Conjuntamente com os dados que Fernando Boaventura me enviou sobre o pai, Armando Boaventura, (ver páginas abaixo publicadas) mandou-me também esta mensagem acompanhada com uma foto com Amália, que tenho todo o gosto em compartilhar com os visitantes deste blogue.
Caro Vítor
Na fragata F474 N.R.P. “ALMIRANTE MAGALHÃES CORRÊA”
Finalmente encontrei a tal fotografia da nossa Amália embarcada numa fragata da Marinha de Guerra.
A história aconteceu em 1977 em New Bedford – América - durante as comemorações do dia de Portugal.
Sabendo nós que a Amália ia cantar para os emigrantes, alguém a bordo pensou em convidá-la para vir comer, após o espectácula, um caldinho verde com chouriço. Como é que ela podia recusar?
E assim aconteceu.
Comeu a sopa toda e ainda provou o chouriço assado.
Não cantou mas foi prendada com os “artista” de Bordo.
Coisas do destino. Eu que uma ou duas vezes estive ao colo dela numa casa de fados tive o privilégio de acompanhar um camarada a cantar o fado Povo que Lavas no Rio.
Correu tudo bem e ela gostou muito.
Ficou na memória.
Como sempre pode usar a foto como desejar. Nenhum dos presentes na foto se importará.
Um abraço,
Fernando Boaventura
E DIGAM LÁ SE ISTO NÃO É FADO....
(1890 -1959)
ARMANDO FERRAZ DE BOAVENTURA
Armando Boaventura (como era conhecido) nasceu em 29 de Agosto de 1890, em Casal de Nil, São Pedro de Vila Frescainha – Barcelos. Filho primogénito de Manuel Inácio de Boaventura, um ilustre matemático, e de Elvira Júlia Beleza da Costa Campelo Ferraz.
Desde muito novo mostrou a sua vocação para os “desenhos” e ”escritos” Depois de completar em Leiria e Coimbra os cursos do Liceu e Magistério Normal e das Escolas Industriais, exerceu o professorado em vários colégios particulares.
Por motivos políticos, exilou-se em Espanha de onde regressou em Novembro de 1921 a Portugal, entrando para o jornalismo.
Depressa o brilho dos seus trabalhos de reportagem e a vivacidade dos seus artigos de comentário aos aspectos da vida nacional que mais solicitavam a atenção da sua mentalidade formada no culto de ideais a que sempre ficou fiel, lhe deram, com o justo renome, posição de relevo na Imprensa Diária do País.
O seu primeiro jornal foi “A ÉPOCA” que o sr. Conselheiro Fernando de Sousa dirigia e em cujas páginas ficou abundantemente documentado o ímpeto inicial do seu talento de jornalista e desenhador de grandes recursos.
Pertenceu, seguidamente, ao corpo redactorial de “O SÉCULO” e esteve, pela primeira vez, durante algum tempo no “DIÁRIO DE NOTICIAS”.
Voltou ao “DIÁRIO DE NOTICIAS” depois de fundar, com outros, o “DIÁRIO DA MANHÔ. Aqui desempenhou funções de chefe da redacção.
Foi, depois, chefe da redacção de “A VIDA RURAL”, publicação da Empresa Nacional de Publicidade, e redactor regionalista do “DIÁRIO DE NOTÍCIAS”.
Deixou vastas crónicas sobre as regiões do nosso País, crónicas essas quase sempre ilustradas com o seu traço inconfundível de desenhador e caricaturista
Foi também Adido de Imprensa ás embaixadas de Portugal em Madrid e no Rio de Janeiro.
Colaborou em numerosos jornais nacionais, espanhóis, brasileiros e franceses.
Para além de jornalista também foi escritor, desenhador e por vezes também pintor.
Como escritor, foi autor de alguns livros, dos quais se podem destacar:
Madrid Moscovo – Da Ditadura á Queda da Monarquia e á Guerra Civil de Espanha (publicada em 1937) e ainda hoje procurado por estudiosos da Guerra Civil de Espanha.
Sem Rei Nem Roque – Publicado em 1926 sendo uma sátira ao livro Saúde e Fraternidade do Dr. Campos Monteiro.
Os Crimes de Lagarinhos – Publicado em 1929
Para além destes, ainda publicou outros livros e escritos, tais como:
Entre Espanha e Portugal
A Maçonaria Internacional
Reportagens Políticas
Como desenhador deixou vastos desenhos, normalmente realizados para documentar as suas crónicas e reportagens. (Existe uma boa colecção de originais no DIÁRIO DE NOTICIAS)
Como pintor deixou algumas “aguarelas e pinturas”, “algumas perdidas no tempo”, tais como um “D. Quixote” (em casa de familiares) e um “Chaby Pinheiro” (coleccionador particular). Outras foram-se “esfumando” com o tempo
Em missões de reportagem, realizou várias viagens a países da Europa e América.
Realizou também grandes permanências em África, como redactor do DIÁRIO DE NOTICÍAS, tendo realizado algumas entrevistas “históricas” como a feita ao Príncipe do Egipto “Joussouf Kamal” em 1926.
Realizou também outras grandes entrevistas, como à Rainha D. Amélia em Paris no ano de 1939 e a Mussolini em 1925, assim como a entrevista a Hitler.
Entre outras condecorações, foi galardoado pela sua actividade jornalística com o Oficialato da Ordem de Santiago da Espada e, de Cavaleiro do Mérito Civil de Espanha (pelas suas reportagens sobre Espanha).
Armando Boaventura, depois de casar em segundas núpcias, viveu um pequeno período da sua vida em Almada, onde fez reportagens, documentários e desenhos alusivos à época (1952-53).
Armando Boaventura viveu intensamente a sua vida, dedicada à família, aos seus ideais, ao jornalismo, ao desenho, à pintura, ao fado (era um acérrimo frequentador) e... À VIDA.
Armando Boaventura faleceu aos 68 anos, em 3 de Fevereiro de 1959 na cidade de Lisboa.
UM HOMEM RECONHECIDO COMO UM DOS GRANDES JORNALISTAS DO SÉCULO PASSADO
“ Deixa-nos com a saudade imensa dum convívio inesquecível o exemplo admirável duma actividade apaixonadamente vivida ao serviço do jornalismo.
Dedicou-lhe, através de uma carreira notabilíssima que o impôs como um dos mais altos valores da nossa profissão, as qualidades excepcionais duma inteligência viva e atenta, a força da cultura que se exercitava primeiro em tarefas de ensino e nos trabalhos da Imprensa encontrou a mais perfeita expressão de ampla comunicabilidade, os dotes muito invulgares dum temperamento em que as solicitações de acção se ligavam à afirmação plena de um espírito enriquecido pelo gosto literário e pelo sentimento da arte.
Tudo isso deu à sua obra uma acentuação pessoal inconfundível e à sua personalidade o relevo e o prestígio de um dos maiores e mais ilustres vultos da Imprensa Portuguesa do nosso tempo” – DN 04-02-1959
Fernando Boaventura
O actor Chaby Pinheiro caricaturado por Armando Boaventura
Chaby Pinheiro (1873-1933).
Actor de um teatro que alguns críticos classificam como ligeiro, Chaby Pinheiro foi também intérprete de peças que os teatrólogos ortodoxos classificam como mais respeitáveis, da autoria de Henrik Ibsen (1828-1906) e Émile Zola (1840-1902). Tendo estado ligado ao Teatro Nacional D. Maria II, teve imenso sucesso em Portugal e no Brasil, aposentando-se em 1931. Em 1926 tinha assistido à inauguração de um teatro com o seu nome, projectado por Ernesto Korrodi (1870-1944) muitos anos antes, no Sítio da Nazaré.
Da sua influente imagem no teatro português do início do século XX ficaram registos que se podem consultar na imprensa da época, bem como na obra póstuma Memórias de Chaby, publicada por Tomaz Ribeiro Colaço e Raúl dos Santos Braga em 1938.
MEMÓRIAS QUE DESTA VIDA SE CONSENTEM... (Por ARMANDO BOAVENTURA)
(O SÉCULO ILUSTRADO – Nº. 762 DE 09 DE AGOSTO DE 1952)
UMA PROFECIA DE ANTÓNIO ARROIO SOBRE O FADO QUE A FEIRA POPULAR DESMENTE...
Feira Popular, bela iniciativa do grande jornal «O Século» - e nunca «O Século» foi tão dignamente ilustrado por feito de tão são espírito de humanitarismo, ao serviço da grei e da Pátria - em prol das crianças portuguesas, como é, sua Colónia Balnear - tem, nos seus múltiplos aspectos que a tornam o único centro de atracção dos alfacinhas nesta quadra estival, um que, particularmente, nos ajuda a reviver «Memórias que desta vida se consentem»... Referimo-nos a certos «retiros populares» - reminiscência das antigas «hortas» fora de portas, mas que cabem, e bem, dentro das portas da actual vida portuguesa, que, com nobilíssimos fins de assistência social, «O Século» nos franqueia. Assim, os últimos abencerragens dos fins do século XIX e seus imediatos sucedâneos, cuja adolescência começou a ser vivida ao despontar do século XX, fazem da Feira Popular a sua «lareira do passado» - porque, aqui, além, alguma coisa lhes recorda Lisboa - «Senhora dos tempos idos»... São as típicas locandas que embora algumas com designações modernas, lembram as que existiam naquela época distante e igualmente tão discretas, que nelas se entra e delas se sai sem que o numeroso público, que aflui à Feira, se aperceba de quais se trata... Velhos venerandos fidalgos, boémios de sempre, que andavam de braço dado com D. João da Câmara, Henrique Lopes de Mendonça, Marcelino Mesquita e outros, pelo «Zé dos Pacatos» e «Águia Roxa» na estrada de Sacavém, e que assistiram nesta última «tasca», à homenagem tributada - a D. João da Câmara, na «prêmiere» da sua peça histórica «Alcácer Quibir» - onde Carlos Harrington glosou de improviso, uma quadra célebre do autor da letra de «A Portuguesa» - hoje, Hino Nacional... Raros são os que os conhecem - eles passam irrepreensíveis em suas atitudes fidalgas, como impecáveis em seus trajos, Só porque a Feira lhes proporciona durante os meses de verão matar saudades de «in illo tempore». Nomes? Para quê? Os últimos abencerragens da Lisboa antiga são os últimos a abandonar a Feira Popular da Lisboa Nova... E de quando em quando, não obstante o modernismo ruidoso dos auto-falantes, transmitindo «sambas», «emboladas» e «modinhas» do Brasil, entremeados de canções portuguesas, ainda se ouve o nosso fado o castiço, como antigamente, na mesma toada plangente com que era cantado «fora de portas» - através de Lisboa inteira. Ás vezes, parece-nos estar no Arco do Cego, nas tabernas do «António da Joana» ou do «Frade»; na Calçada do Carriche, na «Nova Sintra» ou no «Patusca»; no campo Grande, no «Quebra Bilhas» ou no «Colete Encarnado»; em Benfica, no «Caliça»; em Campolide, no «Ferro de Engomar», (depois implantado em Benfica), no «Rabicha» ou na «Tia Iria» - em típica taberna também traslada para Campo de Ourique - até aqui, pertinho da Feira actual, no popular «Zé Azeiteiro», cuja casa estava sempre aberta, de dia e de noite, como o famoso «Botin» da Plaza de los Herradores, em Madrid, onde o infante D. Afonso, o «Arreda», após o seu casamento com a princesa Nevada, costumava cear, fiel à tradição de que, naquele velho restaurante, o fogão para assar os «cochinillos» fora aceso no tempo dos Filipes e... nunca mais se apagará. Mas... vamos ao fado, mas em silêncio - sem microfones. Ainda, há dias, ouvimos o fado antigo, cantado num ambiente dos antigos «retiros» alfacinhas. E um velho fidalgo, a nosso lado, chorou de emoção - pretexto admirável a que logo nos apegámos para redigir mais uma página de «Memórias que desta vida se consentem...». Alguns dos que assistiram ao almoço típico na «Adega da Lucília», são do tempo em que o fado, vivido e cantado - sobretudo sofrido - tinha seus bairros próprios: - Alfama e Mouraria - e todos lembramos a campanha então movida, através da tuba canora da imprensa contra a «canção nacional». O que se disse e o que se escreveu!... E até a política se meteu no caso, só porque o rei D. Carlos, ainda nos seus tempos de príncipe, aprendera a tocar guitarra com o famoso João Maria dos Anjos... Um Rei fadista?... e vá de atacar o fado... Uns deram-lhe por pai o «lundum» afro-americano (a que já se referira Tolentino) e por mãe a «módinha brasileira», esquecendo que embora sem o nome de fado, a «Triste Canção do Sul», de Alberto Pimentel tinha suas fundas raízes naquele «cantar guayado» dos nossos marinheiros e homens da Ribeira e Alfama e ao qual já aludira Gil Vicente... Tudo isto nos ocorre ao ouvir, em plena Feira Popular o velho fado cantado por um velho cantador (Alfredo Marceneiro) que tem, num rapaz de 22 anos, Luís Filipe, talvez o seu melhor continuador. E não nos venham repetir o que, em 1909, escrevia o embora autorizado António Arroio, nas suas arremetidas contra o fado pois a sua doutrina definida nestas duas frases que fizeram eco: - «Sendo Portugal positivamente um doente, o fado diagnostica a doença...: «0 fado exprime o estado de inércia e inferioridade sentimental em que o nosso País está mergulhado. Há muitos anos, e do qual urge que saia»... - está inteiramente invalidada. Nunca se cantou tanto o fado, como hoje - e ainda que não lhe demos foros de «canção nacional», (que a não possuímos), a verdade é que a sua repercussão em Portugal e além fronteiras atinge as proporções duma verdadeira consagração. E no entanto, Portugal saiu daquele estado de inércia e de inferioridade sentimental da qual o insigne António Arroio dizia ser mister sair... E a prova de que o fado não «diagnosticava a doença de que Portugal sofria» está precisamente no facto do fado acompanhar a salvação do País. Portugal restaurado fez ressurgir o fado. E no fado que hoje se canta, ainda há muita coisa do fado antigo. Voltam, assim, os bons tempos de outrora...
Armando Boaventura
De: Lety Vilhena
Enviada em: terça-feira, 27 de Julho de 2010 18:04
Para: fado.em.movimento@sapo.pt
Assunto: Obras de Armando Boaventura
Sr. Vitor,
boa tarde, moro no Brasil, na cidade de Lambari -Minas Gerais, onde tenho um imóvel com algumas pinturas de Armando Boaventura, gostaria de saber mais sobre este artista, sobre sua história e obras.
Pode me ajudar?
Grata desde já pela atenção.
Paula Vilhena
Logo lhe respondi, pedindo-lhe se me enviava os trabalhos que possuía, pedido a que foi aceite, recebi fotos dos quadros, que publico com muito gosto e com um abraço para o filho do autor, Fernando Boaventura.
Florência Martins da Cunha Vieira, nasceu no Porto em 1943.
Aos 12 anos representando a freguesia do Bonfim, triunfa no “Concurso Rainha das Cantadeiras do Norte de Portugal”, tendo logo de seguida ganho em Lisboa, no Coliseu dos Recreios o “Concurso Rainha das Cantadeiras de Portugal”.
A sua carreira é marcada por uma precocidade extraordinária, a ponto de ser considerada a menina prodígio do fado, tendo multidões a aplaudi-la nos maiores palcos nacionais, sendo noticia na comunicação social, conquistando assim o direito a ter carteira profissional.
Na voz de Florência há uma alegria contagiante, uma exuberância natural que arrebatou gerações de admiradores, mas não foi apenas a sua bonita voz que atraiu as atenções de um público atento e admirador, é que, Florência ao cantar, transmitiu sempre uma mistura de sinceridade e pureza interpretativa, cativando as audiências com grande facilidade.
A velha rivalidade Lisboa/Porto rotula Florência como a fadista do Porto, o que decerto modo é injusto, para quem adquiriu verdadeira fama nacional, o que se deveu também a nunca se ter fixado em Lisboa, como tantas outras fadistas oriundas do norte do País.
No auge de uma brilhante carreira, seus pais decidem partir para o Brasil, o que ao contrário do que se podia imaginar, lhe cria uma nova série de oportunidades, pois o seu talento não passa despercebido.
No Brasil, Florência conquista primeiramente a comunidade portuguesa aí residente e, depois, os próprios meios de comunicação de âmbito nacional.
Estreia-se a cantar fado na Casa do Porto do Rio de Janeiro, actua em diversas casas típicas, faz rádio, e na televisão, ganha o troféu “Melhores da Semana” na TV Tupi.
Foi proprietária de um restaurante típico no Rio de Janeiro, a que deu o nome de Balada de Coimbra, que teve uma série de noites de Fado memoráveis.
A cantora não se cinge apenas ao fado, fazendo seu um repertório de influência popular, sempre marcado por uma contagiante alegria em palco que é a sua imagem de marca.
Gravou umas dezenas de discos EP e LP, quer em Portugal, quer no Brasil.
Florência foi uma artista que deu sempre o seu melhor ao público, por isso tem uma carreira artística tão longa e apreciada.
Em 1968 regressa a Portugal para actuar no Casino de Espinho, ficando definitivamente a residir no Porto.
Em 1971 reforça a sua discografia assinando contrato com a Editora Orfeu.
Em 1979 participa no Festival RTP da Canção com um tema que marca toda uma fase da sua carreira, “Comboio do Tua”, de Mário Contumélias e Manuel José Soares.
A sua carreira prossegue muito ligada a digressões por todo o país e no estrangeiro, em especial junto das comunidades portuguesas.
MADRAGOA
Uma saudade o mar tem
Seu Monumento em Lisboa
Velho bairro popular
Sombrio e vulgar
Que é a Madragoa
Reza a história que foi lá
Numa noite de natal
Que veio á luz o primeiro
Herói marinheiro
Que honrou Portugal
Ò triste Madragoa
Tens a esperança e nada mais
Há tanta coisa boa
Noutros bairros teus rivais
Ò pobre Madragoa
Não tens um só painel
Um arco ou um brazão
Só tens ò Madragoa
Nos lábios doce mel
No peito um coração
A noite cai e o luar vem
Dar-lhe cor de opala
E as estrelas a brilhar
Parecem baixar
Do Céu para beijá-la
E a Madragoa a dormir tem
Como prémio ao seu labor
Lidos sonhos de princesa
Da eterna beleza
Dos sonhos de amor
Rui Serodio, cursou Piano e Composição, Órgão, Interpretação de Música Antiga e História da Música no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, tendo sido discípulo de Abreu e Motta, Varella Cid, Croner de Vasconcelos, Armando Fernandes, Santiago Kastner, Artur Santos, Armando Santiago, Maria Augusta Barbosa e Gertrud Mersyowsky, entre outros. Por impossibilidade de seguir a carreira de concertista dedicou-se à Música Portuguesa, ao mesmo tempo que aprofundou os seus conhecimentos de Harmonia Moderna. É-lhe concedido o Prémio Eduardo Libório de História da Música em 1961. Definiu um estilo muito próprio e um clima sonoro de características acentuadamente nacionais, especialmente na execução de Fado, ao piano.
Maestro Rui Serodio toca ao piano o bonito tema "Rua do Capelão" de Frederico de Freitas e Julio Dantas
Rua do Capelão
Composição: Frederico de Freitas / Julio Dantas
Ó rua do Capelão
Juncada de rosmaninho
Se o meu amor vier cedinho
Eu beijo as pedras do chão
Que ele pisar no caminho.
Há um degrau no meu leito,
Que é feito pra tisomente
Amor, mas sobe com jeito
Se o meu coração te sente
Fica-me aos saltos no peito.
Tenho o destino marcado
Desde a hora em que te vi
Ó meu cigano adorado
Viver abraçada ao fado
Morrer abraçada a ti.
Rua do Capelão
É a Mouraria mais típica, entre a rua da Mouraria e a da Guia.
O seu nome terá origem num oratório armado numa parede com frente à rua e que merecia a maior devoção dos habitantes do lugar que à tarde ali se juntavam para rezar.
Capelão é pitoresco mas também é triste.
Norberto Araújo