Alfredo MarceneiroFaleceu há 29 anos,
a 26 de Junho de 1982.
Foi registado há 120 anos a 25 de Fevereiro de 1891
Nasceu a 29 de Fevereiro de 1888
UM FADO "A MARCENEIRO"
À solta e desvairada a morte certo dia
Entrou no velho pátio e ali quase em segredo,
Num golpe traiçoeiro de raiva e cobardia,
Maldosa nos levou p'ra sempre o Ti Alfredo
Ao chorar das guitarras como se fosse um hino
Juntou-se a voz do povo de Portugal inteiro
Tinha morrido o rei fadista genuíno
O mais de todos nós o grande Marceneiro
Sua garganta rouca tinha o condão cubano
De nos dar fado a sério sem ais, sem fantasias
Se o fado para ser fado algum segredo tem
Então esse segredo só ele o conhecia
Sempre que a noite chega eu julgo ainda vê-lo
Fazendo a sua ronda p'los retiros de fado
De boné ou mostrando o seu farto cabelo
E o seu lenço varino ao pescoço ajustado
Recordo as suas birras e em grande cavaqueira
Seus ditos graciosos se bem disposto estava
E oiço até o seu riso no Cacau da Ribeira
Onde já madrugada sua ronda findava
De Alfredo Marceneiro eu guardo um disco antigo
E um retrato dos dois sobre um fundo bairrista
Um fado ao desafio que ele cantou comigo
E uma eterna saudade desse enorme Fadista
Poema de: Fernando Farinha
Nota: Para além desta, não mereceu mais nenhuma notícia a efeméride, nem uma palavra daqueles que passam a vida a contar histórias e que dizem terem tantas lembranças dele, e osinspirados e seguidores?, mas uma coisa é certa "MARCENEIRO É PARTE INTEGRANTE DA GRANDE HISTÓRIA DO FADO, È TAL O SEU LEGADO QUE A SUA LEMBRANÇA NÃO SERÁ TEMPORAL, MAS PARA TODO O SEMPRE, ENQUANTO HOUVER FADO EM PORTUGAL".
Enquanto este neto tiver um sopro de vida não deixará de relembrá-lo para que as gerações actuais saibam quem ele foi, para as gerações futuras também já dei o meu testemunho escrevendo dois livros biográficos.
Dirão alguns, como já aconteceu quando escrevi o 1º Livro da sua biografia, "Recordar Alfredo Marceneiro", que não faço nada de mais, é neto, tem a papinha feita, pois para espanto desses e de outros mais, é que felizmente não sou analfabeto, e tenho muito orgulho nas minhas origens
Obrigado Avô, Pai e Avó Maria por tudo o que me deram, para bem ou mal puder escrever sobre vós e sobre o Fado.
" — Alfredo Duarte — Este sentimental fadista é um dos mais completos da actualidade. Desde o fado em que os poetas compõem o verso francês — Alexandrino — até ao correntio, mas saudoso, fado corrido, a sua voz é sempre cariciosa e de uma ternura inigualável; tem-nos sensibilizado até ás lágrimas; é o cantador chocante das plateias.
Os versos de Henrique Rêgo, que actualmente canta, têm a expressão que o autor lhes imprime. Feliz do poeta que tem tal executor dos seus trabalhos.
Para traçar o perfil fadista do Alfredo Marceneiro, a pena não excita; corre ligeira e firme, como se estivéssemos fazendo o elogio dum grande artista.
Os fados e os versos cantados pela garganta deste sentimental trovador, tornam-se conhecidos do povo.
É que ele, com a sua plangência, deixa nas bocas dos que o escutam, o sabor doce da Canção Lusitana.
É um verdadeiro fadista!..."
João Linhares Barbosa
De Malagatanga a 25 de Junho de 2011 às 18:14
Aos meus amigos
A vida é feita de muitas coisas subjectivas e paradoxais vulgo absurdos. Participar na vida já é sem dúvida um acto demasiado heróico para a maioria do ser humano pelos inúmeros obstáculos que vão surgindo. Paradoxalmente todos nascemos ricos com uma riqueza que não sabemos a quantidade, e que temos que gastar todos os dias. É o tempo que vamos ter de vida e que usaremos inexoravelmente. O retorno e o balanço do tempo de vida são, por observação simples do micro e macrocosmos que nos rodeia, criação e evolução, semente e fruto do conhecimento humano.
Subjectiva é sem dúvida a competitividade que a humanidade introduz no rodar da vida, que desgasta as expectativas como se aptidão para sobreviver assentasse no princípio que só os mais aptos têm direito á sobrevivência. Neste absurdo, ponho sempre o problema se numa corrida entre um ser normal e um paraplégico numa cadeira de rodas quem ganha? Respondem-me sempre com um sorriso de ironia é o normal. E eu respondo é o deficiente pois está mais bem preparado para a corrida em igualdade de circunstâncias. O normal não treinou o suficiente numa cadeira de rodas para ganhar a competição. Participar na vida já é um acto louvável a qualquer ser que habita neste calhau do sistema solar, da Via Láctea de um Universo incomensurável, sem tempo e sem espaço visíveis a esta minúscula partícula que somos nós.
Calculou-se que um segundo no Universo equivalia a 900 anos de tempo num calendário normal. Vejam quanto fugaz é a vida de um ser humano comparada com o tempo da eternidade. Uma mosca sobrevive só 24 horas mas apesar disso participa na criação e evolução da espécie, sem se preocupar com competições e aptidões. O que significa que em competição, para haver os vencedores é mais importante a participação dos vencidos, que irão dar destaque á vitória efémera de quem com muito sacrifício lutou por esse evento, que vai ser facilmente esquecido. Portanto mais importante do que vencer é muito mais digno participar, mesmo sem obter a melhor classificação.
Dir-me-ão que o ser humano não foi feito para andar numa cadeira de rodas, e eu contraponho que os animais também não nasceram para competir entre eles, mas simplesmente para puderem sobreviver. Competir é um supérfluo inventado pela humanidade para destacar a venalidade da existência, tornando gratuito e alienante o esforço desnecessário a qualquer jogo competitivo proposto. Mais importante do que ser espectador e fanático, é participar neste desporto que é viver, de qualquer maneira.
A auto estima é o fôlego essencial á valorização de quem participa neste tempo frugal da nossa existência, e o sopro criativo para vivermos um novo dia como Fénix renascidos permanentemente. Vamos deixando as nossas marcas de participação, algumas vezes com mais destaques do que outras. Nunca se esqueçam que mereceu sempre a pena e o Universo agradece, e eu também.
Bem hajas e muito obrigado amigo Vítor Duarte. Um abraço.
Malangatanga.
De Anónimo a 26 de Junho de 2011 às 09:27
Nunca é demais recordar e falar dos nossos entes queridos.
Um abraço amigo,
Fernando Boaventura
Caro amigo Fernando Boaventura
Obrigado pela sua amizade.
Um abraço
Vítor
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