tema " A Casa da Mariquinhas ", teve tal êxito, que levou outros poetas a se basearem nele compondo outras versões igualmente cantadas por Marceneiro.
O poeta João Linhares Barbosa, escreveu:
O LEILÃO DA MARIQUINHAS
Ninguém sabe dizer nada
Da famosa Mariquinhas
A casa foi leiloada
Venderam-lhe as tabuinhas
Ainda fresca e com gagé
Encontrei na Mouraria
A antiga Rosa Maria
E o Chico do Cachené
Fui-lhes falar, já se vê
E perguntei-lhes, de entrada
P´la Mariquinhas coitada?
Respondeu-me o Chico: e vê-la
Tenho querido saber dela
Ninguém sabe dizer nada.
E as outras suas amigas?
A Clotilde, a Júlia, a Alda
A Inês, a Berta e a Mafalda?
E as outras mais raparigas?
Aprendiam-lhe as cantigas
As mais ternas, coitadinhas
Formosas como andorinhas
Olhos e peitos em brasa
Que pena tenho da casa
Da formosa Mariquinhas.
Então o Chico apertado
Com perguntas, explicou-se
A vizinhança zangou-se
Fez um abaixo assinado,
Diziam que havia fado
Ali até de Madrugada
E a pobre foi intimada,
A sair, foi posta fora
E por more de uma penhora
A casa foi leiloada.
O Chico foi ao leilão
E arrematou a guitarra
O espelho a colcha com barra
O cofre forte e o fogão,
Como não houve cambão
Porque eram coisas mesquinhas
Trouxe um par de chinelinhas
O alvará e as bambinelas
E até das próprias janelas
Venderam-lhe as tabuinhas.
Nesta actuação na TVI - Tardes da Júlia, sou acompanhado na guitarra portuguesa por Luís Ribeiro
e na viola de acompanhamento por Jaime Martins
Foram muitos os temas que Alfredo Marceneiro cantou, mas, de entre todos eles, houve um que teve grande êxito com versos da autoria do grande jornalista e poeta Silva Tavares e que foi, aliás, considerado o "ex-libris" das suas criações,
" A Casa da Mariquinhas".
Todos os que o escutavam, eram unânimes em afirmar que os versos que Silva Tavares escreveu, quando cantados pelo Alfredo, "viam imagens reais". Marceneiro, numa ideia genial, decide demonstrar a todos que, também no seu ofício, é um mestre e na escala de 1/10 constrói em madeira a Casa da Mariquinhas, recriando todos os pormenores que são descritos nos versos do fado.
"CASA DA MARIQUINHAS"
É numa rua bizarra
A casa da Mariquinhas
Tem na sala uma guitarra
Janelas com tabuinhas.
Vive com muitas amigas
Aquela de quem vos falo
E não há maior regalo
De vida de raparigas
É doida pelas cantigas
Como no campo a cigarra
Se canta o fado á guitarra
De comovida até chora
A casa alegre onde mora
É numa rua bizarra
Para se tornar notada
Usa coisas esquisitas
Muitas rendas, muitas fitas
Lenços de cor variada
Pretendida e desejada
Altiva como as rainhas
Ri das muitas, coitadinhas
Que a censuram rudemente
Por verem cheia de gente
A casa da Mariquinhas
É de aparência singela
Mas muito mal mobilada
No fundo não vale nada
O tudo da casa dela
No vão de cada janela
Sobre coluna, uma jarra
Colchas de chita com barra
Quadros de gosto magano
Em vez de ter um piano
Tem na sala uma guitarra
Para guardar o parco espólio
Um cofre forte comprou
E como o gás acabou
Ilumina-se a petróleo
Limpa as mobílias com óleo
De amêndoa doce e mesquinhas
Passam defronte as vizinhas
Para ver o que lá se passa
Mas ela tem por pirraça
Janelas com Tabuinhas
MÃE... com três letras apenas se escreve esta palavra,
palavra pequena, mas é daquelas que na VIDA, um maior significado têm.
Minha mãe Mariete aos 20 anos
Minha mãe faleceu tinha eu cinco anos de idade, fui apara casa dos meus avós Alfredo e Judite.
Eu nasci para os braços da minha avó Maria (madrasta de minha mãe), dado que na altura da morte de minha mãe, a minha avó Maria não me podia ter aos seu cargo, pois era empregada doméstica interna.
Aos 10 anos de idade, fiz o exame de admissão ás escolas técnicas, os seu patrões aceitaram que eu fosse viver com ela para poder frequentar a Escola Industrial Marquês de Pombal em Alcântara. Fiz-me homem a seu cargo, ficou sempre a meu lado até ao seu falecimento.
A minha saudosa avó Maria
Nunca a chamei de mãe, nem nunca tal me pediu, ou sugeriu, mas o meu coração sentia que ela era/foi a minha MÃE e, recordo quando se comemorava o dia oficial da mãe no dia 8 de Dezembro (Feriado Religioso dia de Nª. Snrª Maria mãe de JESUS) nunca deixei de lhe dar o cartãozinho como se minha mãe fosse. A esta grande mulher tudo fiquei a dever.
Saúdo as mães de todo o Mundo, com especial carinho para aquelas que acabam por passar os seus últimos dias de vida, ou sós nas suas casas, ou em lares, e tantas vezes esquecidas e desamparadas.
A solidão é muito triste, mas como deve ser angustiante a solidão de uma mulher que pariu um filho, e no fim da vida, se vê só e abandonada por esse próprio filho.
Relembro estes versos de um poema da autoria de Linhares Barbosa e cantado por Fernando Farinha.
P´las mãos de minha mãezinha
Andei nos tempos de então
Hoje com está velhinha
É ela que anda p´la minha
Faço a minha obrigação
De Henrique Rego.
DA MULHER DESVENTURADA NINGUÉM FUJA
SE ELA ACASO UM FILHO TEM,
DEIXÁ-LA SER DESGRAÇADA
PORQUE A DESGRAÇA NÃO SUJA
O SANTO AFECTO DE MÃE
De Eugénio de Andrade o poema "MÃE", num Video-Clip
Produzido por Estúdios Raposa
Poema dito pelo meu meu amigo Luís Gaspar