“Há Fado na Mouraria - Prémio Maria Severa”
A Associação Renovar a Mouraria (ARM) apresentou no passado dia 20 de Maio, no Museu do Fado (MF), o concurso “Há Fado na Mouraria - Prémio Maria Severa”, evento integrado nas Festas da Cidade e que tem como principais parceiros o Museu do Fado, a EGEAC, o Teatro da Trindade/Inatel, a Rádio Amália, a Fundação Ricardo Espírito Santo, a Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto e o bar Anos 60.
“Revitalizar o circuito do fado no bairro que o viu nascer e estimular o aparecimento de novos fadistas e letristas, contribuindo para refrescar o repertório do Fado e o imaginário de Lisboa” foram os objectivos destacados por Inês Andrade, presidente da ARM. Ou não fosse “renovar” a palavra de ordem desta associação de amigos e moradores da Mouraria.
Daí que a única condição para participar no concurso, além da de ser fadista amador e maior de 16 anos, seja a inscrição de, pelo menos uma letra inédita (sendo três o número máximo de fados admitidos por concorrente). “Requisitos que tornam este concurso verdadeiramente original”, sublinhou José La Feria, lembrando a recorrência de um número limitado de temas no meio fadista e os efeitos perversos que pode ter para uma criança a participação num concurso deste género, como por exemplo a Grande Noite do Fado, que ajudou a organizar durante muitos anos. Também Armando Carvalhêda, realizador do programa de rádio Viva a Música!, elogiou a originalidade e importância da iniciativa da ARM, à qual a presença de José Manuel Osório enquanto consultor e presidente do Júri dá “garantias de qualidade e isenção”.
Para assegurar que nenhum talento fica de fora, seja o do fadista por falta de poema inédito, seja o do poeta por falta de afinação, a organização do Concurso criará um Banco de Letras que funcionará como arquivo de letras para o futuro. E porá em contacto uns e outros em várias tertúlias que irá organizar entre Junho e Setembro, período em que decorrerão as inscrições.
Além dos prémios pecuniários de 1000€ (primeiro classificado), 500€ (segundo) e 250€ (terceiro), os 12 finalistas apurados para a Grande Final de Dezembro gravarão os seus fados num audiolivro a lançar em 2011.
Sem esquecer o Troféu Maria Severa, que os primeiros três classificados levarão para casa, desenhado por Nuno Saraiva, esta voluptuosa versão da mítica fadista da Mouraria (espécie de “óscar do Fado”) será esculpida em madeira e terá embutida uma voluta de guitarra portuguesa.
Regulamento e informações em:
hafadonamouraria.wordpress.pt
E-mail: concursodefado@renovaramouraria.pt
Há Festa na Mouraria
Canta Alfredo Marceneiro
António Amargo/Alfredo Marceneiro
Ana Maria Duarte Guerra, nasceu em Lisboa e morou em Alfama até aos dezanove anos. Desde sempre que se lembra que gosta de Fado, decerto influenciada pela mãe e a avó que gostavam muito de ouvir Fado. Sempre apreciou a música tradicional portuguesa ou de inspiração popular, ouvinte e admiradora de Sérgio Godinho, Fausto, José Afonso, etc., no Fado também cantarolava alguns poemas que lhe agradavam, mas achava que não tinha jeito para o interpretar, embora os amigos já lhe dissessem o contrário. Cantava apenas no coro da igreja, o que me deu alguma experiência, mas não era nada sério. O seu gosto pela música, levou-a a aprender a tocar viola, o que lhe proporcionou tocar e cantar com a “malta” de Alfama, nas tertúlias e nos encontros com os colegas da universidade, pois é formada em Línguas e Literaturas Modernas (Português/ Francês). Actualmente é professora de Língua Portuguesa, Expressão Dramática e afins. Já como docente passou a integrar um coro de professores “Flama Vocis” dirigido pelo Dr. Vitor Reino, é psicólogo e trabalha na área do ensino especial. Certo dia, num convívio, o maestro Dr. Vitor Reino, que também é um apaixonado do Fado, tem vários poemas e músicas de sua autoria, ao ouvi-la cantar um fado, afirmou-lhe que ela era fadista. Passaram a falar muito de fado e logo nasceu a ideia de fazerem um trabalho para editarem em CD: ela dá a voz e a interpretação, ele as músicas e as letras, começando desde logo a ensaiar regularmente. Foi convidada para gravar os "romances" do Dr. José Sardinha que contava com a colaboração do Vitor Reino na parte musical do livro “ As origens do Fado”. Retoma o projecto do CD “Maria das Quimeras” e assim no final de 2008 este foi editado pela Tradissom. Como se sabe quem aparece de novo, sem grandes apoios, tem problemas com a distribuição/divulgação, o que dificultou a divulgação do CD. Mas Ana Guerra não é mulher de baixar os braços e com o apoio da Câmara Municipal do Seixal, fez uma primeira apresentação do seu trabalho aos amigos no auditório municipal. Não foi atingida pelo vírus da ambição nem do deslumbramento, reconhece as limitações inerentes (se quisesse) a quem quer apostar numa carreira nesta área, pelo que assume que gosta de cantar e de ajudar à compreensão do Fado, enquanto fenómeno cultural e artístico. Interroga-se: “Será isto uma espécie de missão? Tenho ainda tanto que aprender...” Começou a “vadiar” e ouvir Fado por aí, sobretudo no Bairro Alto e Alfama, sempre em ambientes acessíveis, junto e para o povo de que faz parte. Houve um período em que ia muito à Tasca do Chico e num ápice estava a "fadistar" em colectividades, lares e a ser convidada para cantar em restaurantes e festas particulares, embora de forma pontual e assumindo sempre uma postura humilde, de alguém que gostava e queria aprender mais sobre o Fado. Fez deste percurso um balanço positivo, frisando que, todos ganhamos mais quando honramos o FADO e o damos a conhecer quer na sua vertente tradicional, quer na vertente mais inovadora (temas e melodias), sem nunca perdermos de vista o respeito pela sua essência e pelo seu espírito.
CHEGOU A HORA
Letra e música de Jorge Fernando
Chegou a hora de dizer
Chegou a hora de afirmar
Que o Fado é canto genuíno português
E não há nada que estranhar
Chegou a hora de dizer
Chegou a hora de afirmar
Que o seu encanto, é quem o canta uma só vez
Não mais o deixa de cantar
Porque é que tantos teimam em dizer
Dum modo descuidado
Que o Fado não nasceu em Portugal
Que não é nosso Fado
E buscam sua origem na distancia
Trazido pelas marés
Mas eu sei que o Fado
Só é cantado em português
Por mais que eu tente o jeito de entender
Confesso que não posso
Porque é que a gente tarda em afirmar
Que o Fado é só nosso
Talvez por isso o Fado seja triste
Fatalista talvez
Mas eu sei
Que o Fado só é cantado em português
Chegou a hora de dizer
Chegou a hora de afirmar
Que o Fado é canto genuíno português
E não há nada que estranhar
Chegou a hora de dizer
Chegou a hora de afirmar
Que o seu encanto, é quem o canta uma só vez
Não mais o deixa de cantar
Porque é que tantos teimam em dizer
Dum modo descuidado
Que o Fado não nasceu em Portugal
Que não é nosso Fado
E buscam sua origem na distancia
Trazido pelas marés
Mas eu sei que o Fado
Só é cantado em português
Jorge Fernando
Canta
CHEGOU A HORA
A minha querida amiga a poetisa Julieta Ferreira, de quem já falei várias vezes neste blogue, partiu da Austrália onde esteve emigrada vários anos e radicou-se definitivamente em Portugal - Lisboa.
Lisboa e quem ama a poesia estão de parabéns, Julieta é uma grande poetisa, ama Lisboa, e, para além de um ser humano muito bonito, é uma linda mulher.
Convidou-me para o lançamento do seu último livro , lá estarei, e aqui estou a convidar-vos a estarem presentes, podem querer que não se arrependerão, e ela merece todo o nosso apoio e carinho.
Sábado dia 22 de Maio de 2010 às 17,30 no Martinho da Arcada, estava programada a presença do Maestro Rui Serodio, mas infelizmente por motivos de saúde não estará presente. Eu como amigo dele, e a Julieta, preferiamos que fosse por outro motivos. Mas a vida continua e teremos o nosso amigo em breve a cem por cento operacional.
Assim a Julieta ( The show must go one ) conseguiu a presença do guitarrista João Chitas e do viola Luís Sarmento, pelo que haverá um momento musical que irá agradar a quem estiver presente.
Telefonei á Julieta e perguntei:
— Fala-me deste teu último livro.
Respondeu:
— A publicação de mais este livro de poesia, DO OUTRO LADO DO SILÊNCIO, coincide e celebra o regresso definitivo da minha vinda para Lisboa, minha cidade natal, depois de uma vivência de 28 anos na Austrália. Vivência essa carregada de pesar, saudade e solidão. Os meus poemas falam desse meu sentir, e de uma grande inquietação e busca contínua de algo que me escapa.
A minha escrita é o espelho da minha alma atormentada e isolada e a voz do silêncio que a habita. Posso dizer, que escreve para me encontrar... para preencher os vazios onde o amor é memória... para a desnuda solidão enfeitar.
Julieta Ferreira nasceu em Lisboa em 1952.
Desde criança sentiu uma grande paixão pela leitura e pela escrita.
Licenciou-se em Filologia Românica na Universidade de Lisboa.
Em 1983, emigrou para a Austrália, onde começou por trabalhar como tradutora e intérprete.
Em 1987 foi convidada para leccionar Língua e Cultura Portuguesa na Universidade de Queensland, Brisbane, onde se manteve até 1999.
Compilou e publicou um Curso de Língua Portuguesa para principiantes e organizou várias conferências para divulgação da História e Cultura de Portugal.
Organizou programas de treino para educadoras de infância e professores e apresentou workshops e seminários, versando temas como a diversidade, o racismo, a discriminação e o multiculturalismo.
Nos vários projectos, tem defendido, com muita paixão, os direitos dos imigrantes e refugiados e tem lutado pela inclusão e aceitação de todas as raças, na sociedade australiana.
Ao longo dos anos tem escrito poemas e contos e em 1999 publicou uma pequena novela em inglês, Nothing stays the same.
É muito entusiasta por tudo o que é português e, desde que tem estado ausente do seu país, tem apreciado ainda mais as suas origens, na sua visita a Portugal, em 2005, surgiu a inspiração para a escrita de “Regresso a Lisboa” concretizando assim um sonho antigo. Este seu primeiro romance, de carácter autobiográfico, é a expressão de um amor muito intenso pela pátria e, em particular, por Lisboa.
Em 2007, publicou o seu primeiro romance de ficção, “Sem ponto final”, assim como um livro de poesia, “Pedaços de mim”. Alguns dos seus poemas foram incluídos numa Antologia de Autores Portugueses Contemporâneos, Poiesis – Vol. XV, editada pela Editorial Minerva.
Mais um contributo para a história do Fado, uma investigação aprofundada, a não perder.
Daniel Gouveia Nasceu em Lisboa, na freguesia de Arroios, em 1943. Frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa, até ao 3º ano do curso de Românicas. Embora não tenha acabado o curso, tem uma tendência natural para a escrita, e nunca deixa de nos supreender com a sua capacidade de comunicação dos seus excelentes textos. Profissionalmente, é consultor de empresas em Gestão Comercial, consultor literário de duas editoras livreiras e editor. Tem colaborado em variados jornais e revistas. A sua ida para o serviço militar e posterior mobilização para África levou-o a escrever o livro “Aracanjos e Bons Demónios”, que é uma narrativa da sua experiência na Guerra do Ultramar. É ainda autor de diversos contos publicados e de um estudo universitário sobre «Alcunhas – Génese e importância da caricatura verbal». Membro honorário da Estudantina Universitária de Lisboa. É durante o serviço militar, já com 25 anos de idade, que Daniel Gouveia começa a dar mais atenção ao Fado. Tomou-lhe o gosto e não mais parou. Membro da Academia da Guitarra Portuguesa e do Fado, de 1996 a 2001 (galardoado com o título de Sócio do Ano em 1997). Sócio da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado. Sócio Honorário da Associação Benaventense dos Amigos do Fado. Membro fundador da confraria fadista “Confraria do Velho Graal”. Membro do Conselho Consultivo o Museu do Fado. Autor dos textos de apoio de várias edições discográficas da editora Valentim de Carvalho. Numa iniciativa da APAF, fez parte do elenco da opereta fadista “O Julgamento do Chico do Cachené”, de Linhares Barbosa, no papel de Juiz e como autor e intérprete da letra do fado de abertura das representações. É autor de letras e músicas de fados de Lisboa, cantados por Julieta Estrela, Teresa Tapadas, Linda Leonardo, Ana Margarida, Nuno de Aguiar, Carlos Zel, Rodrigo Costa Félix, Abel Coutinho, Paulo Penim, André Ramos. A sua letra “Versículo da Mariquinhas” foi publicada na colectânea Um Século de Fado (Ediclube, 1999) e a do “Fado da Internet” foi gravada por Carlos Zel no CD «Com Tradição» (Movieplay, 2000). Em 2002 voltou a apresentar-se no “Espaço das 7 às 9”, no Centro Cultural de Belém. Em 2002 gravou, como intérprete, 3 faixas do CD Lisboa em Vários Tons, do qual foi compositor de 6 músicas, tendo uma delas (“Cuidado, Louca Gaivota”) sido considerada Fado Tradicional, incluído na catalogação organizada por José Manuel Osório, que lhe deu o nome de “Fado Daniel”. Em Novembro 2003 integrou a homenagem póstuma a Carlos Zel feita na Grande Noite do Fado desse ano, no Teatro Municipal de S. Luís, cantando o «Fado da Internet». Como investigador e conferencista, apresenta regularmente as palestras «Os Sons e as Palavras do Fado de Lisboa», «Aspectos da Poética de Carlos Conde», «Recordar Alfredo Marceneiro», «Recordar Maria Teresa de Noronha», «Arquivos do Fado – Caracterizações» e, ocasionalmente, sessões de divulgação de Fado, em instituições, escolas e universidades, com exemplos cantados ao vivo, pelo próprio e por convidados.
Sem qualquer comentário, pois é mais que evidente, todo o mundo canta Lisboa, mas colocá-la no Guiness nessa qualidade, só uma mente "doentia" com a minha!
A Espanhola Pasión Vega canta "Lejos de Lisboa" da autoria de
E.Halffer, música e Pablo Guerrero, letra adaptada de um tema popular português
La melancolia de calles antiguas
que huelen a mares.
Gente que camina y luces de luna
de barcos que parten.
Si cierro los ojos puedo ver las calles
por donde anduvimos.
Y escuchar canciones que hablan
de un destino que nunca tuvimos.
Poemas del aire vendran hasta aqui
lejos de lisboa y lejos de ti.
Amor recordado tristeza sin fin
lejos de lisboa y lejos de ti.
La ropa tendida al sol de la tarde
banderas de nadie.
Las calles en cuesta
que suben a un cielo
de azules que arden.
Plazas con palomas
puestos de claveles y de rosas blancas
la ciudad antigua guarda la memoria
de un tiempo que escapa.
Poemas del aire vendran hasta aqui
lejos de lisboa y lejos de ti
amor recordado tristeza sin fin
lejos de lisboa y lejos de ti.
Nota: Agradeço a colaboração do nosso querido amigo espanhol e grande amante do Fado, Jaume Coy
O investigador José Alberto Sardinha defende a origem portuguesa do fado, e não brasileira, num livro a apresentar na segunda-feira, dia 17 de Maio, em Lisboa, no Tartro Trindade pelas 18,30 horas. "O fado nasceu em Portugal a partir de um substrato comum a todo o território nacional que é o romanceiro tradicional. É este canto narrativo que dá origem ao fado", defendeu o autor em declarações à Lusa. O livro "A Origem do Fado", agora editado, é o resultado de uma investigação de 22 anos. José Alberto Sardinha realçou que "antes de ser um género musical, o fado é um texto poético, um poema narrativo", e situa a sua origem no século XVI. "Ainda hoje os fadistas afirmam que o fado tem de contar uma história, e essa é a origem nacional do fado: contar uma história que emocionasse primeiro o fadista e, através deste, a audiência", sustentou. "Na verdade, a origem do fado está naquilo que nós chamamos pejorativamente o 'fado da desgraçadinha' ou o 'fado de faca e alguidar'. Esse é que é o fado primitivo, a origem do fado", argumentou. Para o investigador, as origens do fado "situar-se-ão no século XVI quando se dá a passagem do romanceiro histórico para o romanceiro novalesco, como já Carolina Michaëlis o tinha referenciado sem fundamentar", disse. A tese defendida por José Alberto Sardinha contraria a vigente de que o fado tem origem no lundum e numa dança brasileira, a umbigada. "Ninguém até agora explicou porque chamavam fado àquela dança, e umbigadas há em várias partes", referiu. Sardinha reconhece que a sua tese poderá "parecer estranha" e que é "audaciosa porque é inovadora", mas garante que "está devidamente fundamentada, é coerente, lógica e tem sequência. Tal como está demonstrado, tudo encaixa". "Eu comparo o fado que é uma tradição oral com a restante tradição oral portuguesa e não vou buscar origens a outras partes", acrescentou. Na obra, o autor referencia a evolução desde o século XVI até às "canções narrativas do século XVIII" e destas ao fado, como é citado no século XIX, quando surgiu a Severa e até o rei D. Carlos o tocava. As primeiras notícias conhecidas são do começo do século XIX e surgem do Brasil.
Gravura de uma ilustração publicada em 1904 - Festejos de Santo António em Lisboa
Em Portugal "há uma noticiazinha na década de 1830 e a partir de 1840, mas uma investigação mais aturada na Torre do Tombo dará textos anteriores às datas brasileiras", afirmou, confiante, o investigador. Para o autor, "a origem brasileira do fado está por documentar, assim como ninguém explica como se passa do fado dança para o fado canção". Por outro lado, acrescentando mais um argumento à tese nacional, Sardinha afirmou que a palavra fado significava, no contexto popular, o contar de uma história de vida e no sentido erudito é sinónimo de destino. "Quando se contava a vida da Isaurinha, por exemplo, o que a audiência pedia era, 'conta aí o fado - a história da vida - da Isaurinha", disse. O livro, amplamente ilustrado e integrando quatro CD, na apresentação no Teatro da Trindade, numa palestra musicada do autor, na qual os vários temas musicais serão exemplificado por Ana Guerra acompanhada à guitarra e à viola. José Alberto Sardinha, advogado, tem nove títulos publicados, todos na área da música popular, entre eles, "Tunas do Marão" (2008), "Portugal, raízes musicais" (1997), "Modas estremenhas" (1989) e "Recolhas musicais da tradição oral portuguesa" (1982).
Nota: Esta notícia é da agência Lusa, que eu não mencionei no dia em que publiquei a página, porque onde a busca me levou no Google, o texto não estava assinado e, aliás tinha várias incorrecções no que respeitava quer à data, quere ao local em que a apresentação iria acontecer, após conversa com o editor, a quem alertei para o facto, que também estranhou o facto, como não me disse nada em relação ao texto que lhe li, pensei que fosse o "press-realise" da editora.
O seu a seu dono, e quem me conhece sabe que eu nunca deixo de mencionar as fontes, no entanto aqui ficam as minhas desculpas por este lapso involuntário.
Dois pequenos excertos, retirados desta obra que nos aponta o objectivdade da investigação levada a efeito, AS ORIGENS DO FADO, que é português, genuínamente português.
...Assim, o Fado não é exclusivamente lisboeta ou coimbrão. Nem sequer se pode dizer que teve seu berço em Lisboa, ou em Coimbra. Nasceu por todo o país, onde quer que um grupo de ceguinhos ou outros músicos itinerantes, na esteira da tradição jogralesca, se juntavam para cantarem romances novelescos ou quaisquer histórias de vidas que chamavam a atençãodo povo frequentador das feiras, mercados e romarias. Essas produções podiam ser apenas poéticas, que esses intérpretes introduziam em melodias pré-existentes, ou podiam mesmo ser novas composições musicais da autoria desses músicos de rua, naturalmente dentro dos parâmetros que a tradição musical romancística lhes fornecia. Não obstante ser, pois, um fenómeno nacional – e isto desde a sua génese -, o certo é que foi de Lisboa e de Coimbra que saíram os primeiros “heróis do fado”. Em primeiro lugar, porque Lisboa possuía uma população mais numerosa e esmoler e, por outro lado, um maior número de tabernas, o que tudo atraía mais músicos ambulantes. Depois, porque foi em Lisboa que a fidalguia frequentadora das tabernas “descobriu” o Fado e o elevou aos salões e à fama. Uma vez caído em moda, aí se criaram retiros e restaurantes especialmente destinados à apresentação pública dos artistas do Fado.
…O nome “Fado” surgiu a partir do facto de os poemas narrativos contarem histórias ou episódios das vidas das pessoas, geralmente de desenlace triste ou mesmo trágico: a morte dos jovens amantes por verem o seu amor contrariado; o assassínio por ciúme; o suicídio da donzela enganada, ou o seu retiro para o convento; o castigo da mulher adúltera, ou do seu amante; a triste vida do soldado; a vida de dor e pena dos ceguinhos; a vingança da mulher abandonada; a história da mãe que mata os filhos e acaba na prisão; enfim, as vidas,
Muito ligado às tradições académicas da respectiva Universidade, o fado de Coimbra é exclusivamente cantado por homens e tanto os cantores como os músicos usam o traje académico: calças e batina pretas, cobertas por capa de fazenda de lã igualmente preta. Canta-se à noite, quase às escuras, em praças ou ruas da cidade. Os locais mais típicos são as escadarias do Mosteiro de Santa Cruz e da Sé Velha. Também é tradicional organizar serenatas, em que se canta junto à janela da casa da dama que se pretende conquistar. O fado de Coimbra é acompanhado igualmente por uma guitarra portuguesa e uma guitarra clássica (também aqui chamada "viola"). No entanto, a afinação e a sonoridade da guitarra portuguesa são, em Coimbra, diferentes das do fado de Lisboa na medida em que as cordas são afinadas um tom abaixo, e a técnica de execução é diferente por forma a projectar o som do instrumento nos espaços exteriores, que são o palco privilegiado deste Fado. Também a guitarra clássica se deve afinar um tom abaixo. Esta afinação pretende transmitir à música uma sonoridade mais soturna, relativamente ao Fado de Lisboa. Temas mais glosados: os amores estudantis, o amor pela cidade, e outros temas relacionados com a condição humana. Dos cantores ditos "clássicos", destaques para Augusto Hilário, António Menano, Edmundo Bettencourt. No entanto, nos anos 1950 do Século XX iniciou-se um movimento que levou os novos cantores de Coimbra a adoptar a balada e o folclore. Começaram igualmente a cantar grandes poetas, clássicos e contemporâneos, como forma de resistência à ditadura de Salazar. Neste movimento destacaram-se nomes como Adriano Correia de Oliveira e José Afonso (Zeca Afonso), que tiveram um papel preponderante na autêntica revolução operada desde então na Música Popular Portuguesa. No que respeita à guitarra portuguesa, Artur Paredes revolucionou a afinação e a forma de acompanhamento do fado de Coimbra, associando o seu nome aos cantores mais progressistas e inovadores. (Artur Paredes foi pai de Carlos Paredes, que o seguiu e que ampliou de tal forma a versatilidade da guitarra portuguesa que a tornou um instrumento conhecido em todo o mundo.) Fado Hilário, Do Choupal até à Lapa, Balada da Despedida do 6º Ano Médico de 1958 ("Coimbra tem mais encanto, na hora da despedida", os primeiros versos, são mais conhecidos do que o título), O meu menino é d’oiro, Samaritana – são alguns dos mais conhecidos fados de Coimbra. Curiosamente, não é um fado de Coimbra, mas uma canção, o mais conhecido tema falando daquela cidade: Coimbra é uma lição, que teve um êxito assinalável em todo o mundo com títulos como Avril au Portugal ou April in Portugal.
Nota: A guitarra de Coimbra tem uma construção diferente da de Lisboa, quer na forma, quer na escala, pois esta é de maior comprimento, também a afinação, pois é afinada um tom abaixo, logo, a técnica de tocar também é diferente, mas há guitarristas que as afinam para acompanhar o Fado clássico.
Alberto Ribeiro
canta "Coimbra" - Abril em Portugal
A
Universidade de Coimbra, com 720 anos de história, é a mais antiga universidade portuguesa. A história da Universidade de Coimbra remonta ao século seguinte ao da própria fundação da nação portuguesa, dado que a Universidade foi criada no século XIII, em 1290. Antes, porém, em 1288, foi elaborada uma Súplica ao Papa Nicolau IV (de que só se conhece o traslado) datada de 17 de Novembro de 1288 e assinada pelos abades dos Mosteiros de Alcobaça, Santa Cruz de Coimbra e S. Vicente de Lisboa e pelos superiores de 24 igrejas e conventos do Reino. Este documento solicitava a fundação de um “Estudo Geral” e aquelas instituições religiosas assumiam a garantia do seu financiamento. Não se sabe se a Súplica chegou à Santa Sé.
Desde a sua fundação e até ao final do século XVI, a Universidade de Coimbra consolidou a sua posição enquanto centro de formação de elites de um império onde o Sol nunca se punha.
Em 1290 dá-se a Criação do Estudo Geral Português, com a assinatura do documento “Scientiae thesaurus mirabilis”, por D. Dinis (1 de Março), confirmado pela bula “De statu regni Portugaliae” do papa Nicolau IV (9 de Agosto), com as Faculdades de Artes, Direito Canónico (Cânones), Direito Civil (Leis) e Medicina. A Universidade começa a funcionar em Lisboa.
Em 1308, o Estudo Geral passa para Coimbra; regressa a Lisboa em 1338 e a Coimbra em1354; volta a Lisboa em 1377 e é definitivamente instalado em Coimbra em 1537.
Em 1309, o Estudo Geral recebe os seus primeiros Estatutos, com o nome “Charta magna privilegiorum”.
Como dissemos anteriormente, em 1537, a Universidade é instalada definitivamente em Coimbra. Esta cidade assume-se como a cidade universitária portuguesa e dá-se início à instalação de numerosos colégios na cidade.
Em 1544, todas as Faculdades da Universidade de Coimbra reúnem-se no Páteo das Escolas.
A Universidade de Coimbra foi consolidando a sua posição enquanto instituição fundamental da cultura e da ciência em Portugal.
Em 1772, a Universidade recebe os “Estatutos Pombalinos”, os quais, entre outros aspectos, criam as Faculdades de Matemática e de Filosofia Natural (Ciências) e reformam os estudos da Medicina. Da reforma do ensino preconizada por estes estatutos resulta a necessidade de novos estabelecimentos científicos, originando a construção de novos edifícios destinados ao Laboratório Químico, ao Observatório Astronómico e à Imprensa da Universidade e instalação do núcleo inicial do Jardim Botânico.
Em 1773, dá-se Início à formação do Museu de História Natural, o mais antigo museu português, subdividido em sectores em 1885, de que resultou a constituição de quatro instituições: Zoologia, Botânica, Mineralogia e Geologia, e Antropologia.
Nesse mesmo ano, dá-se início ao funcionamento do Gabinete de Física Experimental.
Em 1836, são fundidas as Faculdades de Leis e Cânones na nova Faculdade de Direito.
No mesmo período em que se assistiu à democratização do ensino na Europa e em Portugal, a Universidade de Coimbra confirmou o seu grande prestígio, fruto não só de um passado único como também de uma tarefa laboriosa de adaptação constante a um mundo em mutação acelerada.
Actualmente, a Universidade constitui um verdadeiro ícone de Portugal, não só na Europa e nos países e territórios onde se fala Português, mas no mundo.
Em 1921, surge a Fundação da Faculdade de Farmácia.
Em 1948, dá-se a Renovação da Alta Universitária de Coimbra e a inauguração do edifício do Arquivo da Universidade, a que se seguem, em 1951 a Faculdade de Letras e o Observatório Astronómico, em 1956, a inauguração do edifício da Biblioteca Geral e Edifício da Faculdade de Medicina e, em 1961, a inauguração do complexo do Estádio Universitário, na margem esquerda do Mondego.
Em 1969 é inaugurado o edifício destinado à Secção de Matemática, ano em que surge a conhecida Crise Académica de 1969.
Em 1972, a Faculdade de Ciências é transformada na Faculdade de Ciências e Tecnologia, sendo, neste mesmo ano, criada a Faculdade de Economia.
Em 1975, um ano após a Revolução de Abril, é inaugurado o edifício dos Departamentos de Física e de Química, e, em 1980, a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação.
Doze anos depois, em 1987, dá-se a transferência dos Hospitais da Universidade para as suas novas instalações, junto ao futuro Pólo das Ciências da Saúde e em 1992, iniciam-se as obras conducentes à instalação do Pólo 2 da Universidade de Coimbra, para, em 1997, ser criada a Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física.
Em 2001, iniciam-se as obras no Pólo das Ciências da Saúde da Universidade de Coimbra, para onde se transferirá a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Farmácia, bem como vários centros e unidades de investigação.
Em Portugal, como um pouco por todo o mundo, a ideia da instituição Universidade de Coimbra encontra-se intimamente ligada à Alta Universitária, um conjunto arquitectónico heterogéneo de que se destacam as construções do chamado Estado Novo e, sobretudo, o Páteo e Paço das Escolas, dominados pela célebre Torre da Universidade.
Foi o Paço das Escolas que aglutinou, em 1544, todas as Faculdades da Universidade de Coimbra, após a instalação definitiva da Universidade nesta cidade, em 1537, e um verdadeiro percurso itinerante de quase três séculos entre Lisboa e a urbe do Mondego.
Neste período, em Coimbra, os Estudos Gerais (mais tarde designados Universidade) funcionaram no edifício conhecido como Estudos Velhos, sensivelmente onde se encontra a actual Biblioteca Geral, e distribuíram-se depois por localizações diversas, destacando-se os edifícios próximos do Mosteiro de Santa Cruz e o próprio Paço das Escolas.
No âmbito de uma visita ao Paço das Escolas, são imperdíveis os seguintes monumentos:
A Sala Grande dos Actos, que é a principal sala da Universidade de Coimbra. É também conhecida por Sala dos Capelos uma vez que, ainda hoje, é utilizada nas cerimónias académicas.
Quem visitar a Sala dos Capelos poderá visitar, também, a Sala do Exame Privado e a Sala das Armas.
A Sala do Exame Privado fazia parte integrante da ala real do palácio. Foi câmara real, ou seja, o local onde o monarca pernoitava. Também foi nesta sala que se realizou a primeira “reunião” entre o Reitor D. Garcia de Almeida e os lentes (professores) da Universidade, no dia 13 de Outubro de 1537, data da transferência definitiva desta instituição para Coimbra.
A Sala das Armas fazia parte da ala real do antigo paço. Alberga a panóplia das armas (alabardas) da Guarda Real Académica, que, ainda hoje, são utilizadas pelos Archeiros (guardas) nas cerimónias académicas solenes (Doutoramentos solenes, “honoris causa”, Investidura do Reitor, Abertura Solene das Aulas).
Merece, também, destaque a Biblioteca Joanina, conhecida como A Casa da Livraria, e que recebeu os primeiros livros depois de 1750, sendo a construção do edifício datável entre os anos de 1717 e 1728.
O edifício tem três andares e alberga cerca de 200.000 volumes, havendo no piso nobre cerca de 40.000 exemplares.
Resultante da condição privilegiada da Universidade, seria instalado, a partir de 1593, em dois antigos aposentos, sob a Sala dos Capelos, a Prisão Académica. Aí se conservaria até 1773, sendo então transferida para as infra-estruturas da Biblioteca Joanina que, por seu turno, incorporara, aquando da sua edificação, os restos arruinados do que fora o antigo cárcere do Paço Real, documentando o único trecho de cadeia medieval subsistente em Portugal.
Destinada a solenizar a entrada do recinto universitário, a Porta Férrea constitui a primeira obra de vulto empreendida pela Escola após a aquisição do edifício, por isso idealizada como um arco triunfal, de dupla face (na tradição da porta-forte militar), apologético da instituição, evocada no programa escultórico, alusivo às quatro faculdades (Teologia, Leis, Medicina e Cânones) e aos dois monarcas (D. Dinis, que fundou a Universidade, e D. João III, que a transferiu para Coimbra) fundamentais na sua história.
A Torre da Universidade, edificada entre 1728 e 1733, em substituição de uma outra, célebre, que João de Ruão erigira em 1561, seria riscada pelo arquitecto romano António Canevari, constituindo a matriarca das torres universitárias europeias. Aloja, além dos relógios, os sinos que regulam o funcionamento ritual da Universidade.
A Torre da Universidade apenas pode ser apreciada do seu exterior. Está, no entanto, em processo de reparação para futura visita ao seu interior, o que permitirá aos visitantes subirem ao seu topo e desfrutarem de uma vista ímpar sobre a cidade de Coimbra.
Merece, ainda, visita a Capela de S. Miguel construída no início do século XVI, substituindo uma anterior, provavelmente do século XII. A sua estrutura arquitectónica é manuelina, estilo decorativo visível sobretudo nos janelões da nave central e no arco cruzeiro.
Durante os seus mais de sete séculos de existência, a Universidade, hoje uma instituição de referência, foi crescendo, primeiro por toda a Alta de Coimbra e depois um pouco por toda a cidade.
Continuando a manter o renome de outros tempos, é, de um modo geral, indiscutível a qualidade do ensino na Universidade de Coimbra dentro do muito fragmentado panorama nacional de ensino superior.
Ao longo dos tempos, muitos foram os ilustres que aqui cursaram e que se imortalizaram na história da vida portuguesa e mesmo internacional. A título de exemplo, deixamos, aqui, uma lista daqueles que pertencem ao universo das figuras ilustres, independentemente da área em que se notabilizaram, não olhando a confissões religiosas ou ideologias políticas.
Assim, como cientistas merecem referência, Avelar Brotero, Ruy Luís Gomes, Egas Moniz - prémio Nobel da Medicina-, Pedro Nunes;
Como diplomata, Aristides Sousa Mendes;
No domínio da literatura, Eça de Queirós, Antero de Quental, Camilo Pessanha, António Nobre, Almeida Garrett, Miguel Torga, Mário de Sá Carneiro, Vergílio Ferreira, Fernando Namora, José Régio;
Como humanista, Eduardo Lourenço;
Ao nível jurídico, António Ferrer Correia, Carlos Alberto da Mota Pinto, José Joaquim Gomes Canotilho, Vital Martins Moreira;
Ao nível musical, António Menano, Edmundo de Bettencourt, Fernando Machado Soares, Adriano Correia de Oliveira, José (Zeca) Afonso, Luís Goes, António Portugal;
Na política, José Relvas, António de Oliveira Salazar, Barbosa de Melo, Alberto João Jardim, Manuel Alegre;
Ao nível dos prelados, Manuel Nicolau de Almeida, Manuel Gonçalves Cerejeira;
Como Presidentes da República Portuguesa, Manuel de Arriaga, Teófilo de Braga, Bernardino Machado, Sidónio Pais, António José de Almeida, Manuel Teixeira Gomes
Como Primeiros-ministros, Sebastião José de Carvalho e Mello, Marquês de Pombal, Carlos Mota Pinto, Ernesto Hintze Ribeiro, António de Oliveira Salazar.
Dizem aqueles que passaram a sua vida académica na cidade do Mondego que jamais a podem esquecer. No Penedo da Saudade, do Choupal até à Lapa, nas Margens do Mondego, e em tantos outros lugares da cidade, são muitas as recordações que lá deixaram e de lá trouxeram que os leva, indefinidamente, a dizer “Coimbra tem mais encanto na hora da despedida”.
Porque será que nos esquecemos sempre desta regra !?
Aqui está um exemplo, até uma
criança entende...mas tantos, tantos que não entendem
ESTE FANTÁSTICO FILME, QUE É UMA LIÇÂO DE AMOR CHEIO DE TERNURA E DE IMAGINAÇÃO... DÁ PARA PENSAR... E DAR O QUE SE TIVER PARA DAR.