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"O Patriarca do Fado"
Sexta-feira, 5 de Outubro de 2007

JÚLIA MENDES

JÚLIA MENDES

Cantadeira e actriz, nasceu em Lisboa (1885­-1911).

Revelando desde pequena especial talento, começou a cantar o Fado pelas ruas de Lisboa enquanto a mãe pedia esmola.

Estreou-se no teatro de revista no Teatro da Trindade, no dia 25 de Dezembro de 1902, numa matinée promovida pela Tuna do Diário de Notícias.

Foi a consolidação de uma carreira iniciada nos teatros de feira, situação que viria a prejudicá­-la junto de alguns empresários, nomeadamente José dos Santos Libório, do Casino de Paris, o qual apesar disso lhe assegurou o primeiro contrato estável, tornando-se desde logo conhecida do grande público pelo seu espírito trocista, ditos brejeiros e capacidade de improviso.

Passou pelo Príncipe Real e pelo teatro Aveni­da. Ficaram célebres as suas participações nas revistas Ó da Guarda!, P'rá Frente, Zig-Zag, ABC e Sol e Sombra.

Menina mimada do povo boémio da época pela beleza da sua voz e dicção claríssima, foi con­siderada Rainha da Revista, chegando a manter um teatro com o seu nome - Salão Júlia Mendes­ na Feira de Agosto.

Desempenhou o papel de Se­vera na ópera cómica do mesmo nome, acompa­nhando-se à guitarra.

Os seus grandes olhos expressivos e alegria na­tural criaram um estilo a que não era alheio, segun­do os críticos da época, uma subtil tendência para o trágico dentro do próprio humor que levaram ao carácter eminentemente popular da sua Severa.            

Representou pela última vez, em 1910, na Fei­ra de Agosto, na revista Zig-Zag.

Tal como Maria Vitória desaparecida muito jovem, com ela se formou um dos grandes mitos dos tempos do Fado do início do século.

Em 1969, na Revista Ena,  Já Fala, é relembrada por Fernanda Batista, que declamava:

Acabando em apoteoso cantando  o Fado ”Saudades da Júlia Mendes”,

 cujos autores foram: João Nobre e César de Oliveira, Rogério Bracinha e Paulo Fonseca

  © Vítor Duarte Marceneiro

Maria da Nazaré canta:

Saudades da Júlia Mendes

 

 

Ó Júlia

Trocas a vida pelo fado Pelo fado

Esse malandro vadio

Ó Júlia

Olha que é tarde

Toma cuidado

Leva o teu xaile traçado

Porque de noite faz frio

Ó Júlia

Andas com a noite na alma

Tem calma

Inda te perdes p' raí

Ó Júlia

Se estás no mundo vencida

Não finjas gostar da vida

Que ela não gosta de ti.

 

                                      Não fales coração

                                      Tu és um tonto sem razão

                                      Viver só por se querer

                                      Não chega a nada

                                      Aceito a decisão

                                      Que os fados trazem ao nascer

                                      Todos nós temos que viver

                                      De hora marcada

                                      Se Deus me deu voz

                                      Que hei-de eu fazer

                                      Senão cantar

                                      O fado e eu a sós

                                      Queremos chorar

                                      Eu fujo não sei bem

                                      De quê, do mundo ou de ninguém

                                      Talvez de mim

                                      Mas oiço alguém

                                      Dizer-me assim:

 

                                      Ó Júlia etc.

 Nota:

Este apontamento teve a preciosa colaboração iconográfica  do coleccionador e grande amante do Fado, Fernado Batista, do Porto

        

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
música: Saudades da Júlia Mendes canta Maria da Nazaré
publicado por Vítor Marceneiro às 12:00
link do post | favorito
De Tete a 6 de Outubro de 2007 às 18:04
A fadista Maria da Nazaré é realmente uma das Grandes Senhoras do Fado. É dotada de uma grande sensibilidade e é um prazer ouvi-la a cantar e a encantar nas noites fadistas em que está presente.
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