Entretanto, os seus irmãos casam e organizam as suas vidas. Alfredo leva consigo sua mãe Gertrudes e aluga uma casa num típico pátio sito no Nº 49 da Rua da Páscoa, em Campo de Ourique — Freguesia de Santa Isabel —, casa onde viveu até ao último sopro da sua vida.
Por altura dos seus 22 anos, duma paixão pela jovem Aurora, filha de um mestre de ofício de marceneiro, nasce o seu primeiro filho. Em memória de seu saudoso pai, dá ao primogénito o nome de Rodrigo. Nunca cantou o Fado. Abriu na Calçada de Carriche um retiro com o nome de "Solar do Marceneiro", a sua profissão era mecânico de motos e bicicletas, tendo uma oficina sua em Campolide onde é hoje o restaurante Número Um.
De outra paixão, pouco duradoura, é novamente pai de um rapaz a quem dão o nome de Esmeraldo. Tinha a profissão de tipógrafo e chegou a cantar como amador em festas particulares.
Os filhos
Rodrigo Duarte
e
Esmeraldo Duarte
Numa festa a que vai cantar, na Fonte Santa, Alfredo conhece uma linda jovem chamada Judite. É então que decide constituir lar e desta união com Judite de Sousa Figueiredo, sua companheira até ao fim dos seus dias (tratava-a carinhosamente por "A minha querida "Ti Judite"), nascem os seus filhos Carlos, Alfredo e Aida.
Judite de Sousa Figueiredo Duarte"Ti Judite"
O Carlos cantou como amador e o Alfredo veio a ser profissional de Fado, tal como o pai, a Aida foi modista.
Carlos Duarte Aida Duarte Alfredo Duarte Jr.
O seu irmão Júlio Duarte, que também cantava o fado e era seu companheiro nas andanças fadistas, casou com uma jovem de seu nome Leonor Duarte, também fadista, a qual chegou a cantar num disco com o seu cunhado Alfredo. Os seus irmãos, quer a Júlia quer o Álvaro, nunca cantaram.
Álvaro Duarte Júlia Duarte
Como seu irmão Alfredo, Julio Duarte pertenceu a um núcleo de fadistas que sabiam ser fadistas, que cantava o Fado amando-o, merecendo o apreço do público e dos seus colegas.
Nasceu em Lisboa, na Freguesia de Santa Isabel, e é manufactor de calçado. Até casar viveu sempre com a mãe e os seus irmãos, tendo pelo irmão mais velho, o Alfredo, uma admiração muito especial, pois considerava-o como um pai.
Tinha apenas 14 anos quando começou a cantar o Fado, estreando-se no Centro Republicano Miguel Bombarda, sendo muito solicitado para actuar em academias de recreio, festas de caridade e actuou em quase todos os retiros da época, como no antigo Teatro Étoile, da calçada da Estrela, fazendo números de variedades com a pequenina actriz Hortense de Castro.
Torna-se profissional em 1928. Cantou-o então, nas cervejarias Boémia, Cervejaria Jansen, Rosa Branca, Chagas, Vitória, Cafés Portugal, Sul-América, Anjos, Julio das Farturas, Solar da Alegria (quando da gerência. de Alberto Costa), Salão Artístico de Fados, teatros Capitólio e Joaquim d'Almeida, nos clubes Tauromáquico, Olímpia, Montanha, Patos, Alhambra, e nos. Cinemas Europa, Jardim-Cinema, Cine Paris e Royal. Percorreu as províncias, cantando nos teatros de Évora, Barreiro, Seixal, Montijo. Setúbal, Torres Vedras, Malveira, Quinta do Anjo, Torres Novas, Caldas da Rainha, Mafra, Cadaval, Figueira da Foz, Abrigada, Cascais, Estoril, Moita, Parede, Paço d' Arcos, Alenquer, Feliteira, Merceana e Benavente.
Cantou nas casas fidalgas do Conde da Torre e Conde de Sabrosa, nas herdades do opulento lavrador Palha Blanco.
Tal como o seu irmão Alfredo, foi autor de várias músicas para Fados, “Combatentes”, “Crença”, “Fado da Paz”, “Fado da Aldeia” (gravado por Ercília Costa), “Fado Marcha”, “Lágrimas”, (gravado por Maria do Carmo), e ”Fado Luso”.
Da sua carreira de cantador, há uma tarde que Júlio Duarte gravou na memória, por assinalar um dos seus maiores êxitos. Foi em Vila Franca de Xira, no Retiro Botão de Rosa, onde cantou ao lado de Júlio Proença, Estanislau Cardoso e João Maria dos Anjos, com o acompanhamento do guitarrista e cantador Carlos Ramos e do violista Armando Machado. Houve uma cena que ficou famosa nessa noite: encontravam-se presentes dois detractores do Fado, combatendo-o grosseiramente. Com toda a gente enervada, começaram, ele os colegas, a cantar, sendo aplaudidos pela assistência que enchia o salão, de tal forma que a barulhenta parelha foi obrigada a retirar-se, com os dois basbaques vexados e vencidos. Foi uma tarde de triunfal.
Finalmente,, Julio Duarte actuou no Retiro da Severa, Solar da Alegria, Cafés Gimnasio, Luso e Mondego, Foi também muito solicitado para actuar na rádio, Emissora Nacional, Rádio Luso, Rádio Graça e Rádio Peninsular.
Cantou muitas vezes com o irmão, que só se profissionalizou mais tarde, embora tendo a fama que se sabe, mas já não assistiu a esse acontecimento, pois faleceu prematuramente.
Julio Duarte foi casado com uma fadista de renome nesses tempos, Leonor Duarte, de quem teve duas filhas, Júlia e a Aida.
Natural de Lisboa, foi esposa do cantador Júlio Duarte e cunhada de Alfredo Duarte “Marceneiro”
Dotada duma excelente voz e com uma excepcional dicção, dava tal sentimento aos versos que cantava, aliada a uma excepcional dicção, que em bem pouco tempo impôs o seu nome do cantadeira de Fado. Estreou-se a cantar no posto emissor de Abílio Nunes dos Santos e agradou de pronto e de tal modo, que foi imediatamente contratada para gravar em disco os seguintes fados: «Os pequeninos», «A Pastora», «Fado Aida», «0 teu olhar», «Desgarrada de Amor» (com o cunhado Alfredo Duarte “Marceneiro” e «A morte da Pastora».
Foi autora da música do Fado Os Pequeninos, que teve um grande sucesso. Cantou várias vezes, por especial deferência, no Solar da Alegria com o marido Júlio Duarte, (aquando da gerência de Alberto Costa), em festas de beneficência, tendo tomado parte também em diversos espectáculos, quase sempre na companhia do marido ou do cunhado.
Da sua curta mas brilhante carreira como cantadeira de Fados, a noite que mais a emocionou foi a da sua despedida, em 20 de Agosto de 1932, que coincidiu com a festa artística de seu marido, no Café dos Anjos, em que o público lhe tributou uma calorosa e prolongada ovação que muito a sensibilizou.
Leonor Duarte abandonou a sua carreira para se dedicar exclusivamente á educação de suas filhas, Júlia e Aida.
© Vítor Duarte Marceneiro in “Recordar Alfredo Marceneiro”