Clique aqui para se inscrever na
Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Domingo, 15 de Julho de 2007

O Barco vai de saída - Poema e música de Fausto

 

 

O BARCO VAI DE SAÍDA 

Poema de: Fausto

 

O barco vai de saída

Adeus ó cais de Alfama

Se agora vou de partida

Levo-te comigo ó cana verde

Lembra-te de mim ó meu amor

Lembra-te de mim nesta aventura

Pra lá da loucura

Pra lá do equador

 

Ah mas que ingrata ventura

Bem me posso queixar

Da Pátria a pouca fartura

Cheia de mágoas ai quebra-mar

Com tantos perigos ai minha vida

Com tantos medos e sobressaltos

Que eu já vou aos saltos

Que eu vou de fugida

 Sem contar essa história escondida

                                    Por servir de criado essa senhora

                                    Serviu-se ela também tão sedutora

                                    Foi pecado

                                    Foi pecado

                                    E foi pecado sim senhor

                                    Que vida boa era a de Lisboa

                                    Gingão de rota batida

                                    Corsário sem cruzado

                                    Ao som do baile mandado

                                    Em terras de pimenta e maravilha

                                    Com sonhos de prata e fantasia

                                    Com sonhos da cor do arco-íris

                                    Desvairas se os vires

                                    Desvairas magia

 

Já tenho a vela enfunada                              

Marrano sem vergonha

Judeu sem coisa nem fronha

Vou de viagem ai que largada

Só vejo cores ai que alegria

Só vejo piratas e tesouros

São pratas são ouros

São noites são dias

Vou no espantoso trono das águas

Vou no tremendo assopro dos ventos

Vou por cima dos meus pensamentos

Arrepia

Arrepia

E arrepia sim senhor

Que vida boa era a de Lisboa

 

­                                                O mar das águas ardendo

O delírio dos céus

A fúria do barlavento

Arreia a vela e vai marujo ao leme

Vira o barco e cai marujo ao mar

Vira o barco na curva da morte

Olha a minha sorte

Olha o meu azar

 

E depois do barco virado

Grandes urros e gritos

Na salvação dos aflitos

Esfola

Mata

Agarra ai quem me ajuda

Reza

                                                 Implora

                                                 Escapa ai que pagode

                                                 Reza

                                                 Tremem heróis e eunucos

                                                  São mouros são turcos

                                                  São mouros acode

Aquilo é uma tempestade medonha

Aquilo vai pra´lá do que é eterno

Aquilo era o retrato do inferno

Vai ao fundo

Vou ao fundo

E vai ao fundo

Que vida boa era a de Lisboa


Navegar, Navegar
Autoria: Fausto
 
Navegar, navegar
Mas ó minha cana verde
Mergulhar no teu corpo
Entre quatro paredes
Dar-te um beijo e ficar
Ir ao fundo e voltar
Ó minha cana verde
Navegar, navegar
 
                                             Quem conquista sempre rouba
                                             Quem cobiça nunca dá
                                             Quem oprime tiraniza
                                             Naufraga mil vezes
                                             Bonita eu sei lá
                                             Já vou de grilhões nos pés
                                             Já vou de algemas nas mãos
                                             De colares no pescoço
                                             Perdido e achado
                                             Vendido em leilão
                                             Eu fui a mercadoria
                                             Lá na praça de Mocá
                                             Quase às avé-marias
                                             Nos abismos do mar
                                             Navegar, navegar...
 
Já é tempo de partir
Adeus morenas de Goa
Já é tempo de voltar
Tenho saudades tuas
Meu amor
De Lisboa
Antes que chegue a noite
Que vem do cabo do mundo
Tirar vidas à sorte
Do fraco e do forte
De cima e do fundo
Trago um jeito bailarino
Que apesar de tudo baila
No meu olhar peregrino
Nos abismos do mar
 
                                             Navegar, navegar...
Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
música: O Barco Vai de Saída
publicado por Vítor Marceneiro às 23:28
link do post | comentar | favorito
Clique na Foto para ver o meu perfil!

Contador

arquivos

Maio 2025

Abril 2024

Março 2024

Agosto 2021

Maio 2021

Fevereiro 2021

Março 2020

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Novembro 2018

Outubro 2018

Agosto 2018

Dezembro 2017

Outubro 2017

Agosto 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Aguarelas gentilmente cedidas por MESTRE REAL BORDALO. Proibida a sua reprodução.