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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Sábado, 23 de Maio de 2015

FADO - Alma de um povo

 
 
 

 Fado.... a alma de um povo.

 
As viagens encetados pelos portugueses no século XVI, é um paradigma do destino de um povo que partiu durante séculos à procura do desconhecido, que nos criou um modo colectivo de ser e estar no mundo. É um gene da identidade portuguesa.
Naquelas horas da partida para a imensidão gigantesca dos mares, fizeram brotar lágrimas de todas as mães, de todos os pais, de todos os filhos, de todas as esposas, as noivas, os parentes e amigos, que ao dizerem adeus com soluços nos corações, na praia de Belém, que foi apelidada por isso mesmo de “Praia das Lágrimas” confrontavam-se com a descoberta da amargura da ausência.
Foi uma vivência que moldou as almas, era um povo aflito que via partir as naus com as suas gentes, sabe-se lá para onde iam, para o outro mundo ?
  
 
Ó Mar salgado, quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal !
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos, em vão, choraram!
Quantas noivas ficaram por casar,
Para que fosses nosso, ó Mar!
 
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem de passar além da dor.
Deu ao Mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o Céu
 
Poema de: Fernando Pessoa
 
É vida , é destino, é Fado, é a alma do nosso povo.
 
Em tão longo caminho e duvidoso,
Por perdidos as gentes nos julgavam,
As mulheres com choro piadoso ,
Os homens com suspiros que arrancavam;
Mães, esposas, irmãs, que o temerosos
Amor mais desconfia, acrescentavam.
A desesperação e frio medo
De já não nos tornar a ver tão cedo
 
Camões, Os Lusíadas, canto IV, 89)
 
AO SABOR DAS ONDAS...
 
 O Fado nasceu no mar

Ao balanço de ondas mil

Por berço teve um navio

Por cobertura um céu de anil

Numa barquinha vogando

Batida pelo luar

Ouvi um nauta cantando

“O FADO NASCEU NO MAR”

 Linhares Barbosa

 

Esta mentalidade, criada de uma vivência bivalente, amargurada por um lado, alegre por outro, isto porque o ritual da partida o medo a tristeza, o espectro da morte, se misturaram com a esperança, o sonho e quanto era maravilhoso estar vivo no regresso,  tais sentimentos moldaram a consciência que se cristalizou na música e no canto, com uma tonalidade própria, inconfundível e original como é a sua matriz..
O Fado é português, é toda uma mentalidade, é toda uma História, se o povo português é o único que canta o Fado, é porque também foi protagonista de uma vivência que mais nenhum povo teve.
 
Notas: In Fado, A alma de um povo M.L.Guerra
           In Fado, Mascarenhas Barreto
 
Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
publicado por Vítor Marceneiro às 00:00
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6 comentários:
De Maria de Jesus a 11 de Março de 2007 às 15:37
Caro Vítor
Percebo por onde quer ir com esta explanação e "Fado a Alma de um Povo", calculo que esperasse algum contributo desses "conhecedores" dos antigamente, mas sabe meu amigo você é um homem culto, inteligente e modesto q.b., mas não é um intelectual, e está a entrar no campo deles! não faz parte do "Lobbie" ,portanto eu não estranho e afirmo-lhe, com conhecimento de causa, que vai no bom caminho, este seu trabalho é digno.
Um abraço
MJ
De Vítor Marceneiro a 11 de Março de 2007 às 15:52
Minha cara amiga Maria de Jesus
Obrigado pelo apoio, mentiria se não lhe confessasse que foi gratificante, tendo a noção que não mereço tanto.
Qaunto ao lobby " é hoje na realidade um grupo muito poderosos.... mas é preferível ficarmos por aqui, como a minha amiga se referiu num comentário que há dias fez e com o qual eu concordo perfeitamente, "O Rei vai Nu"...!
Bem Haja
Vítor Marceneiro

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