José Lúcio Ribeiro de Almeida
Nasceu em Viseu a 29 de Outubro de 1947.
Aos cinco anos começa os estudos com uma professora de piano e aos onze começa a ter lições de Viola e Guitarra Portuguesa.
Dois trabalhos publicados em vinil:” Paisagens Sonoras” e “Tunas e Trupes”.
Assistente e repórter dos seguintes programas de Rádio: “Musicando”, “Café com Leite”, “Sais de Banho”, Rock and Stock“, “Os Cantores da Rádio”, “Rádio Rural”, “Manhãs da Comercial”.
Realizador e apresentador do “Jardim da Celeste”, “Não há duas sem Três”, “Flauta de Pã” e “Meus Caros Amigos”. Director-adjunto da Rádio Renascença.
Na televisão colabora em vários programas: “Berros e Bocas”, “Jornalinho” e “Recreio dos Lisboetas”, ainda na televisão é autor/apresentador das séries infantis sobre construção de instrumentos: “Plim-Plam-Plum” e o “O Sótão do Zé”.
Investigador na área do “FADO”, faz vários Colóquios em Espanha, França e Córsega. Realizou três filmes para o Japão sobre a Guitarra Portuguesa. Aprende a arte de construir e reparar instrumentos com os seguintes construtores: Manuel Cardoso, Domingos Machado, Gilberto Grácio, João Palmeiro, António Guerra, Adelino Vicente e Miguel Rodrigues.
Exposições de instrumentos efectuadas: Óbidos (1985), Beja (1989), Lisboa (1990), Caldas da Rainha (1992), Casa Pimenta em Palmela (1993), Amadora, Casa de Fado a Viela (1994), Ericeira (1996), Sociedade Portuguesa de Autores (1997).
Ao longo da sua carreira de investigador efectua vários colóquios e cursos de construção de instrumentos em escolas secundárias. Inserido nas comemorações de Lisboa 94 realizou um curso de construção de instrumentos com a duração de um ano na Escola António Arroio.
Autor do Livro “Os Sons e Os Tons da Musica Popular Portuguesa”, editado em 1996.
Em 1999, a convite do Instituto dos Resíduos elabora o livro “Um Olhar Musical pelos Resíduos”.
Em 2002 publica o livro “Cordofones Portugueses”.
Em 2007 publica o Livro “O Cavaquinho sem Mestre”.
Possui um património de mais de 500 instrumentos musicais do ambiente tradicional português, bem como um arquivo musical onde figuram 500 discos de 78rpm, 3.000 Lps, 300 singles e Eps.
Recentemente num edifício próprio em Odivelas abriu um Espaço Museu com a maioria do seu espólio.
A Câmara Municipal de Odivelas condecorou-o com a Medalha de Ouro da Cidade, pelo seu contributo cultural no País e no Concelho.
À Procura da História do Fado
Quando se anda nestas andanças de estudar o Fado, há mais de 40 anos, fico sempre admirado quando nascem especialista em dados momentos da vida portuguesa. Os meus mestres sempre me disseram que o que custa mais são os primeiros 50 anos. Por respeito aos mestres ainda me faltam mais 19 anos (se lá chegar) para entender qualquer coisa.
Por isso não vou fazer afirmações mas sim perguntas para reflexão.
1- Será que já entenderam que “fado-destino” não tem nada a ver com ”Fado-expressão musical”? Já leram a Triste Canção do Sul de Alberto Pimentel?
Quando ler este livro é bom ter à “mão de semear” a 4ª edição do Dicionário de Lacerda (1874) para comprovar que é verdade a afirmação do autor da Triste Canção do Sul de que é neste dicionário que pela primeira vez aparece a palavra Fado com “expressão musical”.
Sabiam que Luís de Camões utiliza 17 vezes a palavra “fado” nos Lusíadas.
Se quer um exemplo basta ler o canto I, estrofe 28 (Prometido lhe está do Fado eterno…)
Será que Luís de Camões já era Fadista?
2- Porque é que procuram as origens do Fado (expressão musical) na palavra “fado-destino” e não na pessoa que o criou e o cantou (o Fadista)? Quando é que apareceu o Fadista em Lisboa e porquê? Nas fotografias ou desenhos antigos o Fadista aparece sempre a tocar Guitarra Portuguesa. E quando é que apareceu a Guitarra Portuguesa em Lisboa e os “Guitarreiros” que a construíam? Quando é que apareceram os poetas e compositores de Fado?
3- Dizem os mestres na matéria que o Fado é uma canção triste e fatalista. Que tipo de Fado? Conhecem muita música clássica que seja alegre? A música de câmara é alegre? Existem muitas Óperas alegres? Será que todo isto é Fado? A Rebetica (música grega) é uma música alegre, já ouviram? Procurem vídeos desta canção na internet. Será que o Fado tem origem grega?
Para aqueles que gostam de Fado que tal uma leitura dos livros já escritos sobre o assunto. Assim podem formar uma ideia mais clara. Podem ir a Biblioteca Nacional no Campo Grande (Lisboa). Aqui fica a listas dos livros que falam do assunto:
http://www.jose-lucio.com/Fado/Livros.htm
Se tiverem paciência não deixem de consultar na Biblioteca Nacional de Lisboa os três grandes jornais sobre o Fado.
Canção do Sul, 1922 quinzenário com vários directores (António Cardo, Cândido Torrezão…).
O Fado, 1º exemplar publicado em 16 de Abril de 1910, semanário, proprietário e director Carlos Harrington.
Guitarra de Portugal, que nasceu a 15 de Julho de 1922.
Tri-Mensário de Literatura e Poesia, porta-voz do Fado que tinha com director o grande João Linhares Barbosa.
Estes jornais têm muito assuntos importantes sobre Fado que se lêem bem em 10 anos. Gostar de Fado é aprender a conhecê-lo. E conhecer dá trabalho.
Parabéns ao Vítor Duarte pelo contributo dado ao Fado. É que gostar de Fado não é sinónimo de comprar um CD, beber uns copos em ambientes fadistas ou ser vedeta do Fado. Aprender a gostar de Fado também passa por conhecer um pouco da sua história.
Um abraço a todos aqueles que têm contribuído pela dignidade do Fado
José Lúcio