Sabes Zé, o meu avô ensinou-me-
QUEM MEUS FILHOS BEIJA MINHA BOCA ADOÇA
Obrigado pelo carinho que lhe dedicaste, e que ele te retribuiu.
JOSÉ PRACANA, nasceu a 18 de Março de 1946 em Ponta Delgada, S. Miguel, Açores. Em 1956 veio residir para Lisboa com os pais e os irmãos
Iniciou a sua carreira artística em 1964 como fadista-amador, estatuto que sempre manteve, cantando e imitando em festas de estudantes. Frequentou várias casas de Fado-Amador que existiram no Estoril e em Cascais, onde aos fins de semana se juntava a José Carlos da Maia, Carlos Rocha, que em 1965 lhe proporciona as primeiras lições de guitarra portuguesa, João Ferreira-Rosa, António Mello Corrêa, Francisco Stoffel, João Braga, Teresa Tarouca, Carlos Guedes de Amorim, Francisco Pessoa e outros.
Em 1968 actuou pela primeira vez na RTP, num programa das Forças Armadas. Em 1969 foi ao Zip-Zip.
Em Dezembro de 1969, com Luís Vasconcellos Franco, seu conterrâneo, inaugurou o Bar de Fados Arredo, em Cascais, que dirigiu até 1972, ano em que abandonou a actividade empresarial para trabalhar na TAP onde exerceu as funções de Comissário de Bordo e de funcionário da Direcção de Relações Públicas/Relações Externas e Protocolo da TAP/Air Portugal.
Na RTP participou no Curto-Circuito em 1970, programa de Artur Agostinho e João Soares Louro. A convite da RTP produziu o programa Vamos aos Fados, em 1976, uma série de cinco programas da sua autoria. Em 1985 entrou no programa televisivo de Carlos Cruz, "Um, Dois, Três". João Maria Tudela convidou-o para a RTP em 1987, actuando em Noites de Gala. No ano seguinte Simone de Oliveira teve a mesma iniciativa no Piano Bar. Em 1991 Júlio Isidro levou-o a Regresso ao Passado. A convite da RTP-Açores fez uma série de cinco programas com o título Silêncio Que Se Vai Cantar O Fado, em 1993. No ano seguinte Herman José convidou-o para Parabéns. Em 1995, Carlos Cruz fê-lo entrar em Zona Mais. etc.
Grande admirador de José Nunes e seu seguidor no estilo em que toca guitarra, e também de Alfredo Marceneiro.
Nos últimos anos regressou aos Açores onde vive actualmente.
José Pracana nos últimos tempos tem lutado contra uma doença que tem debilitado, mas estou crente que não o irá derrotar.... E Graças a Deus não derrotou.
Felicidades “Kana”
Vitó
Para mim, escrever sobre José Pracana, melhor dizendo, o Kana, é canja. O Zé e eu conhecemo-nos numa das noites quentes do Cartola — um bar na cave do Tridente, um restaurante que ficava mesmo defronte do antigo Cinema S. José, em Cascais, no tempo em que começámos a correr para as fadistices que lá havia como se disso dependesse as nossas vidas. Lá, no Estribo, no Galito, em Caxias, mais tarde no seu Arreda, na Taverna do Embuçado, enfim, em todo e qualquer sítio onde houvesse uma guitarra, uma viola, mulheres bonitas e com bom ouvido. Depressa me apercebi, nesses primeiros encontros, de que ele tinha talento para dar e vender, além de um sentido de humor que é raro encontrar na Península Ibérica, o que é perfeitamente natural: nasceu nos Açores.
Ao Zé, conheci-lhe três paixões fundamentais: as mulheres, a boa mesa e a guitarra. E não obrigatoriamente por esta ordem. Um dos guitarristas de fado que mais me deslumbrou, desde que o escutei em casa de meus pais, tinha eu quatro, cinco anos de idade, foi José Nunes. Sei que o Kana também se encantou com a sua arte fadista e elegeu-o como farol, no que à lira diz respeito, sem que isso o impedisse de admirar mais alguns e entusiasmar-se com os seus trinados, porque o sectarismo não habita o interior do Zé, ao contrário do que é comum, desgraçadamente, à maioria dos fadistas.
Não fosse José Pracana um incorrigível amador e podia ter tido uma carreira profissional ímpar, como humorista, do género “stand-up comedy” — para usar uma terminologia pós-moderna —, numa variante composta por imitações, melhor dizendo, por caricaturas de personagens conhecidas do grande público: Alfredo Marceneiro, Carlos Ramos, Vasco Santana, Francisco José, Vitorino Nemésio, António Ramalho Eanes, Tony de Matos, António Silva, Vicente da Câmara e até Simone de Oliveira, a Simone dos tempos em que a obrigavam, pobre dela, a ir para África entreter as tropas colonialistas. Pensando melhor, não é legítimo meter toda esta gente no caldeirão da pós-modernidade, mas como também nunca ninguém descodificou muito bem esse palavrão, ficamos assim. Começou também por tentar imitar José Nunes, mas, como já disse, inflamou-se de tal forma pelo seu tocar, que eu digo, seja a quem for, que jamais encontrei alguém que arrancasse um som tão semelhante ao do guitarrista dos olhos azuis, como o Pracana.
O Zé sempre foi e continua a ser um apaixonado pelo Fado, por todos os fados que compõem o seu acervo e que ele conhece de cor e salteado. Na voz, na guitarra, na alma, escapando à onda da irritante moda de investigação que assola a canção de Amália e de Armandinho, que ele tem passado a vida a esforçar-se em conhecer melhor, partindo em busca da razão das coisas: dentro das livrarias, dos alfarrabistas, das tascas dos bairros mais antigos de Lisboa, através dos velhos cultores do Fado, com quem ainda se cruzou, e de quem bebia a sabedoria que eles oralmente lhe transmitiam.
Um desses mestres foi Alfredo Marceneiro. O homem, além de um extraordinário fadista, era um poço de sabedoria das coisas do Fado, um genuíno catedrático de tudo quanto respeita à nossa canção. Com ele, estou certo de que o Kana aprendeu muito do que sabe, até porque o Alfredo não tinha paciência para repartir a sua sapiência com quem não mostrasse muito interesse, o que não era nitidamente o caso do Zé. Tempos houve em que quando se via um sabia-se que o outro estava por perto, eram inseparáveis e o Kana possui um tal repertório de histórias dele e com ele que se Portugal fosse um outro país a esta hora já estariam reunidas em livro, para uma história do Fado — sem compadrios nem exclusões.
Inseparáveis também, ou quase, fomos e somos eu e o Kana, ainda com mais episódios de vida partilhados, no Fado, na tropa, na boémia, embora neste caso com edição de duvidoso gosto. Haveria muito mais para dizer, infinitamente mais para contar mas, afinal, é muito mais difícil do que eu julgava escrever sobre uma pessoa a quem dedicamos uma tão grande amizade.
Lisboa, 14 de Julho de 2008
Esta página já tinha sido publicada neste blogue em 14 de Julho de 2008.
CAROS AMIGOS, QUE O ANO BISSEXTO DE 2008
VOS TRAGA TUDO DE BOM,
TAL COMO DESEJO PARA MIM E PARA OS MEUS.
Em termos de Fado, desejo que as altas competências acabem por iniciar o processo da candidatura da nossa querida Lisboa ao Guiness Book of Records " como a cidade mais cantada do mundo, na recolha feita para a base de dados constam todas as formas de cantar/homenagear, Fados, Canções, Sonetos, Poemas e Prosas, mas tal como eu tinha previsto é o Fado quem mais escreve e canta sobre Lisboa.
Veremos se em 2009 já estaremos no Guiness .
Ainda ao findar este ano, a minha sincera homenagem a todos o que amam o Fado, com duas vozes femininas , uma do Porto, outra de Lisboa, cada uma cantando à sua cidade.
LISBOA JÁ É MULHER
Letra de: Gonçalo Lucena
Música de: Pedro Rodrigues
Canta : Ana Marina
PORTO SENTIDO
Letra de: Carlos Tê
Música: de Rui Veloso
Canta: Sandra Cristina