São Pedro como Santo Popular, tem a sua origem nas festividades religiosas em honra sua, que foram promovidas pela confraria dos pescadores de Aldeia Galega, fundada há Século XVI.
Durante os festejos assistia-se à procissão bênção, de um rio e dos barcos ali acostados, comia-se o tradicional bodo de sardinha assada, que era oferecido aos visitantes.
O ponto alto era a queima de um batel, na realidade trata-se de um ritual pagão muito antigo, mas era um espectáculo muito interessante, que atraía as multidões.
Em muitas festas populares, que têm São Pedro por padroeiro, são organizadas largadas de touros, touradas, festivais de folclore e concursos de jogos florais.
É de notar que são as comunidades ligadas à faina piscatória que mais venera São Pedro, pois também ele foi pescador.
A comunidade de Roma foi fundada pelos apóstolos Pedro e Paulo e é considerada a única comunidade cristã do mundo fundada por mais de um apóstolo e a única do Ocidente instituída por um deles. Por esta razão desde a antiguidade a comunidade de Roma (chamada actualmente de Santa Sé pelos católicos) teve o primado sobre todas as outras comunidades locais (dioceses); nessa visão o ministério de Pedro continua sendo exercido até hoje pelo Bispo de Roma (segundo o catolicismo romano), assim como o ministério dos outros apóstolos é cumprido pelos outros Bispos unidos a ele, que é a cabeça do colégio apostólico, do colégio episcopal. A sucessão papal (de Pedro) começou com São Lino.
È comum a imagem de São Pedro, tendo na mão as chaves do céu.
Comemora-se a 29 de Junho
Benção dos barcos
E DEUS LHE DEU A GRAÇA E A ALEGRIA, DE TER MORRIDO NA SUA FREGUESIA, COMO UM SOLDADO MORRE NO SEU POSTO
Alfredo Marceneiro faleceu na sua casa pelas sete horas da manhã do dia 26 de Junho de 1982, contava 91 anos. (*)
O seu corpo esteve em câmara ardente, na Igreja de Santa Isabel, sendo apostas na urna a Bandeira Nacional e a bandeira da cidade de Lisboa por iniciativa do, então, Presidente da edilidade Engº Krus Abecassis e ainda uma guarda de honra permanente prestada pelos Soldados da Paz do Batalhão de Sapadores Bombeiros de Lisboa.
O Padre designado para fazer as exéquias do funeral de Alfredo Marceneiro desconhecia de todo a sua obra, mas impressionado com os milhares de pessoas presentes no velório, quis esclarecer-se sobre a sua figura. Levou a noite a escutar o José Pracana e este tão eloquentemente lhe falou do seu querido amigo "Ti Alfredo", que no dia do funeral, o Padre ao dizer a Missa de Corpo Presente, ele próprio com as lágrimas nos olhos enalteceu a sua imagem de lisboeta e fadista, amante da sua cidade e da sua freguesia E a todos surpreendeu, quando recitou os versos que Marceneiro tantas vezes cantou:
Alfredo Marceneiro canta:
A Minha Freguesia
Se os cantadores todos, hoje em dia
Ruas e bairros cantam, de nomeada
Eu cantarei á minha freguesia
A de Santa Isabel tão afamada
Freguesia gentil que não tem par
É talvez de Lisboa, a mais dilecta
De D. Diniz, a rua faz lembrar
O esposo de Isabel o Rei poeta
Lembra a Rainha Santa, quando vinha
Transformar o pâo em rosas, com fé tanta
Ela que Santa foi, menos Rainha
Mas foi entre as Rainhas, a mais Santa
Poetas e literários, foram seu
Ilustres moradores, geniais
Como Almeida Garrett, João de Deus
Teófilo, Junqueiro e outros mais
Freguesia onde enfim, moro também
Onde sempre pisei honrados trilhos
Nela casou a minha querida mãe
E nela é que nasceram os meus filhos
Que Deus me dê a graça, a alegria
Na vida tão cheínha, de desgostos
A vir morrer na minha freguesia
Como um soldado morre no seu posto
Assim, até na sua morte o Fado acontecia. Cumpriu-se o desejo que Alfredo Marceneiro cantava nos versos escritos pelo poeta Armando Neves.
É de realçar, que não havendo espaço no talhão dos artistas no Cemitério dos Prazeres, a Câmara Municipal de Lisboa, disponibilizou um gavetão perpétuo para repouso dos seus restos mortais.
Milhares de pessoas acompanharam o cortejo fúnebre que apesar de ser proibido se efectuou a pé, numa sentida manifestação de pesar desde Santa Isabel até ao Cemitério dos Prazeres. Guitarristas dedilharam os seus instrumentos, durante todo o percurso, " a sua Marcha" em tom dolente e magoado, que mais parecia um choro de guitarras.
O Povo de Campo d´Ourique estendeu colchas nas janelas, numa homenagem singela ao homem simples do seu bairro.
Todos os orgãos de informação se referiram á efeméride, com títulos de destaque.
(*) 91 anos em termos de registo de nascimento, mas na realidade tinha 94 anos
Chorai Fadistas, chorai...
A morte de Alfredo Marceneiro
— A GRANDE LENDA DO FADO
in Diário de Notícias
« Ti Alfredo » deixou-nos
Morreu O REI do FADO.
Morreu aquele a quem apelidaram de
—PATRIARCA do FADO
Marceneiro morreu, o fado de luto
Morreu Alfredo Marceneiro
— O MONSTRO do FADO
Guitarras choraram por Alfredo Marceneiro
in Correio da Manhã
Morreu Alfredo Marceneiro...
O Fado lisboeta está de luto.
in O Dia
De todos os jornais diários que se referiram á efeméride destaco o artigo assinado pelo jornalista e poeta Fernando Peres que foi seu grande amigo e admirador:
GUITARRAS CHORAM NO FUNERAL DE MARCENEIRO
in A Capital
"Não sabemos de quem teria sido a ideia mas não é difícil adivinhá-lo: José Pracana tem alma de poeta e uniu-o sempre ao ti Alfredo uma amizade filial. Talvez pela primeira vez, desde a saída do corpo até ao cemitério dos Prazeres, guitarras e violas choraram o que deixa insubstituível um lugar e foi um intérprete ímpar de várias gerações. Apenas melodias suas foram escutadas por gente que se espalhava pelas janelas para assistir ao cortejo enorme e ouvir um coro imenso de vozes de que Alfredo Duarte (o Marceneiro para toda a gente) era autor e andam na boca de toda a gente.
Esta é uma verdade indesmentível. Se reflectirmos, podemos concluir que a vida e a morte constituem os círculos viciosos do tempo.
A hora que se viveu é uma hora morta. Aquilo que hoje é emoção violenta, constitui amanhã, uma sensação esquecida.
Devemos insistir: esta é uma verdade indesmentível pois existe dentro de cada homem uma tragédia que ele ignora e uma comédia que ele vive. Algumas vezes, a tragédia é caricata ridícula, dá vontade de rir. Mas nunca ninguém riu da tragédia que consigo arrasta. É que a dor é um sinal da vida. Na realidade, só vive quem sabe sofrer...
Por isso ti Alfredo não sofre sózinho. Consigo leva um bocadinho do coração de todos nós. Os ídolos do fado são ídolos do povo. E um desses foi esse extraordinário Alfredo Marceneiro, decano dos intérpretes portugueses e, talvez, mundiais. Quase todos choraram quando foi o «momento da despedida». Mas homens como o ti Alfredo não morrem, nunca. Faltou a madrugada, substituída por um Sol radioso. Mas tudo teve expressão e significado. Valeu pela intenção valiosa e espectacular (houve quem estivesse de muletas). Se era preciso, foi a consagração de um grande fadista. Quantos o acompanharam, e entre eles o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Leonor Beleza, constituíram um público, sem distinção de classes ali acorrendo a acenar o seu adeus ao maior intérprete da canção, nascida não se sabe onde ecoou em vozes doridas e viciosas nas betesgas das ruelas de Lisboa. Depois, ganhou raça em gargantas aristocráticas e hoje corre mundo na névoa das «boites».
De facto, passam tristezas a desfazer-se e o vento arrasta-se, lentamente, com vagares de cansaço. Já se feriram alegrias em vibrantes risos. Uma lágrima indiscreta espreita um sorriso.
Não o disse? «Felizes os que sabem, colhendo beleza e poesia, refugiar-se em recordações purificadas da mesquinhez do mundo. Felizes os que são sabem, colhendo inspirados pelo amor, para quem o poente é sempre uma rosa e o azul tem transparências». Teve a sua companheira — a tia Judite — ao seu lado até ao último momento. Mãe dos seus filhos teve até ao final um gesto de amor. «Felizes os que sabem andar feliz o coração no espaço infinito, entre orações, bençãos e perdão. Felizes os que sabem demorar o perfume que o amor deixou».
Lá estiveram os seu amigos. O infalível Júlio Amaro (como podia ele faltar?). E sabe uma coisa? Foi uma manifestação de ternura, neste mundo de egoísmos, cada vez mais fracas.
Ti Alfredo, até qualquer dia..."
Na Revita "MAIS" de 2 de Julho de 1982, destaca-se aqui o seu editorial e dois artigos da autoria de grandes jornalistas.
UM SILÊNCIO NO FADO
"Um silêncio no Fado, eis o que se fez, súbito, no último fim-de-semana.
Morrera Alfredo Marceneiro ou, se preferirem ele mudara de "poiso" para parte incerta onde, afinal, todos acabaremos por beber do mesmo copo — como ele continua, certamente a fazer.
Um silêncio no Fado, eis o que se fez, súbito no último fim-de-semana.
Um silêncio de guitarras e violas, um silêncio de gargantas vazias, um silêncio cúmplice de cantos impossíveis.
Alfredo Marceneiro "diz" agora ali mesmo, ao virar desta esquina, todos o sabemos. Por isso aqui estamos prontos a escutá-lo naqueles que o testemunharam, naqueles que o viveram e conviveram.
Prontos, não a consagrá-lo (que é lá isso?) mas a guardá-lo, nosso."
"MARCENEIRO" — exemplo do fado autêntico
"Sim, é uma verdade indesmentível: os ídolos do Fado são os ídolos do povo. E Alfredo Marceneiro, o «maior» do Fado tinha em si qualquer coisa de indefinível, de boémia atrevida e palpitante a confundir-se com uma ingenuidade quase infantil. Como era ele, afinal?
Igual a si próprio: rezingão e pitoresco, com a sua madeixa preta, a testa enrugada, mantendo ao pescoço o lenço de seda com um nó mal-humorado. Como cantava? Como ninguém: com voz saturada de sensibilidade, uma voz popular e instintiva intérprete como nenhuma outra, da pobreza feliz da cidade e a poesia do seu povo. No Fado, soube sempre poetizar Lisboa. E, por isso, talvez, já não pertence apenas ao Fado e aos que o admiram — é património de Lisboa.
A cidade vai perdendo as suas figuras típicas. Mas ainda tinha em Alfredo Marceneiro um exemplo do Fado autêntico, nascido não se sabe onde mas que vivia na sua alma. Ele possuía a reforma do ofício que foi durante anos um apelido. Chamava-se Alfredo Rodrigo Duarte, o «Marceneiro» para quase todos, «Ti Alfredo» para os fadistas e para os amigos. Andou a roçar os noventa e era ainda uma figura da noite lisboeta. Raros o viram de dia e sempre por ocasiões graves. De resto era a noite que o trazia, envolvendo-o nas suas sombras de mistério. E, parecia conservar nos lábios uma saudade e um beijo quando chegava e dizia: «boa-noite». Sim, era a noite quem o trazia pois é de noite que ele vivia no mundo onde ganhou fama e glória. A sua ronda diária pelas casas típicas (a terminar sempre madrugada alta) era já talvez, uma necessidade de se sentir estimado, acarinhado, vivo para os que lhe queriam bem. O Fado, a sua segunda vida foi, afinal, a sua vida inteira."
Assina: Fernando Peres
E ainda na Revista Mais um artigo de Miguel Esteves Cardoso
Ao fadista, Alfredo Marceneiro,
bem ido e bem vindo,
por,ocasião do fim da sua primeira vida (1891 - 1982)
"Se, como escreveu D.H. Lawrence, a morte é a única pura e bela conclusão de uma grande paixão, então a morte do fadista Alfredo Marceneiro é, também ela, um acto de paixão.
E é um Fado.
E é uma morte.
Mas um fadista não morre como morreram os outros homens.
A morte não o surpreende nem o leva — é ele que a chama e a ela se entrega. Porque ser fadista é atiçar, cortejar, pedir a morte desde o primeiro momento em que o Fado lhe nasce na voz. Um fadista, ao morrer, vê a sua arte a atingir o ponto máximo de perfeição.
E é um Fado.
E é uma morte.
Mas um fadista não morre como morrem os outros homens.
Ele trata a morte por tu. Conhece-le os jeitos e as manhas e só pode ter por ela o respeito que se tem por aquilo que conhecemos de gingeira: é gingão com ela, mas tem-lhe amor. Ou não fosse todo o Fado um fingimento da morte e todo o fadista um fingimento da vida
E é um Fado.
E é uma morte
E é uma saudade, e um destino. Ou não fosse a saudade, como memória do bem que jamais regressará, no qual que nunca desaparecerá, uma espécie de morte. O mesmo, em vida que ver morrer. Ou não fosse o destino, como pressentimento sem recuo nem apelo, uma espécie de preparação para a morte. O mesmo, em vida, que ver-mo-nos morrer.
E é um Fado
E é uma morte.
Pela saudade, o fadista pôde saborear a morte que lhe sobe do peito pela garganta, até à boca. É talvez um amargo e doce paladar — terá concretiza algo a ver com amêndoas cruas, caroços de cereja, vinho acre.
Pelo destino, o fadista faz no peito a cama á morte e o aroma desses lençóis sobe pela garganta até à boca e tem o cheiro de uma mortalha lavada nas lixívias pungentes da vida.
E é só um Fado.
É afinal apenas uma Morte.
Mas que sentido teria celebrá-la e senti-la senão com sua própria língua, a do Fado e da Morte ? A morte de um fadista, a morte de Marceneiro, só pode ser celebrada e sentida na voz de outro fadista. Não pode ser escrita, não consente ser lida.
Porque o Fado precisa dos seus fadistas mortos, das suas lendas e lugares. No Fado, o luto continua. Deste modo sempre. Ou há alguém que disputa a lenda e o lugar da Severa ? Ou há alguém que duvide que, como morto. Marceneiro servirá o Fado como o não pôde servir nos últimos anos da sua vida ?
E é outro Fado.
E é nenhuma Morte.
Ao morrer, Marceneiro inicia uma outra carreira no Fado. Tão bela e importante como aquela que findou. Será furiosamente lembrado, mistificado, transformado em voz. Porque é uma das bonitas qualidades do Fado: o Fado nunca esquece. Agora é que Marceneiro começará a viver, porque já está morto, reconciliado com o seu destino de homem, preparado para a sua missão de reminiscência e saudade.
E é este o verdadeiro Fado.
E é esta a verdadeira Morte.
Porque os fadistas não morrem como os outros homens.
Melhor: nem sequer morrem. Toda a vida anseiam morrer. De amor e paixão, de cio e da saudade. Sem respeitar a vida, que é coisa que vem e que passa, senão daquilo que a vida tem de transportadora. Transportadora da imagem e do desejo das coisas que se amaram, e que nela se guardam, tão brancos como no dia que nasceram,os vícios da alma, os vícios do corpo.
E é assim um bonito Fado.
E não é assim uma feia Morte.
Ou não haja alguém que ponha em causa que um fadista não é um homem que, ora em ora, canta o Fado. Não existe esse bicho: o fadista em tempo parcial. Cantar o Fado é apenas um momento na vida de um fadista, tão natural como abrir as janelas de manhã, tão normal como as tarefas do dia-a-dia. E as tarefas do noite-a-noite, as rondas, as batalhas, os amores, os vinhos, os amigos, os trabalhos, misturam-se com o canto e — nos grandes fadistas, como o Marceneiro — entram pelo canto adentro e tudo encharcam para que a voz depois dê vazâo à paixão, dê cor à dor, dê despejo ao desejo.
È isto o dito Fado.
Bendito Fado, para além da Morte.
Alfredo Marceneiro foi esse fadista em que o Fado, como mero canto, era indissociável do Fado, como mera vida. Mas se dantes não havia realidade que podia com o arroubo de lembrar — o Fado é uma perpétua reconstrução do passado, sabendo sempre que nunca o poderá reconstruir a tempo de evitar o futuro — se dantes não havia Marceneiro—homem que podia com o esplendor de Marceneiro—mito; agora, agora e durante os muitos anos que só o Fado guarda contristadamente faz enternecer, Marceneiro pertence todo ao Fado como nem ele em vida, conseguiu pertencer.
E é Fado
E deixa de ser Morte
Digamos só: Olá Alfredo Marceneiro, é bom tê-lo outra vez entre nós.
Assina: Miguel Esteves Cardoso
Imagem do Cortejo que acompanhou a pé, em marcha lenta, ao som das guitarras, Marceneiro até à sua sepultura
O São João no Porto, comemora-se de 23 para 24 de Junho. Esta data foi consagrada a São João Baptista por ser a data do seu nascimento , na noite de São João, a cidade do Porto é a que mais festeja, mas na realidade o Santo Padroeiro do Porto é Nossa Senhora de Vandome.
É vivido nas ruas, permite todos os excessos, Leva-se na mão um alho-porro e dá-se com ele na cabeça do vizinho em tom de brincadeira. Para além dos bailaricos, o fogo-de-artifício no Rio Douro é o ponto alto da noite. No meio de imensa folia, não falta a ementa tradicional da festa, o Caldo Verde, a Sardinha Assada, o pão e vinho tinto.
O dia 24 de Junho foi consagrado a São João Baptista por ser a data do seu nascimento terras, na noite de São João, a cidade do Porto é a que mais festeja! .
Tudo começa na Ribeira, mas depois do Fogo de Artifício, a partir da meia-noite em ponto, a festa espalha-se pelos quatro cantos da cidade e só termina ao nascer do sol.
As rusgas de São João espalham-se de bairro em bairro, de freguesia em freguesia.
Nas principais artérias da cidade, até ao nascer do sol, é ver as enchentes de povo, compra-se as ervas santas e plantas aromáticas com evidente predominância do manjerico, a planta símbolo por excelência desta festa; o alho-porro, os cravos e a erva-cidreira.
A festa tem como ponto de honra as Cascatas S. Joaninas (colocar a imagem do Santo num altar com o seu inseparável carneirinho e um sem fim de elementos que simbolizam o arraial) e que servem de disputa entre freguesias e bairros num concursos de beleza e homenagem
Manda a tradição que a festa culmine com um banho de mar na Foz!
E no dia do padroeiro o manjar tradicional é o anho ou cabrito assado com batatas assadas e arroz de forno.
A festa de São João dá inicio às festas do Verão, daí as fogueiras e todas as "loucuras" da noite deste santo popular.
Segundo os registos do Cancioneiro Português, dos três santos: Santo António, S. João e S. Pedro, São João é o santo menos confiável, por causa da sua fama de sedutor.
"São João fora bom santo
se não fora tão gaiato
levava as moças para a fonte
iam três e vinham quatro."
"Até os mouros na Mourama
festejam o São João.
Quando os mouros o festejam
que fará quem é cristão."
Meu querido São João
És um Santo popular
Traz teu arco e teu balão
Vem com o povo dançar!
Aproveitem bem esta noite...
Fica fresco quem se afoita
E regala o coração
Quem se banhe à meia-noite
Da noite de São João.
Delicados pés pisaram
Rosmaninhos pelo chão
Muitos corações amaram
Na noite de São João.
Foto de Noite de São João no Porto
Há cerca 67 anos estava eu em vésperas ir para a escola, as aulas começavam nessa época a 7 de Outubro, corria o ano de 1952.
A escola que fui frequentar foram as Oficinas de S. José, dos Padres Salesianos, situada nos Prazeres, no bairro de Campo d´Ourique, escola que ainda hoje existe.
Recordo o livro, o caderno de duas linhas, um lápis, uma borracha de apagar, uma ardósia, uma pena para poder escrever na ardósia, uma caixa de lata pequena, com um pedaço de pano molhado, que servia para limpar a ardósia, e a mala que a tia Aida me deu, uma cesta de verga para levar o almoço, 2 carcaças com ovo mexido e uma laranja, preparado pela avó Judite.
Estava entusiasmado, porque também era o dia que eu iria estrear umas calças compridas, um "pull-over" grená sem mangas, que me deu a avó Maria, e mais que tudo as botas de cano alto (á cow-boy) que o meu pai me comprou na feira da ladra, (ver relato em: (http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/281578.html) recordo também que nessa altura ainda usava um fumo preto no braço direito, por luto de minha mãe.
A mesa de estudo conhecida como: Carteira Escolare, era igual a esta, que vos mostro nesta fotos.
Fotos de recordação: Em cima eu com 7 anos, em baixo a foto do livro da 1ª classe até á 4ª classe, e a foto da minha primeira comunhão junto á estátua de S. Domingos Sávio no dia 31 de Janeiro de 1953, no Colégio dos Salesianos.
Curiosidades: Ao escrever este texto e relembrar todas stas passagens da vida, nomeadamente o material do trabalho escolar de então, não posso deixar de expor aqui o que tive de adquirir estes anos para os meus filhos, a Beatriz e o Alfredo, desde o 1º anos escolar que ambos têm livros diferentes e é raro o ano que os livros não mudam, GRANDE NEGÓCIO COM O ENSINO, porque estes ficam obsoletos, inclusive, se de dos meninos não passar de ano (chumbar) o que é uma ideia remota!!! sabem por quê?... Sabem, sabem. os mesmos livros não vão servir, , terão de ser novos!! E Porquê? , pergunto eu?
Porque somos um dos países evoluídos do mundo, e todos os anos repomos todas as novas descobertas sobre, a nossa historia, sobre a história universal, a matemática, a física, etc.. Ah! esquecia-me do PORTUGUÊS, também já mudou, cada vez me sinto mais analfabeto... até já ouvi dizer que a Lei de Ohm, está errada, o principio de Lavoisier... é tanga... a lei da gravidade.... etc, etc,
E digam lá se isto não é um Fado...
©Vitor Duarte Marceneiro
LEMBRAR A GRANDE HERMINIA SILVA
A página neste blogue, é baseado no livro biográfico da autoria de Vítor Duarte Marceneiro e está protegido por "Copywrite" estando devidamente registado na S.P.A. e no I.G.A.C, só são permitos excertos do mesmos, que visem a divulgação da biografada e seja referida a fonte.
A RAZÃO DUMA PAIXÃO
Só de há alguns anos para cá me apercebi que o Fado é um estado de alma, é paixão. Desde muito novo que o adoro e cultivo, mas à medida que vou amadurecendo, dou por mim a venerá‑lo cada vez mais. Lembro coisas do «fado» e de Fado, que durante muito tempo parecia que nada me diziam, estavam adormecidas, mas que agora me vêm à memória, em catapulta desenfreada, e penso... Tanto tempo que eu perdi.
Reuni neste livro, a que dei o título de Recordar Hermínia Silva, tudo o que sobre ela consegui recolher, com o intuito de fazer história sobre essa mulher, que era povo, foi amada e ovacionada, mas manteve‑se sempre simples e despretensiosa. Era dotada de um dom especial, que só muito poucos têm, de cantar e representar muito bem, era um representar que não se estuda no «Conservatório», com a sua voz bem castiça dava um cunho muito pessoal às suas interpretações que deliciavam a quem a escutava, quer no fado tradicional, quer no fado revisteiro, mas na revista para além de cantar interpretou figuras e «meteu buchas» que fizeram o delírio de milhares de espectadores.
Obrigado Hermínia Silva por tudo que deu ao Fado, ao Teatro de Revista, ao Povo Português.
©Vitor Duarte Marceneiro 2003
BIOGRAFIA DE HERMÍNIA SILVA
Conclusão do autor:
Herminia Silva canta: Fado da Sina do Filme "O Ribatejo"
Fernando Martins de Bulhões, (Santo António de Lisboa), filho de D. Teresa Tavera e de Martin (ou Martinho) de Bulhões, nasceu em Lisboa ao que julga a 15 de Agosto de 1195, numa casa próxima da actual Sé de Lisboa, onde se ergueu a igreja em sua invocação.
Fez os primeiros estudos na Igreja de Santa Maria Maior (hoje Sé de Lisboa), ingressando por volta de 1210, como noviço, na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no Mosteiro de São Vicente de Fora, guiado pela mão do então prior D. Estêvão.
Permaneceu em São Vicente de Fora por três anos, com cerca de 18 anos ingressou no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, um importante centro de cultura medieval e eclesiástica da Europa, onde realizou os estudos em Direito Canónico, Filosofia e Teologia.
O mundo católico horrorizado com o martírio por decapitação de cinco franciscanos, em Marrocos, em 1220, altura em que os restos mortais destes mártires são transladados para Coimbra, levaram Fernando a abraçar a missão de evangelizador, pelo que a Regra de Santo Agostinho pela Ordem de São Francisco, recolhendo-se no Eremitério dos Olivais de Coimbra e mudando então o nome para António.
Em Portugal, Santo António é muito venerado na cidade de Lisboa e o seu dia, 13 de Junho, é feriado municipal.
As festas em honra de Santo António começam logo na noite do dia 12. Todos os anos a cidade organiza as marchas populares, grande desfile alegórico que desce a Avenida da Liberdade (principal artéria da cidade), no qual competem os diferentes bairros.
Um grande fogo de artifício costuma encerrar o desfile. Os rapazes compram um manjerico, num pequeno vaso, para oferecer às namoradas, as quais trazem bandeirinhas com uma quadra popular, por vezes brejeira ou jocosa. A festa dura toda a noite e, por toda a cidade há arraiais populares engalanados, onde se comem sardinhas assadas na brasa, febras de porco, caldo verde e bebe vinho tinto. Ouve-se música e dança-se até de madrugada, no típico bairro de Alfama, é costume organizar na Sé Patriarcal, o casamento de jovens noivos de origem modesta, são os noivos de Santo António, recebem ofertas do município e também de diversas empresas.
A Igreja e Museu Antoniano em Lisboa, situados perto da Sé Patriarcal de Lisboa são o centro da devoção ao Santo, em especial no dia que lhe é dedicado, 13 de Junho.
O Museu Antoniano é um museu monográfico dedicado à vida e veneração do santo, exibindo, em exposição permanente, objectos litúrgicos, gravuras, pinturas, cerâmicas e objectos de devoção que evocam a vida e o culto ao santo.
João Baptista-Lopes, nasceu em Ourém no distrito de Santarém em 23 Julho de 1945, mas ainda muito jovem veio morar para Lisboa.
Cedo se sentiu atraído pelo Fado, o que o levou a frequentar, as casas típicas, os retiros fadistas e os encontros de amadores, etc...
Certa noite, nos anos sessenta, no Restaurante Típico da Márcia Condessa que ficava na Praça da Alegria, local que frequentava com frequência, foi incentivado pelos amigos e pela proprietária a cantar, cantou e agradou, tomou-lhe o jeito, e a partir desse dia, nunca mais parou.
Cantou no Galito no Estoril, em Cascais, no Picadeiro no Arreda e no Kopus-Bar, em Lisboa no Senhor Vinho, no Ardinita, Pátio das Cantigas, Tia Ló, Embuçado, etc, assim como no Porto, onde passou pela Candeia e no Mal-Cozinhado,assim como um pouco por todo o país e até no estrangeiro, estas andanças no meio fadista levou-o, a conviver e a cantar ao lado de figuras como Manuel de Almeida, Rodrigo, Carlos Zel, Vasco Rafael, António Melo Correia, Natália dos Anjos, Ada de Castro, Alfredo Marceneiro, etc., aliás, é na sua convivência com meu avô, que começámos a conviver, e logo ficámos amigos até aos dias de hoje, já estive a seu convite a cantar na Suíça na cidade onde reside, Neuchatel.
Estive no seu casamento em Ourém corria o ano de 2004, com a Marylene, onde fiz um filme e fotos de recordação que lhe ofereci como recordação.
Em 1967, estávamos ambos a cumprir o serviço militar anos , éramos jovens e com sangue na guelra, na Rinchoa - numa casa de Fados, o Vira do Minho, numa noite de Fados, em que ia com o meu avô, estavam por lá uns cretinos muito bêbados, em que acabámos por nos envolvermos numa grande cena de "porrada" para proteger o meu avô, cena que nunca mais esqueço, e ele também, um dia irei aqui contar com mais pormenores.
Cumpriu o serviço militar na Guiné, tendo sempre colaborado nos eventos musicais ali organizados para os seu camaradas.
Em 1973, o empresário Carlos Lacerda, locutor no Rádio Clube Português e também produtor na etiqueta Alvorada, convida-o a gravar um EP, no qual cantou cantou poemas dos escritores Mário Cláudio e João Barge.
João Baptista-Lopes, escreve poemas para Fado, alguns deles já gravado por si e por outros fadistas.
Editou um livro com o título "Ourém a preto e branco - Anos 50 em Sextilhas", trata-se de um livro em que relata as suas memórias na terra que o viu nascer,em que o mesmo é escrito em sextilhas, e tudo leva a crer, que não fica por aqui, já está outro livro em projecto.
Radicou-se na Suíça, onde ainda vive há mais de 30 anos, onde sempre que pode canta e enaltece o Fado, organizando também, espectáculos de Fado em que convida fadistas e músicos de Portugal.
Recentemente gravou um CD a que deu o título "40 Anos de Fado", com 14 poemas inéditos de sua autoria para músicas de fados tradicionais.
Simplesmente « VERSÍCULO »
Há frases que nos ficam na memória,
mesmo que cem anos nós vivamos !
Delas fazemos, às vezes, nossa história,
com elas, revivemos, recordamos !
Cada poesia tem sempre o seu segredo,
para que os versos não sejam todos maus…
Como me disse um dia o Ti Alfredo:
- Fazer versos, não é fritar carapaus !
Ele, que dos “reis”, foi Rei, foi Ás,
o “trono” partilhou humildemente,
sem nada nem ninguém, deixar p’ra trás,
ensinou o seu fado a toda à gente !
Recordar o seu discurso, é um regalo !
É prolongar esses serões pela vida além…
- O poeta escreveu : “calou-se o galo”
e a gente, rico filho, cala-se também…
Contigo,Ti Alfredo, eu aprendi,
(Mesmo se por minha culpa pouco sei…)
Mas sei que é meu este “versículo” que escrevi,
P’ro TEU “VERSICULO” qu’em minha alma cantarei !
Jornalista e escritor português, Norberto Moreira de Araújo nasceu a 21 de Março de 1889, em Lisboa. Cedo mostrou apetência para as Letras. Em 1904, entrou como aprendiz na Imprensa Nacional, frequentando, posteriormente, o Curso Superior de Letras e, em 1916, veio a ingressar na redacção de O Mundo , mudando-se, passado um ano, para o jornal A Manhã , de que chegou a ser co-proprietário.
A sua intensa actividade jornalística levou-o a ser jornalista do Diário de Notícias , do Século da Noite e do Diário de Lisboa em que se manteve até morrer, a 25 de Novembro de 1952, como redactor principal. Aqui, através de um estilo de escrita incisivo e vibrátil, iniciou toda uma etapa de renovação nos processos jornalísticos. A sua grande originalidade reside na facilidade com que disserta sobre qualquer matéria. Não tem um estilo invariável, um estilo diferente para cada assunto. Ficou célebre a sua rubrica no Diário de Lisboa , "Páginas de Quinta-feira", onde deambulava pelas mais diversas áreas - quer fossem sínteses de arte, política, casos de rua, comédia burguesa, cultura, etc.
Versátil e laborioso, Norberto de Araújo fez reportagens de notável projecção como, por exemplo, duas viagens presidenciais, uma com António José de Almeida ao Brasil, e a outra com o general Carmona a Espanha. Em 1925, ano de ouro da comemoração de Santa Teresinha, desloca-se a Roma. Assiste ao julgamento do Angola e Metrópole - o caso Alves dos Reis, à visita da rainha D. Amélia ao Panteão de S. Vicente e mais tarde, iniciou uma série documental, intitulada "Como se trabalha em Lisboa?".
A par da actividade como jornalista, Norberto de Araújo manteve, intermitentemente, a sua actividade literária - 31 volumes publicados - que se repartiram pelos mais diversos campos, desde os livros puramente técnicos sobre artes gráficas, tal como Da Iluminura à Tricomia publicado em 1915, até ao teatro e à poesia. Foram levadas à cena as suas obras teatrais Dentro do Castigo (1924), em que o pendor melodramático com certa ousadia é atenuado por um discreto intimismo, e Duas Mulheres (1928) - peça representada nos 50 anos de teatro de Adelina Abranches. Na poesia, escreve odes românticas que comoviam principalmente as senhoras e que passaram à literatura com o nome de Miniaturas (1920) e Vinha Vindimada (1924).
A par da relevante carreira jornalística e da ampla obra literária, Norberto de Araújo é conhecido hoje especialmente como um olisipógrafo erudito, tendo-lhe concedido o munícipio de Lisboa a medalha de ouro da cidade. Autor do Inventário de Lisboa , 1944/1955 (concluído por D. Pires de Lima), das "Legendas de Lisboa" e das "Peregrinações de Lisboa", esta obra é a mais compulsada. É de assinalar o extenso e profundo conhecimento que Norberto de Sousa tinha das fontes e dos estudos esclarecedores do passado de Lisboa, que o dá ensejo a descrições extensas das ruas, palácios e monumentos, templos, instituições e dos mais diversos episódios da vida citadina lisboeta.
Norberto Moreira de Araújo morreu a 25 de Novembro de 1952, em Lisboa.
In: Infopedia
Amália canta Marcha do Centenário - Lisboa Nasceu
da autoria de Norberto de Araújo
Estas são algumas das letras que consegui arranjar da autoria de Norberto de Araújo, e segue-se um video em que meu avô lê o que Norberto de Araújo escreveu dobre ele.
GRANDE MARCHA1935 (Lá vai Lisboa) | Norberto de Araújo |
Bailarico de Benfica 1940 | Norberto de Araújo |
GRANDE MARCHA 1940 (Olha O Mangerico) | Norberto de Araújo |
Marcha do Centenário 1947 | Norberto de Araújo |
GRANDE MARCHA 1950 (Noite se Stº António) | Norberto de Araújo |
GRANDE MARCHA 1952 (Alcachofra Brava) | Norberto de Araújo |
Alcachofra Brava 1952 | Norberto de Araújo |
Marcha de S. Vicente 1955 | Norberto de Araújo |
Cidade Maravilhosa 1955 | Norberto de Araújo |
Noite de Santo António | Norberto de Araújo |
Marceneiro lê palavras de Norberto de Araújo