Maria Florinda da Silva Leandro Piteira, nasceu em Lisboa a 25 de Junho de 1937, na freguesia do Alto Pina.
O seu apelido Piteira vem-lhe do marido o jornalista José Rodrigues Piteira, que durante muitos anos escreveu para a revista Flama.
Desde muito nova que ao assistir às festas populares do bairro, se sentia atraída pelo Fado, foi aos 10 anos de idade, que canta pela primeira vez em público numa dessas festas, tendo sido muito aplaudida.
Seus pais mudam-se para Almada, onde havia o célebre retiro de Fados “ O Pancão”, que organizava matinée de Fado aos Domingos, e. onde praticamente todos os fadistas da época por lá passaram, tal era a sua fama, Florinda também passou ser frequentadora assídua, e era sempre solicitada para actuar.
Em 1953 ganha a Grande Noite do Fado e é-lhe atribuída a carteira profissional por mérito.
Em 1954 ganha o 1º lugar no concurso de Fado ex-aequo com Julieta Estrela, organizado pelo jornal “A Voz de Portugal”.
Em 1955 estreia-se no Café Luso.
Depois do Luso, cantou em quase todas as casas típicas do Bairro Alto, A Severa, Lar Português, Solar da Hermínia, Tipóia, Adega Mesquita, Lisboa à Noite e Adega Machado onde se manteve até se decidir reformar.
Florinda Maria foi sempre uma grande amiga e admirador de meu pai Alfredo Duarte Jr., que também lhe dedicava uma carinho muito especial.
Gravou cerca de uma dezena de discos entre EP e LP, actuou na Emissora Nacional e na Televisão.
Actuou no estrangeiro para as comunidades de emigrantes em Inglaterra, França nos Estados Unidos foi a New York e à Califórnia.
Actualmente está retirada, mas se ambiente se propuser ainda a ouviremos com gosto.
Com Alfredo Marceneiro e com Amália e Alfredo Duarte Jr. na Adega Machado
Florinda Maria
canta: SER FADISTA
Florbela de Alma da Conceição, nasceu em Vila Viçosa a 8 de Dezembro de 1894, e faleceu em Matosinhos a 7 de Dezembro de 1930.
Aos sete anos, faz seu primeiro poema, A Vida e a Morte.
Foi uma das primeiras mulheres a ingressar no curso secundário no Liceu de Évora, facto não muito bem aceito por professores e a sociedade da época.
Em 1916, Florbela reúne uma colectânea de 88 poemas de sua autoria e três contos, com o título “Trocando Olhares.
Em 1917, completa o 11º ano do Curso Complementar de Letras e logo ingressa na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Em 1927 Florbela perde seu irmão Apeles num trágico acidente, facto que muito a abalou psicologicamente, publicando o livro de contos “Às Máscaras do Destino” em sua memória.
Em dois de Dezembro de 1930, Florbela encerra seu Diário do Último Ano com a seguinte frase: “… e não haver gestos novos nem palavras novas.” Às duas horas do dia 8 de Dezembro, dia do seu aniversário, Florbela Espanca suicida-se, em Matosinhos.
Algumas décadas maia tarde como era seu desejo, os seus restos mortais são transportados para a sua terra natal, Vila Viçosa.
Poema AMAR
Canta e é autora da música
Teresa Silva Carvalho
Carta de Florbela Espanca a uma amiga
Vila Viçosa, Setembro 1916
JÚLIA
Agora, quero contar-te uma coisa que me enterneceu deveras, uma noite destas.
O luar caía límpido e claro como água, jorrando duma fonte perdida no infinito ...
Eram 24 horas ... eu sonhava! ... Nisto, uma voz ergueu-se, uma voz acariciadora, pungente na toada pungentíssima do fado tão querido à alma portuguesa, sabes o quê, minha Júlia? Essas minhas despretensiosas quadras que o Suplemento publicou, tão" pobres, tão ingénuas, tão sentidas, que o povo humilde as acolheu e as canta! como diz o nosso suave Augusto Gil. Até hoje nem um único elogio me comoveu assim.
Tenho-os ouvido vibrantes e enternecidos, lisonjeiros sempre, mas quase sempre amigos, e nunca, nunca como este tiveram o dom de me arrasar os olhos de águas.
Ficaram, desde esta noite profunda de luar) as minhas pobres quadras) sagradas para mim. Cantou-as a boca do povo, beijou-as a boca do povo, e é como se toda a alma rústica e humilde do meu Portugal beijasse com infinito amor a minha, nesses humildes versos, tão pobres… tão ingénuos ... tão sentidos!
Beija-te a tua
Florbela Espanca.
O FADO de Florbela Espanca
Corre a noite de manso, num murmúrio,
Abre a rosa bendita do luar,
Soluçam ais estranhos de guitarra,
Um gemido de amor anda no ar.
Há um repouso imenso em toda a terra,
Parece a própria noite a escutar
E o canto continua mais profundo
Que página sentida de Mozart!
E' o fado. A canção das violetas
Que foram almas tristes de poetas
P'ra quem a vida foi uma desgraça!
Minha doce canção dos deserdados,
Meu fado que alivias desgraçados
Bendita sejas tu, cheia de graça.
Cantador e compositor, nasceu em Lisboa (1905-1968)
Era conhecido por Marialva do Fado dada a forma requintada com se vestia, destacando os típicos sapatos de tacão alto.
Começou a cantar o Fado com apenas 15 anos, e foi como amador que se apresentou em festas particulares, de beneficência, em colectividades de recreio, ganhando experiência, vindo a ser contratado como profissional no retiro Ferro de Engomar.
Cantou ainda no Salão Artístico de Fados, na Cervejaria Vitória, e, em retiros como A Severa, O Solar da Alegria e O Café Mondego.
Foi no Solar da Alegria num concurso de “Fado Corrido", que obteve uma medalha de ouro, correspondente ao primeiro prémio, tendo mais tarde ganho também o primeiro lugar num outro concurso de Fados realizado no Salão Sul América, em 1930.
Dada a sua experiência era solicitado como apresentador nos espectáculos, vindo a ser convidado para gerente do Solar da Alegria, onde deu a conhecer outros intérpretes que vieram a ser reconhecidos e admirados pelo público.
Fez parte de uma embaixada do Fado, composta por Armandinho e Martinho d’Assunção, que se deslocou ao Brasil e vários países da América Latina.
É autor de alguns Fados, entre eles Fernandinho e Perigo de Morte.
Marialva, boémio e noctívago era figura muito conhecida dos meios fadistas onde a sua opinião era respeitada.
Foi o apresentador escolhido para a histórica gravação de Amália no Café Luso.
«Silêncio, que se vai cantar o Fado!» expressão ainda hoje muito em voga, havendo quem lhe atribua a sua autoria! mas do Fado Meia-Noite não existem dúvidas.
Teve um filho, a quem deu o seu nome - Filipe Pinto Júnior, - também homem de Fado, que tocava viola de acompanhamento, mas que infelizmente deixou-nos muito cedo.
Filipe Pinto
Canta: As Incertezas do Amor
Letra de António Boto
Música de José Bacalhau
Filipe Pinto com Alfredo Marceneiro
Filipe Carvalho Duarte, nasceu em Lisboa na freguesia da Ajuda, e onde sempre morou.
Era vizinho do poeta João Linhares Barbosa, que se apercebe dos seus dotes e o apoia, escrevendo algumas letras para o seu repertório.
Em 1958 estreia-se como profissional no “O Faia”, mais tarde “Parreirinha de Alfama” , aliás Filipe Duarte esteve praticamente em todas as Casas de Fado de Lisboa, foi no “Timpanas” que o conheço e passámos a ser amigos, sou seu admirador, pois tem estilo e forma de cantar com uma excelente dicção.
Também no Porto, esteve a cantar no “ Mal Cozinhado”, onde se manteve dois anos.
Cantou nos Estados Unidos, Brasil, Japão, Roménia, etc., na Europa fez digressões por todas as comunidades portuguesas.
Foi sócio com Tony de Matos e Carlos Zel no “Fado Menor”.
Em 1989 abre no seu Bairro da Ajuda o “Solar do Fado”, que manteve aberto durante 12 anos.
Gravou vários discos e fez vários programas de televisão.
Ainda hoje canta, e bem, em espectáculos, quando é solicitado.
© Vítor Duarte Marceneiro
Filipe Duarte
É sentir fado a vibrar
Com emoção e com arte
Por quem sabe cantar
De voz nostálgica, triste
Focando assuntos diversos.
Realça tudo o que existe
Na cadência dos seus versos!
Com carreira bem marcada
E ainda longe do fim,
Já não lhe falta mais nada
P'ra subir ao "Galarim".
Poema de: Carlos Conde
Estreia-se no Clube Oriental de Lisboa, na revista “É Regar e Pôr ao Luar”, não passa despercebida a Vasco Morgado que logo a contrata para o Teatro Avenida, na revista “Ó Rosa Arredonda a Saia”.Maria Helena Tavares de Oliveira Rodrigues Coelho, nasceu na freguesia dos Olivais em Lisboa, no dia 20 de Setembro de 1932, e faleceu em Março de 1980, tinha 47 anos.
Em 1959 grava os seus primeiros discos de Fado.
Mas é na revista que conhecerá os seus maiores êxitos, como A Rua dos Meus Ciúmes, na revista “A Vida é Bela” estreada em 1960.
Teve ainda êxitos como, Eu Cheguei muito depois, Dizer Adeus, etc.
Foi casada com o actor e empresário Carlos Coelho de quem teve dois filhos, há um acontecimento que ficou lendário na história do Teatro de Revista, Helena Tavares, está grávida e em cena no palco do Teatro Variedades na revista “Elas São o Espectáculo”, quando subitamente lhe rebentam as águas, para nascer a sua terceira filha, a actriz Helena Coelho.
Foi madrinha da marcha de Marvila, e em 1966 ganham o primeiro prémio.
Mas não é só no teatro de revista que se exprimiu a vocação de Helena Tavares, também nas “boites”e casas de fado teve uma notável popularidade, actuou no Luso, Faia, Adega Machado, etc.
Na televisão, actuou em programas como, Melodias de Sempre e Quando Portugal Canta. Participou, igualmente, em diversas tournées pelo estrangeiro.
O filho João Coelho, foi actor de revista e actualmente é “Ponto” no Teatro Nacional
Filha Carolina Tavares (https://www.facebook.com/carolina.tavares.7549?fref=ts ) segue as pisadas da mãe, cantando Fado, mas só aos 27 anos se decide por uma carreira artística, baseada essencialmente no reportório da mãe, em especial em deslocações ao estrangeiro, em Portugal foi atracção em todos os casinos nacionais e diversos eventos.
Datas relevantes da sua vida:
1932 Nasce a 20 de Setembro, na freguesia dos Olivais, em Lisboa.
1952 Estreia-se no Clube Oriental de Lisboa, numa revista "Regar e Pôr ao Luar".
Vasco Morgado contrata-a para o Teatro Avenida, na revista "Ó Rosa Arredonda a Saia".
1955 Começa o seu relacionamento com o actor e empresário Carlos Coelho.
1959 Grava, para a Alvorada, o seu primeiro disco, Fados.
1960 Canta pela primeira vez, no Teatro Capitólio, o seu maior êxito, A Rua dos Meus Ciúmes.
1970 É pela primeira vez madrinha da Marcha de Marvila.
1975 Formaliza no registo civil a sua união de vinte anos com Carlos Coelho.
Passa a actuar apenas em hotéis e casas de fado.
1980 Morre, vítima de doença prolongada.
1992 Programa de homenagem na RDP.
Video-clip Helena Tavares
Canta: Na Rua dos Meus Ciúmes
A RUA DOS MEUS CIÚMES
Letra de Eduardo Damas
Música de Manuel Paião
I
Na rua dos meus ciúmes
Onde eu morei e tu moras
Vi-te passar fora de horas
Com a tua nova paixão
De mim não esperes queixumes
Quer seja desta ou daquela
Pois sinto só pena dela
E até lhe dou meu perdão
Na rua dos meus ciúmes
Deixei o meu coração.
II
Inda que me custe a vida
Pensarei co
Que esse teu ombro moreno
Beijos de amor vão queimar
Saudades são fé perdida
São folhas mortas ao vento
Que eu piso sem um lamento
Na tua rua ao passa
Inda que me custe a vida
Não hás-de ver-me chorar.
Francisco José Galopim de Carvalho, nasceu em Évora a 16 de Agosto de 1924, mais conhecido como Francisco José, foi um afamado cantor português, com muitos êxito quer em Portugal quer no Brasil, onde viveu alguns anos.
Desde muito jovem que gostava e tinha muito jeito para cantar, pois tinha uma bonita voz.
Iniciou sua carreira ainda andava a estudar ao apresentar-se, no Teatro Garcia de Resende em Évora, teve tal aceitação que nunca mais parou e acabou por profissionalizar-se aos 24 anos de idade, o que o levou a interromper o curso de engenharia quando já frequentava o terceiro ano.
Em Lisboa fez a sua estreia na rádio pelas mãos de Igrejas Caeiro.
Em 1951 teve seus maiores na canção romântica "Olhos Castanhos", e mais tarde em 1973 com "Guitarra Toca Baixinho".
A coragem e oportunidade de Francisco José, que ao actuar em directo num programa, na RTP antes do 25 de Abril, denunciou a falta de apoio dado aos artistas portugueses quer na Rádio, quer na Televisão. As suas palavras caíram que nem uma "bomba" nos poderes de então, de tal forma, que a partir da aquele incidente, os programas em directo na RTP, foram proibidos, e Francisco José foi considerado "persona non grata" quer na RTP quer na Emissora Nacional, O panorama hoje está na mesma, ou ainda pior, excepção feita a dois ou três eleitos (do lobbie). Há alguns que sofreram censuras e hoje são censores!!
Francisco José, aleceu em Lisboa a 31 de Julho de 1988.
Aqui fica uma cronica sobre Francisco José, pela pena do saudoso Artur Agostinho.
Filho de António Homem de Melo de Macedo, irmão do 1.º Conde de Águeda, e de sua mulher Maria do Pilar da Cunha Pimentel Homem de Vasconcelos, tendo, desde cedo, sido imbuído de ideais monárquicos, católicos e conservadores. Foi sempre um sincero amigo do povo e a sua poesia é disso reflexo. O seu pai, pertenceu ao círculo íntimo do poeta António Nobre.
Estudou Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, acabando por se licenciar na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1926. Exerceu a advocacia, foi subdelegado do Procurador-Geral da República e, posteriormente, professor de português em escolas técnicas do Porto (Mouzinho da Silveira e Infante D. Henrique), tendo sido director da Mouzinho da Silveira. Membro dos Júris dos prémios do secretariado da propaganda nacional. Foi um entusiástico estudioso e divulgador do folclore português, criador e patrocinador de diversos ranchos folclóricos minhotos, tendo sido, durante os anos 60 e 70, autor e apresentador de um popular programa na RTP sobre essa temática.
Foi um dos colaboradores do movimento da revista Presença. Apesar de gabada por numerosos críticos, a sua vastíssima obra poética, eivada de um lirismo puro e pagão (claramente influenciada por António Botto e Federico García Lorca), está injustamente votada ao esquecimento. Entre os seus poemas mais famosos destacam-se Povo que Lavas no Rio e Havemos de Ir a Viana, imortalizados por Amália Rodrigues, e O Rapaz da Camisola Verde.
Afife (Viana do Castelo) foi a terra da sua adopção. Ali viveu durante anos num local paradisíaco, no Convento de Cabanas, junto ao rio com o mesmo nome, onde escreveu parte da sua obra, "cantando" os costumes e as tradições de Afife e da Serra de Arga.
Pedro Homem de Melo casou com Maria Helena de Sá Passos Rangel Pamplona, filha de José César de Araújo Rangel (24 de Janeiro de 1871 - 1 de Junho de 1942) e de sua mulher Alda Luísa de Sá Passos (Lisboa, 6 de Novembro de 1887 - 25 de Junho de 1935), e teve dois filhos: Maria Benedita Pamplona Homem de Melo (3 de Fevereiro de 1934), que faleceu ainda criança, e Salvador José Pamplona Homem de Melo (Porto, Cedofeita, 30 de Julho de 1936), já falecido, que foi casado a 6 de Setembro de 1969 com Maria Helena Moreira Teles da Silva (10 de Janeiro de 1944), neta paterna da 12.ª Condessa de Tarouca, de quem teve uma filha, Mariana Teles da Silva Homem de Melo (Porto, 3 de Novembro de 1974), e depois com Maria José de Barros Teixeira Coelho (Braga, São José de São Lázaro, 9 de Janeiro de 1943), de quem teve uma filha, Rita Teixeira Coelho Homem de Melo (Porto, Santo Ildefonso, 10 de Julho de 1983). Foi tio-avô de Cristina Homem de Melo.
Bibliografia
Danças De Portugal
Jardins Suspensos (1937)
Segredo (1939)
A Poesia Na Dança E Nos Cantares Do Povo Português (1941)
Pecado (1943)
Príncipe Perfeito (1944)
Bodas Vermelhas (1947)
Miserere (1948)
Os Amigos Infelizes (1952)
Grande. Grande Era A Cidade (1955)
Poemas Escolhidos (1957)
Ecce Homo (1974)
Poesias Escolhidas (1987)
E ninguém me conhecia, Lisboa, Campo da Comunicação, 2004 (Selec. de Poemas por Manuel Alegre e Paulo Sucena)
Poesias Escolhidas, Lisboa, Asa, 2004 (selec. e pref. de Vasco da Graça Moura)
Eu, Poeta e tu, cidade, Quasi Edições, 2007
in: Wikipédia
É um dos poetas que contribuiu para o repertório de Amália Rodrigues ligado à poesia erudita, nomeadamente com duas criações famosas, Povo que Lavas no Rio (com música do Fado Vitória de Joaquim Campos) e o Rapaz da Camisola Verde (com música de D. Hermano da Câmara)
Música: Joaquim Campos
Povo que lavas no rio,
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão,
Pode haver quem te defenda,
Quem compre o teu chão sagrado,
Mas a tua vida não.
Fui ter à mesa redonda,
Beber em malga que esconda
O beijo de mão em mão;
Era o vinho que me deste
Água pura, fruto agreste,
Mas a tua vida não.
Aromas de urze e de lama
Dormi com eles na cama,
Tive a mesma condição;
Povo, povo, eu te pertenço,
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.
(*) Caricatura de Rui Pimentel
LISBOA
Letra de: Artur Ribeiro
Música de Ferrer Trindade
Vejo do cais
Mil janelas
Da minha velha Lisboa
Vejo Alfama das vielas
O Castelo, a Madragoa
E os meus olhos rasos de água
Deixam por toda a cidade
A minha prece de mágoa
Nesta canção de saudade
Estribilho
Quando eu partir
Reza por mim Lisboa
Que eu vou sentir Lisboa
Penas sem fim Lisboa
Saudade atroz
Que o coração magoa
E a minha voz entoa
Feita canção Lisboa
E se ao voltar
Me vires chorar, perdoa
Que eu abra a porta à tristeza
Para depois rir à toa
Tenho a certeza
Que ao ver as ruas
Tal qual hoje as vejo
Nesse teu ar de rainha do Tejo
Hei-de beijar-te Lisboa
Hei-de beijar com ternura
As tuas sete colinas
E vou andar à procura
De mim p’las esquinas
E tu Lisboa
Hás-de vir aqui ao cais
Como agora
P’ra eu te dizer a rir
O que hoje minha alma chora
Beatriz da Conceição canta:
Canção de Lisboa
Cheira a Lisboa
Letra de César de Oliveira e música de Carlos Dias
Lisboa já tem Sol mas cheira a Lua
Quando nasce a madrugada sorrateira
E o primeiro eléctrico da rua
Faz coro com as chinelas da Ribeira
Se chove cheira a terra prometida
Procissões têm o cheiro a rosmaninho
Nas tascas da viela mais escondida
Cheira a iscas com elas e a vinho
(Refrão)
Um craveiro numa água furtada
Cheira bem, cheira a Lisboa
Uma rosa a florir na tapada
Cheira bem, cheira a Lisboa
A fragata que se ergue na proa
A varina que teima em passar
Cheiram bem porque são de Lisboa
Lisboa tem cheiro de flores e de mar
A fragata que se ergue na proa
A varina que teima em passar
Cheiram bem porque são de Lisboa
Lisboa tem cheiro de flores e de mar
Lisboa cheira aos cafés do Rossio
E o fado cheira sempre a solidão
Cheira a castanha assada se está frio
Cheira a fruta madura quando é Verão
Teus lábios têm o cheiro de um sorriso
Manjerico tem o cheiro de cantigas
E os rapazes perdem o juízo
Quando lhes dá o cheiro a raparigas
(Refrão)
Amália canta: CHEIRA A LISBOA
CANTIGAS DE LISBOA
As cantigas que se fazem a Lisboa são declarações apaixonadas de amor. O poeta personifica na Capital a sua Dama e rasga-lhe um sem número de galanteios e piropos.
O poeta o cantor vê sempre na sua cidade amada, a mais colorida do Mundo, e é nesta cor local que joga as suas rimas e estribilhos ...Lisboa Princesa, Lisboa coroada Rainha, Lisboa menina, Lisboa mãe, avó Lisboa, madrinha Lisboa. Lisboa amada, Lisboa dos meus amores, Lisboa do meu coração, etc...
As cantigas de Lisboa têm todo o encanto nas declarações de amor que recebe dos poetas seus enamorados, Lisboa fica vaidosa porque sabe que é bela, não pela opulência mas sim pela sua alegria e graça natural.
È bem Lisboa a mais cantada e a mais amada Cidade do Mundo.
Bairros de Lisboa
Letra de Carlos Conde
Música do Fado Pajem de Alfredo Marceneiro