Hoje dia 28 de Junho, pelas 21,30 horas, o espectáculo anunciado é uma
Homenagem a Alfredo Marceneiro.
Tive a honra de ser convidado para falar e cantar sobre meu avô.
Convidei uma voz femenina a distinta fadista Linda Leonardo e seremos acompanhados pela guitarra portuguesa de Luís Ribeiro e na viola de acompanhamento Jaime Martins.
Fados da minha vida
O destino marca a hora, e chegou a hora de voltar às origens.
Sou natural de Alcântara, Lisboa, mas os meus bisavós paternos eram da Vila do Cadaval, (ver texto biográfico sobre meu avô).
Meu avô tendo nascido em Campo d´Ourique, Lisboa, sempre enalteceu as suas origens do Cadaval, incutindo em nós, filhos e netos também esse sentimento.
Em 24 de Abril o Município do Cadaval, lança o livro da toponímia, em que meu avô é uma das figuras relevantes, pois deram o seu nome a um largo da vila, local onde está instalada a sede da Junta de Freguesia, “Pátio Alfredo Marceneiro”. Os cadavalenses falam com muito gosto e simpatia do meu avô, sendo eu também sempre bem recebido, e onde tenho muitos amigos, amigos estes que estão imbuídos na formação da “Associação de Amizade Alfredo Marceneiro”.
Neste mesmo dia passei por uma rua com uma casa com escritos, dando-se a coincidência da proprietária estar presente, pelo que e logo ali assumi o compromisso do aluguer. O destino marca a hora e é já no dia 19 que eu e a minha família estaremos definitivamente lá instalados.
Assim este FADO dos Fados da minha vida, é um tributo à memória de meu avô, pois passarão a ser “cadavalenses” um seu neto e dois bisnetos, passados que são 122 anos após os meu bisavôs terem partido para Lisboa, mas a minha bisavó já levava no ventre (no porta bagagens como carinhosamente o meu avô dizia) a semente das minhas origens.
ESTEJAM ONDE ESTIVEREM, AVÔ, PAI E MEU SAUDOSO FILHO, SEI QUE ESTÃO CONTENTES, E QUE QUANDO ME JUNTAR A VÓS IREMOS REJUBILAR.
Viva Lisboa, Viva Campo d´Ourique, Viva Alcântara, Viva o Cadaval
Seus pais, Gertrudes da Conceição e Rodrigo Duarte, eram ambos naturais do Cadaval, descendentes de duas conhecidas famílias da região, os Coelho e os Duarte, mas gente humilde.
Amigos e companheiros de brincadeiras desde crianças atingiram a idade adolescente com a amizade transformada em amor. As perspectivas de futuro também nessa altura eram difíceis na aldeia, pelo que decidiram partir para Lisboa à procura de melhores condições de vida. Corria o ano de 1890. Gertrudes já trazia no seu ventre a semente do seu amor e mal chegam à capital casa com Rodrigo na Igreja de Santa Isabel, recebendo dos lábios do padre Santos Farinha a bênção matrimonial.
Rodrigo Duarte era mestre de corte de calçado, tendo arranjado colocação numa sapataria da Rua da Madalena e graças a esse salário consegue alugar uma pequena casa na freguesia de Santa Isabel, num prédio da Travessa de Santa Quitéria. Hoje já não existe: foi demolido para abertura da Avenida Álvares Cabral.
E foi nessa casa que nasceu para o mundo o primeiro filho do casal Duarte, no dia 29 de Fevereiro de 1888,, mas só foi possível registá-lo, por falta de posse, e foi asiim que lhe foi dado, na pia baptismal, o nome de ALFREDO RODRIGO DUARTE, pelo mesmo pároco que havia unido em casamento seus pais, mas três anos depois em 1891, como não era ano bissexto tiveram que adoptar a data de 25, e foi assim que nos registos oficiais consta que nasceu a 25 de Fevereiro de 1891.
Com o acréscimo de responsabilidades e um novo incentivo na sua vida, Rodrigo Duarte pensou em melhorar a sua situação económica e resolveu assim jogar a sua sorte estabelecendo-se por conta própria, com uma oficina de calçado na Rua de São Bento.
A vida decorreu normalmente para a família Duarte, que viu aumentar o seu lar com o nascimento de mais três filhos: o Júlio — que foi também fadista de nomeada —, o Álvaro e a Júlia, todos igualmente baptizados pelo bondoso padre Santos Farinha, na Igreja de Santa Isabel.
O pequeno Alfredo frequenta a escola primária, tendo desde cedo demonstrado uma especial aptidão para a leitura e gramática, repartindo a sua infância pelas brincadeiras no Jardim da Praça das Flores e ajudando seu pai na oficina, durante as férias escolares.
No carnaval quando as cegadas (representações teatrais populares) saíam para a rua, deliciava-se a ouvir os descantes e seguia alegremente as exibições dos actores de rua nas suas digressões pelo bairro, decorando os versos que ouvia. Chegado a casa, logo seus pais se transformavam em plateia, ouvindo com profundo deleite o génio do pequeno Alfredo.
O seu gosto pelo canto é influenciado por sua mãe que, nas descamisadas, nas romarias e nos bailaricos lá da terra, cantava que era uma delícia. No entanto, quer seu pai — que tinha pertencido à banda musical do Cadaval —, quer seu avô materno, José Coelho, transmitiram-lhe fortes influências, especialmente o segundo, que tocava guitarra e cantava fados de improviso.
Já homem feito, sempre que falava de sua mãe, recordava o seu cantar enquanto fazia a lide caseira. De entre os muitos versos populares que a ouvia entoar, um dos mais preferidos, rezava assim:
Nasci nas praias do Mar
Ás fúrias do vento irado
Tinha por berço, uma lancha
Por lençol, o Céu estrelado
© Vítor Duarte Marceneiro in “Recordar Alfredo Marceneiro” em http://alfredomarceneiro.blogs.sapo.pt
Dia 16 de Junho às 18,30 vai ter lugar no Casino Estoril - Foyer do Salão Preto e Prata,
a apresentação do CD de Carlos Zel, com algumas gravações das "Quartas de Fado"
Há nomes que passam pelo Fado e há outros que nele ficam, que o vivificam e engrandecem, como se a raiz desse cantar de um povo na sua voz se entroncasse, para dela renascer e ganhar novos desígnios.
Carlos Zel foi um desses raros Homens: nasceu a respirar o Fado, viveu para o cantar, partiu como se ele fosse o seu destino.
Conheci-o através do Júlio César. E a ele devo a iniciativa, que entusiasticamente partilhei, “de fazer o Fado regressar à Linha”, nesse memorável ciclo que, em cúmplice anseio, baptizámos de “Quartas-Feiras do Fado”, no Casino Estoril. Não me surpreendeu o êxito, pois, esse, só dependia do Carlos Zel e dos nomes que, com criterioso afã, ele se encarregava de reunir, qual tertúlia semanal, partilhada entre público e fadistas. E, para quem, como eu, com ele de perto convivia, sempre existia o Fadista, mas acontecia o Amigo.
Partiu, deixando-nos mais pobres; de fado e, também, de afectos. Mais ricos, porém, de memórias resgatadas nessa homenagem, que em cada ano devotadamente cumprimos, dedicando-lhe a “Grande Gala do Fado – Carlos Zel”, nesta Casa que foi sua. Sei que, nessas Galas, ele sempre nos acompanha: ouço-o na voz de cada fadista, sinto-o presente na saudade da sua ausência.
Que este CD, gravado nas memoráveis sessões das suas “Quartas-Feiras do Fado”, nos inspire no destino de jamais o poder esquecer.
Porque o Fado não se esquece.
E Carlos Zel era o Fado.
Não seria, nunca, fácil proceder a uma escolha de temas gravados pelo meu Pai, no Wonder Bar do Casino Estoril, em primeiro lugar pela grande quantidade, depois porque, sendo eu suspeito, gostaria certamente de incluir nesta edição toda e qualquer gravação existente e, ainda, pelo facto de terem passado nestas Quartas-Feiras, um sem número de prestigiados convidados, todos eles merecedores de destaque.
Desta forma, foi preciosa a ajuda do José Manuel Osório no afunilar das possibilidades, tendo em conta, sobretudo, a qualidade da gravação e felicidade da interpretação específica.
As razões pelas quais sugiro esta escolha de músicas estão ligadas ao método que utilizei para as escolher, de forma a que se enquadrassem dentro do número de faixas e do tempo apresentado pela editora, o qual passo coincidentemente a expor:
Comecei por seleccionar aquelas que têm duetos, com o cuidado de escolher uma por convidado, assim ficando:
- Do Carlos Azevedo, a Igreja de Santo Estevão, por ser única e julgo não haver, até agora, qualquer registo fonográfico do Pai a cantar este fado.
- Do Filipe Mendes, o Fado Pechincha. Acho que o Pai está extraordinário no Fado Menor, mas aqui também está muito bem e parece-me mais equilibrada a "cumplicidade" com a guitarra eléctrica.
- Do Filipe de Brito, o Estranha Contradição. Estão ambas muito boas, mas o Saudades Trago Comigo já está com o Pai a solo, por isso escolhi esta.
- Do Bernardo Sassetti, o Fado da Defesa. É a única e está um verdadeiro espectáculo sendo, para mim, a melhor de todas as faixas.
- Do Fernando Maurício, O Leilão. Primeiro, porque o Maurício, já também perto do fim da sua vida, está ainda com uma voz extraordinária e em segundo lugar, porque seria um crime, para os amantes de fado, haver um registo de um fado cantado "a meias" com o Pai e o Fernando Maurício e não ser editado.
- Do João Ferreira-Rosa, os Saltimbancos. É a única que me foi apresentada e está muitíssimo bem cantada por ambos, além de que, não editar um "dueto" com ambos seria também criminoso.
De todas as gravações, suponho que existam muitas mais "parcerias" de sucesso, contudo, estas são as que me pareceram melhores, dentro da “shortlist” que me mostraram.
Quanto às do Pai a solo, acho que, todas as que me foram apresentadas estão muito boas, pelo que as sugeri na sua totalidade, juntando a introdução do Júlio César, o grande responsável pelo Fado ter voltado à Linha, neste projecto.
Não posso deixar de agradecer à Estoril-Sol, nomeadamente ao Casino Estoril, na pessoa do Dr. Mário Assis Ferreira, mas também a todos os convidados das Quartas-Feiras de Fado, ao Júlio César, à minha Mãe, aos "músicos residentes", ao José Manuel Osório, à Filomena Cardinali e à família Serafim, da Movieplay, pois só com a participação de todos eles é possível levar agora a público este fonograma. Obrigado!
Nuno Frazão
CARLOS ZEL, Carlos Frazão, nasceu na Parede, a 29 de Setembro de 1950. Seu pai António Frazão, marceneiro de profissão era um apaixonado do fado, cantava como amador e editou um livro de poemas "O Poeta e Eu". Teve ainda um irmão ligado ao Fado, o saudoso Alcino Frazão, que foi um exímio guitarrista, que infelizmente nos deixou ainda muito jovem.
Carlos Zel, começou a cantar no Estoril e Cascais como amador
Iniciou a sua carreira profissional em 1967, cantando na Emissora Nacional, altura que adopta o nome artístico de Carlos Zel.
Fez teatro de revista e musical - "Aldeia da Roupa Suja" (1978), "A Severa" (1990) e "Ai Quem Me Acode" (1994) -,
Na televisão chegou a participar na telenovela "Cinzas", como actor.
Deixou-nos cerca de uma dezena de produções discográficas
Em 1993, recebe o Prémio Prestígio, atribuído pela Casa de Imprensa, em 1997 a mesma entidade concedeu-lhe o Prémio José Neves de Sousa.
Foi ainda condecorado com a Medalha de Mérito da Cruz Vermelha Portuguesa, e ainda a Medalha de Mérito da Câmara Municipal de Cascais.
Em mais de 30 anos de carreira, fez vários espectáculos em Portugal e no Estrangeiro, cantou em casas de fado, e no fim da sua vida foi o impulsionador das “Quartas de Fado no Casino Estoril”
Faleceu repentinamente em Fevereiro de 2002.
Cascais deu o seu nome a uma rua do Concelho.
AO PUBLICAR HOJE ESTA PÁGINA, VÉSPERA DO DIA DE
SANTO ANTÓNIO
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VIVA LISBOA...A CIDADE MAIS CANTADA DO MUNDO
Santo António, que na realidade se chamava Fernando, era filho de Martim de Bulhões e Maria Teresa Taveira Azevedo,(*) nasceu em Lisboa entre 1191 / 1195, mas os historiadores calculam com alguma certeza que teria sido a 15 de Agosto de 1195, numa casa próxima da Sé de Lisboa, no local que se julga ser onde posteriormente se ergueu a Igreja de Santo António.
Fez os primeiros estudos na Igreja de Santa Maria Maior (hoje a Sé de Lisboa), ingressando mais tarde, por volta de 1210 ou 1211, como noviço, na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no Mosteiro de São Vicente de Fora, guiado pela mão do então prior D. Estêvão.
Esteve em São Vicente de Fora durante três anos, mas cerca dos 19 anos deu entrada no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, um importante centro de cultura medieval e eclesiástica da Europa, na época, onde realizou os estudos em Direito Canónico, Filosofia e Teologia.
Em 1220 Santo António, decide-se pela evangelização, sai da Regra de Santo Agostinho, e ingressa na Ordem de São Francisco, recolhendo-se no Eremitério dos Olivais de Coimbra e é nest altura que muda o seu nome para António.
Ainda em 1220 parte para Marrocos em acção de evangelização, mas é acometido por grave doença, pelo que é repatriado. No regresso, por via marítima uma forte tempestade arrastou o barco para as costas da Sicília. Fixa-se em Itália, e é assim, e neste país, que Santo António se notabiliza como teólogo e grande pregador.
Em 1222, em Forlì, discursou/pregou para os religiosos Franciscanos e Dominicanos de forma tão fluente e admirável que o Provincial da Ordem o destinou de imediato à evangelização e difusão da doutrina.
Fixou-se então em Bolonha onde se dedicou ao ensino da Teologia e à pregação, nomeadamente contra as heresias dos Cátaros, Patarinos e Valdenses, o que lhe valeu o título de ‘incansável martelo dos hereges’.
Seguiu depois para França em 1225, com o objectivo de pregar contra os Albigenses, sendo pregador em Toulouse. Na mesma época foi-lhe confiada a guarda do Convento de Puy-en-Velay e teria à sua guarda igualmente a Província de Limoges, por escolha dos frades da Província. Dois anos mais tarde instalou-se em Marselha, mas seguidamente foi escolhido para Provincial da Romanha.
Em 1231, e após contactos com o papa Gregório IX, regressou a Pádua, sendo a quaresma desse ano marcada por uma série de sermões da sua autoria.
Faleceu a 13 de Junho de 1231 no Oratório de Arcela. Os seus restos mortais repousam na Basílica de Pádua, construída em sua memória.
Foi canonizado pelo Papa Gregório IX, na catedral de Espoleto, em Itália, em 30 de Maio de 1232.
Foi proclamado doutor da Igreja pelo papa Pio XII, em 1946, que o considera «exímio teólogo e insigne mestre em matérias de ascética e mística».
Portugal
Em Portugal, Santo António é muito venerado na cidade de Lisboa e o seu dia, 13 de Junho, é feriado municipal.
As festas em honra de Santo António começam logo na noite do dia 12. Todos os anos a cidade organiza as marchas populares, grande desfile alegórico que desce a Avenida da Liberdade , no qual competem os diferentes bairros.
Santo António é o santo casamenteiro, por isso a Câmara Municipal de Lisboa costuma organizar, na Sé Patriarcal de Lisboa, o casamento de jovens noivos de origem modesta, todos os anos no dia 13 de Junho. São conhecidos por “noivos de Santo António”, recebem ofertas do município e também de diversas empresas, como forma de auxiliar a nova família.
(*) Olá Vítor Marceneiro,
Fernando Ferreira, deixou um comentário ao post Santo António de Lisboa - Amália canta marcha de 1950 às 21:41, 2010-06-13.
Caso pretenda responder a este comentário, poderá fazê-lo, usando este link.
Comentário:
Eu acrescento que os Pais de Santo António eram de Castelo de Paiva, onde tinham uma casa e quinta, chamada Quinta de Gondim.A casa com capela está hoje em ruínas e pertenceu ultimamente ao Conde de Castelo de Paiva
Cá vai a marcha mais o meu par
Se o não trouxesse quem o havia de aturar
Não me digas sim, não me digas não
Negócios de amor, são sempre o que são
Já não há praça dos bailaricos
Tronos de luz, num altar de manjericos
Mas sem a Praça que foi da Figueira
A gente cá vai, quer queira ou não queira
Ó noite de Santo António
Ó Lisboa de encantar
De alcachofras a florir
De foguetes a estoirar
Enquanto os bairros cantarem
Enquanto houver arraias
Enquanto houver Santo António
Lisboa não morre mais
Lisboa é sempre namoradeira
Tantos derriços, que até já fazem fileira
Não me digas sim, não me digas não
Amar é destino, cantar é condão
Uma cantiga, uma aguarela
Um cravo aberto, debruçado da janela
Lisboa linda, do meu bairro antigo
Dá-me o teu bracinho, vem bailar comigo
A Vila do Cadaval, terra das origens de meu avô Alfredo Marceneiro, há vários anos que segue a tradição de Lisboa, fazendo sair à rua uma "Marcha" pelos Santos Populares, com o apoio da Junta de Freguesia, dos Bombeiros Voluntáriso do Cadaval, a alegria e boa vontade do povo, e a predisposição de António Corrêa,
Este ano tendo por base uma letra de José Reza e Joaquim Isqueiro e música do José Reza, António Corrêa que também é padrinho da marcha, fez uma adaptação muito bem conseguida.
Eu voltei às origens, e a partir este mês, com a minha familia passei a residir nesta linda Vila do Cadaval.
Consequentemente não poderia deixar de fazer esta página com muito gosto,
Aqui está uma homenagem ao Fado, com bandolim, com certo sabor de samba, mas é bem uma homenagem ao Fado.
Não custou um milhão de euros ao erário público, nem quer provar nada, somente que todas as músicas falam pelo mesmo diapasão, sem perderem as suas origens.