O AUTOR DESTE BLOGUE NÃO ADOPTA " a mutilação da ESCRITA portuguesa"
O ACORDO ORTOGRÁFICO
Escrevia em 1986 Miguel Esteves Cardoso
O Acordo Tortográfico
Como os filólogos da República da Guiné-Bissau não puderam estar presentes na recente reunião para o Novo Acordo Ortográfico, estamos todos à espera da sua ratificação para saber como é que nós, os Portugueses, vamos escrever a nossa própria língua. E esta? De qualquer modo, os grandes peritos de São Tomé e Príncipe, de Angola, do Brasil e dos outros países de «expressão oficial portuguesa» já se pronunciaram. A República da Guiné-Bissau, porém, também terá a sua palavra a dizer. Muito provavelmente, uma palavra escrita à maneira deles; mas não faz mal. Nas palavras de Fernando Cristóvão, 1986 é o ano que marca a nascença da lusofonia. A grandiosa lusofonia está, obviamente, acima da mera língua portuguesa.
A lusofonia é uma espécie de estereofonia, só que é melhor. A estereofonia funciona com dois altifalantes, enquanto a lusofonia funciona com mais de cem milhões. Para mais, os falantes da lusofonia têm a vantagem de ser feitos na África e na América do Sul, o que lhes confere uma sonoridade nova e exótica. Para instalar uma aparelhagem lusofónica devidamente apetrechada, são necessários complicados componentes tupis, quimhomguenses, umbandinos e macuas. Enfim, coisas que não se fabricam na nossa terra. A partir de 1986, todos os povos a quem uma vez chegou a língua portuguesa podem contar com um lusofone em casa. Um lusofone é um aparelho que permite a qualquer indígena falar e escrever perfeitamente esta nova e excitante língua, que poderá passar a chamar-se o brutoguês.
Para haver lusofonia, nada pode ser como dantes. Os Lusíadas passarão a conhecer-se por Os Lusofoníadas. Se dantes havia a língua portuguesa e a sua particular ortográfica, agora passa a haver a língua brutoguesa e a sua ainda mais particular tortografia. A tortografia, conforme se estabeleceu no Acordo Lusofónico de 1986, consiste em escrever tudo torto. As bases da tortografia assentam numa visão bruta da fonética. Por outras palavras, se a lusofonia é uma cacofonia de expressão oficial brutoguesa, a tortografia consiste fundamentalmente no conceito da cacografia. Dantes, cada país exercia o direito inalienável de escrever a língua portuguesa como queria. As variações ortográficas tinham graça e ajudavam a estabelecer a identidade cultural de cada país. Agora, com o Acordo Tortográfico, a diferença está em serem os Portugueses a escreverem como todos os outros países querem. Como todos os países passam a escrever como todos querem, nenhum país pode escrever como ele, sozinho, quer.
As ortografias tupis e crioulas, macumhenses e fanchôlas passarão a escrever-se direito por letras tortas. O Prontuário passa a escrever-se «Prontuario», rimando com «desvario» e «CUF-Rio». O Abecedário passa a escrever-se «Abecedario», em homenagem a Dario, grande Imperador da Pérsia, que, por sua vez, se vai escrever «Persia», para rimar com «aprecia», já que qualquer persa aprecia uma homenagem, mesmo que seja só uma simples omenagem. Já dizia acentuadamente Fernando Pessoa que «a minha pátria é a língua portuguesa». Agora passa a dizer desacentuadamente «a minha patria é a lingua portuguesa», em que «patria» deixa de ser anomalia e «lingua» é mesmo assim, nua e crua.
Será possível imaginar os ilustres filólogos de Cabo Verde a discutir minúcias de etimologia grega com os seus congéneres de Moçambique? Imagine-se o seguinte texto, em que as palavras sublinhadas serão obrigatoriamente (para não falar nas grafias facultativas) escritas pelos Portugueses, caso o Acordo seja aprovado: «A adoção exata deste acordo agora batizado é um ato otimo de coonestação afrolusobrasileiria, com a ajuda entreistorica dos diretores linguisticos sãotomenses e espiritossantenses. Alguns atores e contraalmirantes malumorados, que não sabem distinguir uma reta de uma semirreta, dizem que as bases adotadas são antiistoricas, contraarmonicas e ultraumanas, ou, pelo menos, extraumanas.
«No entanto, qualquer superomem aceita sem magoa que o nosso espirito hiperumano, parelenico e interelenico é de grande retidão e traduz uma arquiirmandade antiimperialista. Se a eliminação dos acentos parece arquiiperbolica e ultraoceanica, ameaçando a prosodia da poesia portuguesa e dificultando a aprendizagem da lingua, valha-nos santo Antonio, mas sem mais maiúscula.» A escrever «O mano, que é contraalmirante, não se sabe mais nada, mas não e sobreumano»? O que é que deu nos gramáticos de além-mar (ou escrever-se-á alemar?)? A tortografia será uma doença tropical assim tão contagiosa?
Os Portugueses, no fundo, assinaram um Pacto Ortográfico que soube a Pato. Ninguém imagina os Espanhóis, os Franceses ou os Ingleses a lançarem-se em acordos tortográficos, a torto e a direito, como os Portugueses. Cada país – seja Timor, seja o Brasil, seja Portugal – tem o direito e o dever de deixar desenvolver um idioma próprio, Portugal já tem uma língua e uma ortografia próprias. Há já bastante tempo. O Brasil, por sua vez, tem conseguido criar um idioma de base portuguesa que é riquíssimo e que se acrescenta ao nosso. Os países africanos que foram colónias nossas avançam pelo mesmo caminho. Tentar «uniformizar» a ortografia, em culturas tão diversas, por decretos aleatórios que ousam passar por cima dos misteriosos mecanismos da língua, traduz um insuportável colonialismo às avessas, um imperialismo envergonhado e bajulador que não dignifica nenhuma das várias pátrias envolvidas. É uma subtracção totalitária.
A ortografia brasileira tem a sua razão de ser, e a sua identidade própria. Quando lemos um livro brasileiro, desde um «Pato Donald» ao Guimarães Rosa, essas variações são perfeitamente compreensíveis. Até achamos graça, como os Brasileiros acham graça à nossa. Tentar «uniformizar» artificialmente a ortografia, para além das bases mínimas da Convenção de 1945, é da mesma ordem de estupidez que pretender que todos aqueles que falam português falem com a pronúncia de Celorico ou de Salvador da Bahia. É ridículo, é anticultural e é humilhante para todos nós. Se não tivessem já gozado, era caso para mandá-los gozar com o Camões.
Imaginem-se os biliões de cruzeiros, escudos, meticais, patacas e outras moedas que vai custar a revisão ortográfica de todos os livros existentes. Imagine-se o distanciamento escusado que se vai causar junto das gerações futuras, quando tentarem ler escorreitamente os livros do nosso tempo. Sobretudo, imagine-se a desautorização e a relativização que o acordo implica. Amanhã, uma criança há-de escrever esperanssa e quando for chamada à atenção, dirá «Tanto faz, que estão sempre a mudar, e qualquer dia desaparecem os cês cedilhados». Ou responderá, muito simplesmente: «Pai, mas é assim que se escreve em Cabo Verde!»
A língua portuguesa nasceu do latim – toda a gente sabe. Um dia, a língua brasileira, e a língua são-tomense, e a língua angolana serão também línguas novas e fresquinhas que nasceram da língua portuguesa. Ninguém há-de respeitar menos a língua por causa disso. (Nós também não desrespeitamos o latim.) As línguas são indissociáveis das culturas e das histórias nacionais, e elas são diferentes em todos os países que hoje falam português à maneira deles. A maneira deles é a maneira deles, e a nossa é a nossa. A única diferença é que Portugal já há muito achou a sua própria maneira, tanto mais que a pôde ensinar a outros povos, e é um ultraje e um desrespeito pretender que passemos a escrever como os Moçambicanos ou como os Brasileiros. Eles são países novinhos. Nós somos velhinhos. E não faz sentido ensinar os velhinhos a dizer gugudadá, só para que possam «falar a mesma língua» que as criancinhas.
Sem império, Portugal tem ainda a dignidade de ter sido Império. Mas há um feitio mesquinho que se encontra em muitos portuguesinhos de meia-tigela, que consiste em ter medinho que as ex-colónias se esqueçam de nós. Estes acordos absurdos são sempre «ideia» dos Portugueses, armados em donos de uma língua. A verdadeira dignidade não é essa – é soltar a língua portuguesa pelo mundo fora, já que a sua flexibilidade é uma das suas maiores riquezas. Aquilo que já aconteceu – haver um português brasileiro, um português angolano, um português indiano – é prova gloriosa disso. Mas quando os Portugueses desejam meter-se na vida linguística dos outros, é natural que os outros também se metam na nossa. Os próprios participantes deste último Acordo parecem ter perdido completamente a cabeça, aceitando normas ortográficas disparatadas para a língua portuguesa de Portugal. Sem ingerências da nossa parte, seriam inaceitáveis as ingerências dos outros. O Acordo agora proposto ao Governo – que o Governo deveria ler muito cuidadosamente, antes de consigná-lo, entre saudáveis gargalhadas, ao caixote de lixo da história – é uma mistura diabólica e patética de extremo relaxamento ortográfico («Tudo vale, seja na Guiné, seja em Loulé») e de inadmissível sobranceria cultural («Tudo vale, mas nós é que temos de dar o aval»). Faz lembrar aqueles miúdos que dizem «Eu faço o que vocês disserem, desde que eu possa ser o chefe».
Dizem que é «mais conveniente». Mais conveniente ainda era falarmos todos inglês, que dá muito mais jeito. Ou esperanto. Dizem que a informática não tem acentos. É mentira. Basta um esforçozinho de nada, como já provaram os Franceses e já vão provando alguns programadores portugueses. Dizem que é mais racional. Mas não é racional andar a brincar com coisas sérias. A nossa língua e a nossa ortografia são das poucas coisas realmente sérias que Portugal ainda tem. É irracional querer misturar a política da língua com a língua da política.
O que vale é que, neste mesmo momento, muitos Portugueses – escritores, jornalistas e outros utentes da nossa língua – estão a organizar-se para combater esta inestética monstruosidade. Que graça tinha se se fizesse um Acordo Ortográfico e nenhum português, brasileiro ou cabo-verdiano o obedecesse. Isso sim, seria um acordo inteligente. Concordar em discordar é a verdadeira prova de civilização.
O Prontuário Ortográfico e Guia da Língua Portuguesa é uma pequena instituição nobre dos nossos dias, hoje ameaçada de perder três acentos de uma só penada pseudo-legislativa. Por trás das indicações úteis do Prontuário estão os labores recentes de grandes heróis nacionais como o Professor Rebelo Gonçalves e o Professor Gonçalves Viana. Os dois mais importantes livros do primeiro (o Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa e o Vocabulário da Língua Portuguesa), bem assim como as obras anteriores do segundo (a Ortografia Nacional e o Vocabulário Ortográfico e Remissivo) são peças fundamentais de qualquer biblioteca.
Dos dois autores do Prontuário, Magnus Bergström e Neves Reis, é o primeiro o mais misterioso. Circulam a respeito dele lendas importantes. Para uns, será um sábio islandês, isolado nalguma remota ilha polar, estudando afoitamente o emprego do hífen e as razões que levaram os gramáticos portugueses a abolir o trema. Para outros, Magnus Bergström é o pseudónimo de algum ilustre estudioso português, ansioso por não ver o seu nome académico associado a um mero prontuário.
Seja como for, o Prontuário editado pela Editorial Notícias tem conseguido levar a melhor sobre os rivais, num campo onde os Portugueses sempre foram bons e aplicados. Quando aparecer, o Prontuário Tortográfico e Guia do Linguajar Brutoguês, o nosso Prontuário acentuadamente nosso há-de lhe limpar sumariamente o sebo.
Miguel Esteves Cardoso
Nota: Quem sou eu para opinar, mas esta "análise" do Dr. Miguel Esteves Cardoso, dá muito que pensar, até a um eletrado como eu... e como vai ser com as letras (poemas) do Fado?
O destaque e o sublinhado não está no texto original, foi da minha lavra, com a intenção de dar maior destaque ao "absurdo"!!
Nota: Esta página foi publicada pela primeira vez em 20 de Dezembro de 2011
Nota: Este texto é pura ficção , qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência e, é da minha inteira responsabilidade — Vítor Duarte Marceneiro — obviamente que estou solidário com a recuperação do Parque Mayer, mas não haver uma referência ao Fado, na utilização dos espaços, dá-me vontade de.... não digo mais nada
Recordamos mais uma vez quem foi Maria Vitória
MARIA VITÓRIA, foi outra artista do teatro idolatrada pelo público e que tam bém se acompanhava à guitarra. Nasceu em Málaga em 3-3-1888, mas veio em criança com a mãe para Lisboa, cidade onde foi educada num convento de freiras.
Com uma bonita figura, morena, olhos e cabelos negros, estava, porém, talhada para uma vida turbulenta e efémera, tal como Júlia Mendes, devido ao seu temperamento em que sentimentalismo e sensualidade se misturavam, prevalecendo sobre os princípios em que se iniciara. Optando pelo caminho da boémia, do desregramento, vivendo demasiadamente depressa, sacrificou a sua juventude generosa imolando-se aos 27 anos quando se encontrava no apogeu de uma prometedora carreira de actriz e de fadista.
Andou pelas feiras em pândegas e noitadas até que surgiu a cantar o fado na taberna Flor da Boémia, da Travessa da Espera, n.o 11, de que era proprietário um tal Joaquim Rato, que foi um dos seus vários amantes. E logo aí deu origem a um drama, porquanto um filho do Rato, apaixonando-se por ela e não sendo correspondido, viria a morrer tuberculoso.
Criando à sua volta uma roda de admiradores, Maria Vitória estrear-se-ia como actriz em 1908 no Casino de Santos, donde transitou para o Salão Fantástico e daí para o Teatro da Rua dos Condes, à porta do qual foi protagonista de uma célebre cena de ciúmes em que a rival, outra actriz então em voga, lhe sofreu os desabrimentos de mulher temperamental e impulsiva.
Contratada pelo empresário Luís Galhardo, actuou, em 1913, na revista "O 31", levada à cena no Teatro Avenida, onde desempenhou os papéis de Estúrdia, de Alzira Fadista (3) e de Guines do dueto Arco de Santo André. O seu grande sucesso foi, então, o Fado do 31, cuja popularidade transpôs as fronteiras e se estendeu até à Espanha.
Minada pela tuberculose, depois de uma breve passagem pelo Caramulo donde fugiu para voltar para o teatro, Maria Vitória, cuja carreira teatral não foi além de sete anos, viria a falecer na sua residência da Rua de Nova da Piedade, n.o 1-r/c, em 30-4-1915, sendo inumada no cemitério de Benfica.
Desaparecida do palco da vida, com o decorrer do tempo ela havia de se transformar numa figura lendária, celebrada como actriz (que deu o nome a um teatro do Parque Mayer, inaugurado em 1922) e como fadista afamada (a quem o cantador Francisco Viana dera em 1908 lições de canto), intérprete de fados que tiveram enorme audiência.
Entronizada como cantadeira que deu brado teve, naturalmente, o seu Fado Maria Vitória, com letra de Pereira Coelho e música de Alves Coelho, os mesmos autores do Fado do 31.
Na reabertura em Fevereiro de 1990 , o teatro foi acossado por um violento incêndio, que o destruiu. Na inauguração a figura de Maria Vitória foi recriada por Marina Mota.
DEPOIS DE TE BEIJAR, A BOCA PURPURINA
UM NOME ALI GRAVEI, O TEU NOME ... MARIA
Alfredo Marceneiro canta Fado Laranjeira
letra de Júlio César Valente e música (Fado Laranjeira) de Alfredo Marceneiro
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"LARANJEIRA FLORIDA"
Letra de: Júlio César Valente
Música: Fado Alexandrino Laranjeira de Alfredo Marceneiro
Em tenra a laranjeira
Ainda pequenina
Onde poisava o melro
Ao declinar do dia
Depois de te beijar
A boca purpurina
Um nome ali gravei
O teu nome Maria
Em volta um coração
também com arte e jeito
Ao circundar teu nome
A minha mão gravou
Esculpi-lhe uma data
E o trabalho feito
Como selo de amor
No tronco lá ficou
Mas no rugoso tronco
Eu vejo com saudade
O símbolo do amor
Que em tempos nos uniu
Cadeia de ilusões
Da nossa mocidade
Que o tempo enferrujou
E que depois partiu
E à linda laranjeira
Altar pregão d´amor
Que tem a cor da esperança
A cor das esmeraldas
Vão as noivas colher
As simbólicas flores
Para tecer num sonho
As virginais grinaldas
Alfredo Marceneiro canta:
OH! ÁGUIA
Poema de Henrique Rego - Musica Armandinho
" OH ÁGUIA "
Letra de Henrique Rego - Música de Armandinho
Oh águia que vais tão alta
Num voar vertiginoso
Por essas serras d´além
Leva-me ao céu, onde tenho
A estrela da minha vida
A alma da minha mãe
Loucos sonhos juvenis
Fervilham na minha mente
Que me fazem ficar chorando
Quando tu águia imponente
Te vejo transpor voando
As serras e os alcantis
Quando te vejo voar
Pelo vasto firmamento
Sobre as campinas desertas
Com profundo sentimento
Tu em meu peito despertas
Sonhos que fazem chorar
Oh velha águia altaneira
Vem aliviar-me, vem
Do mal que me vem o ferir
Vê se ao céu, me transportas
Para de beijos cobrir
A alma de minha mãe
Alfredo Duarte Jr. canta Um Resto de Mouraria
Letra de Carlos Conde
Música de Martinho D´Assunção
UM RESTO DE MOURARIA
Autor da Letra: Carlos Conde
Autor da Música: Martinho d'Assunção
Intérprete: Alfredo Duarte Júnior
Daquela viela antiga
De bairro mal afamado
Vinha um resto de cantiga
E um vago sabor a fado
E vi de longe, da esquina,
Uma imagem de Jesus,
Uma luz de lamparina
E uma sombra aos pés da cruz.
O fado era a saudade, era uma reza,
E a voz um precipício de tristeza.
Era a amargura a cantar,
Era a voz da nostalgia
A chorar
P’la Mouraria.
Banco de pinho a um lado,
De outro lado um canapé
E um Cristo crucificado
Iluminado p’la fé.
Meu olhar turvou de pranto,
Era tudo quanto via
Naquele velho recanto
De um resto de Mouraria.
NUNCA É DEMAIS LEMBRAR... Vem aí o verão... como vai ser?
ORAÇÃO DA ÁRVORE
Tu que passas e ergues para mim o teu braço,
Antes que me faças mal, olha-me bem.
Eu sou o calor do teu lar nas noites frias de Inverno;
Eu sou a sombra amiga que tu encontras
Quando caminhas sob o sol de Agosto;
E os meus frutos são a frescura apetitosa
Que te sacia a sede nos caminhos.
Eu sou a trave amiga da tua casa,
A t á bua da tua mesa, a cama em que tu descansas
E o lenho do teu barco.
Eu sou o cabo da tua enxada, a porta da tua morada,
A madeira do teu berço, o aconchego do teu caixão.
Eu sou o pão da bondade e a flor da Beleza.
TU QUE PASSAS, OLHA-ME E NÃO ME FAÇAS MAL.
Poema de Veiga Simões, Arganil, Maio de 1914
VideoClipe: Realização Vítor Duarte Marceneiro
Poema dito por Vítor Duarte Marceneiro
Figurantes: Alfredo Duarte e Beatriz Duarte (4ª Geração de Marceneiro)
Ideia recolha de fotos na net: Alfredo Duarte
Palavras ditas por: Vitor Duarte Marceneiro
Música: Fado Ana Maria de Alfredo Marceneiro
Interprete: Arménio de Melo à Guitarra. Viola Jaime Santos, Viola Baixo José Elmiro
É justo relembrar El Rei D. Dinis, O Lavrador, que no meu tempo da primária. tinhamos que saber, que entre vários feitos, mandou plantar o pinhal de Leiria, parece que hoje não é importante, mas esta ideia do meu filho Alfredo, serviu também para eu lhe falar deste nosso rei, porque na escola ainda não falaram "destas coisas"!
El Rei D. Dinis, foi um dos mais marcantes vultos do Portugal medieval. Protector da agricultura, mandou plantar o pinhal de Leiria e povoou o litoral. Criou a Universidade e abriu horizontes culturais à Nação. O rei “Trovador”, famoso pelas suas românticas cantigas de amigo, foi uma espécie de inventor da elegância. Destacou-se a escrever e tornou o português na língua oficial do País. Rei poeta, cortejou as artes.
Pinhal de Leiria
Nota: Este tema já teve uma página neste blogue em 15 de Outubro de 2008
Vítor Duarte Marceneiro, diz o poema "Janela da Vida" da autoria de Carlos Conde, com fundo musical da Fado Viela de Alfredo Marceneiro. Foi gravado em 1994 no 1º aniversário da SIC.
Este poema foi feiro para o repertório de Alfredo Marceneiro em 1926, mas foi proibido pela censura.
"JANELA DA VIDA"
Letra de: Carlos Conde
Música: Marcha de Alfredo Marceneiro
A primeira vez que entrei numa sala de cinema, foi para ver o filme, História de uma Cantadeira interpretado por Amália Rodrigues, o filme estava em exibição no Cinema Paris, à Estrela ( o edificio ainda lá está, embora em ruinas), quem me levou foi minha tia Aida, naquele tempo os miúdos desde que acompanhados por um adulto, não pagavam bilhete, mas teriam que ficar sentados ao colo do adulto, se a lotação estivesse esgotada.
Vítor Marceneiro aos 6 anos
Tinha cerca de 6 anos e recordo que fartei-me de chorar, é que minha mãe tinha falecido há relativamente pouco tempo, e aquela "linda senhora do filme", fez-me recordá-la, vendo a foto de minha mãe, poder-se-à entender como para uma criança haviam tais parecenças, minha mãe tinha falecido há pouco menos de um ano, tinha 25 anos de idade e foi a trazão porque fui viver com os meus avós.
Mariete Duarte mãe de Vítor Marceneiro
Passado que foram alguns meses, venho a conhecer a tal "linda senhora!", e pasme-se, ela era uma grande amiga do meu avô, foi numa manhã em que ela após uma das muitas noites de Fado que estiveram juntos, Amália deu-lhe uma boleia para casa, ía sempre cumprimentar a minha avó e acabava também por ficar a comer uma sopa da "Ti Judite, pois é, a tal senhora era a saudosa Amália Rodrigues.
Apontamento retirado do filme
História de uma Cantadeira
Amália canta "O Fado de Cada Um"
" DESPEDIDA "
Letra de: Carlos Conde
Música:: Fado Cravo de Alfredo Marceneiro
É sempre tristonha e ingrata
Que se torna a despedida
De quem temos amizade
Mas se a saudade nos mata
Eu quero ter muita vida
Para morrer de saudade
Dizem que a saudade fere
Que importa quem for prudente
Chora vivendo encantado
É bom que a saudade impere
Para termos no presente
Recordações do passado
É certo que se resiste
Á saudade mais austera
Que á ternura nos renega
Mas não há nada mais triste
Que andar-se uma vida á espera
Do dia que nunca chega
Só lembranças ansiedades
O meu coração contém
Tornando-me a vida assim
Por serem tantas as saudades
Eu dou saudades alguém
Para ter saudades de mim
Alfredo Marceneiro canta: DESPEDIDA
O violista Armando Machado nasceu em Lisboa, em 1899, cidade onde veio a falecer em 1974.
Nota: Na foto no inicio do texto do lado esquerdo, pode ver-se Alfredo Marceneiro a cantar na Adega Machado, com o Armando Machado a acompanhá-lo em viola-baixo.
Capa do Disco Alvorada em que Maria de Lourdes canta o Fado "Fé e Coragem Meu Filho" com letra de João Linhares Barbosa e música de seu marido Armando Machado.
Pequeno Album de Recordações
Foto 1- Florinda Maria, Amália e Alfredo Duarte Jr.
Foto 2 - Filipe Machado ao lado de Florinda Maria aniversariante
Foto 3 - Dia de Reis o célebre bolo com a prensa de um machadinho em ouro, frente ao bolo Beatriz Costa, á dtª Maria de Lourdes Machado, Ada de Castro e Florinda Maria, atrás Alfredo Duarte Júnior e os músicos da casa
Foto 4 - Vítor Duarte, Carlos Lopes, António Machado (Tricas) e Vítor Ferrari
Foto 5 - Capela fotógrafo do Record, Vitor Duarte e Vítor Ferrari
JORNAL A CAPITAL - REPORTAGEM DE UMA NOITE DE FADOS NA
ADEGA MACHADO
3 GERAÇÕES DE FADO
Eduarda Maria, foi casada com o filho mais velho dos donos da Adega Mesquita, consequentemente lá actuou vários anos até que enviuvou. Cantou noutros recintos de Fado, mas foi na Tipoia que mais tempo se manteve. Mais tarde casou com um minhoto chamado Veloso, que era à altura dono dos Grandes Armazéns do Minho, de quem teve vários filhos, espero ainda vir a encontrar algum deles, e que possua espólio da mãe.
Compraram uma quinta na Rinchoa, onde passou a haver Fados, chamava-se Vira do Minho, local onde passei noites de Fado fabulosas, na companhia de meu meu avô e muitos mais amigos, guardo na memória, acontecimentos bizarros, que mais tarde falarei, pois foram histórias de Fado bem castiças com o meu amigo João Baptiata Lopes.
Foto de Eduarda Maria com Alfredo Marceneiro na Adega Mesquita
Eduarda Maria canta:
Carta a Maria
Letra Manuel Casimiro
Música Carlos da Maia
Nota: Publicado primeiramnte em 5 de Setembro de 2008- Ver comentários de amigos e familiares
Deolinda Gomes Martins, (Deolinda Maria) nasceu em Lisboa na freguesia da Penha de França a 5 de Dezembro de 1939.
Desde muito jovem que começou a cantar o Fado, foi madrinha da Marcha do Alto Pina.
Cantou em diversas casa de Fado (Restaurantes Típicos), Adega Mesquita, Adega Machado, Timpanas, A Severa e Café Luso, chegou a abrir um pequeno restaurante no Bairro Alto “ A Rata”, que era muito frequentado pelos seus colegas, meu pai Alfredo Duarte Júnior era frequentador assíduo.
Fez alguns programas para a RTP, gravou vários disco de Fado quer a solo, quer à desgarrrada, alguns temas eram de sua autoria, porque tinha gosto em escrever poemas para Fado, também gostava de cantar folclore português.
Era mãe do guitarrista José Manuel Neto e avó da jovem, Ana Mafalda que também canta o Fado e venera a recordação da avò
Faleceu a 30 de Maio de 2008 com 69 anos
Deolinda Maria canta " Sou Feliz Cantando o Fado"
Corina Carlos Freire
Nasceu em Silves em 1897 e faleceu em Lisboa em 1975.
O meio teatral lisboeta, acanhado por natureza, sempre foi sensível a algum elogio vindo do estrangeiro, que logo se apressa a exagerar. Pode, portanto, fazer-se uma ideia do reboliço que causou a notícia de uma actriz das revistas do Parque Mayer ter saído vencedora do concurso ' 'le plus beau sourire de Paris''. Nunca se soube ao certo a importância de tal competição, sabia-se, e era mais do que suficiente, que a vencedora fora a Corina, que daí por diante passou a usar o epíteto nos cartazes, à laia de cognome, quer em francês quer em português.
Quando, em 1927, se estreou na revista “Rosas de Portugal”, alcançando tremendo êxito com “As Giestas”, uma canção que ainda não foi esquecida, Corina Freire não era uma desconhecida, pois desde o início da década se apresentava, como cantora lírica e folclórica, em festas e recitais. Muito elegante, com um ar moderno, o cabelo curtíssimo colado à cabeça em pastas, era uma mulher luxuosa, apta ao uso de diamantes e plumas, com uma voz mais educada do que o comum revisteiro, a quem o sucesso foi fácil. Em “A rambóia” (1928), usando com desenvoltura os belos vestidos desenhados por José Barbosa, lança outra canção de estalo, “ As camélias”.
Por esse tempo, surgira o sonoro e a Paramount teve a ideia de fazer o mesmo filme com artistas de vários países. Assim, foi Corina chamada a
Paris, em 1930, sendo a protagonista de “A Canção do Berço” (Alberto Cavalcanti, 1930) e “A mulher que ri” (Jorge Infante, 1931). Não foram grandes êxitos mas aumentaram o prestígio nacional da actriz e relacionaram-na com o meio artístico parisiense.
De volta à revista, Corina faz-se empresária, de sociedade com António de Macedo, e partilha com Beatriz Costa o triunfo de um espectáculo que fez história, “O Mexilhão” (1931). Nessa revista, cada vez mais chique, cantava com Francis um dueto que caiu no goto do público, “Teodoro Não Vás ao Sonoro”, alegre comentário à loucura do cinema falado.
Em 1934, exibe-se em Paris num espectáculo de propaganda, com Francis e Ruth. Surge, então, um contrato para o Casino de Paris. Corina agrada, vem o concurso do sorriso e novo contrato, em 1935, para a revista “Parade du monde”, em que vedetas de vários países rodeavam Maurice Chevalier. Mantém-se dez meses em cena.
Aureolada pela fama de estrela parisiense, Corina Freire volta a Lisboa, em 1936, apresentando a revista “Arca de Noé”, procurando impor-se como vedeta-empresária de "féeries". Mal orientada, a sua actuação não será bem sucedida. “Balancé” (1937) ainda se aproximará do êxito, mas Portugal está na moda (1937) ficará apenas alguns dias em cena. Abandonando a aventura empresarial, tem aparições de reduzido interesse em “Pega-me ao colo” e “Rua da paz”, ambas em 1938. A sua carreira, ruidosa e elegante, tem o seu final em Lisboa com a revista “O mar também tem amantes” (1939), outro fracasso.
O nome tão falado de Corina permite-lhe ainda percorrer a província, à frente de modestíssimas companhias, com revistinhas onde cantava invariavelmente “As Giestas” e “Aí Camélias”, numa tentativa de reavivar o passado.
Definitivamente retirada por meados da década de 40, dedica-se ao ensino do canto, ajudando a singrar vedetas da canção, como António Calvário, e compondo algumas melodias.
In:A Revista Á Portuguesa de Vítor Pavão dos Santos
In: Lisboa no Guinness 2011-03-28
Video-Clip de: Era do Gramofone