Nasceu em Cascais, a 6 de Novembro de 1934, mas morou sempre em Lisboa.
A mãe tocava piano e transmitiu-lhe o gosto pela música, desde pequeno que o leva a assistir a concertos.
Aos 18 anos, Fernando Alvim tem as primeiras aulas de viola com o professor Duarte Costa.
Aos 24 anos, frequenta um curso com o guitarrista Emílio Pujol.
Inicia a sua carreira profissional aos 21 anos, tocando como acompanhante em casas de fado amador.
Na Emissora Nacional, Fernando Alvim foi responsável por um programa de music-hall chamado «Nova Onda», que dará o nome ao conjunto que posteriormente formou com outros músicos e que estará na origem do “Conjunto Mistério”.
Fernando Alvim praticamente acompanhou e gravou com quase todos os fadista de renome.
Em 1959 , inicia uma parceria de trabalho com Carlos Paredes, que durou 24 anos , mas ao longo desses anos, Fernando Alvim desenvolve outras actividades, tocando com vários músicos do Hot Club, fez parte integrante do conjunto de músicos do popular programa televisivo Zip-Zip,
Em 1969, fundou o “Conjunto de Guitarras de Fernando Alvim”, que tocaram para diversos artistas, quer em espectáculos, quer em gravações.
Fernando Alvim fez ainda “parelha” com os guitarristas João Torre do Vale (Zina), António Chainho e Pedro Caldeira Cabral.
Em 1998, participa no disco de António Chainho, “A Guitarra e Outras Mulheres”, as "outras mulheres", são as cantoras Teresa Salgueiro, Elba Ramalho, Nina Miranda, Filipa Pais, Marta Dias e Sofia Varela.
Tive a oportunidade de conhecer Fernando Alvim, em 1970 na reabertura do “ LUSO”, em que ele tocava com o guitarrista, historiador e coleccionador Pedro Caldeira Cabral, foram eles os músicos que me acompanharam , na primeira experiência que tive, como profissional no Fado.
Quero realçar que Fernando Alvim é uma homem de uma enorme sensibilidade, pessoa de poucas palavras, mas muito cativante… um Senhor.
Fernando Alvi faleceu em Lisboa a 27 de Fevereiro de 2015
Vítor Marceneiro
Grande fadista, cantou muitos anos na "SEVERA", tem muitos discos gravados e muitos poemas de sua autoria.
Tenho feito imensos esforços para a conseguir contactar, embora sabendo que é de sua livre vontade que se abstem de aparecer, acho que merece um lugar na história do Fado.
Graças ao trabalho do meu caro amigo Américo dos Santos Pereira, é possivel relembrá-la no video-clip que ele produziu e realizou, em que Alice Maria, canta o Fado " Castigo de Deus", da autoria de Frederico de Brito.
Alfredo Marceneiro
1891 - 1982
Alfredo Rodrigo Duarte, vulgo Alfredo Marceneiro, na realidade nasceu a 29 de Fevereiro de 1888, mas só foi registado em 1891, este facto deveu-se a dificuldades financeiras de seus pais ( facto muito comum na época), e quando tiveram a oportunidade de o baptizar, corria o ano de 1891, como não era um ano bissexto, o mês de Fevereiro só tinha 28 dias, seus pais optaram pelo dia 25 de Fevereiro.
ALFREDO MARCENEIRO
“PATRIARCA DO FADO”
Raro será o português que se não tenha interrogado acerca do fascínio que o Fado exerce sobre si. Verifica-se que o mesmo acontece com os muitos estrangeiros de diversas partes do mundo, com culturas, etnias e credos diferentes dos nossos, que ao assistirem a essa entrega sublime do cantador que nos transmite para além da sonoridade da voz, da expressão facial, do gesticular do corpo, uma melopeia acompanhada por uma parelha de músicos “guitarras e violas”, que nos provoca nostalgia, amor, ódio, ciúme, alegria, que provoca o ritmo acelerado do coração, enquanto na alma desabrocham sentimentos, que extravasam as barreiras linguísticas, e as almas irmanam-se.
O Fado está cheio de símbolos. Os símbolos são gerados pelo povo, sejam políticos ou militares, sejam sábios ou médicos, sejam músicos ou cantores. É o povo o grande juiz: eleva os ídolos quando lhe agradam, os venera quando tal merecem; Mas também é o mesmo povo que os ignora quando são falsos.
No universo da expressão musical, o Fado é um mundo dentro de outro mundo, é um universo de cantigas onde cabem, a dor, a saudade, o entusiasmo, a fé, a esperança... O Fado é uma “seita” com os seus ritos, os seus segredos…
Será talvez uma afirmação sacrílega esta de vos dar como título a este livro:
Alfredo Marceneiro – Patriarca do Fado.
Na “Catedral do Fado” há um sentir que nos leva muitas vezes à lágrima, tal qual “água benta”, como a que tocamos, na saudação de respeito, que nos motiva ao cruzar os umbrais de uma outra qualquer "Catedral"; também no Fado, há um ritual, um estado de alma... que veneramos e respeitamos.
Se alguém entendeu todo este ritual foi decerto Alfredo Duarte, o Marceneiro, por ofício.
Se os prosélitos do Fado entenderem perpetuar a sua bandeira - O Fado genuíno - , que seja relembrando a sua obra, a sua dádiva ao Fado. Alfredo Marceneiro nunca seapelidou, nem deixou que o apelidassem, Rei do Fado, mas foi, sem sombra de dúvidas, o seu mais louvado príncipe, tão igual ao Povo que com ele se confundiu amavelmente.
Alfredo tu foste/és o “ Patriarca do Fado
Amália com esta frase lapidar, demonstrou a sua veneração por ele:
Alfredo... tu és o Fado
Ao iniciar a publicar este blog, tive a honra de conhecer o grande artista Mestre Real Bordalo e a sua obra, que dfesde logo, me autorizou a publicar as suas obras.
As imagens por mim utilizadas, têm, sem sombra de dúvidas, valorizado os temas abordados, o próprio genérico do blog é retirado de uma aguarela do mestre.
Hoje publico, em preito de hoenagem a imagem de um bonito quadro a óleo da Praça do Principe Real, e de uma vista de Alfama, conjuntamente com um poema da autoria de Armanda Ferreira, dobre o pintor.
Lisboa - Gosto a saudade
(ao Mestre Real Bordalo)
É Alfama, É a Madragoa.
É a varina que passa.
É este cheiro a Lisboa
Que nos prende e nos abraça.
É o Rossio iluminado...
É a Rua do Capelão.
É a voz triste do fado
Que nos enche o coração.
É a névoa vinda do rio.
É o par de namorados
Que se beija ao desafio.
É nesta cumplicidade...
É no rigor dos teus quadros
Que pulsa a nossa cidade!
Poema de: Armanda Ferreira
Conhecida no meio do Fado por (Bia) nasceu no Porto em 21 de Agosto de 1939.
Numa vinda a Lisboa vai ouvir fados ao Solar da Márcia Condessa, é desafiada a cantar, interpreta de tal maneira que logo é contratada pela dona da casa.
Fica a viver em Lisboa e rapidamente o seu estilo de cantar lhe granjeia muitos admiradores, acabando por fazer várias épocas em quase todas as casas de fado.
Na revista, onde obteve grandes êxito, em, Fado Para Esta Noite e John Português.
Grava todo o repertório que estreia, que é êxito assegurado.
Faz várias digressões ao estrangeiro, actuando para as comunidades emigrantes, actua em diversos festivais internacionais de música, festas de beneficência.
Beatriz da Conceição, canta com um estilo muito pessoal verdadeiro, diz muito bem e divide o verso como deve ser, é irreverente mas tem uma alma fadista incontestável. Tem um vasto repertório, porque raros foram os poetas que não lhe escrevessem poemas, como Artur Ribeiro, Vasco de Lima Couto, ou José Carlos Ary dos Santos que em parceria com Fernando Tordo, escreveram o Fado da Bia,
Continua a actuar em programas de televisão, espectáculos ao vivo, na gravação de discos e, é presença assídua nas casas de fado.
Beatriz da Conceição
O fado já não lhe chega,
Mas como nada lhe falta
Tanto canta numa adega
Como à luz de uma ribalta!
E embora sentindo a chama
Que leva à celebridade,
Não se deslumbra na fama
Nem se perde na vaidade!
A Beatriz da Conceição
Não é somente fadista,
Muito mais do que atracção
Ela impõe-se como artista!
Palavras de Carlos Conde
Beatriz da Conceição
Canta: Alguém
Guilherme Pereira da Rosa/Casimiro Ramos
Célia Pedro, nasceu na cidade de Itajaí no Brasil, Estado de Santa Catarina, a 9 de Fevereiro de 1955.
Itajaí fica no sul do Brasil e foi colonizada essencialmente por portugueses oriundos dos Açores, tendo actualmente também uma forte influência de habitantes de origem alemã.
Em Itajaí são muito enaltecidas em festas, em convénios, as tradições portuguesas, em particular o folclore e costumes açorianos, mas o Fado também é muito apreciado.
Itajaí é uma cidade muito acolhedora. Como português mal cheguei senti-me muito acarinhado.
Célia Pedro tem nas suas origens antepassados alemães pela parte do avô paterno, e portugueses da parte da avò materna. A comunidade portuguesa é mais antiga, uma vez que os alemães começaram a emigrar a partir dos anos trinta do século XX, para fugir aos horrores da guerra, e do nazismo.
Seus pais já nascidos e criados em Itajaí, sentiram-se sempre muito mais ligados às tradições lusitanas.
Célia teve seis irmãos e desde muito pequena que era considerada o “canarinho da casa”, pois passava o tempo a cantar.
Na escola sempre se integrava em todos os eventos com predominância de canto. Tinha 14 anos, a escola organizou um Festival/Concurso, em que os alunos para concorrerem tinham de apresentar um poema e música inédita de sua autoria. Célia Pedro concorreu e ficou em primeiro lugar.
Acabou os seu estudos, e concorreu para funcionária dos correios, onde foi admitida, e onde se manteve até à sua recente aposentação. Durante todos este anos sempre se manteve ligada à música, sempre que podia estava cantarolando, passando a ser conhecida pelos colegas e os utentes dos correios como “A Mulher que Canta”, como ainda hoje assim é lembrada.
Célia começou a cantar mais assiduamente e a ser solicitada com mais frequência a partir de 1996, altura em que passou por uma fase muito difícil da sua vida, é nesta fase que descobre, e afirma : — que achou, um bálsamo para as suas mágoas, pois ouviu casualmente a melodia da guitarra portuguesa, afirma convictamente, que é partir daí, que através daquela melodia e nos poemas de Fado, que ganhou uma força anímica, que a ajudou a ultrapassar os contratempos. O Fado, tranquilizava-lhe a alma, tendo começado avidamente a interessar-se por tudo o que falasse de Fado… e para meu deleite afirma-me:
— Sabes Vítor? O Fado para mim é “UM ESTADO DE ALMA”, e logo me diz os seguintes versos:
O Fado é noite, desperta dos confins do sofrimento
Também é vida, liberta para dançar comigo ao vento
Sua lágrima é sem tino, sonha as ruas da cidade
Sempre ao lado do destino é regado na saudade
Vivendo numa comunidade em que a presença de Portugal tem muita expressão, começa a aprender letras e músicas de Fados, a adquirir todos os discos que encontra, apaixonando-se por Amália, e mais algumas figuras do mundo fadista, e é com muito orgulho que igualmente me comunica, que quando descobriu o blogue “Lisboa no Guiness”, nunca mais deixou de o visitar e… não escrevo mais, pois esta página é sobre ela.
Começa a idealizar gravar um disco só de Fados, e o sonho concretiza-se, com o apoio do departamento de cultura da Prefeitura de Itajaí.
Simultaneamente com o lançamento do cd, é mais uma vez contratada para actuar na grande festa anual de Itajaí, apelidada de “Marejada”, evento que é considerado a maior festa portuguesa e do pescado do Brasil, atraindo milhares de visitantes de outros estados, assim como dos países vizinhos. Esta festa é anual e acontece no mês de Outubro, dura cerca de dez a quinze dias.
Ainda hesitou, o que julgou ser uma ”loucura” gravar um Cd, mas avança e nesse ano, decide fazer o que julgava ser outra “loucura”, na sua actuação na “Marejada” cantar só Fado, mas teve um êxito redundante.
Visite o sitio de Itajaí - http://www.visiteitajai.com.br/
A Prefeitura de Itajaí já considera Célia Pedro um elemento indispensável no panorama cultural nas festas e eventos da cidade, tal é a sua popularidade junto dos seus contemporâneos, assim como os turistas que Itajaí.
Com o Fado, mais se aproxima da comunidade portuguesa, e devora toda a informação que obtém sobre Portugal e os Açores, o que a leva a aderir e a dinamizar uma associação a que deram a designação de: Associação Luso Açoriana Itajaí – A.L.A.I., e que como se pode verificar nas fotos nesta página, a sede é na sua própria casa.
A sua paixão pela cultura lusitana, com o seu entusiasmo, consegue ter um programa semanal, na TV Regional de Itajaí, “PROGRAMA LUSITANO” onde tive a honra de ser seu convidado, em que os temas são sobre Portugal e a nossa cultura.
Aqui vos apresento um video-clip que retirei de uma gravação em DVD, passando por cima da dialéctica, que é a sua pronuncia natural, ninguém poderá negar que esta mulher… é fadista de alma e coração.
Vítor Marceneiro
Célia Pedro
canta: Canção do Mar
Letra de Frederico de Brito
Música de Ferrer Trindade
Piano e teclados: Cristiano Mendonça
Guitarra portuguesa: Alcides dos Anjos
Viola de acompanhamento: Ruy A. Silva
Cavaquinho: Celso Morais Borges
Apoio à produção: Perfeitura de Itajaí e Fundação Cultural de Itajaí
Vasco Rafael Simões de Sá Nogueira, nasceu em Angola na província de Moçamedes em Agosto de 1949
Começou com cançonetista, tendo um início de carreira difícil, até que é convidado de um espectáculo publicitário que se realizava num dos cinemas de Luanda, “Chá das Seis” onde começa a ser notado e vem a atingir um assinalável êxito.
As imagens das aguarelas de Mestre Real Bordalo, estão protegidas por "copy-write", sendo a a sua reprodução total ou parcial proibida fora do contexto deste Video-Clip.
As imagens foram autorizadas para "Lisboa no Guiness" na pessoa de Vítor Marceneiro.
O Video-clip no seu todo, e desde que assinalados os devidos créditos, pode ser utilizado por outros sítios ou blogues na net
Este Video-Clip, é realizado por José Pedrosa, com imagens da cidade do Porto, de aguarelas da autoria do Mestre Real Bordalo. É musicado com o Fado " Porto Cidade das Três Pontes", cantado por Vasco Rafael com música de sua autoria e versos do saudoso "tripeiro" Jorge Barradas.
As análise da política em Portugal, no primeiro dia do ano serão benéficas? É para nos dar ânimo para prosseguir!... E depois fica tudo na mesma.
«Há muitos anos a política em Portugal apresenta este singular estado: Doze ou quinze homens sempre os mesmos, alternadamente, possuem o poder, perdem o poder, reconquistam o poder, trocam o poder... O poder não sai duns certos grupos, como uma péla que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas à outras, pelo ar, numa explosão de risadas.
Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no poder, esses homens são, segundo a opinião e os dizeres de todos os outros que lá estão, - os corruptos, os esbanjadores da fazenda, a ruína do país, e outras injúrias pequenas, mais particularmente dirigidas aos seus caracteres e às suas famílias.
Os outros, os que não estão no poder são, segundo a sua própria opinião e os seus jornais - os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, os interesses do país e a pátria.
Mas, cousa notável!
Os cinco que estão no poder, fazem tudo o que podem - intrigam, trabalham, para continuar a ser os esbanjadores da fazenda e a ruína do país, durante o maior tempo possível! E os que não estão no poder movem-se. Conspiram, cansam-se para deixar de ser - o mais depressa que puderem - os verdadeiros liberais e os interesses do país!
Até que enfim caem os cinco do poder, e os outros - os verdadeiros liberais - entram triunfantemente na designação herdada de esbanjadores da fazenda e ruína do país, e os que caíram do poder, resignam-se cheios de fel e de amargura - a vir ser os verdadeiros liberais e os interesses do país.
Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos, não há nenhum deles que não tenha sido por seu turno esbanjador da fazenda e ruína do país...
Não há nenhum que não tenha sido demitido ou obrigado a pedir demissão pelas acusações mais graves e pelas votações mais hostis...
Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas públicas, - pela imprensa, pela palavra dos oradores, pela acusação da opinião, pela afirmativa constitucional do poder moderador...
E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que continuarão dirigindo o país neste caminho em que ele vai, feliz, coberto de luz, abundante, rico, forte, coroado de rosas, num choito [trote miúdo e sacudido] triunfante!»
Felizmente que esta crónica foi escrita no ano de 1871..., sim 1871, senão teríamos que ficar muito preocupados, e muito atentos... Qualquer semelhança com a política actual no nosso país, não é, (desculpem!!!) é pura coincidência.
In : "As Farpas", de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, Junho de 1871
continua...
"JANELA DA VIDA"
Para ver quanta fé perdida
E quanta miséria sem par
Há neste orbe, atroz ruim
Pus-me à janela da vida
E alonguei o meu olhar
P´lo vasto Mundo sem fim.
Pus todo o meu sentimento
Na mágoa que não se aparta
Do que mais nos desconsola;
E assim a cada momento
Vi buçaes comendo à farta
E génios pedindo esmola!
Vi muitas vezes a razão
Por muitos posta de rastos
E a mentira em viva chama;
Até por triste irrisão
Vi nulidades nos astros
E vi ciências na lama!...
Vi dar aos ladrões valores
E sentimentos perdidos
Nas que passam por honradas
Vi cinismos vencedores
Muitos heróis esquecidos
E vaidades medalhadas
Vi no torpor mais imundo
Profundas crenças caindo
E maldições ascendendo
Tudo vi neste Mundo
Vi miseráveis subindo
Homens honrados descendo
Esse é rico, e não tem filhos
Que os filhos não dão prazer
A certa gente de bem
Aquele tem duros trilhos
Mas é capaz de morrer
P´los filhinhos que tem
Esta é rica em frases ledas
Diz-se a mais casta donzela
Mas a honra onde ela vai
Aquela não veste sedas
Mas os garotitos dela
São filhos do mesmo pai
Por isso afirmo com ciso
Que p´ra na vida ter sorte
Não basta a fé decidida
P´ra ser feliz é preciso
Ser canalha até à morte
Ou não pensar mais na vida.
Felizmente que... este poema foi escrito no Século XX, no final dos anos vinte e que hoje nada disto se poderia passar!, senão bem estávamos (à rasca - desculpem, mas a frase é da Hermínia Silva), digo, com razão para estar preocupados!
Video-Clip em que Vítor Duarte canta:
Janela da Vida
Letra de: Carlos Conde
Nota: Esta página foi publicada primeiramente no dia 1 de Janeiro de 2008. C
Como o tempo passa .... e tudo está a acontecer.
Ver poema do bisneto de Carlos Conde nos comentários
Nos anos 80, em que eu trabalhava como produtor cinematográfico, com os realizadores de filmes de animação, Mário Neves Sénior e Mário Neves Júnior, decidimos fazer um pequeno filme documentário numa sátira ao poema do “Médico e a Duquesa”, que para não ser muito dispendioso nós próprios éramos os actores e técnicos.
O pequeno filme (tem o mesmo tempo do disco, pois a música de fundo e o cantar é a própria narração), estreou no Condes antes do filme principal em cartaz.
Foram vários dias de filmagens, só os três no estúdio, em que era mais o tempo que riamos às gargalhadas, do que filmávamos, com as fotos que vos mostro a seguir podem deduzir “o gozo” que nos deu fazer este filme.
Eu fui o mais sacrificado, tive que cortar o bigode, fiz o “travesti” da Duquesa e andei vários dias enjoado com as pinturas.
Estou a envidar esforços para arranjar uma cópia do filme na Cinemateca Nacional, pois perdi o contacto do pai e filho Mário Neves, mas aqui vai um video com o tema.
Vítor Duarte Marceneiro
O MÉDICO E A DUQUESA
Autor: Frutuoso França Foto 1
Era um médico ilustre e inteligente
Que o povo humilde amava com prazer
E ele a todos queria meigamente
Salvando muita gente de morrer.
Mas num dia fatal se apaixonou
p'la mais linda cliente, uma duquesa,
Que dele escarneceu e assim falou:
"Não lhe dou minha mão, sou da Nobreza!"
Foto 2
Mais tarde a duquesa adoecia
E os grandes da Ciência são chamados,
Mas pertinaz doença a envolvia
Deixando os cirurgiões desanimados.
Foto 3
Ela ao ver-se pior, desfalecida,
Do seu médico antigo se lembrou.
E esse jovem doutor salvou-lhe a vida
O que a muitos colegas espantou.
Ela então ofereceu-lhe a sua mão
Para lhe pagar, altiva e sedutora Foto 4
Mas teve uma tremenda decepção
Ouvindo esta resposta esmagadora.
"Se vós sois da Nobreza, é por dever
Qu'assim me quereis pagar, mas (se me entende)
Eu sou muito mais nobre, pode crer,
Pois o amor duquesa não se vende
Foto 5 Foto 6
Curta Metragem cores 35mm (1980)
Realizador: Mario Neves
Efeitos especiais: Mário Jorge
Produção: Vítor Duarte
Operador de Imagem: Carlos Gaspar
Foto 1 - Duquesa (Vítor Duarte) com Médico (Mário Jorge)
Foto 2 - Duquesa (Vítor Duarte)
Foto 3 - Duquesa (Vítor Duarte) com Mordomo (Mário Neves)
Foto 4 - Duquesa (Vítor Duarte) com Médico (Mário Jorge)
Foto 5 - Duquesa (Vítor Duarte) com Mordomo (Mário Neves)
Foto 6 - Mário Jorge, Mário Neves e Vítor Duarte