José Maria Viana Dionísio nasceu em Lisboa, a 6 de Dezembro 1922.
Após a instrução primária, frequentou a Escola Industrial Machado de Castro mas não chegou a acabar nenhum curso.
Desde muito jovem que demonstrou aptidão e jeito para desenhar , aos 13 anos, já desenhava para o «Jornal O Senhor Doutor», o suplemento de «O Século», «Pim Pam Pum» e a fazer capas para o «O Papagaio».
O primeiro emprego foi como retocador de gravura, na Casa Bertrand & Irmãos.
Também desde muito cedo se sente atraído pela música do swing e do jazz, passa também a cantar integrado em conjuntos musicais que animam nas colectividades populares de cultura e recreio, posteriormente canta em recintos nocturnos, mas como segunda ocupação.
Continua a sua profissão de desenhador, até que é convidado como publicista de cinema, para a Sonoro Filmes.
De espírito criativo e ávido de inovações, passa a frequentar a Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, colaborando na pintura de cenários, na época em que por lá estavam o Jacinto Ramos, Varela Silva, Raúl Solnado, etc.
Estreia-se como actor amador, em obras de Gil Vicente, Alves Redol, e outros.
Estreia-se na RTP com o programa «Riscos e Gatafunhos» e depois «Melodias de Sempre», programas que lhe dão grande notoriedade.
Esteve no Teatro de Gerifalto, e também Teatro ABC (Vinho Novo), pela mão do empresário José Miguel .
Estreia-se como autor, ao lado de Nelson Barros em 1959 na revista «Mulheres à Vista», e destaca-se na rábula «Inimigo de Lisboa». Em 1963, encena pela primeira vez uma revista, «Elas São o Espectáculo», seguindo-se outro sucesso com «Embaixador do Fado».
Nas andanças do teatro de revista, conhece uma actriz brasileira Jújú Batista, que lhe dá uma filha, a Maria.
Passados alguns anos José Viana conhece Dora Leal, com quem contracena e passa a ser sua companheira de que resultam duas filhas (a Maria Raquel e a Madalena Leal).
Em meados da década de 60, José Viana atinge o auge da sua carreira, na Empresa de Guiseppe Bastos e Vasco Morgado, então no Maria Vitória.
O «Zé Cacilheiro» surge em 1966, em «Zero, Zero, Zero - Ordem para Matar» que teve um êxito estrondoso, o tema foi gravado em disco e muito solicitado nas rádios de então.
Outras rábulas merecem destaque como «Carlos dos Jornais» e «Catedrático do Fado em Grande Poeta é o Zé», 1968; «O Zé Povinho vai ao Médico»; em «Mãos à Obra», 1969; «Sinaleiro de Liberdade», em «Esperteza Saloia»; 1969; «Chefe de Cozinha do Hotel Portugal», em «Pimenta na Língua», 1970; «O Zé Povinho no Frente a Frente da TV em Cala-te Boca!», em 1971 ou «Miss Chalada,» em «Ora Bolas para o Pagode», em 1972.
José Viana e Dora Leal após os acontecimento pós-25 de Abril de 1974, (José Viana referenciado com o PCP), voltam ao Parque Mayer, em Festa no Parque, corria o ano de 1987, mas sem grande aceitação popular.
No cinema, José Viana teve algumas participações, em pequenos papéis como em O «Cerro dos Enforcados», de Fernando Garcia (1953) e «Perdeu-se um Marido», de Henrique Campos (1956) mas foi em «O Recado» (1972), de José Fonseca e Costa, a «A Fuga» (1976), de Luís Filipe Rocha, «A Ilha» (1990), de Joaquim Leitão, e «O Fim do Mundo» (1992), de João Mário Grilo, que o seu talento é mais reconhecido.
Faleceu em Lisboa no dia 8 de Janeiro de 2003
José Viana canta Zé Cacilheiro
Autores: César de Oliveira
Paulo da Fonseca/Carlos Dias
Quando eu era rapazote
Levei comigo no bote
Uma varina atrevida
Manobrei e gostei dela
E lá me atraquei a ela
P’ró resto da minha vida
Às vezes uma pessoa
A saudade não perdoa
Faz bater o coração
Mas tenho grande vaidade
Em viver a mocidade
Refrão
Sou marinheiro
Deste velho cacilheiro
Dedicado companheiro
Pequeno berço do povo
E navegando
A idade foi chegando
O cabelo branqueando
Mas o Tejo é sempre novo
Todos moram numa rua
Mas eu cá não os invejo
O meu bairro é sobre as águas
Que cantam as sua mágoas
E a minha rua é o Tejo
Certa noite de luar
Vinha eu a navegar
E de pé, junto da proa
Eu vi, ou então sonhei
Que os braços do Cristo-Rei
Estavam a abraçar Lisboa
Refrão
LISBOA
Letra de: Artur Ribeiro
Música de Ferrer Trindade
Vejo do cais
Mil janelas
Da minha velha Lisboa
Vejo Alfama das vielas
O Castelo, a Madragoa
E os meus olhos rasos de água
Deixam por toda a cidade
A minha prece de mágoa
Nesta canção de saudade
Estribilho
Quando eu partir
Reza por mim Lisboa
Que eu vou sentir Lisboa
Penas sem fim Lisboa
Saudade atroz
Que o coração magoa
E a minha voz entoa
Feita canção Lisboa
E se ao voltar
Me vires chorar, perdoa
Que eu abra a porta à tristeza
Para depois rir à toa
Tenho a certeza
Que ao ver as ruas
Tal qual hoje as vejo
Nesse teu ar de rainha do Tejo
Hei-de beijar-te Lisboa
Hei-de beijar com ternura
As tuas sete colinas
E vou andar à procura
De mim p’las esquinas
E tu Lisboa
Hás-de vir aqui ao cais
Como agora
P’ra eu te dizer a rir
O que hoje minha alma chora
Misia canta:
A Herdade das Servas e a Fundação Amália Rodrigues, em homenagem à vida da fadista,apresentaram o Vinho “Amália” no dia 27 de Outubro, pelna Casa-Museu Amália Rodrigues, na Rua de São Bento, N.º 193, em Lisboa.
Esta ocasião inédita contou com a presença dos amigos da Amália, fadistas de renome e especialistas do sector dos vinhos.
Parte da venda do vinho ‘Amália’ reverte para Associações de Solidariedade Social.
"O bom vinho é um camarada bondoso e de confiança, quando tomado com sabedoria."
Amália canta:
Oiça Lá Ó Senhor Vinho
Autor: Alberto Janes
Nota: A fota do copo de vinho, assim com a foto de Amália, foram retiradas da Net, lamento não saber os nome dos autores, mas espero que considerem, ao utilizá-las (sem fins lucrativos), uma homenagem quer á nossa Amália, quer ao vosso trabalho. Parabéns e obrigado.
A foto dos vihos Amália foram cedidos por Sandru Sousa
Lisboa em minha noite
Versos de : Mariana Correia
Ficando a sós com a noite, sigo uma luz
A noite, embala a noite que tem minh’alma
Vagueio nesse espaço, que seduz
Como reza ou silêncio e sua calma.
Lisboa é mais bonita se as estrelas
A vestem com as cores d’uma paixão
Amarra em seu caís o brilho delas
Agarra a minha a noite e o coração.
Lisboa, guarda os sonhos dos poetas
Num rio, conta segredos ao luar
E tal qual profecías de profetas
Navega o destino nesse mar.
Ficando a sós com a noite, sinto a cidade
Sinto pulsar seu canto enquanto...aguardo
Lisboa em minha noite, cantar saudade
Seguindo a luz que sigo, neste Fado.
MLC/13.01.2009
Fotos tiradas da Internet, agradeço aos seus autores, e lamento mnão saber os seu nomes para aqui publicar, estas fotos são também afectos de amor por Lisboa, obrigado e parabéns.
A Casa de Fados "A Cesária", situada na Rua Gilberto Rola em Alcântara, era uma tasca já desde o século XIX.
Já no século XX passou a ser uma casa de "prostituição", que na época eram autorizadas, funcionava com o nome de Bar Sábá. Tinha dois andares, em baixo bebia-se e acordava-se o preço com as "meninas", em cima havia dois quartos de curta permanência, á disposiçaõ dos interessados.
Mais tarde o seu proprietário Mário Lopes de Oliveira, aproveitando o edifício ter dois pisos, passou para o 1º piso a parte da "prostituição" criando para tal uma porta de entrada independente pela rua. No rés-do- chão abre uma casa típica com petiscos e onde se podia cantar o Fado com o nome "Casa A Cesária", a pouco e pouco começa a ter bastante afluência, principalmente aos fins de semana, em que iam pessoas para ouvir o Fado, e os próprios Fadistas apareciam, porque gostavam do ambiente.
Pouco tempo passado e as casas de prostituição são proibidas e obrigadas a fechar, o proprietário que mais tarde passou a ser conhecido pelo Mário da Cesária, como tem alvará de bar, consegue licença para ampliar a casa, o primeiro andar é aberto, ficando como uma varanda com visão para a divisão de baixo, que passou a ser o pátio das cantigas, era uma casa muito "castiça" quer pela decoração quer pela construção , pois dava a ideia que estávamos num pátio lisboeta, passando a dar Fado todos os dias.
Imagem do interior da casa retirada de um anúncio e ainda o painel em azulejo existente na parede da casa
Carlos Duarte uma noite na Cesária
Segundo a tradição, terá sido neste local, outrora uma "taverna" que Maria Cesária, terá cantado pela última vez em 1877.
Nos anos sessenta como já referi, passaram pela Cesária quase todos os fadistas da época, destacando-se o meu tio Carlos Duarte, que nunca foi profissional, mas ali ía todos os dias, aos dias de semana só até cerca de meia-noite, pois no dia seguinte tinha que ir trabalhar, aos sábados e domingos as "fadistisses" iam até de madrugada, acabando muitas das vezes, em que fadistas, empregados e clientes, acabavam no cacau da ribeira, até o sol nascer. (Grandes noites, ainda tive oportunidade de viver algumas delas, com o meu pai e o meu avô, o meu tio Carlos e o meu primo Valdemar).
Carlos Duarte canta "Vestido Azul"
Quando fui para o serviço militar em 1967, também já era por lá e pelo Timpanas mais ao lado, que eu ía continuando a dar os primeiros passos no Fado. Nesta altura, o Mário contrata o meu primo Valdemar Duarte, filho do meu tio Carlos Duarte (que faleceu em 1966), como gerente artístico e também para cantar.
Entretanto o meu primo Valdemar Duarte, casa-se e organiza a vida e demite-se da Cesária, nunca mais cantou, e foi pena pois cantava muito bem, na linha que nós todos da família comungamos, é o "ADN do Marceneiro", já tinha angariado bastantes admiradores, tenho muita pena que ele infelizmente não tenha nada gravado, mas o Fado está-lhe na alma, actualmente anda a aprender a tocar guitarra.
A Casa A Cesária fechou definitivamente as portas em 1977.
Há uma realidade que é inegável, é que os "Marceneiros", estiveram sempre com o FADO e no Fado.... E continuam
© Vítor Duarte Marceneiro
Carlos Duarte na Cesária a cantar e em convívio (1964)
Foto Valdemar Duarte a cantar na Cesária ao lado está a irmã Judite Duarte,
também filha de Carlos Duarte (1966)
Foto Tirada na Cesária em 1966
Seguem-se mais alguns elementoa relacionados com A Cesária:
Painel de Azulejos, a fachada do edificio actualmente, um copo gravado,
MARIA CESÁRIA, figura mítica do Fado oitocentista, ignora-se a data de nascimento e morte da cantadeira, e mesmo o seu nome de baptismo completo, apenas se sabendo que seria efectivamente Maria.
Residente no bairro de Alcântara ali trabalhava numa fábrica como engomadeira. Inicialmente companheira de um fadista local, terá acabado por" o trocar por José Cesário Sales, canteiro, homem de algumas posses e talento na sua profissão, filho de Francisco Sales, proprietário de uma importante oficina de cantaria em Lisboa. Desta ligação terá resultado o Maria do Cesário e daí Maria Cesária. Ficando igualmente conhecida como Mulher de Alcântara.
Tão famosa quanto Maria Severa, proferia as palavras com receio e trajava de modo simples, recusando ousadias e vestes originais. Era normalmente acompanhada pelo guitarrista Carreira.
Segundo as crónicas, a qualidade da sua voz era equiparável à qualidade da sua memória, dando Tinop notícia de inúmeros desafios em que terá participado, nomeadamente com uma rival sua, Luzia a Cigana, alguns dos quais durariam dois e três dias de Fados e comezainas.
Terá sido bastante famosa nas décadas de 60 e 70 do século XIX, tendo o guitarrista Ambrósio Fernandes Maia composto um Fado que lhe dedicou, o Fado da Cesária ou Fado de Alcântara.
Cesária foi a figura central da opereta com o mesmo nome, escrita por Lino Ferreira, Silva Tavares e Lapa Lauer e musicada por Filipe Duarte, que subiu à cena no Teatro Apolo em 1926.
Nota: Desconhece-se a existência de alguma foto da Cesária, a imagem em cima, representa uma mulher fadista do século XIX
Na opereta "Mouraria", a Cesária foi recordada:
Fado da Cesária
Tanto a desgraça me alcança
que já me sinto cansada,
da vida que não se cansa
de me tornar desgraçada.
E como o Fado alivia
as mágoas que a gente sente,
eu minto à minha agonia,
noite e dia,
cantando constantemente.
Refrão
Foi um beijo venenoso,
demorado,
langoroso,
que perversa me tornou.
E eu faço o que me fizeram,
pois ninguém foge ao seu fado;
— Foi a mentir que mo deram,
é a mentir que eu os dou...
Aquele a quem dei a vida
e o que eu tinha de mais meu,
hoje chama-me perdida
mas não diz quem me perdeu.
É por isso que no Fado
a minha alma se desgarra,
pois esqueço o meu passado,
torturado,
quando chora uma guitarra.
NOTA DE INFORMAÇÃO ACERCA DO BLOGUE DIA 17-10-09:
CAROS AMIGOS ERAM CERCA DE 14.00 HORAS, QUANDO ESTE BLOGUE ATINGIU OS 400.000 VISITANTES. É UM ORGULHO, SENTIR QUE O NOSSO TRABALHO TEM VALOR, PARA MERECER TAL ATENÇÃO.
FOI EM PARTE COM BASE NESTE TRABALHO QUE TIVE A HONRA DE SER NOMEADO/GALARDOADO COM O PRESTIGIOSO "TROFÉU AMÁLIA RODRIGUES" PARA INFORMAÇÃO/DIVULGAÇÃO NO ANO DE 2008.
TENHO ORGULHO EM SABER QUE ESTE TRABALHO É CONSIDERADO UMA "FONTE DE INFORMAÇÃO SEGURA"
TODOS SABEMOS QUE QUANDO SE CONSTRÓI ALGO QUE SOBRESSAI, SE NÃO SOMOS "YES/MAN", NEM PERTENCEMOS AO "LOBBIE" DOS TAIS, LOGO APARECEM OS MALDIZENTES, OS INVEJOSOS, E OS TAIS... QUE TENTAM DESTRUIR E AMESQUINHAR, MAS TANTO ME TÊM CHAMADO À ATENÇÃO, QUE ACABEI POR PERCEBER, QUE É COM ESTE TIPO DE ATITUDE E TAMBÉM COM ACÇÕES DE PERSEGUIÇÃO (de pessoas e/ou entidades), QUE ESTE TRABALHO DEMONSTRA QUE É VÁLIDO, PARA O FADO E PARA LISBOA.
O QUE NADA VALE NÃO REZA A HISTÓRIA...
COMO DIZIA CARLOS CONDE:
VI MUITAS VEZES A RAZÃO
POR MUITOS POSTA DE LADO
E A MENTIRA EM VIVA CHAMA
ATÉ POR TRISTE IRRISÃO
VI NULIDADES NOS ASTROS
E VI CIÊNCIAS NA LAMA
OBRIGADO A TODOS AMIGOS E NÃO AMIGOS... MALDIZENTES, DECTRACTORES, INVEJOSOS, ETC...
MAS O QUE MAIS ME DÓI, É O SILÊNCIO DOS BONS..
VIVA LISBOA, VIVA O FADO
Natécia da Conceição faleceu ontem dia 15 de Outubro de 2009, Foi nos E.U.A., onde vivia actualmente. Tinha 75 anos. Até Sempre amiga.
Uma amiga da Natércia mandou-nos mais dados sobre esta nossa querida amiga.
Natércia da Conceição nasceu em Vila Franca de Xira e aos 12 anos foi para Lisboa. Em 1970 veio para os Estados Unidos e abriu a primeira casa de Fados na Nona Inglatera cuja dona era Valentina Felix colega fadista, assim se deu inicio ao Fado, em 1970 o falecido Antonio Albero Costa abriu a primeira estação de rádio portuguesa em New Bedford e ela foi uma das loucutoras, nos anos 80 uma vez mais com a iniciativa de Alberto Costa abriram outra estação de rádio em Providence, Rhode Island, Radio Clube Português, foi a melhor loucutora que tivemos era uma pessoa extremamente culta, com dignidade e paixão deu testemunho da lingua de Camões em terras americanas . Na vida artistica ensinou os seus guitarristas a tocar Viriato Ferreira, Antonio Rocha e José Silva, presentemente tanto Viriato Ferreira como José Silva têm a capacidade de tocarem para qualquer fadista que venha de Portugal. Natercia não só cantou como encantou, levou a fado á casa branca em Washington DC cantou para o presidente Clinton. diplomatas e politicos nos anos 90, era uma grande apaixonada de Argentina Santos e Amália Rodrigues e Lucilia do Carmo da malta nova que canta o fado em Portugal era apaixonada pela Cathia Guerreiro e nos Estados Unidos pela voz mais novinha Nathalie Pires, tinha uma grande admiraçáo por Ana Vinagre e dizia que era a unica que sabia cantar o fado na Nova Inglaterra. Ontem despedimo-nos da Natercia com os seus guitarristas a dizer-lhe adeus e Ana Vinagre a cantar o passeio de Santo Antonio, fado que ela adorava. As sua cinzas irão acabar no jardim botanico em Lisboa.
Cyndy Faria
Foi uma artista que surgiu muito jovem nas lides fadistas, tendo sido apadrinhada por Ercícila Costa e Berta Cardoso em 1953.
Ingressou no profissionalismo, estimulada pela sua brilhante vitória num concurso organizado por um jornal de Fado, que se realizou no velho Café Salvaterra, onde obteve grande êxito.
Natércia da Conceição nasceu na castiça Vila Franca de Xira. Terra de aficionados taromáticos e garnde apreciadores de Fado.
Gravou uma dezena de discos para as etiquetas Melodia, Estúdio, Orfeu, etc.
Cantou na Emissora Nacional e Na Rádio Televisão Portuguesa.
Teve um vasto repertório com versos de conceituados poetas como, Domingos Gonçalves Costa, Francisco Ribeiro. Linhares Barbosa, Frederico de Brito, Jorge Rosa, etc.
Actuou em espectáculos no estrangeiro e foi cartaz em quase todas as casas típicas de Lisboa.
Natércia da Conceição
Canta: Chinelas da Mouraria
Letra Linhares Barbosa
Música: Santos Moreira
Natércia da Conceição com Alfredo Marceneiro
Da poetisa Maria José Praça, recebi nos comentários deste post, um poema que acho que deve ter o devido destaque.
CONTAS DE TERÇOS MAIS LATOS...
Em aguarelas de fado
No Fado usa-se em muitos poemas, referências a Deus, ao Rosário, ao Terço etc. Aqui fica a história do Rosário ou Terço de Rezar.
O Rosário é uma oração católica em honra da Santíssima Virgem Maria formado tradicionalmente por três terços. Recentemente houve o acréscimo de mais um terço pelo Papa João Paulo II. Cada terço compreende cinco mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Nossa Senhora. Os mistérios são formados básicamente por um Pai-Nosso e dez Ave-Marias. Cada mistério recorda uma passagem importante da história da salvação, segundo a doutrina católica, e cada terço é constituído por cinco mistérios.
A oração do Santo Rosário surge aproximadamente no ano 800 à sombra dos mosteiros, como "Saltério" dos leigos. Dado que os monges rezavam os salmos (150), os leigos, que em sua maioria não sabiam ler, aprenderam a rezar 150 Pai-Nossos. Com o passar do tempo, se formaram outros três saltérios com 150 Ave Marias, 150 louvores em honra a Jesus e 150 louvores em honra a Maria.
Segundo uma tradição a Igreja católica recebeu o Rosário em sua forma atual em 1206 quando a Virgem teria aparecido a Santo Domingo e o entregou como uma arma poderosa para a conversão dos hereges e outros pecadores daquele tempo. Desde então sua devoção se propagou rapidamente em todo o mundo com incríveis e milagrosos resultados
No ano 1365 fez-se uma combinação dos quatro saltérios, dividindo as 150 Ave Marias em 15 dezenas e colocando um Pai nosso no início de cada uma delas. Em 1500 ficou estabelecido, para cada dezena a meditação de um episódio da vida de Jesus ou Maria, e assim surgiu o Rosário de quinze mistérios.
A palavra Rosário significa 'Coroa de Rosas'. É uma antiga devoção católica que a Virgem Maria revelou que cada vez que se reza uma Ave Maria lhe é entregue uma rosa e por cada Rosário completo lhe é entregue uma coroa de rosas. A rosa é a rainha das flores, sendo assim o Rosário de todas as devoções é, portanto, tido como sendo a mais importante.
in: wikipédia
Amália era uma mulher crente e cantou muitos Fados com referêcias ao "Divino"
Amália canta música e letra de Alberto Janes
FOI DEUS QUE ME PÔS NO PEITO
UM ROSÁRIO DE PENAS
QUE EU VOU DESFOLHANDO
E CHORO A CANTAR
«Ana Sofia Varela, uma das mais bonitas e bem timbradas vozes fadistas, apresentou no dia 10 deste mês, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, "Fados de amor e pecado", resultado de um trabalho de 12 anos da equipa João Gil (compositor) e João Monge (letrista). "Os dois Jões, o Gil e o Monge, conhecem-me bem, sabem como sou e até onde posso ir, falei com eles, e percebi o que queriam. Cada fado é uma personagem que visto, nuns casos procuro referências em circunstâncias por mim vividas, noutras recorro à imaginação", explicou.
O álbum abre com o tema "As luvas da minha mãe" e encerra com "O corvo", num total de 12 temas em que se procurou "reinventar temas de sempre do fado, numa visão contemporânea, dos dias de hoje, aos olhos das pessoas com que nos cruzamos no dia-a-dia"».
In: www.hardmusica.pt
PS. Agardeço HM - Musica, na pessoa do Helder Coutinho os convites que teve a gentileza de me ofertar.
Parabéns á Ana Sofia Varela e a todo "o staff"
Este é o primeiro disco que gravei para a Estúdio em 1992
Fui homenageado com um post sobre a minha actividade no Fado e um video-clip em que canto o tema Bairros de Lisboa com letra de Carlos Conde e música do Fado Pagem de Alfredo Marceneiro.
É autora do blogue a minha querida amiga Ofélia, quem gosta de Fado não deve deixar de o visitar, pois é construido por alguém que sabe muito de Fado, e embora não cante, é uma grande fadista de alma e coração.
Obrigado Ofélia
http://fadistascomoeusou.blogspot.com/
veja também da mesma autora
http://olhai-lisboa.blogspot.com/
Há 58 anos estava eu em vésperas ir para a escola, as aulas começavam nessa época a 7 de Outubro, nesse ano 1951, como dia 7 foi a um Domingo, as aulas começaram no dia 8.
A escola que fui frequentar foram as Oficinas de S. José, dos Padres Salesianos, situada nos Prazeres, no bairro de Campo d´Ourique, escola que ainda hoje existe.
Recordo o livro, o caderno de duas linhas, um lápis, uma borracha de apagar, uma ardósia, uma pena para poder escrever na ardósia, uma caixa de lata pequena, com um pedaço de pano molhado, que servia para limpar a ardósia, e a mala que a tia Aida me deu, uma cesta de verga para levar o almoço, 2 carcaças com ovo mexido e uma laranja, preparado pela avó Judite.
Estava entusiasmado, porque também era o dia que eu iria estrear umas calças compridas, um "pull-over" grená sem mangas, que me deu a avó Maria, e mais que tudo as botas de cano alto (á cow-boy) que o meu pai me comprou na feira da ladra, recordo também que nessa altura ainda usava um fumo preto no braço direito, por luto de minha mãe.
Curiosidades: Ao escrever este texto e relembrar todas estas passagens da vida, nomeadamente o material do trabalho escolar de então, não posso deixar de expor aqui o que os pais cujos filhos entraram para a primeira classe (leia-se 1º ano), como a minha filha Beatriz, tiveram de adquirir!
Lista de material escolar para o 1º ano do ensino em 2009:
• 1 Livro de Matemática
• 1 Livro de Língua Portuguesa
• 1 Livro Estudo do meio
• 1 Dossier A4 de duas argolas de lombada larga
• 1 Borracha branca
• 2 Lápis de carvão n.°2
• 1 Afia com depósito
• 1 Bloco de folhas A4 com margens: (1 pautado, 1 desenho)
• 1 Bloco de papel "Cavalinho" A4.
• 1 Resma de Papel
• 1 Bloco de papel de lustro A4
• 2 Cartolinas ( cores diversas)
• 2 Rolos de papel crepe ( cores diversas)
• 2 Caderno de linhas A4,de capa preta (sem argolas), de preferência plastificado;
• 1 Caderno de linhas A5 sem argolas);
• 1 Caderno de desenho A5 (sem argolas);
• Lápis de cor (12 unidades)
• Lápis de cera (12 unidades)
• Canetas de cor (12 unidades)
• 1 caixa para guardar os materiais de cartão
• 1 Conjunto simples de aguarelas
• 2 Pincéis {um grosso/um fino)
• 1 Régua de 15cm
• 1 Tesoura bicos redondos.
• 2 Tubos de cola UHU.(1 em stick e 1 em líquido)
• 1 recarga de fita cola transparente
• 5 Micas de plástico
• 2 Rolos de cozinha
• 1 embalagens toalhetes c/álcool
• 1 novelo de lã ( cor diversa)
• 1 revista (usada)
Vou novamente relembrar a minha ida à feira da ladra nesse ano de 1951, com o meu pai antes do inicio da escola, em que para além da compra de uma grafonola, é também a história das minha botas de cano alto, que acima referi.
Foi num Sábado de Agosto de 1951, que o meu pai me foi buscar a casa dos meus avós para me levar a conhecer a Feira da Ladra. Nessa época meu pai já tinha abraçado a profissão de "Artista de Variedades – Fadista", mas estava no início, o que ainda não lhe dava estabilidade económica. Com o falecimento precoce de minha mãe, passei a viver com os meus avós, na Rua da Páscoa, a Santa Isabel – Campo de Ourique.
Fomos a pé até ao Largo do Rato, descemos a Rua de S. Bento e, quando íamos a meio da Av.ª D. Carlos I, comecei a chorar porque me doíam muito os pés; tinha calçado nessa altura umas botas de carneira com sola de pneu, boas para jogar à bola, mas para caminhadas pareciam ser feitas de chumbo. Meu pai ficou um pouco arreliado, pois estava a fazer planos para irmos até ao Campo de Santa Clara a pé, e logo me disse:
– Lá vamos ter que gastar catorze tostões em dois bilhetes de eléctrico para a Graça.
Carro Elécrico aberto anos 50
Chegámos a Santos e apanhámos o eléctrico, tal como o da foto acima (eléctrico aberto). Lembro-me que enjoei um pouco, pois o meu pai disse-me:
– Eh pá, estás amarelo, não vomites no carro – e passou-me para o topo do banco, onde era totalmente aberto, agarrando-me o braço com força para eu não cair.
Lá chegámos e entrámos para o recinto, pelo lado da Rua da Voz do Operário.
Foto do ambiente da Feira da Ladra, anos 50
Aquilo era um mundo fantástico para mim (tantas coisa giras); algumas eu nem sabia para que serviam, mas meu pai era frequentador e já ia com a ideia fixa do que queria comprar: uma grafonola! Fomos ao poiso do homem que ele sabia ter uma para vender, embora avariada. Na semana anterior já tinha tentado negociar um bom preço, mas não conseguiu. Com a minha presença (talvez para puxar ao sentimento) e batendo no argumento de que a corda estava partida e talvez nunca fosse possível arranjá-la, lá a comprámos por 20$00, incluindo uma caixa de agulhas e um disco de massa da "Voz do Dono" com dois temas de Maria Alice (que mais tarde veio a ser mulher de Valentim de Carvalho).
Tentámos, nos vários comerciantes, arranjar um disco do meu avô para lhe fazer a supresa, mas em vão; os discos de "Marceneiro" ainda eram preciosidades, raras de mais para aparecerem por ali.
Com o meu pai a transportar a grafonola, que depois de fechada parecia uma mala e tinha uma pega, começámos a descer em direcção à Av.ª 24 de Julho, para nos irmos embora. Ao passarmos junto ao gradeamento que dá para o Hospital da Marinha, havia um homem a vender calçado usado, mas com bom aspecto e muito bem engraxado. Os meus olhos fixaram logo uma botas de cano alto (à cow-boy). Pedi ao meu pai para ir ver se eram da minha medida, calcei-as e recordo que estavam um pouco compridas. Mas o homem disse logo que era a minha medida e que tinham solas novas, estavam muito baratas, só 15$00. Ó paizinho, compre, para eu levar para a escola (eu entrava em Outubro desse ano de 1952 para a 1ª Classe, nas Oficinas de S. José, aos Prazeres).
– São caras e o pai só tem... – e levou a mão ao bolso, mostrando 8$60.
O homem, com a sua lábia de vendedor, disse-lhe:
– Estas botas, por 15$00, são um pechincha... Mas como o miúdo está aí tão triste, dê cá isso e leve lá as botas.
Mesmo antes que meu pai dissesse algo, embrulhou-as em papel de jornal, atou-as com uma guita, à volta. Eu agarrei-as logo, pois o meu pai, carregado com a grafonola, ainda podia dizer que não, o que não aconteceu. Lá deu o dinheiro ao homem e – meu Deus, como hoje recordo (sem pieguices ,mas com uma lágrima no olho) – que alegria!
Começámos a descer para a 24 de Julho, quando o meu pai se volta para mim e a rir diz:
– O menino Vitó levou a sua avante, mas esqueceu-se de uma coisa: o pai não tem mais dinheiro e agora temos que ir para casa a pé; e olha que não te posso ajudar porque a grafonola ainda é pesada.
– Ó paizinho, não há problema; eu aguento.
– Sempre quero ver isso – retorquiu ele.
Chegámos ao Cais do Sodré e eu derreado, já não conseguia dar mais um passo. Meu pai, a quem também já doía o braço de carregar a grafonola, poisou-a no chão, junto a uma parede, sentou-me em cima dela, disse-me que não saísse dali porque ia ao bar da gare dos comboios, ver se estava lá alguém conhecido.
Fiquei ali e, passados uns minutos, o meu pai aparece com uma sandes de torresmos e um pirolito. Fiquei deliciado, porque já havia um bom bocado que tinha fome e sede, mas não tinha dito nada para não complicar ainda mais a situação. Então, ele disse-me:
– Bem, espero que tenhas aprendido a lição; mas como o pai ainda descobriu aqui no fundo do bolso uns trocos, que deram para as sandes e ainda nos sobrou 2$00, assim podemos ir de eléctrico até ao Rato.
Calculem o alívio e alegria quando ouvi esta novidade, e lá fomos os dois a rir às gargalhadas para a paragem do eléctrico.
Foi um dia em cheio (que saudades, pai)...
Mal chegámos a casa, o meu avô começou logo meter-se com o meu pai, em ar de troça:
– Uma grafonola... e avariada!
– Deixe estar, que eu e o Vitó arranjamos isto – dizia o meu pai.
Claro que eu não percebia nada daquelas coisas, mas recordo ter ficado todo orgulhoso com o comentário. No futuro viria a ter esse jeito para as máquinas e ferramentas, mas meu pai era um grande “engenhocas”, lá em casa arranjava tudo.
Limpámos muito bem a caixa, que estava um pouco mal tratada, e meu pai desmontou o engenho de corda. Lembro-me que era parecido com a corda dos relógios de sala e – vejam a nossa sorte – a corda não estava partida, tinha-se solto o engate da ponta, que prendia ao sistema de fixação do enrolamento. O meu pai todo contente só dizia:
– Eu sabia, eu sabia!
Após a montagem, com a família toda à volta do engenho posto em cima da mesa de jantar, o meu pai dá à corda, destrava a pequena alavanca e o prato começa a rodar. Foi uma proeza saudada com grande algazarra e alegria. Logo o meu avô deu o dito por não dito:
– Já podemos tentar arranjar uns discos meus.
Entretanto, meu pai monta uma agulha, dá à corda (avisa-nos que não se deve rodar até prender, pois pode partir a corda ou voltar a soltar-se o engate) e põe o disco da Maria Alice. Foi, decerto, o primeiro disco que ouvi na minha vida, de tal forma que ainda hoje me lembro do fado na totalidade:
Acredita meu amor
Quando te vou visitar
Às grades dessa prisão
Sufocada pela dor
De te ver assim penar
Estala meu coração
Por mim mataste um rival
És agora condenado
Ao degredo por castigo
Mas juro por amor fatal
Não vai meu corpo a teu lado
Mas vai minha alma contigo
Depois, tomámos o gosto à grafonola e o primeiro disco do meu avô que arranjámos foi da “ODEON”, com os temas, "Amor de Mãe" e "Os Olhos". Como sabem, as grafonolas não tinham uma velocidade constante, e então o meu avô, quando se ouvia, exclamava:
– Então não é que até parece que tenho voz de mulher!!
Disco de massa para grafonola
Mas voltemos às botas. Conforme tinha sido combinado, eram para estrear no primeiro dia de aulas, e assim foi, penso que a 6 ou 7 de Outubro. Nesse dia chovia torrencialmente, as botas vinham mesmo a calhar.
Ao fim do dia cheguei a casa desolado e com os pés todos molhados, pois as solas estavam todas desfeitas: eram de cartão colado sobre a sola inicial já gasta, muito bem pintadas, com anilina preta e graxa, o que lhes dava aquele aspecto consistente e novo! Fartei-me de chorar com o desgosto, mas mais tarde até rimos, porque nos lembrámos de como fora o negócio e, afinal, os enganados fomos nós. Pediu-se orçamento ao sapateiro, mas a minha avó disse logo que não se podia agora estar com aquela despesa, as solas e a mão-de-obra custavam quase 30$00 (o meu avô, naquela altura, ganhava 50$00 por noite e o meu pai, quando arranjava para cantar, não ganhava mais do que 20$00 a 25$00 por noite).
Ora, a solução acabou por ser uma alegria e um orgulho para todos nós, isto porque o meu bisavô (pai do meu avô Alfredo) era sapateiro e o meu avô, nos intervalos da escola, até o pai morrer, foi aprendendo o oficio e dando uma ajuda no trabalho. Como o meu avô era habilidoso, desembaraçava-se bem; comprou num armazém, em S. Paulo, um bocado de sola que lhe custou 6$00 ou 8$00 e, como tinha as ferramentas da arte de sapateiro que tinham sido do pai – as formas, sovelas etc. – foi ele próprio que me colocou as solas nas botas, botas que usei enquanto me serviram. Creio que ainda acabaram por levar umas solas de borracha.
Desculpem estes desabafos/recordações dos meus Fados!
Vítor Duarte Marceneiro
O Mestre Real Bordalo com sua mulher Guiomar comemoraram os cinquenta anos do seu casamento, felizmente que "amores perfeitos" ainda perduram.
Foi feita uma simpática festa organizada pela nossa querida amiga Guiomar, que lhe quis fazer uma surpresa com uma sessão de fados, foi uma festa muito bonita, e eu senti-me muito honrado por fazer parte dos seus amigos, e aqui estou neste blogue que tanto lhe deve, Mestre Real Bordalo, desde o inicio autorizou que eu publicasse os seus quadros sobre Lisboa, como tenho afirmado para mim Mestre Real Bordalo é um grande fadista, canta Lisboa pintando.
Pode fazer sol em dia de chuva,
Ou chover em pleno verão,
E mesmo se trovejar,
Eles vão sempre acreditar
que quem manda é o coração.
Também há dias cinzentos
de grandes e tristes momentos,
que insistem em não passar,
mas eles aprenderam a amar
e o Mundo não vai acabar.
O mar, o céu, as estrelas,
tudo se pode alcançar,
mesmo que só por magia,
há sempre um dia…
que até o mundo se pode abraçar.
Ele, já colheu estrelas
para lhe oferecer,
ela, pensa que para amar,
basta olhar…
para lhe agradecer.
O segredo existe,
Não sabemos em que consiste.
O código da chave ninguém sabe.
Pergunto baixinho para mim…
Quem me dera aprender
A olhar assim.
Saber amar é o principal
para tirar as pedras do caminho,
construir com elas castelos,
ir em frente e caminhar
porque no mundo nada vai mudar.
Anos e mais anos,
com amor passam-se assim,
de mãos dadas a sonhar,
porque quem vive para amar
pode fazer…
desta vida um jardim.
Poema de Bia (Maria de Jesus) dedicado á comemoração da Boas de Ouro do casal Guiomar e Artur Real Bordalo.
Da esquerda para a direita: António Margarido, Luís Esteves, Real Bordalo, Guiomar, Cristina Nóbrega, Vítor Marceneiro, Maria de Jesus (Bia).
Na guitarra portuguesa Luís Ribeiro e na Viola de acompanhamento Jaime Martins.
Muitas felicidades e muita saúde para que nos possam dar mais alegrias.
Saúdo os músicos de todo o sempre...Como seria o Mundo se não houvesse música...
Para homenagear este dia, tenho o prazer de apresentar novamente um vídeo clipe do meu querido amigo Maestro Rui Serôdio, interpretando o Fado Cravo (ou Viela) ao piano, como sabem do meu saudoso avô ALFREDO MARCENEIRO
No dia 20 de Setembro fiz uma página sobre a história deste Fado, e lamentei não ter o original cantado pelo meu avô, mas o meu amigo Fernando Pedroso tinha esta preciosidade nos seu arquivos, que tinha captado num programa de RDP.
É retirado de um disco de massa dos anos 40, pelo que a qualidade sonora não é a mais perfeita, é interessante verificar ainda, que os versos também foram encurtados, já tinha começado a exigência das editoras, que não queriam que os Fados tivessem mais de 3 minutos.
Alfredo Marceneiro
canta Fado Cravo
Aproveito também este dia para esclarecer umas dúvidas que sei têm alguns investigadores (embora nunca o discutissem comigo), sobre a origem/história de duas músicas da autoria de meu avô:
O FADO CUF
O FADO MARIA MARQUES
O Fado CUF, foi criado para um poema de Armando Neves, "O Marceneiro" , que ele considerava o seu cartão de visita cantado.
Foi feito em 1937 ou 1938, e Alfredo Marceneiro ainda era funcionário dos estaleiro navais, administrados por Alfredo da Silva (CUF).
Foi Casimiro Ramos o guitarrista que com ele ensaiou o tema e o ajudou simultaneamente no registo.
Praticamente na mesma altura Henrique Rego escreve-lhe o poema "A Minha Freguesia", em que Casimiro Ramos não tem dificuldades em lhe fazer uma música bem ao seu estilo o "Fado Margaridas", que algumas pessoas por vezes pensam que é de Marceneiro.
NOTA: Quer o Fado CUF quer o Margaridas foram feitos nos anos 30, no entanto nos anos sessenta meu avô grava para a Casa Valentim de Cravalho ambos os Fados, só que pela razão que só ele saberia explicar, gravou o CUF no poema A Minha Freguesia, e o Margaridas no poema O Marceneiro.
Quanto ao Fado Maria Marques, o que passo a expor, é a versão real.
Meu avô era um homem discreto, nunca lhe conheci uma namorada (ou amante como se dizia na época), e nem o meu pai ou meu tio alguam vez se referiram a este assunto.
Ora sabemos que Alfredo, era um homem que teve as suas aventuras, em jovem, teve filhos de três mulheres incluindo a minha avó.
Já quarentão decerto que teve as suas paixões, mas nunca se exibiu nem as exibiu. Já eu homem feito, contou-me que teve uma paixão por uma senhora, que morava ali para o Chile. Foi por esta altura que me contou que tinha pedido ao seu compadre Henrique Rego, que lhe fizesse uns versos para dedicar a uma amiga (era um segredo deles), "O TEU VESTIDO AZUL" cantou os versos no seu estilo e nasceu mais um Fado em Versículo, a que deu o nome de Maria Marques ( era o nome da tal senhora, que ninguém conhecia). Como havia uma fadista que se chamava Maria Marques, alguém associou o título a essa pessoa, mas não foi assim, meu avô não tinha nenhuma ligação de amizade, ou outra, com essa fadista, para lhe dedicar um Fado.
Meu avô, deixou de cantar este Fado, mas o meu tio Carlos cantava-o na Cesária e gravou para o Valentim de Carvalho, assim como eu também.
Carlos Duarte
canta O teu Vestido Azul
Vítor Duarte
canta O teu Vestido Azul
Meu pai sabedor da intencionalidade do poema , gostou do mote, mas achou que não o devia cantar, e pede ao Henrique Rego que lhe escreva um poema diferente, visando o mesmo tema vestido/cor, e assim canta e grava "Vestido Azul" versos em quadras de Henrique Rego, mas na musica do Fado Pajem.
Alfredo Duarte Júnior
canta Vestido Azul