Nasceu em Lisboa a 13 de Março de 1934.
Começa a cantar bem cedo, com apenas 10 anos de idade e rapidamente conquista a todos os que ouvem a sua bela voz. Passa a ser conhecida como a «Miúda do Bairro Alto», em homenagem ao Bairro onde nasceu.
Com 17 anos de idade, vence o primeiro lugar no concurso promovido pela Emissora Nacional intitulado «Concurso Nacional das Jovens Fadistas».
Em 1952, no auge da sua carreira, é convidada para participar no filme «Eram Duzentos Irmãos» de Armando Vieira Pinto. Neste filme popular, estreia dois belos fados da autoria de José Galhardo e Frederico Valério, são eles «Eu Gosto de um Marinheiro» e «Gosto de Ti», o filme serve para consolidar a sua carreira, participa regularmente em programas de fados na RTP, granjeando grande popularidade devido à sua bela voz e sua bonita presença.
Em 1957, participa no Festival da Canção Latina em Génova com um dos mais belos fados do seu reportório, o fado "Nem Às Paredes Confesso". Actuou por todas as salas do país, e ainda nas antigas colónias portuguesas em África, nos Açores e na Madeira.
Em 1967 no auge da carreira e sem qualquer motivo aparente, decide deixar a vida artística, ainda regressa apenas em meados dos anos setenta para regravar os seus maiores sucessos a convite da Editora Riso e Ritmo.
Vive actualmente retirada da vida artística.
Texto e video de: pborgesalmeida
Entrevista a Fernanda Peres para o jornal “A Voz de Portugal – Abril de 1956”
A grande vedeta do Fado, do Cinema e da Rádio, FERNANDA PERES, tratada carinhosamente por “Miúda do Bairro Alto”, e que nest altura está contratada na Adega Machado, disse:
— Comecei a sentir certa vocação para cantar o fado nos «.bancos da escola». Talvez por isso, ainda muito nova, fui contratada pela empresa José Miguel e actuei em várias casas com o nome artístico de «Miúda do Bairro Alto». Decorridos anos, por intermédio do Centro de Preparação Artística, entrei na Emissora Nacional e lá conquistei o primeiro prémio destinado a intérpretes do fado.
Gosto imenso de cantar na rádio, talvez porque assim a minha voz, passando fica mais perto do público que gosta de me ouvir.
O género de canção que mais gosto de cantar, é o fado castiço, porque é ele que mais vibra na minha alma.
Canto o fado, e como sou mulher, sinto que é o coração da mulher que sabe sentir a verdadeira nostalgia, que o fado imprime na alma de quem o canta.
Gosto de ouvir cantar bem as minhas colegas, porque isso faz nascer em mim uma força de vontade de estudar mais, para melhor servir o público, e para que não me aconteça o que aconteceu à preguiça, que faleceu de sede à beira de um regato...
Gostaria de cantar o fado até aos quarenta anos, e, até lá, continuar a merecer o mesmo carinho e a simpatia que o público me tem dispensado.
«EU GOSTO DE TI» Criação de Fernanda Peres
Letra de José Galhardo
Música de Frederico Valério
Sempre, sempre em ti pensei!
E sempre olhei
Como um sonho convencida
Este afecto de criança
Mal tinha uma esperança
E a esperança hoje é vida
Nunca, nunca imaginei
O que hoje eu sei
Que é verdade, ó Deus do céu
Este sonho em que acordei
Que se chama «tu e eu»
Refrão
Eu gosto de ti,
Tu gostas de mim,
Juramos gostar os dois
Falaste, eu ouvi
E um sim por um sim
Trocámos depois!
O mal vem do mar,
Que amarga o sabor
Da nossa amizade,
Tu tens que embarcar
E vai-se este amor,
Mas fica a saudade
Minha vida era uma cruz,
Sem cor, sem luz,
E hoje é clara e colorida,
Minha vida era um céu escuro,
E agora eu te juro
Que és tu, minha vida!
Foste um sol que me aqueceu
A terra e o céu
A quem conto sem cessar
O tal sonho «tu e eu»
A que já só falta «um lar»
Eu gosto de ti,
Tu gostas de mim,
Juramos gostar os dois
Falaste, eu ouvi
E um sim por um sim
Trocámos depois!
O mal vem do mar,
Que amarga o sabor
Da nossa amizade,
Tu tens que embarcar
E vai-se este amor,
Mas fica a saudade