José Manuel Neto nasceu em Lisboa a 29 de Outubro de 1972. Começou a tocar guitarra portuguesa com apenas 15 anos e destaca-se, entre os jovens intérpretes, como um dos instrumentistas mais requisitados no acompanhamento de fadistas, em espectáculos e gravações de discos.
Filho da fadista Deolinda Maria, José Manuel Neto cresceu em ambiente propício ao desenvolvimento do seu talento, tendo como referências os maiores nomes do universo fadista, caso de Carvalhinho, José Nunes, Jaime Santos e Fontes Rocha. Aprendeu ao lado de outros guitarristas e desenvolveu o seu estilo próprio “marcado pela fluidez, versatilidade e simplicidade frásica que caracteriza a melhor música popular” (cf. Programa “Antena Portuguesa”, Cinema São Jorge, 2009).
José Manuel Neto aprendeu a tocar guitarra portuguesa como autodidacta e, na década de 1990, deu início ao seu percurso profissional acompanhando diversos artistas nas casas de fado. Foi neste ambiente que a sua interpretação ganhou amadurecimento, o que o fez manter-se vários anos nos elencos de espaços tão conceituados como a Viela, o Sr. Vinho, a Taverna do Embuçado ou o Faia.
O guitarrista integra-se nesta “nova geração de instrumentistas de Fado com uma formação musical muito ampla, capaz de lhes permitir uma visão alargada do potencial dos seus instrumentos tanto no plano do repertório solístico como no das práticas de acompanhamento.” (cf. Rui Vieira Nery, “Para uma História do Fado”: 272).
O domínio musical que caracteriza o seu trabalho é reconhecido. José Manuel Neto demonstra-o em palco e em edições discográficas com os mais diversos artistas, mas é, evidentemente, no Fado que as suas prestações são mais numerosas.
Em 1993, José Manuel Neto gravou o seu primeiro disco com Mísia. O registo “Fado”, editado pela BMG, abriu-lhe caminho para gravar com um elevado número de fadistas, dos quais destacamos: Argentina Santos (“Argentina Santos”, 2003), António Zambujo (“O Mesmo Fado”, 2002; “Outro Sentido”, 2007), Camané (“Esta coisa da Alma”, 2000; “Pelo Dia Dentro”, 2001; “Como sempre… Como Dantes”, 2003, com edição em CD e DVD; “Sempre de Mim”, 2008); Carlos do Carmo (“Ao vivo no Coliseu dos Recreios: 40 anos de Carreira”, 2004; “Fado Maestro”, 2008), Ana Moura (“Aconteceu”, 2004) e Pedro Moutinho (“Encontro”, 2006 e “Um Copo de Sol”, 2009).
Apesar de se ter iniciado no acompanhamento de fadistas, nas casas de fado, a sua colaboração com estes e outros artistas estendeu-se à apresentação em palco, realizando numerosas digressões em território nacional e estrangeiro, em espectáculos de grandes nomes do universo fadista como Carlos do Carmo, Camané, Ana Moura, Aldina Duarte, Cristina Branco ou Mísia.
José Manuel Neto não tem ainda nenhum disco editado em nome próprio, mas no decorrer deste ano (2009) irá apresentar no Cinema São Jorge um espectáculo de título “O Som da Saudade”, onde interpretará melodias que tem vindo a compor ao longo dos anos, um conjunto de temas “assente na música de raiz portuguesa onde se mistura o fado e a música tradicional, enriquecida de uma complexidade harmónica que abre as portas ao improviso e às liberdades poéticas” (cf. Programa “Antena Portuguesa”, Cinema São Jorge, 2009).
Em 2004 a Casa da Imprensa entregou-lhe o “Prémio Francisco Carvalhinho”, atribuído ao melhor instrumentista, durante o espectáculo da Grande Noite do Fado desse ano.
A Fundação Amália Rodrigues distinguiu-o em 2008 com o “Prémio Melhor Instrumentista”, reconhecendo-o como um dos grandes expoentes da interpretação da Guitarra Portuguesa.
Selecção de fontes de informação:
AAVV, 2009, “Antena Portuguesa”, programa do espectáculo, Cinema São Jorge;
Nery, Rui Vieira, 2004, “Para uma História do Fado”, Corda Seca/Público.
In: www.museudofado.pt