa de Guiseppe Bastos e Vasco Morgado, então no Maria Vitória.

O «Zé Cacilheiro» surge em 1966, em «Zero, Zero, Zero - Ordem para Matar» que teve um êxito estrondoso, o tema foi gravado em disco e muito solicitado nas rádios de então.

Outras rábulas merecem destaque como «Carlos dos Jornais» e «Catedrático do Fado em Grande Poeta é o Zé», 1968; «O Zé Povinho vai ao Médico»; em «Mãos à Obra», 1969; «Sinaleiro de Liberdade», em «Esperteza Saloia»; 1969; «Chefe de Cozinha do Hotel Portugal», em «Pimenta na Língua», 1970; «O Zé Povinho no Frente a Frente da TV em Cala-te Boca!», em 1971 ou «Miss Chalada,» em «Ora Bolas para o Pagode», em 1972.

José Viana e Dora Leal após os acontecimento pós-25 de Abril de 1974, (José Viana referenciado com o PCP),  voltam ao Parque Mayer, em Festa no Parque,  corria o ano de 1987, mas sem grande aceitação popular.

No cinema, José Viana teve algumas participações,  em pequenos papéis como em O «Cerro dos Enforcados», de Fernando Garcia (1953) e «Perdeu-se um Marido», de Henrique Campos (1956) mas foi em «O Recado» (1972), de José Fonseca e Costa, a «A Fuga» (1976), de Luís Filipe Rocha, «A Ilha» (1990), de Joaquim Leitão, e «O Fim do Mundo» (1992), de João Mário Grilo, que o seu talento é mais reconhecido.

Faleceu em Lisboa no dia 8 de Janeiro de 2003 

 José Viana canta Zé Cacilheiro

 

 

 

 

 

ZÉ CACILHEIRO

 

Autores: César de Oliveira

Paulo da Fonseca/Carlos Dias           

 

Quando eu era rapazote

Levei comigo no bote

Uma varina atrevida

Manobrei e gostei dela

E lá me atraquei a ela

P’ró resto da minha vida

Às vezes uma pessoa

A saudade não perdoa

Faz bater o coração

Mas tenho grande vaidade

Em viver a mocidade

Dentro desta geração

 

                                Refrão

 

                              Sou marinheiro

                              Deste velho cacilheiro

                              Dedicado companheiro

                              Pequeno berço do povo

                              E navegando

                              A idade foi chegando

                              O cabelo branqueando

                              Mas o Tejo é sempre novo

 

Todos moram numa rua

A que chamam sempre sua

Mas eu cá não os invejo

O meu bairro é sobre as águas

Que cantam as sua mágoas

E a minha rua é o Tejo

Certa noite de luar

Vinha eu a navegar

E de pé, junto da proa

Eu vi, ou então sonhei

Que os braços do Cristo-Rei

Estavam a abraçar Lisboa

 

Refrão

 

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música: Zé Cacilheiro
Viva Lisboa: Saudades
publicado por Vítor Marceneiro às 17:00
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Sexta-feira, 30 de Outubro de 2009

Canção de Lisboa de Artur Ribeiro, Cantado por Misia

 

 

  LISBOA

 

Letra de: Artur Ribeiro

Música de Ferrer Trindade

 

Vejo do cais

Mil janelas

Da minha velha Lisboa

Vejo Alfama das vielas

O Castelo, a Madragoa

E os meus olhos rasos de água

Deixam por toda a cidade

A minha prece de mágoa

Nesta canção de saudade

 

                                             Estribilho

 

                                         Quando eu partir

                                         Reza por mim Lisboa

                                         Que eu vou sentir Lisboa

                                         Penas sem fim Lisboa

                                         Saudade atroz

                                         Que o coração magoa

                                         E a minha voz entoa

                                         Feita canção Lisboa

 

E se ao voltar

Me vires chorar, perdoa

Que eu abra a porta à tristeza

Para depois rir à toa

Tenho a certeza

Que ao ver as ruas

Tal qual hoje as vejo

Nesse teu ar de rainha do Tejo

Hei-de beijar-te Lisboa

 

                                     Hei-de beijar com ternura

                                     As tuas sete colinas

                                     E vou andar à procura

                                     De mim p’las esquinas

                                     E tu Lisboa

                                     Hás-de vir aqui ao cais

                                     Como agora

                                     P’ra eu te dizer a rir

                                     O que hoje minha alma chora

 

Misia canta:

 

 

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música: Lisboa de Artur Ribeiro
Viva Lisboa: Lisboa dos amores, do coração.
publicado por Vítor Marceneiro às 18:35
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Sábado, 24 de Outubro de 2009

AMÁLIA RODRIGUES - Homenageada com marca de Vinho

 

 

A Herdade das Servas e a Fundação Amália Rodrigues, em homenagem à vida da fadista,apresentaram  o Vinho “Amália” no dia 27 de Outubro, pelna Casa-Museu Amália Rodrigues, na Rua de São Bento, N.º 193, em Lisboa.

Esta ocasião inédita contou com a presença dos amigos da Amália, fadistas de renome e especialistas do sector dos vinhos.

 

Parte da venda do vinho ‘Amália’ reverte para Associações de Solidariedade Social.

 

 

 

 "O bom vinho é um camarada bondoso e de confiança, quando tomado com sabedoria."

(William Shakespeare)

                                                          

 

 

Amália canta:

Oiça Lá Ó Senhor Vinho

Autor: Alberto Janes

 

 

  

  

Nota: A  fota do copo de vinho, assim com a foto de Amália,  foram retiradas da Net, lamento não saber os nome dos autores, mas espero que considerem, ao utilizá-las (sem fins lucrativos),  uma homenagem quer á nossa Amália, quer ao vosso trabalho. Parabéns e obrigado.

A foto dos vihos Amália foram cedidos por Sandru Sousa

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Viva Lisboa: Amália a Diva
música: Oiça Lá Ó Sr. Vinho de Alberto Janes
publicado por Vítor Marceneiro às 00:14
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Sexta-feira, 23 de Outubro de 2009

Lisboa em minha noite por Mariana Correia

Após a publicação deste post tive mais informaçãoe sobre esta nossa compatriota, que canta o Fado, e tem trabalhos gravados, aqui fica o seu blogue para que possam saber mais pormemores:
                      http://www.fadofatum.com/
Mariana Correia canta:
Suspiros na Voz
Letra de: José Fernandes de Castro
Música: Alfredo Marceneiro- Fado Versículo
 

 
Se há coisas que premeiam este trabalho são missivas como a que acabei de receber, é uma compratriota nossa vive há muitos anos na Suiça, mas tem aquele "nó no estomago, aperto no coração, eu sei lá que mais" porque ama Lisboa, e Lisboa, como todos os amores quanto mais amamos, mais sofremos. Poetas choram em versos.
Amiga Mariana Correia parabéns.
Viva Lisboa e quem a ama
 
 
 "....Há muito que o quería fazer e hoje, lá ganhei coragem para lhe enviar o que segue em anexo. Numa das minhas noites de insónia sairam-me estes versos, tenho por costume escrever mas não são poemas ou letras para fado, antes fossem, tería assim mais alguns inéditos, rsrsrs. Como Lisboa é a minha cidade, os anos passam e mais a saudade me doi, embora, muito sinceramente, também me sinta bem aqui,é um sentimento muito controverso, naturalmente creio, estou certa, que a saudade bateu alto nessa noite e aqui está este "Lisboa em minha noite". Não sei se tem os requesitos precisos e aos quais obedecem para que faça parte de mais uma canção a Lisboa.
Não tenho pretenções de  ser poeta mas lembrei-me do nosso Lisboa no Guiness, se por acaso achar que vale a pena e que não se parece com algum fado já escrito ou sei lá mais quê, este é seu e da nossa cidade. Confesso que ganhei gosto e depois deste existem mais duas"versões" onde a palavra Lisboa só aparece no último verso...." Mariana Correia
 

 

Lisboa em minha noite

 

Versos de : Mariana Correia

                                                            

                     Ficando a sós com a noite, sigo uma luz

                     A noite, embala a noite que tem minh’alma

                     Vagueio nesse espaço, que seduz

                     Como reza ou silêncio e sua calma.

 

                     Lisboa é mais bonita se as estrelas

                     A vestem com as cores d’uma paixão

                     Amarra em seu caís o brilho delas

                     Agarra a minha a noite e o coração.

           

                     Lisboa, guarda os sonhos dos poetas

                     Num rio, conta segredos ao luar

                     E tal qual profecías de profetas

                     Navega o destino nesse mar.

                                              

                     Ficando a sós com a noite, sinto a cidade

                     Sinto pulsar seu canto enquanto...aguardo

                     Lisboa em minha noite, cantar saudade

                     Seguindo a luz que sigo, neste Fado.

 

MLC/13.01.2009

 

Fotos  tiradas da Internet, agradeço aos seus autores, e lamento mnão saber os seu nomes para aqui publicar, estas fotos são também afectos de amor por Lisboa, obrigado e parabéns.

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Viva Lisboa: ....de Lisboa e até sou!
música: Suspiro na Voz
publicado por Vítor Marceneiro às 14:00
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Quarta-feira, 21 de Outubro de 2009

GERAÇÕES de MARCENEIRO na CASA A CESÁRIA

 

A Casa de Fados "A Cesária", situada na Rua Gilberto Rola em Alcântara, era   uma tasca já desde o século XIX.

Já no século XX passou a ser uma casa de "prostituição", que na época eram autorizadas, funcionava com o nome de Bar Sábá. Tinha dois andares, em baixo bebia-se e acordava-se o preço com as "meninas",  em cima havia dois quartos de curta permanência, á disposiçaõ dos interessados.

Mais tarde o seu proprietário Mário Lopes de Oliveira, aproveitando o edifício ter dois pisos,  passou para o 1º piso a parte da "prostituição"  criando para tal uma porta de entrada independente pela rua. No rés-do- chão abre uma casa típica com petiscos e onde se podia cantar o Fado com o nome "Casa  A Cesária",  a pouco e pouco começa a ter bastante afluência,  principalmente aos fins de semana, em que iam pessoas para  ouvir o Fado, e os próprios Fadistas apareciam, porque gostavam do ambiente.

Pouco tempo passado e as  casas de prostituição são proibidas e obrigadas a fechar, o proprietário que mais tarde passou a ser conhecido pelo Mário da Cesária, como tem alvará de bar, consegue licença para ampliar a casa,  o primeiro andar  é aberto, ficando como uma varanda com visão para a divisão de baixo, que passou a ser o pátio das cantigas, era uma casa muito "castiça" quer pela decoração quer pela construção , pois dava a ideia que estávamos num pátio lisboeta, passando a dar Fado todos os dias.

Imagem do interior da casa retirada de um anúncio e  ainda o painel em azulejo existente na parede da casa

          

 

Carlos Duarte uma noite na Cesária

Segundo a tradição, terá sido neste local, outrora uma "taverna" que Maria  Cesária, terá cantado pela última vez em 1877.

 Nos anos sessenta como já referi, passaram  pela Cesária quase todos os fadistas da época, destacando-se o meu tio Carlos Duarte, que nunca foi profissional, mas ali ía todos os dias, aos dias de semana só até cerca de meia-noite, pois no dia seguinte tinha que ir trabalhar, aos sábados e domingos as "fadistisses" iam até de madrugada, acabando muitas das vezes, em que fadistas, empregados e clientes, acabavam no cacau da ribeira, até o sol nascer. (Grandes noites, ainda tive oportunidade de viver algumas delas, com o meu pai e o meu avô, o meu tio Carlos e o meu primo Valdemar).

 

  Carlos Duarte canta "Vestido Azul"

 

Quando fui para o serviço militar em 1967, também já era por lá e pelo Timpanas mais ao lado, que eu ía continuando a dar os primeiros passos no Fado. Nesta altura, o Mário  contrata o meu primo Valdemar Duarte, filho do meu tio Carlos Duarte (que faleceu em 1966), como gerente artístico e também para cantar.

Entretanto o meu primo Valdemar Duarte, casa-se e organiza a vida e demite-se da Cesária,  nunca mais cantou, e foi pena pois cantava muito bem, na linha que nós todos da família comungamos,  é o "ADN do Marceneiro", já tinha angariado bastantes admiradores, tenho muita pena que ele infelizmente  não  tenha   nada gravado, mas o Fado está-lhe na alma, actualmente anda a aprender a tocar guitarra.

A Casa A Cesária fechou definitivamente as portas em 1977.

Há uma realidade que é inegável, é que os "Marceneiros", estiveram sempre  com o FADO e no Fado.... E continuam

 

© Vítor Duarte Marceneiro

  

 

 Carlos Duarte na Cesária a cantar e em convívio (1964) 

 

 

Foto Valdemar Duarte a cantar na Cesária ao lado está a irmã Judite Duarte, 

também filha de Carlos Duarte (1966)

 

Foto Tirada na Cesária em 1966

Da esquerda para a direita: Vítor Duarte Marceneiro, Aida Duarte (filha de Marceneiro), Aida Duarte (sobrinha de Marceneiro, filha de seu irmão Júlio Duarte), e seu marido Carlos

  

Seguem-se mais alguns elementoa relacionados com A Cesária:

Painel de Azulejos, a fachada do edificio actualmente, um copo gravado,  

 

 

  

 

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música: Vestido Azul
publicado por Vítor Marceneiro às 00:00
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Terça-feira, 20 de Outubro de 2009

Maria Cesária - Cesária de Alcântara

 

 MARIA CESÁRIA, figura mítica do Fado oitocentista, ignora-se a data de nascimento e morte da cantadeira, e mesmo o seu nome de baptismo completo, apenas se sabendo que seria efectivamente Maria.

Residente no bairro de Alcântara ali trabalha­va numa fábrica como engomadeira. Inicialmente companheira de um fadista local, terá acabado por" o trocar por José Cesário Sales, canteiro, ho­mem de algumas posses e talento na sua profissão, filho de Francisco Sales, proprietário de uma im­portante oficina de cantaria em Lisboa. Desta li­gação terá resultado o Maria do Cesário e daí Ma­ria Cesária. Ficando igualmente conhecida como Mulher de Alcântara.

Tão famosa quanto Maria Severa, proferia as palavras com receio e trajava de modo simples,  re­cusando ousadias e vestes originais. Era normal­mente acompanhada pelo guitarrista Carreira.

Se­gundo as crónicas, a qualidade da sua voz era equiparável à qualidade da sua memória, dando Tinop notícia de inúmeros desafios em que terá participado, nomeadamente com uma rival sua, Luzia a Cigana, alguns dos quais durariam dois e três dias de Fados e comezainas.

Terá sido bastante famosa nas décadas de 60 e 70 do século XIX, tendo o guitarrista Ambró­sio Fernandes Maia composto um Fado que lhe dedicou, o Fado da Cesária ou Fado de Alcântara.

Cesária foi a figura central da opereta com o mesmo nome, escrita por Lino Ferreira, Silva Ta­vares e Lapa Lauer e musicada por Filipe Duarte, que subiu à cena no Teatro Apolo em 1926.

Nota: Desconhece-se a existência de alguma foto da Cesária, a imagem em cima, representa uma mulher fadista do século XIX

 

Na opereta "Mouraria", a Cesária  foi recordada:

 

Fado da Cesária

 

Tanto a desgraça me alcança

que já me sinto cansada,

da vida que não se cansa

de me tornar desgraçada.

 

                                              E como o Fado alivia

                                              as mágoas que a gente sente,

                                              eu minto à minha agonia,

                                              noite e dia,

                                              cantando constantemente.

 

Refrão

 

Foi um beijo venenoso,

demorado,

langoroso,

que perversa me tornou.

E eu faço o que me fizeram,

pois ninguém foge ao seu fado;

— Foi a mentir que mo deram,

 é a mentir que eu os dou...

 

                                              Aquele a quem dei a vida

                                             e o que eu tinha de mais meu,

                                             hoje chama-me perdida

                                             mas não diz quem me perdeu.

 

É por isso que no Fado

a minha alma se desgarra,

pois esqueço o meu passado,

torturado,

quando chora uma guitarra.

 

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publicado por Vítor Marceneiro às 13:00
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Sábado, 17 de Outubro de 2009

Lisboa no Guiness ... Projecto com amor-400.000 Visitantes

 NOTA DE INFORMAÇÃO ACERCA DO BLOGUE DIA 17-10-09:

CAROS AMIGOS ERAM CERCA DE 14.00 HORAS, QUANDO ESTE BLOGUE ATINGIU OS 400.000 VISITANTES. É UM ORGULHO, SENTIR QUE O NOSSO TRABALHO TEM VALOR, PARA MERECER TAL ATENÇÃO.

FOI EM PARTE COM BASE NESTE TRABALHO QUE TIVE A HONRA DE SER NOMEADO/GALARDOADO COM O PRESTIGIOSO   "TROFÉU AMÁLIA RODRIGUES" PARA  INFORMAÇÃO/DIVULGAÇÃO NO ANO DE 2008.

TENHO ORGULHO EM SABER QUE ESTE TRABALHO É CONSIDERADO UMA "FONTE DE INFORMAÇÃO SEGURA"

TODOS SABEMOS QUE QUANDO SE CONSTRÓI  ALGO QUE SOBRESSAI,  SE NÃO SOMOS "YES/MAN", NEM PERTENCEMOS AO "LOBBIE" DOS TAIS,  LOGO APARECEM OS MALDIZENTES, OS INVEJOSOS, E OS TAIS... QUE TENTAM DESTRUIR E AMESQUINHAR, MAS TANTO ME TÊM CHAMADO À ATENÇÃO, QUE ACABEI POR PERCEBER, QUE É  COM ESTE TIPO DE ATITUDE E TAMBÉM COM ACÇÕES DE PERSEGUIÇÃO  (de pessoas e/ou entidades), QUE ESTE TRABALHO DEMONSTRA QUE É VÁLIDO, PARA O FADO E PARA LISBOA.

O QUE NADA VALE NÃO REZA A HISTÓRIA...

COMO DIZIA CARLOS CONDE:

 

VI MUITAS VEZES A RAZÃO

POR MUITOS POSTA DE LADO

E A MENTIRA EM VIVA CHAMA

ATÉ POR TRISTE IRRISÃO

VI NULIDADES NOS ASTROS

E VI CIÊNCIAS NA LAMA

 

OBRIGADO A TODOS AMIGOS E NÃO AMIGOS... MALDIZENTES,  DECTRACTORES, INVEJOSOS, ETC...

 

 

MAS O QUE MAIS ME  DÓI,  É O SILÊNCIO DOS BONS..

 

VIVA LISBOA, VIVA O FADO

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Viva Lisboa: Estou muito feliz
publicado por Vítor Marceneiro às 12:45
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Sexta-feira, 16 de Outubro de 2009

NATÉRCIA DA CONCEIÇÃO

Natécia da Conceição faleceu ontem dia 15 de Outubro de 2009, Foi nos E.U.A.,  onde vivia actualmente. Tinha 75 anos. Até Sempre amiga. 

Uma amiga da Natércia mandou-nos mais dados sobre esta nossa querida amiga.                          

Natércia da Conceição nasceu em Vila Franca de Xira e aos 12 anos foi para Lisboa. Em 1970 veio para os Estados Unidos  e abriu a primeira casa de Fados na Nona Inglatera cuja dona  era Valentina Felix colega fadista, assim se deu inicio ao Fado, em 1970 o falecido Antonio Albero Costa abriu a primeira estação de rádio portuguesa em New Bedford e ela foi uma das loucutoras, nos anos 80 uma vez mais com a iniciativa de Alberto Costa abriram outra estação de rádio em Providence, Rhode Island, Radio Clube Português, foi a melhor loucutora que tivemos era uma pessoa extremamente culta,  com dignidade e paixão deu testemunho da lingua de Camões em terras americanas . Na vida artistica ensinou os seus guitarristas a tocar Viriato Ferreira, Antonio Rocha e José Silva, presentemente tanto Viriato Ferreira como José Silva têm a capacidade de tocarem para qualquer fadista que venha de Portugal. Natercia não só cantou como encantou, levou a fado á casa branca em Washington DC cantou para o presidente Clinton. diplomatas e politicos nos anos 90, era uma grande apaixonada de Argentina Santos e Amália Rodrigues e Lucilia do Carmo da malta nova que canta o fado em Portugal era apaixonada pela Cathia Guerreiro e nos Estados Unidos pela voz mais novinha Nathalie Pires, tinha uma grande admiraçáo por Ana Vinagre e dizia que era a unica que sabia cantar o fado na Nova Inglaterra. Ontem despedimo-nos da Natercia com os seus guitarristas a dizer-lhe adeus e Ana Vinagre a cantar o passeio de Santo Antonio, fado que ela adorava. As sua cinzas irão acabar no jardim botanico em Lisboa.
Cyndy Faria               

Foi uma artista que surgiu muito jovem nas lides fadistas, tendo sido apadrinhada por Ercícila Costa e Berta Cardoso em 1953.

Ingressou no profissionalismo, estimulada pela sua brilhante vitória num concurso organizado por um jornal de Fado, que se realizou no velho Café Salvaterra, onde obteve grande êxito.

Natércia da Conceição nasceu na castiça Vila Franca de Xira. Terra de aficionados taromáticos e garnde apreciadores de Fado.

Gravou uma dezena de discos para as etiquetas  Melodia,  Estúdio, Orfeu, etc.

Cantou na Emissora Nacional e Na Rádio Televisão Portuguesa.

Teve um vasto repertório com versos de conceituados poetas como, Domingos Gonçalves Costa, Francisco Ribeiro. Linhares Barbosa, Frederico de Brito, Jorge Rosa, etc.

Actuou em espectáculos no estrangeiro e foi cartaz em quase todas as casas típicas de Lisboa.

 

Natércia da Conceição

Canta: Chinelas da Mouraria

 

Letra Linhares Barbosa

Música: Santos Moreira 

Natércia da Conceição com Alfredo Marceneiro

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música: Chinelas da Mouraria
publicado por Vítor Marceneiro às 19:13
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Sábado, 10 de Outubro de 2009

ROSÁRIO, Terço de rezar, Amália ... Foi Deus

Da poetisa Maria José  Praça, recebi nos comentários deste post,  um poema que acho que deve ter o devido destaque.

 

CONTAS DE TERÇOS MAIS LATOS...


       Em aguarelas de fado

       Eu não dedilho calvários
       Nem rezo contas a eito
       Desfaço o meu sangue em ondas
       E planando bailo rotas
       D'outros rosários do peito
 
                         Eram olhos de chorar
                         Sal d'água do meu cantar
                         Ventos d'aragem do peito
                         Reclusos sem ver paisagem
                         Ateados rente à margem
                         Do meu rezar imperfeito
 
       Minha cantiga é de mares
       Vai à vela de luares
       Ora calvários sem ristes
       Reza rosários mais largos
       Contas de terços mais latos
       Fumega fados a Cristo
 
                        Madalena-dos-Pecados
                        Atirem pedras e brados
                        Que eu sou assim e serei
                        Gota d'orvalho das flores
                        Que a rezar fados d'amores
                        Ora rosários sem lei     
maria josé praça (N.126080 da SPA) 

 

 

No Fado usa-se em muitos  poemas,  referências a Deus, ao Rosário, ao Terço etc. Aqui fica a história do Rosário ou Terço de Rezar.

O Rosário é uma oração católica em honra da Santíssima Virgem Maria formado tradicionalmente por três terços. Recentemente houve o acréscimo de mais um terço pelo Papa João Paulo II. Cada terço compreende cinco mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Nossa Senhora. Os mistérios são formados básicamente por um Pai-Nosso e dez Ave-Marias. Cada mistério recorda uma passagem importante da história da salvação, segundo a doutrina católica, e cada terço é constituído por cinco mistérios.

 A oração do Santo Rosário surge aproximadamente no ano 800 à sombra dos mosteiros, como "Saltério" dos leigos. Dado que os monges rezavam os salmos (150), os leigos, que em sua maioria não sabiam ler, aprenderam a rezar 150 Pai-Nossos. Com o passar do tempo, se formaram outros três saltérios com 150 Ave Marias, 150 louvores em honra a Jesus e 150 louvores em honra a Maria.

Segundo uma tradição a Igreja católica recebeu o Rosário em sua forma atual em 1206 quando a Virgem teria aparecido a Santo Domingo e o entregou como uma arma poderosa para a conversão dos hereges e outros pecadores daquele tempo. Desde então sua devoção se propagou rapidamente em todo o mundo com incríveis e milagrosos resultados

No ano 1365 fez-se uma combinação dos quatro saltérios, dividindo as 150 Ave Marias em 15 dezenas e colocando um Pai nosso no início de cada uma delas. Em 1500 ficou estabelecido, para cada dezena a meditação de um episódio da vida de Jesus ou Maria, e assim surgiu o Rosário de quinze mistérios.

A palavra Rosário significa 'Coroa de Rosas'. É uma antiga devoção católica que a Virgem Maria revelou que cada vez que se reza uma Ave Maria lhe é entregue uma rosa e por cada Rosário completo lhe é entregue uma coroa de rosas. A rosa é a rainha das flores, sendo assim o Rosário de todas as devoções é, portanto, tido como sendo a mais importante.

in: wikipédia

 

 Amália era uma mulher crente e cantou muitos Fados com referêcias ao "Divino"

 

Amália canta música e letra de Alberto Janes

FOI DEUS QUE ME PÔS NO PEITO

UM ROSÁRIO DE PENAS

QUE EU VOU DESFOLHANDO

E CHORO A CANTAR

 

 

 

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música: Foi Deus
publicado por Vítor Marceneiro às 16:01
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Sexta-feira, 9 de Outubro de 2009

Ana Sofia Varela

«Ana Sofia Varela, uma das mais bonitas e bem timbradas vozes fadistas, apresentou no dia 10 deste mês, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, "Fados de amor e pecado", resultado de um trabalho de 12 anos da equipa João Gil (compositor) e João Monge (letrista). "Os dois Jões, o Gil e o Monge, conhecem-me bem, sabem como sou e até onde posso ir, falei com eles, e percebi o que queriam. Cada fado é uma personagem que visto, nuns casos procuro referências em circunstâncias por mim vividas, noutras recorro à imaginação", explicou.
O álbum abre com o tema "As luvas da minha mãe" e encerra com "O corvo", num total de 12 temas em que se procurou "reinventar temas de sempre do fado, numa visão contemporânea, dos dias de hoje, aos olhos das pessoas com que nos cruzamos no dia-a-dia"».
 
In: www.hardmusica.pt
PS. Agardeço HM - Musica, na pessoa do Helder Coutinho os convites que teve a gentileza de me ofertar.

Parabéns á Ana Sofia Varela e a todo "o staff"

 

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música: Fados de Amor e Pecado
publicado por Vítor Marceneiro às 19:24
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Vítor Duarte em Post no Fadistas com eu.

 

 Este é o primeiro disco que gravei para a Estúdio em 1992

 

Fui homenageado com um post sobre a minha actividade no Fado e um video-clip em que canto o tema Bairros de Lisboa com letra de Carlos Conde e música do Fado Pagem de Alfredo Marceneiro.

É autora do blogue a minha querida amiga Ofélia,   quem gosta de Fado não deve deixar de o visitar, pois é construido por alguém que sabe muito de Fado, e embora não cante, é uma grande fadista de alma e coração.

Obrigado Ofélia

 

http://fadistascomoeusou.blogspot.com/

 

veja também da mesma autora

 

http://olhai-lisboa.blogspot.com/

www.fadocravo.blogspot.com

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música: canto Bairros de Lisboa
publicado por Vítor Marceneiro às 00:00
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Quarta-feira, 7 de Outubro de 2009

Fados do meu Fado, memórias de uma vida

Há 58 anos estava eu em vésperas  ir para a escola,   as aulas começavam nessa época a 7 de Outubro, nesse ano 1951, como dia 7 foi a um Domingo, as aulas começaram no dia  8.  

A escola que fui frequentar foram as Oficinas de S. José, dos Padres Salesianos, situada nos Prazeres, no bairro de Campo d´Ourique, escola que ainda hoje existe.

Recordo o livro, o caderno de duas linhas, um lápis, uma borracha de apagar, uma ardósia, uma pena para poder escrever na ardósia, uma caixa de lata  pequena, com um pedaço de pano molhado, que servia para limpar a ardósia, e a mala que a tia Aida me deu, uma cesta de verga para levar o almoço, 2 carcaças com ovo mexido e uma laranja, preparado pela avó Judite.

Estava entusiasmado, porque também era o dia que eu iria estrear umas calças compridas, um "pull-over" grená sem mangas, que me deu a avó Maria, e mais que tudo as botas de cano alto (á cow-boy) que o meu pai me comprou na feira da ladra, recordo também que nessa altura  ainda usava um fumo preto no braço direito, por luto de minha mãe.

 

Fotos de recordação: Em cima eu com 6 anos, em baixo a foto do livro da 1ª classe e a foto da minha primeira comunhão junto á estátua de S. Domingos Sávio no dia 31 de Janeiro de 1952, no Colégio dos Salesianos.

                                       

 

Curiosidades: Ao escrever este texto e relembrar todas estas passagens da vida, nomeadamente o material do trabalho escolar de então, não posso deixar de expor aqui o que  os pais cujos filhos entraram  para a primeira classe (leia-se 1º ano), como a minha filha Beatriz, tiveram de adquirir!

 

Lista de material escolar para o 1º ano do ensino em 2009:

 

• 1 Livro de Matemática

• 1 Livro de Língua Portuguesa

• 1 Livro Estudo do meio

• 1 Dossier A4 de duas argolas de lombada larga

• 1 Borracha branca

• 2 Lápis de carvão n.°2

• 1 Afia com depósito

• 1 Bloco de folhas A4 com margens: (1 pautado, 1 desenho)

• 1 Bloco de papel "Cavalinho" A4.

• 1 Resma de Papel

• 1 Bloco de papel de lustro A4

• 2 Cartolinas ( cores diversas)

• 2 Rolos de papel crepe ( cores diversas)

• 2 Caderno de linhas A4,de capa preta (sem argolas),        de preferência plastificado;

• 1 Caderno de linhas A5 sem argolas);

• 1 Caderno de desenho A5 (sem argolas);

•  Lápis de cor (12 unidades)

• Lápis de cera (12 unidades)

• Canetas de cor (12 unidades)

• 1 caixa para guardar os materiais de cartão

• 1 Conjunto simples de aguarelas

• 2 Pincéis {um grosso/um fino)

• 1 Régua de 15cm

• 1 Tesoura bicos redondos.

• 2 Tubos de cola UHU.(1 em stick e 1 em líquido)

• 1 recarga de fita cola transparente

• 5 Micas de plástico

• 2 Rolos de cozinha

• 1 embalagens toalhetes c/álcool

• 1 novelo de lã ( cor diversa)

• 1 revista (usada)

  

           Vou novamente relembrar a minha ida à feira da ladra nesse ano de 1951, com o meu pai antes do inicio da escola, em que para além da compra de uma grafonola, é também a história das minha botas de cano alto, que acima referi.

 

Foi num Sábado de Agosto de 1951, que o meu pai me foi buscar a casa dos meus avós para me levar a conhecer a Feira da Ladra. Nessa época meu pai já tinha abraçado a profissão de "Artista de Variedades – Fadista", mas estava no início, o que ainda não lhe dava estabilidade económica. Com o falecimento precoce de minha mãe, passei a viver com os meus avós, na Rua da Páscoa, a Santa Isabel – Campo de Ourique.

Fomos a pé até ao Largo do Rato, descemos a Rua de S. Bento e, quando íamos a meio da Av.ª D. Carlos I, comecei a chorar porque me doíam muito os pés; tinha calçado nessa altura umas botas de carneira com sola de pneu, boas para jogar à bola, mas para caminhadas pareciam ser feitas de chumbo. Meu pai ficou um pouco arreliado, pois estava a fazer planos para irmos até ao Campo de Santa Clara a pé, e logo me disse:

– Lá vamos ter que gastar catorze tostões em dois bilhetes de eléctrico para a Graça.

                               

Carro Elécrico aberto anos 50

Chegámos a Santos e apanhámos o eléctrico, tal como o da foto acima (eléctrico aberto). Lembro-me que enjoei um pouco, pois o meu pai disse-me:

– Eh pá, estás amarelo, não vomites no carro – e passou-me para o topo do banco, onde era totalmente aberto, agarrando-me o braço com força para eu não cair.

Lá chegámos e entrámos para o recinto, pelo lado da Rua da Voz do Operário.

 

                    

                                          

                                    Foto do ambiente da Feira da Ladra, anos 50

 

Aquilo era um mundo fantástico para mim (tantas coisa giras); algumas eu nem sabia para que serviam, mas meu pai era frequentador e já ia com a ideia fixa do que queria comprar: uma grafonola! Fomos ao poiso do homem que ele sabia ter uma para vender, embora avariada. Na semana anterior já tinha tentado negociar um bom preço, mas não conseguiu. Com a minha presença (talvez para puxar ao sentimento) e batendo no argumento de que a corda estava partida e talvez nunca fosse possível arranjá-la, lá a comprámos por 20$00, incluindo uma caixa de agulhas e um disco de massa da "Voz do Dono" com dois temas de Maria Alice (que mais tarde veio a ser mulher de Valentim de Carvalho).

Tentámos, nos vários comerciantes, arranjar um disco do meu avô para lhe fazer a supresa, mas em vão; os discos de "Marceneiro" ainda eram preciosidades, raras de mais para aparecerem por ali.

Com o meu pai a transportar a grafonola, que depois de fechada parecia uma mala e tinha uma pega, começámos a descer em direcção à Av.ª 24 de Julho, para nos irmos embora. Ao passarmos junto ao gradeamento que dá para o Hospital da Marinha, havia um homem a vender calçado usado, mas com bom aspecto e muito bem engraxado. Os meus olhos fixaram logo uma botas de cano alto (à cow-boy). Pedi ao meu pai para ir ver se eram da minha medida, calcei-as e recordo que estavam um pouco compridas. Mas o homem disse logo que era a minha medida e que tinham solas novas, estavam muito baratas, só 15$00. Ó paizinho, compre, para eu levar para a escola (eu entrava em Outubro desse ano de 1952 para a 1ª Classe, nas Oficinas de S. José, aos Prazeres).

– São caras e o pai só tem... – e levou a mão ao bolso, mostrando 8$60.

O homem, com a sua lábia de vendedor, disse-lhe:    

– Estas botas, por 15$00, são um pechincha... Mas como o miúdo está aí tão triste, dê cá isso e leve lá as botas.

Mesmo antes que meu pai dissesse algo, embrulhou-as em papel de jornal, atou-as com uma guita, à volta. Eu agarrei-as logo, pois o meu pai, carregado com a grafonola, ainda podia dizer que não, o que não aconteceu. Lá deu o dinheiro ao homem e – meu Deus, como hoje recordo (sem pieguices ,mas com uma lágrima no olho) – que alegria!

Começámos a descer para a 24 de Julho, quando o meu pai se volta para mim e a rir diz:

– O menino Vitó levou a sua avante, mas esqueceu-se de uma coisa: o pai não tem mais dinheiro e agora temos que ir para casa a pé; e olha que não te posso ajudar porque a grafonola ainda é pesada.

– Ó paizinho, não há problema; eu aguento.

– Sempre quero ver isso – retorquiu ele.

Chegámos ao Cais do Sodré e eu derreado, já não conseguia dar mais um passo. Meu pai, a quem também já doía o braço de carregar a grafonola, poisou-a no chão, junto a uma parede, sentou-me em cima dela, disse-me que não saísse dali porque ia ao bar da gare dos comboios, ver se estava lá alguém conhecido.

Fiquei ali e, passados uns minutos, o meu pai aparece com uma sandes de torresmos e um pirolito. Fiquei deliciado, porque já havia um bom bocado que tinha fome e sede, mas não tinha dito nada para não complicar ainda mais a situação. Então, ele disse-me:

– Bem, espero que tenhas aprendido a lição; mas como o pai ainda descobriu aqui no fundo do bolso uns trocos, que deram para as sandes e ainda nos sobrou 2$00, assim podemos ir de eléctrico até ao Rato.

Calculem o alívio e alegria quando ouvi esta novidade, e lá fomos os dois a rir às gargalhadas para a paragem do eléctrico.

Foi um dia em cheio (que saudades, pai)...

Mal chegámos a casa, o meu avô começou logo meter-se com o meu pai, em ar de troça:

– Uma grafonola... e avariada!

– Deixe estar, que eu e o Vitó arranjamos isto – dizia o meu pai.

Claro que eu não percebia nada daquelas coisas, mas recordo ter ficado todo orgulhoso com o comentário. No futuro viria a ter esse jeito para as máquinas e ferramentas, mas meu pai era um grande “engenhocas”, lá em casa arranjava tudo.

Limpámos muito bem a caixa, que estava um pouco mal tratada, e meu pai desmontou o engenho de corda. Lembro-me que era parecido com a corda dos relógios de sala e – vejam a nossa sorte – a corda não estava partida, tinha-se solto o engate da ponta, que prendia ao sistema de fixação do enrolamento. O meu pai todo contente só dizia:

– Eu sabia, eu sabia!

Após a montagem, com a família toda à volta do engenho posto em cima da mesa de jantar, o meu pai dá à corda, destrava a pequena alavanca e o prato começa a rodar. Foi uma proeza saudada com grande algazarra e alegria. Logo o meu avô deu o dito por não dito:

– Já podemos tentar arranjar uns discos meus.

Entretanto, meu pai monta uma agulha, dá à corda (avisa-nos que não se deve rodar até prender, pois pode partir a corda ou voltar a soltar-se o engate) e põe o disco da Maria Alice. Foi, decerto, o primeiro disco que ouvi na minha vida, de tal forma que ainda hoje me lembro do fado na totalidade:

 

Acredita meu amor

Quando te vou visitar

Às grades dessa prisão

Sufocada pela dor

De te ver assim penar

Estala meu coração

 

Por mim mataste um rival

És agora condenado

Ao degredo por castigo

Mas juro por amor fatal

Não vai meu corpo a teu lado

Mas vai minha alma contigo

 

Depois, tomámos o gosto à grafonola e o primeiro disco do meu avô que arranjámos foi da “ODEON”, com os temas, "Amor de Mãe" e "Os Olhos". Como sabem, as grafonolas não tinham uma velocidade constante, e então o meu avô, quando se ouvia, exclamava:

– Então não é que até parece que tenho voz de mulher!!

                                   

                                         

                                      Disco de massa para grafonola

Mas voltemos às botas. Conforme tinha sido combinado, eram para estrear no primeiro dia de aulas, e assim foi, penso que a 6 ou 7 de Outubro. Nesse dia chovia torrencialmente, as botas vinham mesmo a calhar.

Ao fim do dia cheguei a casa desolado e com os pés todos molhados, pois as solas estavam todas desfeitas: eram de cartão colado sobre a sola inicial já gasta, muito bem pintadas, com anilina preta e graxa, o que lhes dava aquele aspecto consistente e novo! Fartei-me de chorar com o desgosto, mas mais tarde até rimos, porque nos lembrámos de como fora o negócio e, afinal, os enganados fomos nós. Pediu-se orçamento ao sapateiro, mas a minha avó disse logo que não se podia agora estar com aquela despesa, as solas e a mão-de-obra custavam quase 30$00 (o meu avô, naquela altura, ganhava 50$00 por noite e o meu pai, quando arranjava para cantar, não ganhava mais do que 20$00 a 25$00 por noite).

Ora, a solução acabou por ser uma alegria e um orgulho para todos nós, isto porque o meu bisavô (pai do meu avô Alfredo) era sapateiro e o meu avô, nos intervalos da escola, até o pai morrer, foi aprendendo o oficio e dando uma ajuda no trabalho. Como o meu avô era habilidoso, desembaraçava-se bem; comprou num armazém, em S. Paulo, um bocado de sola que lhe custou 6$00 ou 8$00 e, como tinha as ferramentas da arte de sapateiro que tinham sido do pai – as formas, sovelas etc. – foi ele próprio que me colocou as solas nas botas, botas que usei enquanto me serviram. Creio que ainda acabaram por levar umas solas de borracha.

Desculpem estes desabafos/recordações dos meus Fados!

 

Vítor Duarte Marceneiro

 

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Sábado, 3 de Outubro de 2009

Real Bordalo Bodas de Ouro do casamento com Guiomar

O Mestre Real Bordalo com sua mulher Guiomar comemoraram os cinquenta anos do seu casamento, felizmente que "amores perfeitos"  ainda perduram.

Foi feita uma simpática festa organizada pela nossa querida amiga Guiomar, que lhe quis fazer uma surpresa com uma sessão de fados, foi uma festa muito bonita, e eu senti-me muito honrado por fazer parte dos seus amigos, e aqui estou neste blogue que tanto lhe  deve,  Mestre Real Bordalo, desde o inicio autorizou que eu publicasse os seus quadros sobre Lisboa, como tenho afirmado para mim Mestre Real Bordalo é um grande fadista, canta Lisboa pintando.

 

Bodas de Ouro

 

Pode fazer sol em dia de chuva,

Ou chover em pleno verão,

E mesmo se trovejar,

Eles vão sempre acreditar

que quem manda é o coração.

 

Também há dias cinzentos

de grandes e tristes momentos,

que insistem em não passar,

mas eles aprenderam a amar

e o Mundo não vai acabar.

 

O mar, o céu, as estrelas,

tudo se pode alcançar,

mesmo que só por magia,

há sempre um dia…

que até o mundo se pode abraçar.

 

Ele, já colheu estrelas

para lhe oferecer,

ela, pensa que para amar,

basta olhar…

para lhe agradecer.

 

O segredo existe,

Não sabemos em que consiste.

O código da chave ninguém sabe.

Pergunto baixinho para mim…

Quem me dera aprender

A olhar assim.

 

Saber amar é o principal

para tirar as pedras do caminho,

construir com elas castelos,

ir em frente e caminhar

porque no mundo nada vai mudar.

 

Anos e mais anos,

com amor passam-se assim,

de mãos dadas a sonhar,

porque quem vive para amar

pode fazer…

desta vida um jardim.

 

 

Poema de Bia (Maria de Jesus) dedicado á comemoração da Boas de Ouro do casal Guiomar e Artur Real Bordalo.

 

Da esquerda para a direita: António Margarido, Luís Esteves, Real Bordalo, Guiomar, Cristina Nóbrega, Vítor Marceneiro, Maria de Jesus (Bia).

Na guitarra portuguesa Luís Ribeiro e na Viola de acompanhamento Jaime Martins.

Muitas felicidades e muita saúde para que nos possam dar mais alegrias.

 

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Quinta-feira, 1 de Outubro de 2009

DIA INTERNACINAL DA MÚSICA - 1 - 10 - 2009

Saúdo os músicos de todo o sempre...Como seria o Mundo   se não houvesse música...

Para homenagear este dia, tenho o prazer de apresentar novamente um vídeo clipe do meu querido amigo Maestro Rui Serôdio, interpretando o Fado Cravo (ou Viela) ao piano, como sabem do meu saudoso avô ALFREDO MARCENEIRO

 

 

 

No dia 20 de Setembro fiz uma página sobre a história deste Fado, e lamentei não ter o original cantado pelo meu avô, mas o meu amigo Fernando Pedroso tinha esta preciosidade nos seu arquivos, que tinha captado num programa de RDP.

É retirado de um disco de massa dos anos 40, pelo que a qualidade sonora não é a mais perfeita, é interessante verificar ainda, que os versos também foram encurtados, já tinha começado a exigência das editoras, que não queriam que os Fados tivessem mais de 3 minutos.

Alfredo Marceneiro

canta Fado Cravo

 

 

 

Aproveito também este dia para esclarecer umas dúvidas que sei têm alguns investigadores (embora nunca o discutissem comigo), sobre a origem/história de duas músicas da autoria de meu avô:

 

O FADO CUF

O FADO MARIA MARQUES

 

 

O Fado CUF, foi criado para um poema de Armando Neves, "O Marceneiro" , que ele considerava o seu cartão de visita cantado.

Foi feito em 1937 ou 1938, e Alfredo Marceneiro ainda era funcionário dos estaleiro navais, administrados por Alfredo da Silva (CUF).

Foi Casimiro Ramos o guitarrista que com ele ensaiou o tema e o ajudou simultaneamente no registo.

Praticamente na mesma altura Henrique Rego escreve-lhe o poema "A Minha Freguesia", em que Casimiro Ramos não tem dificuldades em lhe fazer uma música bem ao seu estilo o "Fado Margaridas", que algumas pessoas por vezes pensam que é de Marceneiro.

 NOTA: Quer o Fado CUF quer o Margaridas foram feitos nos anos 30, no entanto nos anos sessenta meu avô grava para a Casa Valentim de Cravalho ambos os Fados, só que pela razão que só ele saberia explicar, gravou o CUF no poema A Minha Freguesia, e o Margaridas no poema O Marceneiro.

Quanto ao Fado Maria Marques, o que passo a  expor, é a versão real.

Meu avô era um homem discreto, nunca lhe conheci uma namorada (ou amante como se dizia na época), e nem o meu pai ou meu tio alguam vez se referiram a este assunto.

Ora sabemos que Alfredo, era um homem que teve as suas aventuras, em jovem, teve filhos de três mulheres incluindo a minha avó.

Já quarentão decerto que teve as suas paixões, mas nunca se exibiu nem as exibiu. Já eu homem feito, contou-me que teve uma paixão por uma senhora, que  morava ali para o Chile. Foi por esta altura que me contou que tinha pedido ao seu compadre Henrique Rego, que lhe fizesse uns versos para dedicar a uma amiga (era um segredo deles), "O TEU VESTIDO AZUL" cantou os versos no seu estilo e nasceu mais um Fado em Versículo,  a que deu o nome de Maria Marques ( era o nome da tal senhora, que ninguém conhecia). Como havia uma fadista que se chamava Maria Marques, alguém associou o título a essa pessoa, mas   não foi assim, meu avô não tinha nenhuma ligação de amizade, ou outra, com essa fadista, para lhe dedicar um Fado.

 

Meu avô,  deixou de cantar este Fado, mas o meu tio Carlos cantava-o na Cesária e gravou para o Valentim de Carvalho, assim como eu também.

 Carlos Duarte

canta O teu Vestido Azul

 Vítor Duarte

canta O teu Vestido Azul

 

 

Meu pai sabedor da intencionalidade do poema ,  gostou do mote, mas achou que não o devia cantar, e pede ao Henrique Rego que lhe escreva um poema diferente, visando o mesmo tema  vestido/cor, e assim canta e grava  "Vestido Azul"  versos em quadras de Henrique Rego, mas na musica do Fado Pajem.

 Alfredo Duarte Júnior

canta Vestido Azul

 

 

 

 

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