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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Sexta-feira, 2 de Janeiro de 2015

AVELINO DE SOUSA, Compositor, poeta e dramaturgo

 

 

Nasceu em Lisboa  no ano 1880 e residia nos Bairro de Campolide, faleceu  em 1946.

Começou a trabalhar numa livraria, foi posteriormente tipógrafo e bi­bliotecário da Torre do Tombo.

Aos 15 anos já cantava as suas obras. Era pre­sença obrigatória em qualquer festa de trabalha­dores.

cantando apenas obras suas,  nor­malmente acompanhado pelo guitarrista Domin­gos Pavão, seu amigo de infância, o mote das suas letras, versava o amor, saudade e também usava o Fado, para através dele veicular as suas ideias politicas e sociais.

Cantou em tabernas, retiros, colectividades de recreio, em salas de gente elegante.

Travou grandes “despiques” com João Patusquinho, Manuel Serrano, João Black, Júlio Janota, Carlos Harrington e o Calci­nhas Narigudo.

Estreou-se em 1911, como autor teatral com a revista “Perdeu a Fala”, vindo a conquistar assinalá­vel êxito com a opereta “Bairro Alto”, com música de Venceslau Pinto, Alves Coelho e Raul Portela, apresentada em 1927 no Teatro São Luiz, em que a cantadeira Aldina de Sousa, desempenha o papel de Adelaide Pinóia cantando o Fado do Bairro Alto, “Cacho Doirado” (de colaboração com Venceslau de Olivei­ra), a fantasia “País do Sol” (de colaboração com Carlos Leal), o drama “A Guerra” (de colaboração com Luís Galhardo), e o «vaudeville» “Guerra do Fa­do”.

Publicou ainda, entre outros, os livros Canções do Fado, O Fado das Mulheres, A Canção Nacional (com prefácio de Angelina Vidal), Cinquenta So­netos e Cantem Todos...

Há uma quadra que compôs,  que ainda hoje, quase toda a gente, principalmente do Fado conhece, pela sua originalidade, sendo muito cantada em desgarradas:

 

Ao Fado tudo se canta,

Ao Fado tudo se diz:

— No cristal de uma garganta

Vive a alma de um país.

 

Colaborador regular da imprensa operária e da imprensa do Fado, coligiu em 1912 os artigos escritos em A Voz do Operário sob o título O Fado e os Seus Censores, com prefácio de Júlio Dantas, obra de referência na bibliografia fadista.

© Vítor Duarte Marceneiro

 

 

NOTA:

Meu avô era companheiro de Avelino de Sousa, (ainda não era conhecido como “Alfredo Marceneiro”), e foi por sua influência que entrou para sócio de “A Voz do Operário” em 1914, o que decerto muito contribuiu para o seu futuro como fadista, mais tarde e já conhecido como Alfredo Marceneiro, veio a integrar o elenco da opereta de Avelino de Sousa “História do Fado”, no Coliseu dos Recreios, como interprete de Fado.

 


 

FADO DO BAIRRO ALTO

 

Letra de: Avelino de Sousa

Música de: Alves Coelho

Cantado por: Aldina de Sousa n´Opereta Bairro Alto

 

Coro

 

É o fado nacional

A canção mais portuguesa,

Que nos fala ao coração

E que tem em Portugal

A graça, o encanto, a beleza,

Da mais sagrada oração!

 

                                                            I

                                                            Do Alto Longo ao Camões,

                                                            Atravessa-se num salto!

                                                            Mas tão curtas dimensões

                                                            Guardam sempre as tradições

                                                            Do meu velho Bairro Alto!

 

refrão

 

Quando chega a procissão

Dos Passos, no seu andor,

Todo o bairro vai então

Confirmar a devoção,

Beijar o pé ao Senhor!

O Bairro Alto

Vale mais que a Mouraria,

Onde a Severa vivia

E só por isso tem fama!...

O Bairro Alto,

Mais fidalgo e mais artista,

É mil vezes mais fadista

Até do que a própria Alfama.

 

                                                            II

 

                                                            Da madrugada ao alvor

                                                            Passa a rascoa e o faia...

                                                            E entre a navalha e o amor

                                                            Chora o fado a sua dor

                                                            Pela Rua da Atalaia!

 

                                                            Toda a gente dos jornais,

                                                            Poetas e actor's lá vão

                                                            Ouvir os sons divinais

                                                            Dos fadinhos nacionais

                                                            À taberna do Tacão!

 

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
Viva Lisboa: Grandes da Velha Guarda
publicado por Vítor Marceneiro às 00:00
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4 comentários:
De iDesignUS a 4 de Agosto de 2010 às 20:45
Fiquei bastante contente com este post, afinal de contas, Wenceslau de Oliveira era meu bisavô.

Sei que trabalhou para revistas,jornais como o Diário de Noticias, até o celebre Vasco Santana lhe roubar muitos projectos, ainda hoje guardo o livro " Lágrimas de Sangue ", escrito por ele.

Isto são histórias partilhadas, pelo meu avô, um dos 7 filhos de Wenceslau de Oliveira.
De Marta a 18 de Março de 2011 às 11:27
Como é que é possível só hoje ter descoberto este blog e que por coincidência fala no meu bisavô Wenceslau de Oliveira?

Ainda hoje temos para a além do Livro Lágrimas de Sangue que dedicou à família e amigos. Outros textos que escreveu para o Teatro. Como por exemplo "Ciganos".

De Anónimo a 27 de Maio de 2019 às 21:22
Boa tarde
tenho 3 livros do seu avô, se tiver interesse pode contatar 964130093
Fado e amor-Maria Condessa-Alma de fadista, encadernados
muito obrigado
Vitor
De Vítor Marceneiro a 28 de Maio de 2019 às 10:29
Pois, mas é preciso fazer sempre algo para que os nosso antepassados sejam relembrados.... é o que eu tenho feito, escrevo sobre os meus e os dos outros... Porque será que eu não sei mais sobre o Wenceslau Oliveira!? Porque será que eu não conheço o livro Lágrimas de Sangue e o Texto "Ciganos", é que sobre o Avelino de Sousa eu já tinha escrito sobre ele, e uma Senhora "Filha Adoptiva", enviou-me todo o seu espólio, livros e fotos que estão em exposição na sede da Associação Alfredo Marceneiro.... Já agora um desabafo.... isto é feito inteiramente ás minhas custas. Obrigado pelas vossas calorosas palavras sobre o blogue. Vítor Marceneiro

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