Nasceu em Lisboa em 1880 e residia no Bairro de Campolide. Faleceu em Lisboa em 1946.
Começou a trabalhar numa livraria, foi posteriormente tipógrafo e bibliotecário da Torre do Tombo.
Aos 15 anos já cantava as suas obras. Era presença obrigatória em qualquer festa de trabalhadores.
cantando apenas obras de sua autoria, normalmente acompanhado pelo guitarrista Domingos Pavão, seu amigo de infância, o mote das suas letras, versava o amor, saudade e também usava o Fado, para através dele veicular as suas ideias politicas e sociais.
Cantou em tabernas, retiros, colectividades de recreio, em salas de gente elegante.
Travou grandes “despiques” com João Patusquinho, Manuel Serrano, João Black, Júlio Janota, Carlos Harrington e o Calcinhas Narigudo.
Estreou-se em 1911, como autor teatral com a revista “Perdeu a Fala”, vindo a conquistar assinalável êxito com a opereta “Bairro Alto”, com música de Venceslau Pinto, Alves Coelho e Raul Portela, apresentada em 1927 no Teatro São Luiz, em que a cantadeira Aldina de Sousa, desempenha o papel de Adelaide Pinóia cantando o Fado do Bairro Alto, “Cacho Doirado” (de colaboração com Venceslau de Oliveira), a fantasia “País do Sol” (de colaboração com Carlos Leal), o drama “A Guerra” (de colaboração com Luís Galhardo), e o «vaudeville» “Guerra do Fado”.
Publicou ainda, entre outros, os livros Canções do Fado, O Fado das Mulheres, A Canção Nacional (com prefácio de Angelina Vidal), Cinquenta Sonetos e Cantem Todos...
Há uma quadra que compôs, que ainda hoje, quase toda a gente, principalmente do Fado conhece, pela sua originalidade, sendo muito cantada em desgarradas:
Ao Fado tudo se canta,
Ao Fado tudo se diz:
— No cristal de uma garganta
Vive a alma de um país.
Colaborador regular da imprensa operária e da imprensa do Fado, coligiu em 1912 os artigos escritos em A Voz do Operário sob o título O Fado e os Seus Censores, com prefácio de Júlio Dantas, obra de referência na bibliografia fadista.
Meu avô era amigo de Avelino de Sousa, (ainda não era conhecido como “Alfredo Marceneiro”), e foi por sua influência que entrou para sócio de “A Voz do Operário” em 1914, o que decerto muito contribuiu para o seu futuro como fadista, mais tarde e já conhecido como Alfredo Marceneiro, veio a integrar o elenco da opereta de Avelino de Sousa “História do Fado”, no Coliseu dos Recreios, como interprete de Fado.
Parte do espólio de Avelino de Sousa, foi entregue ao autor deste bloco, na sua qualidade de Director Executivo da Associação Cultural de Fado “ O Patriarca do Fado”- Alfredo Marceneiro, através da Poetisa Aline Mamede e a pedido da Srª. Dª Noémia Marques Gouveia Alexandre, filha adoptiva de Avelino de Sousa e de sua mulher Lucinda Ferreira de Sousa, para que o entregasse a quem considerasse que melhor o divulgaria e conservava, pelo que, a A.C.F.P.F, foi quem lhe mereceu melhor consenso, aliás este blogue já tinha relembrado este grande autor numa publicação desde 2007.
Este espólio, é composto por:
Foi uma grande honra recebermos este espólio, sabemos que não fomos a primeira opção, mas as outras, que pensavam ter mais lógica recebê-las, foram ao que me constou, uma desilusão.
Aqui vos deixo algumas fotos deste extraordinário espólio.
Vítor Duarte Marceneiro
Fotos do manuscrito e do livro encardenado da Opereta Bairro Alto
Fotos da Opereta "Bairro Alto" com a artista que fazia de camareira Aldina de Sousa e outros figurantes.
Livro de Poemas manuscrito dedicado á mulher Album de Recordações
FADO DO BAIRRO ALTO
Letra de: Avelino de Sousa
Música de: Alves Coelho
Cantado por: Aldina de Sousa n´Opereta Bairro Alto
Coro
É o fado nacional
A canção mais portuguesa,
Que nos fala ao coração
E que tem em Portugal
A graça, o encanto, a beleza,
Da mais sagrada oração!
Do Alto Longo ao Camões,
Atravessa-se num salto!
Mas tão curtas dimensões
Guardam sempre as tradições
Do meu velho Bairro Alto!
refrão
Quando chega a procissão
Dos Passos, no seu andor,
Todo o bairro vai então
Confirmar a devoção,
Beijar o pé ao Senhor!
O Bairro Alto
Vale mais que a Mouraria,
Onde a Severa vivia
E só por isso tem fama!...
O Bairro Alto,
Mais fidalgo e mais artista,
É mil vezes mais fadista
Até do que a própria Alfama.
Da madrugada ao alvor
Passa a rascoa e o faia...
E entre a navalha e o amor
Chora o fado a sua dor
Pela Rua da Atalaia!
Toda a gente dos jornais,
Poetas e actor's lá vão
Ouvir os sons divinais
Dos fadinhos nacionais
À taberna do Tacão!