Arranjou o seu primeiro emprego como aprendiz de encadernador numa oficina na Rua da Trindade, com o salário inicial de quatro vinténs. Mas por pouco tempo auferiu este vencimento pois os patrões, por indicação do Mestre Paulino, gostando da sua dedicação logo o aumentaram para um tostão, o que na época, e para um rapaz da sua idade, era um bom salário.
No entanto, Alfredo não permaneceu muito tempo como aprendiz de encadernador, porque aquele ofício tinha para ele um grande inconveniente: a saída ás 9 horas da noite (naquela época os operários trabalhavam 12 horas diárias), não lhe permitia dedicar-se ao seu grande sonho de ser actor e poder entrar numa das muitas cegadas carnavalescas. Cultivando o gosto de representar, continua a seguir atentamente as actuações dos actores de rua e é assim que, simultaneamente, Alfredo toma mais contacto com o Fado, pois nas cegadas os actores interpretam o seu papel cantando o tema da peça ao som da guitarra. Alfredo haveria de tomar parte numa, custasse o que custasse.
Júlio Janota, um fadista improvisador com quem tomou conhecimento e que era mestre na profissão de marceneiro, aconselhou-o a seguir o mesmo ofício, o que lhe permitiria auferir melhor salário e sair antes do pôr do sol, arranjando-lhe colocação como seu aprendiz numa oficina em Campo de Ourique. Foi assim que Alfredo Duarte trocou a sua profissão de encadernador pela de marceneiro, ofício que ficou ligado para sempre á sua pessoa e ao seu nome.
Nesse tempo, para as camadas menos privilegiadas, os bailes populares eram decerto a grande diversão, organizados ao ar livres em jardins e verbenas. É nesses bailes, dos quais é assíduo frequentador, que se inicia a cantar fados, começando desde logo a criar nome entre a rapaziada da sua época. Graças a essa sua genial capacidade passa a ser solicitado para cantar em festas de caridade, também muito usuais na época, como forma de solidariedade para com os mais desafortunados.
© Vítor Duarte Marceneiro in “Recordar Alfredo Marceneiro”
Seus pais, Gertrudes da Conceição e Rodrigo Duarte, eram ambos naturais do Cadaval, descendentes de duas conhecidas famílias da região, os Coelho e os Duarte, mas gente humilde.
Amigos e companheiros de brincadeiras desde crianças atingiram a idade adolescente com a amizade transformada em amor. As perspectivas de futuro também nessa altura eram difíceis na aldeia, pelo que decidiram partir para Lisboa à procura de melhores condições de vida. Corria o ano de 1890. Gertrudes já trazia no seu ventre a semente do seu amor e mal chegam à capital casa com Rodrigo na Igreja de Santa Isabel, recebendo dos lábios do padre Santos Farinha a bênção matrimonial.
Rodrigo Duarte era mestre de corte de calçado, tendo arranjado colocação numa sapataria da Rua da Madalena e graças a esse salário consegue alugar uma pequena casa na freguesia de Santa Isabel, num prédio da Travessa de Santa Quitéria. Hoje já não existe: foi demolido para abertura da Avenida Álvares Cabral.
E foi nessa casa que nasceu para o mundo o primeiro filho do casal Duarte, no dia 29 de Fevereiro de 1888,, mas só foi possível registá-lo, por falta de posse, e foi asiim que lhe foi dado, na pia baptismal, o nome de ALFREDO RODRIGO DUARTE, pelo mesmo pároco que havia unido em casamento seus pais, mas três anos depois em 1891, como não era ano bissexto tiveram que adoptar a data de 25, e foi assim que nos registos oficiais consta que nasceu a 25 de Fevereiro de 1891.
Com o acréscimo de responsabilidades e um novo incentivo na sua vida, Rodrigo Duarte pensou em melhorar a sua situação económica e resolveu assim jogar a sua sorte estabelecendo-se por conta própria, com uma oficina de calçado na Rua de São Bento.
A vida decorreu normalmente para a família Duarte, que viu aumentar o seu lar com o nascimento de mais três filhos: o Júlio — que foi também fadista de nomeada —, o Álvaro e a Júlia, todos igualmente baptizados pelo bondoso padre Santos Farinha, na Igreja de Santa Isabel.
O pequeno Alfredo frequenta a escola primária, tendo desde cedo demonstrado uma especial aptidão para a leitura e gramática, repartindo a sua infância pelas brincadeiras no Jardim da Praça das Flores e ajudando seu pai na oficina, durante as férias escolares.
No carnaval quando as cegadas (representações teatrais populares) saíam para a rua, deliciava-se a ouvir os descantes e seguia alegremente as exibições dos actores de rua nas suas digressões pelo bairro, decorando os versos que ouvia. Chegado a casa, logo seus pais se transformavam em plateia, ouvindo com profundo deleite o génio do pequeno Alfredo.
O seu gosto pelo canto é influenciado por sua mãe que, nas descamisadas, nas romarias e nos bailaricos lá da terra, cantava que era uma delícia. No entanto, quer seu pai — que tinha pertencido à banda musical do Cadaval —, quer seu avô materno, José Coelho, transmitiram-lhe fortes influências, especialmente o segundo, que tocava guitarra e cantava fados de improviso.
Já homem feito, sempre que falava de sua mãe, recordava o seu cantar enquanto fazia a lide caseira. De entre os muitos versos populares que a ouvia entoar, um dos mais preferidos, rezava assim:
Nasci nas praias do Mar
Ás fúrias do vento irado
Tinha por berço, uma lancha
Por lençol, o Céu estrelado
Rodrigo Duarte apercebeu-se de que o seu pequeno Alfredo tinha intuição para a música e queria que o filho aprendesse os rudimentos musicais.
Infelizmente, não viveu o suficiente para ver satisfeitos os seus desejos, porquanto aos 38 anos de idade a morte o ceifou, arrancando-o brutalmente do convívio dos seus entes queridos.
Foi o padre Santos Farinha quem, apesar da avançada idade, integrou o cortejo, a pé (como era hábito na época), que acompanhou o corpo do desditoso Rodrigo Duarte à sua última morada, o cemitério dos Prazeres, revelando a grande amizade que nutria pela família Duarte.
Aquele sarcedote, que seguia de perto o desabrochar do pequeno Alfredo, chegou a sugerir a seus pais, o envio deste para o seminário, pois via no jovem grandes capacidades.
Decorria o ano de 1905 e o pequeno Alfredo, então com 13 anos, profundamente abalado pela perda do pai, viu-se forçado a abandonar os estudos para começar a ganhar a vida, ajudando assim sua mãe a criar os seus irmãos mais jovens. A ida para o seminário ficava também fora de hipótese.
Infelizmente não chegou a haver condições de ter ficado com uma foto do pai.
© Vítor Duarte Marceneiro in “Recordar Alfredo Marceneiro”
Lisboa foi desde sempre uma cidade de mercadores.
Pelas ruas vendia-se um pouco de tudo. Com os cestos às costas ou a mercadoria no chão o mais pequeno espaço servia para o negócio. Com os descobrimentos este pendor mercantilista acentuou-se.
As naus traziam para o porto de Lisboa todo o tipo de produtos provenientes dos mais exóticos e longínquos recantos, assim no séc. XVI começou a haver a preocupação de arrumar a cidade e colocar os mercadores em locais específicos.
Foi então que surgiu o Mercado da Ribeira Velha. Ficava situado na zona do actual Campo das Cebolas, vendiam-se principalmente bens de primeira necessidade como hortaliças, peixe e fruta.
Em 1766, passados onze anos depois do terramoto que martirizou a cidade de Lisboa, o mercado foi transferido para ocidente do Terreiro do Paço (o local onde se encontra actualmente). Uma transferência inserida no plano de expansão da cidade traçado pelo Marquês de Pombal.
Começou a funcionar em 1771 e foi chamado de Mercado da Ribeira Nova, não era um mercado como hoje os concebemos, era composto por 132 telheiros e cabanas com 256 bancas de venda, passava de um aglomerado minimamente organizado de comerciantes onde se continuava a vender de tudo.
Foi só no séc. XIX, mais concretamente em 1882 que abriram as portas do refeito Mercado da Ribeira Nova. O nome manteve-se mas desapareceram os telheiros e as cabanas. No mesmo espaço nasceu um edifício com uma estrutura em ferro que albergava no interior todas as bancas. A grande novidade era a existência de um corredor central onde o vendedores dispunham de água em abundância, o que permitia expor e conservar as mercadorias com cuidados de higiene inexistentes até então, sendo o projecto da autoria do engenheiro Ressano Garcia e foi aprovado em sessão camarária em 17 de Junho de 1876.
Passado onze anos da inauguração um gigantesco incêndio destruiu quase por completo o já por duas vezes inaugurado Mercado da Ribeira Nova. A nova reconstrução demorou quase 30 anos, de 1902 a 1930, ano em que aparece então a cúpula que (ainda hoje existe). Uma cúpula que suscitou a curiosidade dos Lisboetas, pouco habituados a um mercado a funcionar num edifício deste género. O espanto foi tal que passaram a chamar-lhe a "Mesquita do nabo".
Foi então em 1930 e desta vez definitivamente que o Mercado da Ribeira ganhou a configuração preservada até hoje. A ele ficará para sempre ligado o nome de Frederico Ressano Garcia, com 27 anos o jovem engenheiro venceu um concurso para entrar nos quadros da Câmara Municipal de Lisboa, Dos quatro concorrentes para as duas vagas abertas, Ressano Garcia conseguiu o primeiro lugar e assume o cargo de engenheiro do Município no ano de 1874.
O novo edifício já era muito mais que quatro paredes e oito portões para albergar vendedores. Os cuidados estéticos estiveram presentes no projecto, como é bem visível nos painéis de azulejos que ornamentam o átrio da entrada principal e o primeiro piso. No segundo andar começa a área restrita do mercado, é através de uma escada de pedra em caracol, que se chega á sala redonda com o piso em madeira e decorada com riquíssimos frescos assinados por Gabriel Constanti e datados de 1930.
O segundo andar serve como espécie de convite para se subir mais uns lances de escada, desta vez em ferro, que dão acesso ao local onde está religiosamente guardada uma das mais emblemáticas peças do edifício, o relógio da torre.
Fabricado em França na empresa "Horloges Bodet" era considerado um relógio revolucionário para a época. Mas a importância do relógio não impediu que a máquina estivesse parada quase 20 anos. Só em 1998 a Câmara Municipal de Lisboa decidiu contratar um dos mais prestigiados relojoeiros portugueses, António Franco para inspeccionar o relógio da torre. Em menos de um ano o sistema mecânico foi totalmente restaurado e o mostrador teve de ser feito de novo.
Um mostrador que guarda a assinatura do homem que permitiu que os cacilheiros voltassem a guiar-se pelo relógio da Torre do Mercado "FRANCO-LISBOA".
Outra escada em caracol conduz ao ponto mais alto do mercado. O piso onde está instalado o sino que dá as badaladas às horas e meias horas. Daqui pode observar-se toda a imponência do Tejo e ver atracar os cacilheiros que os ponteiros do relógio voltaram a guiar.
Mais tarde falarei do célebre “cacau da ribeira” onde ao raiar do dia começava a azáfama dos vendedores, e o inicio dos “moinantes” irem para casa.
Que saudades.
Amália Rodrigues
canta Namorico da Rita
de Artur Ribeiro e António Mestre
A CM de Sintra e os Serviços Muncipalizados de Sintra, patrocinaram a edição de um livro com cd co o título "A Floresta d´água", que foi distribuída nas escolas para sensibilzar as crianças para poupar água.
É um trabalho criativo e essencialmente didáctico, ajudei o meu filho Alfredo a fazer um "teatrinho" com base no livro que apresentou na escola para a sua classe, depois foi convidado a ir a todas as salas repetir, ficou muito contente porque foi muito aplaudido, a mensagem está tão bem feita que em conjunto com a minha mulher pensámos passar o livro e o cd a filme.
Claro que o mérito é todo dos autores, a quem presto a minha homenagem e agradeço como pai e cidadão o trabalho.
CRÉDITOS:
História: Jorge Salgueiro
Ilustrações: Tiago Figueiredo e Francisco de Castro (adaptados para o filme)
Design Gráfico: Tiago Figueiredo
Edição do CD: Foco Musical
Narrador: Guilherme Mendonça
Música: Jorge Salgueiro
Letras canções: João Aguiar
Coro Infantil da Coro Musical
Orquesta Didáctica da Foro Musical
CANÇÃO GENTE ESTRANHA
Letra de João Aguiar
Música de Jorge Salgueiro
Os adultos são gente muito estranha:
Sujam e matam tudo em redor
E até acreditam na patranha
Que assim vamos viver muito melhor
Não sabem, quando matam a floresta,
Que acabarão também por se matar.
Desculpem mas não vamos nessa festa:
A Terra não é nossa para estragar!
Porque os crescidos estão muito divertidos
Estão divertidos, distraídos com o dinheiro
E nem sequer reparam no que fizeram,
Neste deserto, b'lhác!!!, neste mau cheiro!
E nem sequer reparam no que fizeram,
Neste deserto, b'lhác!!!, neste mau cheiro!
O que fizeram,
O que fizeram,
O que fizeram.
HINO DAS CRIANÇAS À TERRA
Letra de João Aguiar
Música de Jorge Salgueiro
A Terra é Verde, é Flores, é Crianças
Só podemos viver sem a sujar.
Vamos ter de mudar estas mudanças,
Somos nós que temos de a salvar.
Somos nós que temos de a salvar.
A Terra é Verde, é Flores, é Crianças
Só podemos viver sem a sujar.
Vamos ter de mudar estas mudanças,
Somos nós que temos de a salvar.
Somos nós que temos de a salvar.
Somos nós que temos de a salvar.
SER FELIZ EM PORTUGAL... é ser valente!
A felicidade exige valentia.
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Fernando Pessoa
Poema de Fernando Pessoa
Há uma musica do Povo
Nem sei dizer se é um Fado
Que ouvindo-a há um ritmo novo
No ser que tenho guardado…
Ouvindo-a sou quem seria
Se desejar fosse ser…
É uma simples melodia
Das que se aprendem a viver…
Mas é tão consoladora
A vaga e triste canção…
Que a minha alma já não chora
Nem eu tenho coração…
Sou uma emoção estrangeira,
Um erro de sonho ido…
Canto de qualquer maneira
E acabo com um sentido!
Poema declamado por o poeta Euclides Cavaco, nosso compatriota, radicado no Canadá.
Video Clip de Vitor Marceneiro
Lisboa
A CIDADE MAIS CANTADA DO MUNDO
Poema e voz de Euclides Cavaco
Ó Lisboa minha musa
À beira Rio plantada
És a cidade mais Lusa
Desta Pátria minha amada.
Tu és verso e és poema
Cidade que nos ufana
Há oito séculos suprema
Como gesta Lusitana.
Inspiração de poetas
És tema de mil canções
Tuas ninfas predilectas
Já inspiraram Camões.
Ostentas reino lendário
Onde a saudade é reinado
No teu trono relicário
Vive um Rei chamado Fado.
E o que mais alto ressoa
No País das cinco quinas
É ver que a nossa Lisboa
Também tem sete colinas.
Ó Lisboa da saudade
Nestes versos exaltada
Pelos teus dotes...Cidade
És no mundo...
A MAIS CANTADA !...
Euclides Cavaco
O violista Armando Machado nasceu em Lisboa, em 1899, cidade onde veio a falecer em 1974.
Nota: Na foto no inicio do texto do lado esquerdo, pode ver-se Alfredo Marceneiro a cantar na Adega Machado, com o Armando Machado a acompanhá-lo em viola-baixo.
Capa do Disco Alvorada em que Maria de Lourdes canta o Fado "Fé e Coragem Meu Filho" com letra de João Linhares Barbosa e música de seu marido Armando Machado.
Francisco José Madureira Pinto, nasceu em Lisboa no bairro do Alto Pina, a 13 de Julho de 1952,
Iniciou a sua carreira a cantar Fados, em 1973, pouco tempo antes tinha começado a frequentar as casas de Fado da linha, no Galito em Cascais, canta de forma espontânea nas rodas de amigos e aí começa a revelar os seus dotes de fadista.
O carinho e aceitação do público levou-o a ser convidado para actuar no D. Rodrigo, na Torre em Cascais, para além de Rodrigo era também na altura sócio da casa o guitarrista António Chainho, que com ele grava cerca de seis discos.
Nunca deixou de exercer totalmente a sua profissão comercial.
Esteve também contratado no Malhoa à Graça, casa que era da Maria Armanda, no Painel do Fado e no Faia.
Actuou várias vezes na RTP, fez parte do projecto “Opus Fado” sob a direcção musical do Professor Martinho da Assunção, realizando então diversas digressões pelo país e estrangeiro.
Chico Madureira é considerado no meio fadista como um dos grandes intérpretes da sua geração.
Em Maio de 2006, grava o CD “Regresso”, em que reafirma os seu dotes de fadista.