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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Sábado, 25 de Agosto de 2007

FRUTUOSO FRANÇA

Frutuoso França canta: 

Amizades
 

FRUTUOSO FRANÇA

Nasceu em Lisboa no bairro de Alcântara) em 1912, tendo começado a cantar o fado muito jovem, nas sociedades de recreio, onde também fez teatro dra­mático. Participou em cegadas, estreando-se numa da autoria de Carlos Conde intitulada «Carnaval da Vida». Cantou nos antigos retiros Perna de Pau e Ferro de Engomar, na Adega Vitória, no Café dos Anjos, no Retiro da Severa, no Solar da Alegria, no Café Mondego, no Café Ginásio e no Café Luso (da Avenida).

Em 1936 iniciou a sua carreira de cantador profissional, no Café Luso (da Avenida) e também quando este foi transferido para a Travessa da Queimada, onde ainda hoje existe.

Participou nas revistas "Iscas Com Elas" e "Dança da Luta" (1938) levadas à cena no Teatro Apolo, conquis­tando o público com o seu estilo castiço e com as letras dos seus fados.

Em 1950 parte para Angola, onde permaneceu durante dez anos a trabalhar na sua profissão de cortador de carnes, mais tarde na Rodésia, África do Sul e Holanda.

Regressa a Portugal em 1976, e reinicia a sua actividade de cantador, actuando em festas, em casas típicas,  na televisão e na rádio.

È dos fadistas que tem todo o seu repertório gravado em discos,  nos quais inclui fados com músicas da sua autoria como Anabela, Amigos São Inimigos, O Mineiro, Doutora Inocente, Diálogo em Sentido Figurado, Coisas da Vida, Salve!, Vê-te ao Espelho e Eterno Amor de Mãe, O Sábio e o Barqueiro, Fado Cadillac, Maria da Paixão, Contraste, Não Com­preendo, etc., para além de outros autores.

Dos cerca de 30 fados cantados por Frutuoso França, um dos que tiveram maior audiência foi “O Médico e a Duquesa”, com música sua e letra de Joaquim M. S. Teixeira.

 

Nos anos 80, em que eu trabalhava como produtor cinematográfico, com os realizadores de filmes de animação, Mário Neves Sénior e Mário Neves Júnior, decidimos fazer um pequeno filme documentário numa sátira ao poema do “Médico e a Duquesa”, que  para não ser muito dispendioso nós próprios éramos os actores e técnicos.

O pequeno filme (tem o mesmo tempo do disco, pois a música de fundo e o cantar é a própria narração),  estreou no Condes antes do filme principal em cartaz.

Foram vários dias de filmagens, só os três no estúdio, em que era mais o tempo que riamos às gargalhadas, do que filmávamos, com as fotos que vos mostro a seguir podem deduzir  “o gozo” que nos deu fazer este filme.

Eu fui o mais sacrificado, tive que cortar o bigode, fiz o “travesti” da Duquesa  e andei vários dias enjoado com as pinturas.

Infelizmente não consegui arranjar o tema cantado pelo Frutuoso França, pois julgo que só existe em disco de massa para grafonola, mas transcrevo a letra, que conjuntamente com as fotos vos dará uma ideia do trabalho final.

Entretanto estou a tentar arranjar uma cópia do filme na Cinemateca Nacional, pois perdi o contacto do pai e filho Mário Neves.

Vítor Duarte Marceneiro

 

O MÉDICO E A DUQUESA

 

Autor: Frutuoso França                                                        Foto 1

 

Era um médico ilustre e inteligente

Que o povo humilde amava com prazer

E ele a todos queria meigamente

Salvando muita gente de morrer.

 

Mas num dia fatal se apaixonou

p'la mais linda cliente, uma duquesa,

Que dele escarneceu e assim falou:

"Não lhe dou minha mão, sou da Nobreza!"

                                                                                                

                                                                                               Foto 2

Mais tarde a duquesa adoecia

E os grandes da Ciência são chamados,

Mas pertinaz doença a envolvia

Deixando os cirurgiões desanimados.

 

                                                                                                          

                                                                                   Foto 3

Ela ao ver-se pior, desfalecida,

Do seu médico antigo se lembrou.

E esse jovem doutor salvou-lhe a vida

O que a muitos colegas espantou.

                                                                                                        

         

Ela então ofereceu-lhe a sua mão

Para lhe pagar, altiva e sedutora                                                Foto 4

Mas teve uma tremenda decepção

Ouvindo esta resposta esmagadora.

 

"Se vós sois da Nobreza, é por dever

Qu'assim me quereis pagar, mas (se me entende)

Eu sou muito mais nobre, pode crer,                                   

Pois o amor duquesa não se vende   

                                              

      

                Foto 5                                                 Foto 6

Curta Metragem cores 35mm (1980)

Realizador:           Mario Neves

Efeitos especiais: Mário Jorge

Produção:             Vítor Duarte

Foto 1 - Duquesa (Vítor Duarte) com Médico (Mário Jorge)

Foto 2 - Duquesa (Vítor Duarte)

Foto 3 - Duquesa (Vítor Duarte) com Mordomo (Mário Neves)

Foto 4 - Duquesa (Vítor Duarte) com Médico (Mário Jorge)

Foto 5 - Duquesa (Vítor Duarte) com Mordomo (Mário Neves)

Foto 6 - Mário Jorge,  Mário Neves e Vítor Duarte

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
música: Amizades
publicado por Vítor Marceneiro às 08:18
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16 comentários:
De Vítor Marceneiro a 25 de Agosto de 2007 às 23:48
Muito obrigado pelos seus comentários.
Gabino Ferreira foi publicado em 24 de Junho e Júlio Peres no dia 1 de Agosto.
Cumprimentos
Vítor Marceneiro
De Maria Luisa Castanheira a 29 de Agosto de 2007 às 13:00
Peço desculpa pelo lapso, todavia à Velha Guarda falta o Julio Vietas e o José Coelho!
De Vítor Marceneiro a 29 de Agosto de 2007 às 17:44
Na realidade está nos meus projectos falar de Júlio Vieitas, isto porque tenho fontes para consultar e é um nome que desde sempre ouvi falar no Fado, foi aliás companheiro de meu avô.
Quanto a José Coelho, lamento informá-la que não conheço, se tiver dados sobre a personagem e uma foto e quizer fornecer-me, teria imenso gosto em publicar, porque vai contribuir para a melhoria dos meus conhecimentos e dos amantes do Fado, e seria mais uma pessoa a colaborar, pois este blog não é "fechado" qualquer colaboração que venha por bem, é bem recebida. Óbviamente que o artigo será assinado por quem o fizer.
Fico a aguardar.
Cumprimentos
Vítor Marceneiro
De Maria Luísa Castanheira a 31 de Agosto de 2007 às 12:30
lamento nao o poder ajudar mas sei que esse fadista constava do disco da Movieplay "Velha guarda" e gotei de o ouvir o fado "Pacados quem os nao tem". Talvez atarvés da Movieplay, do Museu do Fado ou da própria APAF. Todavia, parabéns pelo excelente trabalho
De Rui Rocha a 10 de Setembro de 2007 às 13:58
Caro Vítor se me permite, José Coelho foi um dos mais populares fadistas da década de 1930 e seguinte quando interrompeu a sua carreira. Fez parte dos elencos do Café Latino, Mondego, Retiro dos Marialvas e da Severa, entre outros. Surgiu num dos concursos Primavera do Fado na déada de 1930. Foi figura assídua das noites de fado na Rádio Graça.As suas coroas de glória como dizíamos na época foi "Eu gosto daquela feia", "Sexta-feira da Paixão" e "Alerta", mas teve outros fados conhecidos como "Passei ontem em Alcobaça" ou, de facto "Pecados quem os não tem". Em 1961 regressou a Lisboa, tendo sido homenageado no Solar da Madragoa que viria dirigir nos anos de 1975 e 1976. Na década de 1980 gravou esse disco citado pela senhora. Foi um fadista expressivo de voz clara e bem colocada, e de grande clareza na dicção.
De Vítor Marceneiro a 10 de Setembro de 2007 às 21:15
Meu Caro Amigo
Só tenho a agradecer a sua disponibilidade, pois eu como disse infelizmente não conheci José Coelho, e não encontrei nada escrito sobre ele, é certo que não vou conseguir lembrar toda a gente com destaque, mas colaboração e passagem de conhecimentos, como o meu amigo está a dar, é que eu gostava que houvesse mais, pois quem fica a ganhar omos todos nós os amantes do Fado.
Muito obrigado, e este espaço está sempre à sua disposição.
Um Abraço Fadista
Vítor Marceneiro
De Carlos Costa a 11 de Setembro de 2007 às 16:42
Conheci o José Coelho foi um dos grandes do seu tempo. Partiu para África por razões políticas, aliás esse fado o "Alerta" cantado na música do Ala Arriba" ele cantava apenas entre amigos pois estava proibido pela censura, antes do 26 de Abril. O seu regresso em 1961 foi muito festejado pois tinha deixado na metrópole muitos admiradores. A Guitarra de Portugal, caro Vítor dedicou-lhe algumas páginas inteiras. Uma das fadistas que o recordará por certo é a Maria Amélia Proença ou a Julieta Reis, ainda vivas e a cantar muito bem! José Coelho morreu, em Lisboa, nos começos de 1990, na década de 1980 ainda animou muitas noites e tardes de fados.
De Vítor Marceneiro a 12 de Setembro de 2007 às 11:34
Meu caro amigo.
Obrigado pela ajuda, pois como já disse na parte de Fado não estava a ver a personagem, que infelizmente não conheci, mas o meu amigo , relembra outras actividades do José Coelho, que avivaram na minha memória quem ele era, afinal até conheço as filhas e um neto, que vou contactar para que eles melhor que ninguém, e se assim o quiserem, escrevam uma crónica sobre José Coelho, que será publicado aqui com muito gosto.
Aguardemos.
Um abraço fadista
Vítor Duarte

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