ALFREDO MARCENEIRO
“PATRIARCA DO FADO”
Raro será o português que não se tenha interrogado acerca do fascínio que o Fado exerce. Deve acontecer o mesmo com muitos estrangeiros de diversas partes do mundo, de diferentes culturas, etnias e credos, ao assistirem à entrega sublime de um cantador, ao transmitir a sonoridade da voz, a expressão facial, o gesticular, a melodia, exaltada pelo som da guitarra portuguesa e acompanhada à viola, provocando nostalgia, amor, ódio, ciúme, alegria, acelerando os corações, enquanto a alma desabrocha em sentimentos, que extravasam as barreiras linguísticas, irmanando as almas.
No universo da expressão musical, o Fado é um mundo dentro de cantigas onde cabem, a dor, a saudade, o entusiasmo, a fé, a esperança... O Fado é uma “tribo” com os seus ritos, os seus segredos.
Alfredo Marceneiro – Patriarca do Fado.
Estes é título: Será uma afirmação sacrílega?
Na “Catedral do Fado”, “a água benta” será uma lágrima que nos aflora , na saudação de respeito, ao cruzar os umbrais de um ambiente de Fado, num ritual, num estado de alma... Que veneramos e respeitamos.
Se alguém entendeu todo este ritual foi Alfredo Duarte, o Marceneiro, por ofício. Se os prosélitos do Fado entenderem dedicar uma longa noite à sua devoção - O Fado genuíno - , que seja relembrando a suas composições geniais, que foram a sua grande dádiva ao Fado. Alfredo Marceneiro nunca se apelidou, nem deixou que o considerassem, Rei do Fado, mas foi, sem sombra de dúvidas, o seu mais louvado mestre.
Amália numa simples frase deu o mote:
Alfredo... tu és o Fado
Nós o veneramos....
Alfredo tu és/foste o “ Patriarca do Fado"
Caros amigos desejo-vos um Natal com saúde e esperança no futuro. O que poderei eu desejar para o ano 2013?
Permitam relembrar que sendo um país tão pequeno, temos a honra de poder afirmar que:
Demos novos mundos ao mundo... e espero que o façamos novamente
Este poema inédito, que abaixo transcrevo, foi escrito pelo meu saudoso amigo, o poeta Fernando Pinto Ribeiro, corria o ano de 1944... é um "grito" de verdade.
Deus nos proteja.
Vítor Duarte (Marceneiro)
NATAL SEMPRE
Na imensa noite que pesava sobre o mundo
a estrela luminosa rompeu fulgurante.
Da humilde confrangedora do presépio
irradiou, em alvorada, um mundo novo
Coros de anjos entoaram hinos de paz
esfolharam sobre o lodo asas brancas.
Os homens escutaram, alvoraçados:
"nasceu-vos o Salvador"
Jesus, há quase dois mil anos que abriste,
Na terra, o rumo que leva ao Céu
Mas, hoje, crateras vomitam a treva
doutra noite, pavorosa e trágica...
Senhor, se o Homem Te recorda ao negar-Te,
que relembre, também Tua lição.
E, assim, possa, através deste negrume,
reafirmar os luzeiros da felicidade,
Vacilantes espelhos do sol infinito que
acendeste sobre a nossa humanidade.
Agora, coroam a Tua ausência os espinhos
cravados em todos os corações, mas
— o nosso caminho é o mesmo que rasgaste
na subida heróica do Calvário;
— A Verdade continua, mágica,
na palavra indelével que ensinaste;
— a Vida e o Teu exemplo histórico
no tempo e para além do tempo.
QUE ESTE NATAL, JESUS, SEJA O TEU NATAL SEMPRE!
Quarta-Feira dia 19 de Dezembro estarei a cantar ao vivo na RÁDIO AMÀLIA, pelas 18 hora, a convite da minha amiga Inga Oliveira, qunto a mim, uma das radilistas mais conhecedoras de Fado, repito, de FADO, , para o programa ESTRELA DA TARDE, tenho o prazer e a honra de ser acompanhado por dois grandes músicos e meus amigos:
Guitarra Portuguesa o Prof. Luís Petisca
Viola de acompanhamento Armando Figueiredo.
Para além de cantar irei falar do meu avô e da associação " O Patriarca do Fado", estarei à vossa disposição para criticas e porque não de elogios.
Inga Oliveira
Relembro que há dias estive na mesma estação a ser entrevistado pela minha amiga a jovem radialista Cláudia Matos Silva, e que recebi muitos telefonemas a apoiar-me e a elogiarem a jovem Cláudia Matos Silva..
Falando do meu avô com locução da Júlia Pinheiro
Manuel Ferreira de Almeida, nasceu em Lisboa no bairro da Bica a 27 de Abril de 1922.
Teve como actividade principal a profissão de fabricante e desenhador de calçado feminino.
Aos 10 anos começa a sentir o gosto pelo Fado, começando a frequentar os retiros fadistas.
Aos 28 anos, decide tornar-se profissional e o seu primeiro contrato é na Tipóia, sob a direcção de Adelina Ramos, onde permaneceu cerca de doze anos. Cantou ainda no Estribo, Retiro do Malhão, Faia, e no Olímpia Clube.
Em 1962 é-lhe feita a Festa de Consagração levada a efeito no Pavilhão dos Desportos.
Em 1963 e 1964 recebe o prémio Imprensa e o Óscar da Imprensa atribuído pela Casa da Imprensa,
Actua na RTP com Natércia da Conceição e Mariana Silva.
Fez parte do espectáculo intenerante de Maria Pereira "Cor é Vida"
Em 1977 actua no Dia de Portugal, 10 de Junho em Joanesburgo
Em 1977 actua no Dia de Portugal, 10 de Junho em Stuttggart
Fernanda Maria convidou-o para a Lisboa à Noite, onde esteve contratado onze anos. Em 1979 Rodrigo inaugurou a sua casa o Forte Dom Rodrigo e convidou Manuel de Almeida, que ali se manteve até que a morte o silenciou.
Em 1986 é o primeiro português a cantar na Coreia do Norte.
Algumas das suas interpretações ainda hoje são lembradas, salientando-se de entre elas Fado Antigo, letra de Martinho de Assunção (pai) e Mãos Cheias de Amor, letra de Clemente Pereira.
Gravou mais de uma dezena de LP e cerca de vinte e cinco singles, Em Barcelona grava o seu primeiro LP em parceria com Mariana Silva, mas o mais significativo da sua carreira foi a edição, em 1987, de “Eu Fadista Me Confesso”, produzido por Rão Kyao, o disco foi considerado pioneiro no enlace entre a tradição e a modernidade.
È autor de vários poemas que interpretou, Não Vale a Pena Meu Bem, Por te Querer Tanto, Tempos que já lá vão, Longe de Ti, É a saudade, etc., tendo no entanto cantado muitos outros autores, João de Freitas, Fernando Farinha, João da Mata, Linhares Barbosa, Nascimento Fernandes, etc.
Em 1993 em França actua na da cidade de Saint-Sever.
Em Fevereiro de 1994 festejou as bodas de ouro e foi homenageado no Teatro São Luiz.
Manuel de Almeida, foi desde sempre um aficionado da festa brava, e também um grande adepto do desporto, chegando a praticar futebol e atletismo, nos últimos anos enquanto pode, era o ciclismo o seu passatempo preferido.
Manuel de Almeida faleceu em Cascais a 3 de Dezembro 1995, desde então os muitos amigos que deixou reúnem para o homenagear todos os anos no dia do seu aniversário 27 de Abril.
Em 1996 a Casa da Imprensa concede-lhe a título póstumo o Troféu-Prémio Carreira
Cascais dá o seu nome a duas ruas da cidade.
Manuel de Almeida - Poema de: Carlos Conde
Moldando a graça dos tons
Às rimas de uma cantiga,
É dos poucos e dos bons
Fadistas à moda antiga!
Não canta para iludir
Nem ilude p'ra agradar.
Tem coração p'ra sentir
Alma e voz para cantar!
Só p'la fibra com que expande
Todo o sabor do passado.
Manuel de Almeida é grande
Entre os grandes que há no fado!
Poema de: Carlos Conde