Adelina Ramos canta:
Ouvi Cantar o Ginguinhas
ADELINA RAMOS
Adelina Ramos foi uma das verdadeiras fadistas, que o Fado conheceu.
Os Fados que ela cantava saíam-lhe da garganta onde o bairrismo alfacinha, puro e nato, tem todo o encanto pitoresco da genuína expressão fadista!
Adelina Ramos soube conservar-se humildemente, uma grande fadista!
Ao ouvi-la cantar o «menor», o «corrido», o «meia-noite», etc., afirmavam os seus admiradores:
— Sente-se o que ela canta, no modular espontâneo e natural das frases musicais, que lhe saem da garganta, como saem – isto é que é Fado, meus senhores... – ela dá-nos toda uma gama de sentimentos e emoções que no Fado procuramos e admiramos. Em noite grande, Adelina empolga, canta a garganta, cantam os olhos, cantam os gestos… E, quase sem nos apercebermo-nos, suavemente ficamos presos na magia da sua voz, que nos embala a alma, dizendo-nos coisas de amor, de saudade, de ciúme, de revolta... Sentimo-nos extasiados, fere-nos a carícia da sua voz a desvendar-nos esse mundo íntimo e profundo, que palpita em todos nós, e só o Fado consegue revelar.
Adelina Ramos foi proprietária do Restaurante Típico “A Tipóia”, recinto por onde passaram quase todos os grandes nomes da época, quer de fadistas, quer figuras de relevo da sociedade de então.
versos de: Carlos Conde
Adelina Ramos. Pronto.
Não é preciso mais nada,
Nem há lugar p'ra confronto
Nesta artista consagrada.
Canta o fado à moda antiga,
E dos laivos do passado
Às rimas de uma cantiga
Tudo tem sabor a fado.
Pela expressão saudosista
Que imprime aos fados que entoa,
Há quem lhe chame a fadista
Mais fadista de Lisboal