JÚLIO PROENÇA (de facto Júlio da Fonseca), cantador de voz quente e sentimental, nasceu em Lisboa, na Rua do Capelão, n.º 20 (perto da casa onde morou a Severa), em pleno coração da Mouraria, e ali aprendeu a cantar com a mãe, mais tarde mudou-se para o Bairro Alto (Rua das Gáveas).
Em 1917, pela mão do cantador António Lado, começou a cantar como amador em festas de beneficência, nos retiros, em esperas de touros, em cinemas, nos teatros ApoIo, Trindade, Avenida, Maria Vitória e no Salão Artístico de Fados. E em 1927 tomou parte, ainda como amador, numa digressão por várias localidades do País - a primeira que se realizou no género - com Joaquim Campos, Alberto Costa, Raul Ceia e Maria do Carmo, os guitarristas Armandinho e Herculano Rodrigues e o violista Abel Negrão.
Júlio Proença tornou-se cantador profissional em 1929, ano em que no Coliseu dos Recreios participou na opereta Mouraria. Actuou também nos teatros Joaquim de Almeida, Eden-Teatro, S. Luís, Capitólio e Variedades, nos clubes Monumental, Ritz, Olímpia e Maxim's, no Retiro da Severa, no Solar da Alegria (que reabriu sob a sua direcção e a de Deonilde Gouveia em Março de 1931) e nos Cafés Ginásio, Mondego e Luso.
Com um estilo sentimental e boa dicção, Júlio Proença cantou versos dos poetas Augusto Sousa, Fernando Teles, Júlio Guimarães, Henrique Rego, Frederico de Brito e João Linhares Barbosa, e distinguiu-se como autor de música de fados, entre eles o Fado Proença, Fado Camélias e Fado Moral. Das suas interpretações gravadas em disco, citam-se: Como Nasceu o Fado, Três Beijos, Olhos Fatais, Mentindo Sempre, Meu Sonho, Minha Terra, Meu Sentir, Saudade, etc.
Em 1946 foi homenageado numa festa realizada na Sala Júlia Mendes no Parque Mayer.
Parte para Moçambique onde veio a falecer em 1970
© Vítor Duarte Marceneiro