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"O Patriarca do Fado"
Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2019

Vítor Marceneiro - Os Fados da minha vida "O Fado de Cada Um" de Amália

Vitó com 2  ano.jpg

Vitor Duarte aos 3 anos de idade

A primeira vez que entrei numa sala de cinema, foi para ver o filme, História de uma Cantadeira interpretado por Amália Rodrigues, o filme estava em exibição no Cinema Paris, à Estrela ( o edificio ainda lá está, embora em ruinas), quem me levou foi  minha tia Aida. Naquele tempo,  os miúdos desde que acompanhados por um adulto, não pagavam bilhete, mas teriam que ficar sentados ao colo do adulto, se a lotação estivesse esgotada.

Tinha cerca de 6 anos e recordo que  fartei-me de chorar, é que  minha mãe tinha falecido há relativamente pouco tempo, e aquela "linda senhora do filme", fez-me recordá-la,  vendo a foto de minha mãe, poder-se-à entender como para uma criança haviam tais parecenças, minha mãe tinha faleceu com  25 anos de idade,   razão porque fui viver com os meus avós Alfredo e Judite.

  

Mariete Duarte mãe de Vítor Marceneiro

Passado que foram alguns meses, venho a conhecer a tal "linda senhora!", e pasme-se,  ela era uma grande amiga do meu avô,  foi numa manhã em que ela após uma das muitas noites  de Fado que estiveram juntos,  lhe dava boleia  para casa  e onde acabava  também por ficar a comer uma sopa da "Ti Judite, pois é,  a tal senhora era a saudosa Amália Rodrigues. 

 Amália Rodrigues nos anos 50

CARA INICIO.jpg

Apontamento retirado do filme
História de uma Cantadeira

Amália canta "O Fado de Cada Um"

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Domingo, 24 de Fevereiro de 2019

Alfredo Marceneiro 1891 - 1982

Pintura de Bastiann.jpg

Alfredo Marceneiro nasceu a 29 de Fevereiro de 1888
Foi registado a 25 de Fevereiro de 1891

Faleceu a 26 de Junho de 1982

UM FADO "A MARCENEIRO"

 

À solta e desvairada a morte certo dia

Entrou no velho pátio e ali quase em segredo,

Num golpe traiçoeiro de raiva e cobardia,

Maldosa nos levou p'ra sempre o Ti Alfredo

 

Ao chorar das guitarras como se fosse um hino

Juntou-se a voz do povo de Portugal inteiro

Tinha morrido o rei fadista genuíno

O mais de todos nós o grande Marceneiro

 

Sua garganta rouca tinha o condão cubano

De nos dar fado a sério sem ais, sem fantasias

Se o fado para ser fado algum segredo tem

Então esse segredo só ele o conhecia

 

Sempre que a noite chega eu julgo ainda vê-lo

Fazendo a sua ronda p'los retiros de fado

De boné ou mostrando o seu farto cabelo

E o seu lenço varino ao pescoço ajustado

 

Recordo as suas birras e em grande cavaqueira

Seus ditos graciosos se bem disposto estava

E oiço até o seu riso no Cacau da Ribeira

Onde já madrugada sua ronda findava

 

De Alfredo Marceneiro eu guardo um disco antigo

E um retrato dos dois sobre um fundo bairrista

Um fado ao desafio que ele cantou comigo

E uma eterna saudade desse enorme Fadista

 

 


Poema de: Fernando Farinha

 

Nota: Para além desta,  não mereceu mais nenhuma notícia a efeméride, nem uma palavra  daqueles que passam a vida a contar histórias e que dizem terem tantas lembranças dele, e os inspirados e seguidores?, mas uma coisa é certa "MARCENEIRO É PARTE INTEGRANTE DA GRANDE HISTÓRIA DO FADO, È TAL O SEU LEGADO QUE A SUA LEMBRANÇA NÃO SERÁ TEMPORAL, MAS PARA TODO O SEMPRE, ENQUANTO HOUVER FADO EM PORTUGAL".

Enquanto este neto tiver um sopro de vida não deixará de relembrá-lo  para que as gerações actuais saibam quem ele foi, para as gerações futuras  também já   dei o  meu testemunho escrevendo dois  livros biográficos.

Dirão alguns, como já aconteceu quando escrevi o 1º Livro da sua biografia, "Recordar Alfredo Marceneiro", que não faço nada de mais, é neto, tem a papinha feita, pois para espanto desses e de outros mais,  é que felizmente não sou analfabeto, e tenho muito orgulho nas minhas origens

Obrigado Avô, Pai e Avó Maria por tudo o que me deram, para bem ou mal puder escrever sobre vós e sobre o Fado.

 

 “ANTES QUE QUEIRA NÃO POSSO”

 

Letra de: Henrique Rêgo

 

Antes que queira não posso

Deixar o fado é morrer

É ele o meu Padre-Nosso

Que eu vou rezando a sofrer

 

                                          Se a minha sina é cantar

                                          O fado que é meu e vosso

                                          Como é que o posso deixar

                                          Antes que queira não posso

 

Sou fadista à moda antiga

Quero cantar e viver

Aprendi numa cantiga

Antes quebrar que torcer

 

                                          Se o fado tem amargor

                                          É a cantar que o adoço

                                          Num misto de Graça e dor

                                          É ele o meu Padre-Nosso

É Acto de Contrição

É Credo que faz Querer

É a mais bela canção

Que eu vou rezando a sofrer

 


 

" — Alfredo Duarte — Este sentimental fadista é um dos mais completos da actualidade. Desde o fado em que os poetas compõem o verso francês — Alexandrino — até ao correntio, mas saudoso, fado corrido, a sua voz é sempre cariciosa e de uma ternura inigualável; tem-nos sensibilizado até ás lágrimas; é o cantador chocante das plateias.
Os versos de Henrique Rêgo, que actualmente canta, têm a expressão que o autor lhes imprime. Feliz do poeta que tem tal executor dos seus trabalhos.
Para traçar o perfil fadista do Alfredo Marceneiro, a pena não excita; corre ligeira e firme, como se estivéssemos fazendo o elogio dum grande artista.
Os fados e os versos cantados pela garganta deste sentimental trovador, tornam-se conhecidos do povo.
É que ele, com a sua plangência, deixa nas bocas dos que o escutam, o sabor doce da Canção Lusitana.
É um verdadeiro fadista!..."
 
João Linhares Barbosa

 


 

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Sábado, 23 de Fevereiro de 2019

ZECA AFONSO - José Afonso -Fados da Minha Vida

 

Nos anos oitenta, andava eu na minha actividade de cineasta, não tinha o protagonismo, que hoje me atribuem, no meio do Fado, nem tinha escrito livros nem blogues, só cantava para os amigos. Chamavam-me Vítor Duarte, o Marceneiro, por ser neto de quem era, mas nunca ninguém se referiu a mim como "Vítor Marceneiro", e o Zeca na dedicatória que me fez na capa do LP, foi decerto e por sua alta recreação,  o primeiro a fazê-lo. Só adoptei o nome de Vítor Duarte Marceneiro, quando me inscrevi na SPA, e a minha intenção era e é, realçar que o que sei de Fado aos meus progenitores o devo.

 

 Em meados de 1980, a etiqueta Órfeu – Arnaldo Trindade, dava-me a produção e realização, do que na altura se chamava de "telediscos", que eram filmados em película de 16mm, e o som não era síncrono, por falta de meios, sobre os temas que eram editados em disco, que depois a RTP, passava em programas musicais

Nessa altura fui incumbido de fazer um "teledisco", do último LP de Zeca Afonso – Fados de Coimbra.

Eu nunca tinha estado com José Afonso, mas conhecia toda a sua obra, e a sua posição de cidadania perante o regime.

Em finais 1973 a Órfeu-Arnaldo Trindade, tinha toda a produção em single de José Afonso, proibida de ser comercializada, (foi o rescaldo da promessa de abertura do regime, pois a censura só era feita após a saída das edições, quer fossem livros ou discos), sendo nessa altura, José Niza, director de produção musical, e o responsável comercial era o Mota Alves, que era em Lisboa o representante da Orfeu do Porto, e distribuía os discos proibidos do Zeca, a pessoas de confiança, para serem vendidos às escondidas, ao preço de custo (50$00 na época). O meu carro era um NSU-PRINZ, que tinha a mala à frente, e estava sempre a abarrotar de discos, que ia vendendo, e bem, a conhecidos e amigos, sendo que para muitos, era o primeiro contacto com a obra do Zeca.

Certo dia de madrugada, vinha de Cascais de uma fadistisse, e fui mandado parar num auto-stop, não me recordando já, se por agente da GNR ou ainda da PVT, que depois de ver os documentos, quis que lhe mostrasse o pneu de reserva. Lembro-me que todo eu fiquei "gelado", tendo aberto a mala do carro, e ouvido uma exclamação... mas afinal o que é isto? E começou a mexer nos discos, a ver um a um, com muita atenção, chamou o outro camarada que estava com ele, para ver aquilo, e pediram-me uma explicação, lembro-me de ter apresentado um argumento "esfarrapado"....sou colaborador eventual desta discográfica e isto são discos de pessoas que são pouco conhecidas, e não se conseguem vender, assim, em vez de queimar ou deitar fora, dão-nos para podermos oferecer a quem quisermos.... Soltaram ambos uma gargalhada estrondosa... e, disseram algo, tipo, bem, sendo assim se não se importa, vamos ficar com alguns para nós, lembrando-me, que com um certo ar sarcástico, um deles ter dito, é desconhecido, não se vendem, mas nós aproveitamos.

Mandaram-me seguir viagem, nem sequer chegaram a ver o pneu de reserva, e em modo de aviso, aconselharam-me a ter cuidado, pois nem todos são desconhecedores de música “desta” como nós…

Voltando á produção do "teledisco", ficou combinado que as filmagens seriam efectuadas em Azeitão, numa quinta com um palacete, que tinha um jardim muito bonito e que considerámos adequado para o efeito.

Pensava eu que iria ouvir e poder fazer muitas perguntas ao Zeca Afonso, mas tal não aconteceu, pois o Zeca ao saber quem era o meu avô, levou todo o tempo dos intervalos das filmagens a querer saber por mim, tudo sobre Marceneiro, creio ter sido convincente, pois no final, autografou-me o LP na contracapa (imagem acima), com o seguinte texto:

 

Ao amigo latiníssimo. Temperamental da velha raça do Gama Vítor Marceneiro – do autêntico até ao próximo encontro com o José Afonso.

 

Não o voltei a encontrar em vida, mas acredito que algures num tempo (indefinido/definido) nos voltaremos a encontrar.

Até lá, Zeca.

 ©Vitor Duarte Marceneiro

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Viva Lisboa: Saudades Amigo
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Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2019

ZECA AFONSO

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José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, filho de um juiz e de uma professora primária, nasceu, em Aveiro, em 2 de Agosto de 1929, tendo passado os primeiros anos de vida entre a terra natal, Angola e Moçambique.

"Bicho-cantor" foi a alcunha que lhe deram no liceu, por cantar serenatas durante as praxes. Nesta altura conhece a vida boémia e os fados tradicionais de Coimbra.

Entre 1946 e 1948, enquanto terminou o liceu, conheceu a costureira Maria Amália de Oliveira, com quem casou às escondidas, devido à oposição dos pais.

Quando, em 1949, ingressou no curso de Ciências Histórico Filosóficas, da Faculdade de Letras, revisitou Angola e Moçambique, integrado numa comitiva do Orfeão Académico da Universidade de Coimbra.

Em 1953, nasceu o primeiro filho, José Manuel, e, enquanto dava explicações e fazia revisões no "Diário de Coimbra", viu os primeiros discos serem editados.

O Emissor Regional de Coimbra, da Emissora Nacional, foi o local escolhido para a gravação dos dois discos, de 78 rotações, com faixas de fados de Coimbra.

"Fados de Coimbra" é o título do primeiro EP, editado em 1956. Nos finais dos anos 50, princípios de 60, começou a frequentar colectividades e a cantar, com regularidade, em festas populares.

Em 1963, concluiu o curso, com uma tese sobre Jean-Paul Sartre e a nota de 11 valores.

A senha para o início da Revolução de Abril, "Grândola Vila Morena", nasceu após Zeca Afonso se ter inspirado numa actuação na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, em Maio de 1964.

O único disco editado pela Valentim de Carvalho, "Cantares de José Afonso", é desse ano, altura em que regressou a Moçambique, onde viveu e leccionou durante três anos.

O regresso a Portugal deveu-se à oposição José Afonso ao sistema colonial . O destino, desta vez, foi Setúbal, onde foi colocado como professor, tendo sofrido uma grave crise de saúde que o forçou ao internamento hospitalar durante vinte dias. Quando recuperou, ficou a saber que tinha sido expulso do ensino oficial, passando a viver de explicações que dava.

O PCP chegou a convidá-lo, por esta altura, a entrar para o partido, mas José Afonso recusou alegando a sua condição de classe.

O álbum "Contos Velhos Rumos Novos" e o single "Menina dos Olhos Tristes", que contem a canção popular "Canta Camarada" , são editados em 1969.

Seguem-se "Traz Outro Amigo Também", em 1970, gravado em Londres, "Cantigas do Maio", em 1971, gravado em Paris, e, no ano seguinte, "Eu Vou Ser Como a Toupeira", editado em Madrid.

Em Abril de 1973, foi preso, passando vinte dias em Caxias, e no Natal desse ano gravou, em Paris, "Venham Mais Cinco", com a colaboração musical de José Mário Branco, então exilado na capital francesa.

Muitas outras canções, espectáculos e prémios surgiram nos anos posteriores à revolução e, em 1982, os primeiros sintomas da doença que lhe causou a morte, uma esclerose lateral amiotrófica, começaram a manifestar-se.

No último álbum, "Galinhas do Mato", editado em 1985, Zeca Afonso já não conseguiu cantar todos os temas, sendo substituído por muitos cantores portugueses, como Luís Represas e Janita Salomé.

Dois anos mais tarde, em 1987, no dia 23 de Fevereiro, às 3:00 h, José Afonso morreu, no Hospital de S. Bernardo, em Setúbal.

in: http://delta02.blog.simplesnet.pt/

 

 

 

 

 

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música: A Morte saiu à rua
Viva Lisboa: Saudoso camarada
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Quarta-feira, 20 de Fevereiro de 2019

FERNANDO PINTO RIBEIRO - O Poeta

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O Fado ficou de  luto, quando o meu querido amigo,  o poeta Fernando   Pinto Ribeiro, nos deixou em  20 de Fevereiro de 2009, sinto uma mágoa imensa, pois desde o dia em  que tive a honra de o conhecer, nasceu ente nós uma amizade   e carinho, que nunca esquecerei.

Ainda pouco tempo antes da sua morte,  em conversa telefónica me informou que ía re-escrever um dos seus poemas, que enviou por carta,  com uma dedicatória manuscrita, apelidando-me  de "SEU PADRINHO NO FADO".

Tínhamos sido apresentados há pouco mais de um ano, que pena tive de e  ter tido conhecido há mais tempo, fez questão de me conhecer para me elogiar pelo trabalho neste blogue,  meu afilhado do Fado!,  como me afirmava,  com um misto de orgulho que eu sempre te disse , não merecer. Fazia ainda questão de me apelidar de Vítor Duarte  "Marceneiro  Terceiro"  ( o III, por extenso). 

 

   

 

A Vítor Duarte, “Marceneiro Terceiro” — Meu padrinho no Fado

Fernando Pinto Ribeiro

 

 NAS RUAS DA NOITE

No crepitar de estilhaços(*)

de estrelas sobre os espaços

da Lisboa  rua em rua —

crucificámos abraços

encruzilhados nos passos

que à noite a lua insinua

 

                                Nas nossas bocas unidas

                                sangrámos fados em feridas

                                dos beijos amordaçados —

                                salvámos vias vencidas

                                que andam pla treva perdidas

                                como num mar afogados

 

Cegos de sombras e lama

E da sede que se inflama

numa inquisição divina —

bebemos o vinho em chama

que sanguínea  luz derrama

no candeeiro da esquina

 

                                Embriagados de lume

                                sem dissipar o negrume

                                do fumo que nos oprime —

                                rezamos todo o queixume

                                do cio deste ciúme

                                num amor que se faz crime

 

Crucificamos abraços

encruzilhados nos passos

que a noite nua desnua —

crepitantes de estilhaços

de estrelas quando em pedaços

vêm morrer sobre a rua

 

O Poeta e escritor Fernando Pinto Ribeiro, que faz questão de me chamar  "Seu Padrinho no Fado" quando eu nasci já ele escrevia para o Fado  isto,  porque acha que eu fui  a pessoa do Fado, que escreveu acerca dele  e da sua obra, , de uma forma que ele considera a mais objectiva, em todos estes  anos que tem de Fado. ("O percurso da História é muitas vezes estrangeiro ao percurso do artista. Nem sempre este se integra de forma tão sincronizada e congruente com aquele".

hoje somos somos duas almas gémeas do "Fado" que se encontraram, como que para reatar uma amizade que há muito estava estagnada.

É uma ternura para mim este seu sentir, como honrado fico com os versos que me dedica, e que gostariamos que eu um dia cantasse com música de meu avô. 

(*) Este tema já foi cantado e gravado, por decisão própria de quem o cantou, o poeta autorizou através da SPA, por delegação, mas é a primeira vez que ele o dedica pessoalmente,  com algumas, mas importantes reformulações, em última e definitiva versão, orientadas segundo ele,  para a  minha peculiar forma de me exprimir e venerar o Fado.

  

Fernando Pinto Ribeiro, é natural da Guarda. Nasceu a 10 de Janeiro 1928. Ao 17 anos vem para Lisboa após completar o Curso Liceal, inscrevendo-se na Faculdade de Direito, cujo curso não chegou a completar. Já em jovem começa a rimar as palavras, nunca deixando de escrever quadras soltas, tendo aos catorze anos escrito, o seu primeiro soneto a que dá o título de “Soneto dos 15 Anos”.

Colaborou nas Revistas Flama , Panorama, Páginas Literárias, em Jornais, como Diário de Notícia, Diário Ilustrado e em vários jornais regionais, tendo também sido publicados  no Brasil alguns poemas de sua autoria.

Foi Director da Revista de Letras e Artes “CONTRAVENTO” (1968), da qual só se conseguiram editar quatro  números, dado que o seu cariz intelectual e democrático, não podia de deixar de ser amordaçado pela censura.

Pertence aos corpos sociais da Sociedade da Língua Portuguesa, Sócio da Associação Portuguesa de Escritores, Cooperador da Sociedade Portuguesa de Autores, Sócio da Colectividade Grupo Dramático e Escolar “Os Combatentes”. (Colectividade Popular Centenária)

Frequenta algumas noites de Fado e fica fascinado com o ambiente da noite fadista, começando sem que se aperceba, a identificar-se com  a “expressão fadista” o que apela  à sua alma de poeta, começando a escrever alguns fados que desde logo foram bastante elogiados. Compositores de Fado colaboraram,  e a qualidade dos seus poemas é tal, que logo houve nomes do panorama musical do Fado que os quiseram interpretar, fadistas como: Ada de Castro, Alexandra Cruz, Anita Guerreiro, António Mourão, António Laborinho António Passão , António Severino, Arlindo de Carvalho, Artur Garcia, Beatriz da Conceição, Branco de Oliveira, Carlota Fortes, Chico Pessoa, Estela Alves, tia e sobrinha, Fernando Forte, Francisco Martinho, Humberto de Castro, Julieta Reis e sua filha Sara Reis, Lenita Gentil, Lídia Ribeiro, Maria Jô-Jô Pedro Lisboa, Lurdes Andrade, Natércia Maria, Simone de Oliveira Toni de Almeida,, Tonicha , Tristão da Silva, Xico Madureira, e outros. No início Fernando Pinto Ribeiro usava ainda o pseudónimo "SÉRGIO VALENTINO".

Alguns das suas letras para fado mais conhecidos, são: Às Meninas dos Meus Olhos, A Cantiga dos Pardais, Era um Marinheiro, Fado Alegre, Hino à Vida, Nas Ruas da Noite, Bom Fim de Semana, Noites Perdidas, Pensando em Ti, Lisboa vai,  Pensando em Ti, , etc.

 © Vítor Duarte Marceneiro

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Sexta-feira, 15 de Fevereiro de 2019

JOÃO FERREIRA-ROSA - Faleceu, o FADO ESTÁ DE LUTO

JORNAL EXPRESSO - 24 de Setembro de 2017

João Ferreira-Rosa era proprietário do Palácio de Pintéus, nos arredores de Loures, que fora propriedade da poetisa Maria Amália Vaz de Carvalho e que serviu de cenário a vários programas de fado, transmitidos pela RTP, em que participaram os fadistas Alfredo Marceneiro, Maria do Rosário Bettencourt, Teresa Silva Carvalho e João Braga, e os músicos Paquito, José Pracana, José Fontes Rocha, entre outros. João Ferreira-Rosa, natural de Lisboa, afirmava-se monárquico e foi autor, entre outros, do poema “Triste sorte”, que gravou no Fado Cravo, de Marceneiro. Figura assídua das galas anuais Carlos Zel, no Casino Estoril, do seu repertório constam, entre outros, os fados “Os Saltimbancos”, “Acabou o Arraial”, “Fragata” e “Portugal Verde e Encarnado”.

Nasceu em 16 de Fevereiro de 1937

O Fado que mais contribuiu para que fosse mais conhecido,  foi decerto o Fado do Embuçado.

Em 1966 em Alfama, abriu uma casa de Fados  “Taverna do Embuçado”, decorada com uma estilo muito monárquico, em que incluía a bandeira azul e branca, aliás sempre  afirmou ser um monárquico convicto.

Ainda nos anos 60 adquire o Palácio Pintéus, no concelho de Loures, onde se realizaram grandes noites de Fado, muitas das quais assisti, fazendo companhia a meu avô, que João Ferreira-Rosa nunca deixava de convidar, e por quem sempre nutria um carinho muito especial, que era correspondido.

Nutre uma especial paixão por Alcochete,  onde passou a morar nos últimos anos, escreveu um tema sobre a vila, o  “Fado Alcochete”, que canta com a música do  Fado  Balada de Alfredo Marceneiro.

©Vitor Duarte Marceneiro

João Ferreira rosa Canta:

Um dia quando isso for ou Despedida

 

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música: Um dia Quando Isso for
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Saudade dos Santos - Fadista e poetisa

SAUDADE DOS SANTOS5.jpg

Nasceu em São Pedro de Alva,  a 15 de Fevereiro de 1939, mas seus pais vieram viver para o Distrito de Lisboa quando ainda era muito jovem.

Desde muito cedo, que sentiu  a paixão pela  poesia, pelo que não podia deixar e tomar atenção ao  Fado, aos seu interpretes e aos seu poemas,  de tal forma se empenhou, que  tomando-lhe o gosto, começa a cantar Fados para os amigos, agradou e encantou que a incentivaram a continuar, e assim aconteceu.
Saudade dos Santos  ao longo da sua vida escreveu muitos poemas para Fado, alguns ela mesmo cantou e gravou, mas a maioria foi dada a outros fadistas que lhos solicitavam. (Está para breve a edição de um livro dos seus poemas)
Em 1957 num concurso de fados organizado no Luso foi eleita  “Rainha das Cantadeiras”.
Fez várias digressões artísticas no Ultramar e nas Ilhas onde obtém acentuado êxito, fez teatro, cinema e televisão, grava vários discos e é muito ouvida  nas rádios.
Saudade dos Santos tinha  uma voz melodiosa que nos seduzia,  aliada à sua bonita figura e simpatia pessoal. era frequentemente convidada para cantar nos salões dos casinos, e em várias Casa de Fado, por último foi contratada no Restaurante Típico “Severa”  no Bairro Alto.
Foi considerada por muitos admiaradores e colegas (nas quais eu me incluo) UMA DAS CARAS MAIS BONITAS DO FADO de então.
No auge da sua popularidade, casa-se com o conhecido empresário Emílio Mateus, da etiqueta "Discos Estúdio", quando está para ser mãe pela primeira vez,  tomou a opção de abandonar a vida artística,  para dedicar todos os seus momentos ao lar e à educação dos filhos.
Saudade dos Santos faleceu a 23 de Janeiro de 2015
©Vitor Duarte Marceneiro

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Sábado, 9 de Fevereiro de 2019

JOAQUIM PIMENTEL - cantor e compositor

JOAQUIM PIMENTEL nasceu na freguesia de Cedofeita, do Porto,  a 17 de Junho de 1910, cidade onde se dedicou à prática do atletismo no Clube Académico.

Começa por  cantar fados e tangos como amador.

Fixou-se depois em Lisboa, foi atleta do clube de futebol Os Belenenses e em 1933 apareceu a cantar no Retiro da Severa (do Luna Parque), afirmando-se desde logo como um intérprete do fado, expressivo e de boa voz, que depressa se impôs no meio artístico da capital.

Em 1934 foi convidado para ir ao Brasil (Rio de Janeiro e S. Paulo) com alguns nomes consagrados do fado como Maria do Carmo, Maria do Carmo Torres e Filipe Pinto, além de outros artistas (Branca Saldanha, Alberto Reis, Eugénio Salvador e Lina). Essa viagem determinaria, aliás, o futuro de Joaquim Pimentel, que em 1939 voltou ao Brasil para lá permanecer até 1946, ano em que regressou a Portugal e actuou no Teatro Avenida. Mas em 1947 parte uma vez mais e então para se radicar definitiva­mente naquele país.

Depois de largos anos de actuações em espectáculos, na rádio e na televisão do Rio de Janeiro, onde também praticou remo no Clube Vasco da Gama, Joaquim Pimentel instalou-se em S. Paulo, dedicando-se à exploração da Adega Lisboa Antiga, à Rua Brigadeiro Tobias, um restaurante típico por onde passaram os mais destacados artistas portugueses da canção.

Autor das músicas de parte dos números do seu reportório e também para outros artistas, Joaquim Pimentel can­tou, entre outros, os fados Mulheres Há Muitas, Malmequer, Confissão, Não Penses Mais em Mim, A Freira, Duas Mortalhas, Deixa-me Só, O Teu Destino, O Melhor Amor, Por Que Razão, Coração?, O Amor Sempre Acontece, Saudade Não Vás Embora e Caçador de Mulheres.

Entre outras quero aqui recordar dois grandes êxitos para o repertório de Tony de Matos, “SÓ NÓS DOIS”, letra e música de sua autoria,  e “VENDAVAL” em que o autor da música foi A. Rodrigues.

Faleceu no Brasil a 15 de Julho de 1978

© Vítor Duarte Marceneiro

 

 Toni de Matos canta:

SÓ NÓS DOIS

 

   

 

SÓ NÓS DOIS

 

Só nós dois é que sabemos

O quanto nos queremos bem

Só nós dois é que sabemos

Só nós dois e mais ninguém

Só nós dois avaliamos

Este amor, forte, profundo...

Quando o amor acontece

Não pede licença ao mundo

 

                                      Anda, abraça-me... beija-me

                                      Encosta o teu peito ao meu

                                      Esqueça o que vai na rua

                                      Vem ser minha,  eu serei teu

                                      Que falem não nos interessa

                                      O mundo não nos importa

                                      O nosso mundo começa

                                      Cá´dentro da nossa porta.

 

Só nós dois é que sabemos

O calor dos nossos beijos

Só nós dois é que sofremos

As torturas dos desejos

Vamos viver o presente

Tal-qual a vida nos dá

O que reserva o futuro

Só Deus sabe o que será.

 

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Viva Lisboa: Grande Homeme
música: Só Nós Dois- Toni de Matos
publicado por Vítor Marceneiro às 00:00
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