No fim da Idade Média, vulgarizou-se chamar-se “guitarra”, na Península Ibérica, a todo o instrumento de dedilhação, Provinha a palavra do étimo grego “Kitara”, que em latim tinha a grafia de” Chitara”, ou “Cítara”.
Mas o instrumento medieval mais usado para acompanhamento de canções era o “Alaúde”, que só apareceu na Europa para além dos Pirinéus, no século XIII, mas na Península Ibérica já era utilizado desde o século VIII.
Havia também um outro instrumento em forma de “8”, de uso mais popular e também denominada guitarra, ou mais precisamente “Guitarra Castelhana”, que em Espanha acabou com a utilização do “Alaúde”.
Em Portugal continua-se a utilizar o “Alaúde” mas agora denominado de “Guitarra”, em relação à “Guitarra Castelhana”, os portugueses passam a denominá-la de “Viola” do latim “Vitula” já que a sua forma se assemelha ao instrumento de concerto “Viola de Arco”.
Hoje fazemos referência à Guitarra Portuguesa, à Viola de Fado e à Guitarra Clássica (Espanhola)
Apenas em Portugal se mantém a parelha da Guitarra com a Viola para acompanhar o Fado.
Até ao século XVIII, o sistema de afinação das guitarras portuguesas era constituído por “cravelhas de madeira”, mais tarde (no tempo da Severa) aparece a “chapa metálica quadrangular”, cuja afinação se fazia com uma chavinha de relógio. No final de século XIX, toma a forma actual de leque, afinada por esticadores em parafuso, (no tempo da Cesária e da Maria Vitória) e que tem vindo a sofrer alterações até aos dias de hoje.
Era e é notório o amor tradicional dos portugueses pela sua guitarra.
Afirma-se que era tal a afeição pela guitarra pelos portugueses, que após a trágica jornada de Dom Sebastião em que o nosso Rei foi derrotado pelo Sultão de Fez de Marrocos, que entre os despojos do acampamento dos portugueses havia milhares de guitarras.
Também os nossos marinheiros levavam guitarras nas caravelas que singrava os mares à descoberta de Novos Mundos.
Foi na distância das terras longínquas que a saudade da Pátria e das afeições apartadas, que as trovas dos nautas portugueses ganharam novos ritmos e o Fado actual entrou em embrião
in: Fado de Mascarenhas Barreto
Variações na Guitarra Portuguesa por José Nunes
GUITARRA, VEM COMIGO!
Letra: Carlos Conde
Guitarra, velha amiga e companheira,
Da boémia afadistada
Vem daí perde a noite inteira
Em alegra ramboiadada
Como foste e grande amiga
Das rimas de uma cantiga
Em tempos que já lá vão.
Quero andar contigo à toa
Pelos Bairros de Lisboa
Onde mora a tradição
Velha guitarra
Meu sonha e fado
Vamos p´ra a farra
Lembrar tempos do passado.
Quero mostrar
Que tenho brio
Para cantar
Um despique ao desafio!
Vem daí, mostrar à mocidade
A graça que o fado tinha
Vamos correr os bairros da cidade
Onde tu foste rainha!
Vem, guitarra, vem comigo,
Reviver o tempo antigo
Que o teu passado resume;
Viver no fado a balbúrdia
Das grandes noites de esturdia,
Juras, amor e ciúme!
Quando publiquei esta página em Maio de 2007 recebi esta nota, que muito me apraz trancrever.
De João Filipe Braga a 23 de Agosto de 2007 às 18:33
Caro Vitor,
Gostaria antes de mais, de o congratular por todo o precioso trabalho que tem vindo a desenvolver,e , de lhe agradecer por toda a informação que tem divulgado e disponibilizado neste seu site.
Gostaria de complementar a informação alusiva á guitarra portuguesa, referindo que existem actualmente duas variantes na Guitarra Portuguesa, nomeadamente a de Lisboa e a de Coimbra, diferindo ambas nas sua morfologia, na sua ornamentação bem como na sua afinação e consequente sonoridade, e técnica de execução.
Cracteriza-se a guitarra de lisboa, pela sua maior caixa de ressonância, e pelo remate da sua extremidade a qual se desenvolve segundo uma voluta, estando munido o instrumento de inumera ornamentaçãona sua escala, na sua boca e no remate das suas ilhargas. A sua execução apresenta-se tal como instrumento, mais ornamentada.
A guitarra de Coimbra nasce pela mão de Artur Paredes, nesta mesma cidade, a qual foi concebida para ser tocada na rua, tendo assim uma afinação mais grave (afinando um tom abaixo da guitarra de lisboa) de forma a poder projectar o seu som. É um objecto despojado de qualquer ornamentação, recusando inclusivamente a marcação da sua escala nos trastos do seu braço. A sua extremidade termina com uma lagrima, a qual é uma alusão à lagrima de Sta Isabel, Padroeira de Coimbra. O seu leque de afinação difere tambem do lisboeta.
A sua técnica de execução é coerente á sua austeridade.
Existe porem uma terceira variante na guitarra portuguesa, denominando-se de Guitarra do Porto, a qual apresenta uma dimensão menor e diferindo das outras pela ornamentação da sua extremidade a qual apresenta o desenho de um rosto humano, de uma flor ou de um animal