Nasceu em Estremoz a 24 de Junho de 1893, onde passou a sua infância e parte da adolescência. Aos 13 anos descobre-se poeta, tendo publicado o seu primeiro livro de versos Nuvens aos 18 anos.
A sua vida literária virou-se predominantemente para a poesia, mais de quatro dezenas de obras poéticas publicadas. Mas também dedicou muito do seu tempo e imaginação ao teatro. Escreveu mais de nove dezenas de peças, entre dramas, comédias e farsas. Mas foi no teatro ligeiro (opereta e revista) onde melhor se encontra, pelo tom popular que empresta a quase tudo o que escreve. Na sua vasta obra assinalamos ainda duas novelas, algumas crónicas, estudos históricos e biografias.
Foi durante cerca de trinta anos chefe da Secção de Coordenação de Programas da Repartição dos Serviços de Produção da Emissora Nacional. Aqui desenvolveu intensa actividade, dinamizando programas ligados à poesia e ao teatro. No seu testamento deixou como legado à Biblioteca de Estremoz mais de uma dezena de manuscritos das suas obras, um bronze, uma tela e as insígnias das condecorações com que foi distinguido.
Embora haja quem não dê grande destaque à sua obra para o Fado, ele foi um grande poeta, com alma bem fadista, lembremo-nos de algumas das suas criações, que foram grande êxito para os repertórios de Amália Rodrigues e Alfredo Marceneiro.
Para Amália Rodrigues, Céu da Minha Rua, Elogio do Xaile, Que Deus me perdoe, etc.
Para Marceneiro, A Casa da Mariquinhas, Mariquinhas 50 Anos depois e Fado da Balada.
João Silva Tavares morreu em 3 de Junho de 1964
Alfredo Marceneiro canta:
A Casa da Mariquinhas
Nasceu em Santarém a 30 de Setembro de 1982. Em 1994 concorre pela primeira vez na Grande Noite do Fado de Lisboa, e embora não ganhe, recebe os maiores elogios do público e júri presentes. Em 1995, volta a participar, mas no Porto, onde ganha o primeiro prémio de interpretação feminina. A partir desse ano inicia uma actividade regular com espectáculos por todo o País. Em 1998 desloca-se pela primeira vez ao estrangeiro, onde actua no âmbito do evento "Dias de Portugal", organizado pelo ICEP na cidade de Budapeste (Hungria). Ainda no mesmo ano grava o seu primeiro álbum, intitulado "Olhos Garotos". O espectáculo com Carlos do Carmo, no auditório do Rádio Alfa em 1999, em Paris, possibilita-lhe outros concertos em África, Budapeste e Brasil onde actua no âmbito dos “500 anos da descoberta do Brasil”. Em 2000 edita o segundo álbum "Aquela Rua", que recebe as melhores referências da crítica especializada. Inicia uma colaboração regular com o "Clube de Fado", uma das mais prestigiadas casas de Fado de Lisboa, onde faz parte do elenco local. Em 2001 volta ao estrangeiro, com actuações na Holanda (Kleine Komedie), Itália (Instituto Português de Santo Agostinho), Alemanha (Festival de Canções de Verão), Hungria (a convite do ICEP), Brasil (Hotel Vila Galé), U.S.A. (Comunidade Portuguesa de São José da Califórnia) e França (Comunidade Portuguesa de Lyon). Foi convidada a ir ao Japão, para uma digressão de 23 dias. Actua na prestigiada sala Muziekcentrum Vredenburg, em Utrecht (Holanda), na carismática Sale Jacques Brel, em Fontenay (França) e no Centro Cultural Dom em Moscovo. Em Portugal, é convidada para as mais prestigiadas colecções discográficas nacionais, como Novas Vozes, Novos Fados da EMI/VC, Nova Biografia do Fado da EMI/VC, tendo paricipado no disco de homenagem a Moniz Pereira, para a "Universal", assim como na banda sonora da série Jóia de África. Em 2003, lançou o seu terceiro álbum “Joana Amendoeira” trabalho que teve reconhecimento imediato por toda a comunidade fadista, crítica especializada e pelo público. O seu reconhecimento quer nacional quer no estrangeiro, leva-a a ser convidada para actuar nas feiras profissionais de “World Music”, como o Mercat de Musica Viva de Vic 03 (Espanha) e a Strictly Mundial 05 (Canadá). É-lhe atribuído o Prémio Revelação 2004 da Casa da Imprensa.
Na Arena de Portimão, no mês de Novembro de 2007, Joana Amendoeira, Pedro Amendoeira (guitarra portuguesa), Pedro Pinhal (viola de fado), Paulo Paz (contrabaixo) e Filipe Raposo (acordeão) encontraram-se numa reflexão em redor do repertório da fadista para uma actuação com a Orquestra do Algarve. O resultado foi um dos espectáculos mais emblemáticos da história da sua vida. Surgiu a ideia de criar um ensemble para se juntar à voz de Joana Amendoeira e ao seu quarteto, formando assim um espectáculo com arranjos de João Godinho, que viria a estrear na Praça de Armas do Castelo de São Jorge, em Lisboa,
no âmbito da Festa do Fado, em Junho de 2008.
Deste espectáculo surgiu o sexto disco da fadista “Joana Amendoeira & Mar Ensemble”, desta vez gravado e filmado para se tornar num disco ao vivo com oferta de DVD.
O "Mar Ensemble", criado especificamente para este espectáculo, com a direcção de Paulo Moreira (violoncelo), contou com a presença de António Barbosa (primeiro violino), Paula Pestana (segundo violino), Ricardo Mateus (viola d’arco), Maria Rosa (flauta), Rui Travasso (clarinete), Carlos Alberto (trompete) e João Carlos (trompa). Filipe Raposo, um dos mais conceituados músicos da actualidade, juntou o seu acordeão ao trio de fado que desde sempre tem vindo a acompanhar a fadista pelos quatro cantos do mundo.
Em 2008, grava o seu novo disco “Joana Amendoeira & Mar Ensemble” (em formato CD/DVD) ao vivo na 5ª edição da Festa do Fado na Praça de Armas do Castelo de São Jorge, realizada no dia 21 de Junho. Em Março de 2009, a Fundação Amália Rodrigues atribuir ao álbum o prémio de “Melhor Disco de Fado de 2008”.
Após o lançamento do disco, seguiram-se os concertos em salas prestigiadas do circuito da world music: Bélgica, Egipto, Estónia, França, Grécia, Holanda, Itália, Lituânia e Índia.
Em Abril 2010 no grande auditório do centro cultural de Belém deu o concerto do lançamento do seu novo álbum de estúdio.
Últimamente muito pouco se tem falado desta linda fadista.
Joana Amendoeira canta:
Sopra o Vento de Fernando Pessoa
Nota: mais uma vez lamento não poder divulgar os merecidos “méritos” aos autores do Vídeo-Clip, pois não consegui informações.
Quero também anotar, que nestes trabalhos que venho a publicando no blogue, que nas investigações que efectuo, na maioria dos casos, ninguém menciona os autores, o que é grave e deselegante.
OS AUTORES SÃO PARTE INTEGRANTE DA COMPONENTE QUE PROPORCIONA AO ARTISTA OS SEUS ÊXITOS
LEMBRAR A GRANDE HERMINIA SILVA
Este página é baseado no livro biográfico da autoria de Vítor Duarte Marceneiro e está protegido por "Copywrite" estando devidamente registado na S.P.A. e no I.G.A.C.
São permitos excertos do mesmos, que visem a divulgação da biografada e seja referida a fonte.
A RAZÃO DUMA PAIXÃO
Só de há alguns anos para cá me apercebi que o Fado é um estado de alma, é paixão. Desde muito novo que o adoro e cultivo, mas à medida que vou amadurecendo, dou por mim a venerá‑lo cada vez mais. Lembro coisas do «fado» e de Fado, que durante muito tempo parecia que nada me diziam, estavam adormecidas, mas que agora me vêm à memória, em catapulta desenfreada, e penso... Tanto tempo que eu perdi.
Reuni neste livro, a que dei o título de Recordar Hermínia Silva, tudo o que sobre ela consegui recolher, com o intuito de fazer história sobre essa mulher, que era povo, foi amada e ovacionada, mas manteve‑se sempre simples e despretensiosa. Era dotada de um dom especial, que só muito poucos têm, de cantar e representar muito bem, era um representar que não se estuda no «Conservatório», com a sua voz bem castiça dava um cunho muito pessoal às suas interpretações que deliciavam a quem a escutava, quer no fado tradicional, quer no fado revisteiro, mas na revista para além de cantar interpretou figuras e «meteu buchas» que fizeram o delírio de milhares de espectadores.
Obrigado Hermínia Silva por tudo que deu ao Fado, ao Teatro de Revista, ao Povo Português.
Vítor Duarte Marceneiro
2003
PREFÁCIO
É tão raro alguém dedicar tempo, afinco e talento a elaborar uma monografia sobre uma figura do Fado que, quando tal acontece, a comunidade fadista e todos quantos prezam os nossos valores culturais de raiz ficam devedores de um esforço que não é fácil, não é breve, não é ligeiro e, as mais das vezes, não é compreendido.
Vítor Duarte, com este seu livro sobre Hermínia Silva, é credor dessa dívida, a vários títulos.
Primeiro, porque já nos tinha brindado com dois volumes sobre o seu avô, o cantador e compositor de Fado mais marcante de todos os tempos: Alfredo Duarte, o Marceneiro. Primorosos de sentido de evocação, riquíssimos de fotografias, caricaturas, entrevistas, registos sonoros (o primeiro), ficam esses dois livros como um importante legado para o Futuro, marcado por uma incomensurável ternura e admiração de neto, por um sentimento autêntico de fadista que o Vítor também é, filho e sobrinho de fadistas, último elo de uma dinastia de nomes inesquecíveis (enquanto os seus jovens filhos não mostrarem, um dia, os dotes).
Mas as más línguas – e se as há, no Fado! – diriam aqui que não admira, era neto, estava bem colocado, aproveitou o espólio da família. Como se isso diminuísse o mérito da tarefa e o valor do legado.
Porém, Vítor Duarte, Marceneiro, sim, porque trabalha, não no ofício mas na palavra e na imagem, em prol da canção popular lisboeta (para além de cantar cada vez com mais maturidade e declamar como poucos), vem agora calar para sempre quaisquer más línguas. Nenhum laço familiar o ligava a Hermínia Silva. Apenas o mesmo sentir fadista que o fazia reconhecer nela a incomparável intérprete que era. Apenas a mesma ternura, expressa no episódio — que bem contado! — de ter sido no Solar da Hermínia que cantou em público pela primeira vez, tremendo diante do avô, do pai e... da dona da casa. Apenas a revolta incontida por pouco ou nada se ter escrito sobre um vulto tão importante e tão esquecido. Apenas aquele arregaçar de mangas e meter mãos à obra, tão próprios do Vítor quando sente que é preciso. E este «apenas» encerra horas e horas de escrita, a martelar no computador; dias inteiros na Biblioteca Nacional, a consultar velhos jornais; telefonemas a meio mundo, para obter mais uma fotografia, mais um dado em falta, mais uma data, mais um nome de uma revista do Parque Mayer, de um compositor, de um poeta; uma eternidade, a reorganizar sucessivamente todo o material entretanto conseguido.
Esse «apenas» está aqui, pronto e acabado, servido pelo Vítor Duarte com a sua habitual modéstia, por uns quantos euros.
Já lhe agradeci.
Daniel Gouveia
Outubro/2003
BIOGRAFIA DE HERMÍNIA SILVA
Herminia Silva canta: Fado da Sina do Filme "O Ribatejo"
FALECEU VÍTIMA DE DOENÇA PROLONGADA O ARTISTA/CANÇONETISTA ANTONIO MOURÃO
PRESTO-LHE A MINHA HOMENAGEM, E REALÇO A DIGNIDADE, COMO SE RETIROU DA VIDA ARTÍSTICA.
A 18 de Outubro de 2013
Nasceu em Sarilhos Grandes - Moita a 5 de Junho de 1935.
Parece destinado a uma vida de operário, mas o seu gosto pelo canto, leva-o a aproximar-se do mundo do espectáculo em Lisboa, como gosta muito de Fado, passa a frequentar os locais onde o mesmo se canta, em especial a Parreirinha de Alfama. Uma noite começa a cantar espontaneamente e foi um sucesso, Argentina Santos logo o contrata.
Mais tarde é contratado pelo fadista Sérgio para actuar na Viela.
Em 1964 grava um disco que é muito tocado na rádio, o que o torna bastante conhecido do público.
Em 1965 no teatro Maria Vitória, estreia-se na revista “E Viva o Velho” e canta o tema «Ó Tempo Volta p'ra Trás», o êxito da canção e da sua interpretação levará verdadeiras excursões de todo o país ao Parque Mayer, tendo a revista lotações esgotadas durante meses. Grava o tema em disco que obtém também um grande êxito e um elevado número de vendas, cantou e gravou outros grandes êxitos como Chiquita Morena, Meu Amor, Meu Amor, etc
De personalidade tímida e reservada, António Mourão será sempre recordado um dos grandes ícones, do Fado da canção e do teatro de revista dos anos sessenta.
Quando abandona o teatro passa a cantar só em espectáculos.
Actualmente está retirado e é residente na Casa do Artista
Poema a António Mourão
por: Carlos Conde
António Mourão - voz de oiro
Que o povo ouve com agrado,
É mais um raro tesoiro
No panorama do fado.
Se na canção é melhor,
Então atingiu o fim,
E é mercê do seu valor
Que hoje sobe ao "Galarim".
P'ra subir mais nada resta
Nesta senda de vai-vens,
Já pôs a canção em festa
E o fado de parabéns.
António Mourão
canta um poema de sua autoria e música de Ferrer Trindade
Aquilo que eu canto é Fado
Video-Clip postado pelo meu amigo Américo no Youtube
Manuel Eugénio Angeja de Sá, nasceu a 29 de Março de 1945, no típico bairro da Ajuda, em Lisboa.
Notas biográficas pelo próprio:
Lisboa está-me nas veias, tal como a literatura e a poesia, que sempre me cativaram o espírito.
Por circunstâncias da vida familiar, cedo conheci Sintra, onde vivi e estudei durante toda a fase do ensino secundário. Uma vila encantada, que ainda hoje visito regularmente.
A frequência do Instituto Comercial levou-me ao quotidiano da capital, até que chegou o tempo de cumprir o serviço militar na Força Aérea Portuguesa, corria então o ano de 1962.
Hábitos de leitura, a que uma avó querida não é alheia, dotaram-me de vontade e gosto pelo conhecimento.
Trabalhei 37 anos em diferentes Órgãos de Comunicação e em duas Agências de Publicidade multinacionais. Toda uma vida profissional rica em experiências e relacionamento humano.
O deslumbramento pela poesia chegou em 1968, trazida num livrinho que recebi das mãos de José Saramago, então colaborador do Jornal A Capital, onde iniciei a minha actividade de comunicador, a que me dediquei largos anos. Todavia, só em 1999 comecei a escrever poesia.
Dos últimos cinco anos, quatro foram passados na América do Sul (Brasil e Colômbia), onde reuni material e experiência para escrever um livro. Provavelmente será um livro de crónicas, género literário onde estou mais à vontade, e que me permita reunir num único volume um conjunto de textos escolhidos que abordam o comportamento humano face às várias culturas que conheci na Europa, em África e na América do Sul.
Em Abril de 2011 regressei definitivamente a Portugal.
É Membro Efectivo da APP – Associação Portuguesa de Poetas e da AVBL - Academia Virtual Brasileira de Letras.
Para contactar Eugénio de Sá:
e-mail: eugesa@zonmail.pt
https://www.facebook.com/eugenio.sa.9
A NOITE DE LISBOA
Prosa de Eugénio de Sá
Voz: Luís Gaspar (Estúdios Raposa)
Video Clip VDM
A noite de Lisboa
Por: Eugénio de Sá
Fosforejam, na noite, os olhos de Lisboa.
Do seu ventre fadista
nascem os primeiros acordes das guitarras.
Nas suas artérias nobres,
que outrora conheceram o passeio alegre
de tantos poetas e escritores,
hoje manda o silêncio.
Não se ouvem já os ecos da tertúlia da Brasileira,
da sonora gargalhada de mestre Almada Negreiros,
dos passos tímidos do grande Fernando Pessoa,
da algazarra de Cardoso Pires
e dos seus amigos marialvas, a saltitar de bar em bar.
Alcântara, Cais do Sodré... ali ainda cheira a Tejo,
a cacilheiros, a maresia, a saudade.
Ali, as memórias vogam sobre as águas
daquele Tejo que conheceu tempos melhores,
de varinas, de peixe, da Ribeira...
de gente mais feliz,
que gostava de acabar a noite a saborear-lhe o cacau!
Ah; Lisboa alvissareira, bem disposta,
cruzada pelos pregões
das sardinhas, das favas, das castanhas, dos jornais....
que foi que te fizeram?
- Quem te silenciou o encanto da vida?
- Quem te baixou à condição única de comerciante,
que até o fado vendes a quem o quer comprar?
- Quem te mandou cumprir o único papel que decoraste;
o turístico, atenta e veneradora,
a cobrar uns quantos euros pela visita ao castelo?
Não que de condenável nada tenha essa atitude...
Mas só essa?
Bem, verdade se diga, tens muito mais para oferecer;
a tua belissima e ancestral monumentalidade,
os teus museus…
e os tipicos elevadores que levam aos deslumbrantes miradouros
que pasmam e enchem cada alma que lhes aflora os varandins…
E com os rubros alvores da madrugada vão-se calando, aos poucos,
as guitarras e as vozes dos fadistas,
e o teu fado, agora qualificado de Património Imaterial da Humanidade,
deita-se no respeitável aconchego das vielas,
até que a noite volte de novo a despertá-lo.
Maria João Gama entrevista na RTP Memória no programa Há Conversa, emitido no dia 11 de Outubro de 2013, Vítor Duarte Marceneiro, neto de Alfredo Marceneiro e Director Executivo da Associação Cultural de Fado "O Patriarca do Fado" e Armindo Rosa, Presidente da Direção da mesma associação.
1.000390 (Um milhão e trezentos e noventa) entradas no blogue LISBOA NO GUINNESS com uma média de 346 páginas visitadas diariamente que perfaz um total 346.000.000. Contagem iniciada em 9 de Abril de 2007 até hoje 9 de Outubro de 2013. Este blogue foi visto em todos os continentes.
Vítor Duarte é fadista amador, mas no que diz respeito à escrita considera-se um profissional. "Sou a pessoa que mais escreveu sobre fado em todo o mundo", garante. Refere-se ao blogue "Lisboa no Guiness" (só com um "n"), que mantém desde2007. Principal objectivo: "Divulgar o fado, fazer intervenção cívica e, acima de tudo, ajudar a candidatar Lisboa ao Livro Guinness dos Recordes como a cidade mais cantada do mundo." Dito de outro modo: "Se há tanta coisa no Guinness e se eu sou um apaixonado por Lisboa e poesia, porque é não haveria de fazer isto?".
Neto de Alfredo Marceneiro (1891- 1982),Vítor Duarte tem 66 anos, nasceu em Alcântara e vive no Cadaval. Adoptou, tal como o avô, a alcunha Marceneiro. Hoje tem um filho de 12 anos chamado Alfredo. Em 1995 publicou a biografia Recordar Alfredo Marceneiro.
Em conversa telefónica com a Time Out, num estilo palavroso e incansável, Vítor Duarte conta que Lisboa é a sua grande paixão. "E como uma mulher muito linda a quem os poetas dedicam poemas de amor." A infância passada em Campo de Ourique, sob o olhar atento do avô fadista, terá forjado a paixão.
Garante que a candidatura ao Guinness já foi aceite, mas ainda não produziu efeitos porque não há concorrentes. "Se me candidato a um recorde, tenho de ter outra pessoa que se proponha ultrapassar-me. Como isso ainda não aconteceu, aguardo o reconhecimento deste recorde."
Os critérios de Vítor Duarte para fazer de Lisboa recordista são talvez extravagantes, mas são os dele. "Por cada poema para fado que inclui a palavra Lisboa, há uns 20 que falam da cidade sem referirem o nome e eu só incluo aqueles que dizem Lisboa explicitamente. Mas não me interessam só os poemas que foram musicados para fado, as letras soltas também contam. Todos os dias me enviam poemas e além disso a palavra 'cantar' aplica-se tanto à música como à leitura de poesia." Percebe-se? "Tenho milhares de poemas potenciais e neste momento transcrevi 533, dos quais 393 são fados. Se alguém quiser bater este recorde, estou em condições de responder com milhares de poemas."
Já teve mais de 716 mil visitantes únicos no blogue. E se a paciência não lhe faltar, há-de conseguir o recorde que lhe dá alento.
In: Time Out Entrevista de Bruno Horta 16 de Novembro de 2011
GUINESS RECORDS
“Lisboa a Cidade mais cantada do Mundo”
Pesquisa e recolha do maior número possível de Letras de Fado, poemas e prosas sobre LISBOA, sendo que se crê que o maior contributo vem dos poetas e letristas de Fado.
Iniciar o processo de candidatura ao Guiness BooK of Records, sabendo-se que esta iniciativa/modalidade é original no Guiness.
Lisboa ao fazer parte do Guiness Book terá uma divulgação em milhões de pessoas.
METODOLOGIA:
1º Serão compiladas as Letras de Fado sobre LISBOA devidamente identificadas;
2º Serão compilados os poemas sobre Lisboa, que se desconheça se foram ou não cantados ou gravados.
3º Serão compiladas as Letras das Marchas Populares, em que entre a palavra LISBOA
4º Serão compilados todos os poemas, sonetos prosas sobre LISBOA que se encontrem.
Será necessário um exaustivo trabalho de pesquisa, passagem a sistema informático, e ficará assim também uma valiosa base de dados sobre este património cultural sobre LISBOA. (Consulta acessível ao público na Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa)
Poderá ser elaborado um livro com as Letras mais emblemáticas, traduzidas para Espanhol e Inglês, e dar oportunidade a alguns “pintores aguarelistas” de rua para ilustrarem o mesmo com trabalhos seus também sobre LISBOA. (Venda na Biblioteca Municipal e Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa e outros.)
Esperamos que outras cidades após esta iniciativa de Lisboa, nos venham tirar o “Recorde” o que só é publicado no ano seguinte, assim na primeira apresentação apresentaremos um número considerável de Letras, mas ficando com uma reserva para podermos contra-atacar.
Dado que nos últimos anos poucos poemas sobre Lisboa tem surgido e estes muito pouco divulgados, seria interessante e estimulante para os poetas, a CML, organizar um concurso para incentivar a criação de letras de fado, poemas, prosas ou sonetos tendo como mote a Cidade de Lisboa. (por ex: seria constituído um Júri para escolher as cinco (ou mais) dos melhores trabalhos entre todas as modalidades, e poderia ainda vir a dar lugar a um Espectáculo (p.e. no S. Luís), e se possível seriam publicadas em livro a editar pela CML.
Um dos Fados considerado unanimemente por todos os Fadistas e público em geral é Letra de Artur Ribeiro, que é autor de muitos outros fados, e por diversas razões nunca foi devidamente homenageado, pelo que seria uma “ Acção de Grande Cariz Popular” ser o mesmo agraciado a título póstumo pela CML. (ex. medalha de ouro da Cidade ou o nome de uma rua)
Resposta da Vereadora da Cultura da C.M.L. Drª Maria Manuel Pinto Barbosa, após várias reuniões em que o projecto foi bastante apreciado.
Passados dois meses escreve-me a EGEAC:
Mas em 2006 por ordem do então Presidente da C.M.L Prof. Cardona Rodrigues o Dr. José Amaral Lopes á altura Vereador da Cultura aprovou o projecto
No mês de Junho tenho uma reunião com o então Vereador da Cultura Dr. José Amaral Lopes, a quem expus o projecto, relatando-lhe os contactos já havidos.
Após mais alguns detalhes solicitados, o sr. Vereador elogia a ideia, e de imediato a aprova, nomeando a sua assessora, Dr.ª Paula de Carvalho, para dar seguimento ao projecto, enviando-o para a EGEAC.
Sugeri que o projecto fosse acompanhado pela Dr.ª Sara Pereira, que aceitou, após conversa telefónica que com ela mantive.
A ajuda pecuniária acordada seria paga mensalmente e durante 6 meses de trabalho de pesquisa, seguindo-se a recolha e registo de uma base de dados. Foi acordado que devido à grande quantidade de dados que se esperavam encontrar, o prazo poderia ser insuficiente, pelo que poderia vir a ser renovado.
Embora já tivesse sido dada luz verde pelo senhor Vereador, que era simultaneamente Presidente da EGEAC.,atingimos, o fim do ano, sem que o projecto avançasse.
Ora, nesta altura já todos os órgãos de informação tinham publicitado o projecto, através duma entrevista dada por mim à agência LUSA, conduzida pelo jornalista Nuno Lopes, assim como, já tinha estado presente no programa da Fátima Lopes na SIC. A publicidade dada ao assunto, motivou, que tivesse recebido várias mensagens de incentivo, sobretudo, de apreciadores de Lisboa e do Fado, assim como esteve na origem de ter sido convidado pela direcção do Sapo, para dar inicio a um blogue sobre o assunto, ficando desde logo registado como “Lisboa no Guiness”.
Antes mesmo do contrato assinado, e de ter recebido qualquer remuneração, entreguei no Museu do Fado um DVD, com os seguintes dados: Registo de Poemas de Fado de Lisboa, "350 de A a Z" e ainda Registos de Fado de temas gerais, incluindo grande parte do repertório de Alfredo Marceneiro, Amália Rodrigues, Hermínia Silva, Fernando Farinha e muitos outros, num total de 315 registos de "A a Z". Aliás na altura os temas de Lisboa foram aqui publicados.
O próprio vereador, e alguns orgãos de informação, e eu próprio, questionámos a Dr.ª. Sara Pereira, sobre o andamento do projecto, que informou, faltarem resolver, apenas, alguns pormenores de carácter burocrático.
No início de Janeiro de 2007 comecei a publicação do blogue, tendo continuado a trabalhar nas pesquisas e recolhas.
Em Março ou Abril de 2007, assinei um contrato no Museu do Fado, tendo-me sido paga a quantia acordada, mas, sem que até hoje tenha recebido cópia do contrato, e o que lamento, nunca tenha conseguido ser recebido pela Dr.ª Sara Pereira, a despeito, das várias tentativas que efectuei.
Termino este comentário, com a satisfação de ver visitado o meu blogue de minha iniciativa pessoal, que penso, muito ter contribuído para a divulgação dos fadistas, do Fado e de Lisboa. Sinto também do mesmo modo, grande satisfação, pela autoria dos livros biográficos de meu avô e de Hermínia Silva.
Mas entretanto começa o escândalo do Filme Fados, o célebre "Roubo do Fado Versículo". E quem diz as verdades a desmascarar as mentiras do Carlos do Carmo, o prémio Goya, a estreia no Olympia, etc. É "persona non grata"
O autor destes lindos versos sobre Lisboa, gostaria de os saber cantados e se possivel gravados, quem assim o desejar é só consultar o poeta.
titulo: Lisboa em azulejo registado na SPA
autor: jose m.g.pires@gmail.com
tlm: 967 757 892
Lisboa em Azulejo
Versos de: José Maria Graça Pires
Lisboa pró mar debruçada
É lágrima dor de partida
Desse barco que sem chegada
Esperança a tem perdida
No cais a gaivota voa
Ao nascer do novo dia
Já rompe entre a névoa
Linha de vida fugidia
A chuva na calçada turva
Por entre as pedras em veias
O eléctrico sobe, curva
Na linha moí as areias
Em azulejo te vou pintar
Lisboa, branco, preto, cinzas
És poema nobre de cantar
Tua gente a valorizas
Qualquer um te vem amar
Com o Tejo a teu lado
E mais te embala o mar
Na hora de cantar o fado
Faz hoje 14 anos que
AMÁLIA RODRIGUES
A 6 de Outubro de 1999 que se ausentou, em corpo, porque a sua imagem e o seu espírito, estará sempre nos nossos pensamentos
Foto montagem de Vítor Marceneiro
Amália está sepultada no Panteão Nacional.
A grande senhora do fado, a mulher do povo, a voz de Portugal está desde o dia 8 de Julho de 2001, na sua última morada.
Os seus restos mortais foram depositados na Sala de Língua Portuguesa, junto a figuras célebres da nossa cultura como Guerra Junqueiro, Camilo Castelo Branco e João de Deus.
As opiniões sobre a trasladação dos restos mortais de Amália do cemitério dos Prazeres foram contraditórias, há quem advogue, que como "Amália é do povo, devia estar junto do povo", outros que "Amália deve ir para o Panteão por ser um símbolo de Portugal".
O que é certo é que mais uma vez não foi o povo que decidiu!
É SEMPRE TRISTONHA E INGRATA
QUE SE TORNA A DESPEDIDA
DE QUEM TEMOS AMIZADE
MAS SE A SAUDADE NOS MATA
EU QUERO TER MUITA VIDA
PARA MORRER DE SAUDADES
Obrigado Amália por tudo o que nos deste
Geração de Marceneiro
A NOSSA AMÁLIA E O POVO
A nossa Amália morreu
Nosso Povo estremeceu
Com tanto calor e frio
No céu entrou uma Fada
E uma canção magoada
Povo que Lavas no rio.
As avenidas e estradas
E as pedras das calçadas
Ficaram todas unidas
Os rapazinhos choraram
As andorinhas voltaram
Sempre de luto vestidas.
Os carpinteiros a correr
Foram todos para fazer
As tábuas do seu caixão
Os Anjinhos se juntaram
Os Santinhos se prostraram
Até Deus pediu perdão.
Desde a Rua de São Bento
Povo Unido, num lamento
Choravam lágrimas e prantos
Peregrinos de sandálias
Consagraram nossa Amália
E os Poetas eram tantos.
A Cidade de Lisboa
Desde Alfama à Madragoa
Desde a Estrela ao Rossio
Varinas de sete saias
Vê lá meu Povo não caias
Povo que Lavas no rio.
Poema de: Manuel Luis Caeiro de Pavia
A Tua Voz Amália
Vítor Duarte Marceneiro canta.
Sangue de Heróis
Letra de Carlos Conde
Música de Alfredo Marceneiro
Este poema é da autoria de Carlos Conde, grande poeta (fazia questão de ser apelidado de poeta popular e assim ficou para a história numa placa toponímia numa rua de Lisboa no bairro de Campolide),.
Foi conhecido também por ser um democrata, como dizia Alfredo Marceneiro, era um poeta do "reviralho".
Nos anos Trinta no inicio da 2ª Guerra Mundial, as tropas de Hitler, mesmo tendo aceito Portugal como país neutro, cobiçava as então nossas províncias ultramarinas e as ilhas.
Foi um poema "revolucionário", também assim o entendi quando o gravei em 1993, mas foi logo censurado pela Emissora Nacional, e facto curioso, também considerado reaccionário e pró-colonialista, porque causa da estrofe "Portugal não cede um palmo de terra".( Ver crónica em http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/102684.html)
Enfim mudam-se os tempos, mudam-se os pensamento e hoje penso que é uma boa mensagem para as "TROIKAS DESTE MUNDO" e para os simpatizantes deles, que por cá andam ao "TACHO".
SANGUE DE HERÓIS
Letra de Carlos Conde
Música de Alfredo Marceneiro (Fado Cravo)
Se é de longe que tu vens
D´um país onde se abraça
O amor, a fé a nobreza
Podes entrar porque tens
Um abrigo em cada lar
Um lugar em cada mesa
Mas se trazes a divisa
De te impor de interceder
Por favor deixa-nos sós
O meu país não precisa
Que outros venham resolver
A questão que há entre nós
Se vens com torvo ideal
Ou com o fito de
Leva contigo os maus trilhos
E diz lá que Portugal
Não vende um palmo de terra
Nem vende a honra dos filhos
Diz ao mundo, grita aos sóis
Enche os céus da nossa glória
Num clarão vasto e fecundo
Que só com sangue de heróis
Portugal ergueu a história
Nas cinco parte do mundo