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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Quinta-feira, 14 de Fevereiro de 2013

JOSÉ PRACANA

Sabes   Zé, o meu avô ensinou-me- 
 

QUEM MEUS FILHOS BEIJA MINHA BOCA ADOÇA

 

Obrigado pelo carinho que lhe dedicaste, e que ele te retribuiu.


 

JOSÉ PRACANA, nasceu a 18 de Março de 1946 em Ponta Delgada, S. Miguel, Açores. Em 1956 veio residir para Lisboa com os pais e os irmãos

Iniciou a sua carreira artística em 1964 como fadista-amador, estatuto que sempre manteve, cantando e imitando em festas de estudantes. Frequentou várias casas de Fado-Amador que existiram no Estoril e em Cascais, onde aos fins de semana se juntava a José Carlos da Maia, Carlos Rocha, que em 1965 lhe proporciona as primeiras lições de guitarra portuguesa, João Ferreira-Rosa, António Mello Corrêa, Francisco Stoffel, João Braga, Teresa Tarouca, Carlos Guedes de Amorim, Francisco Pessoa e outros.

Em 1968 actuou pela primeira vez na RTP, num programa das Forças Armadas. Em 1969 foi ao Zip-Zip.

Em Dezembro de 1969, com Luís Vasconcellos Franco, seu conterrâneo, inaugurou o Bar de Fados Arredo, em Cascais, que dirigiu até 1972, ano em que abandonou a actividade empresarial para trabalhar na TAP  onde exerceu as funções de Comissário de Bordo e de funcionário da Direcção de Relações Públicas/Relações Externas e Protocolo da TAP/Air Portugal.

Na RTP participou no Curto-Circuito em 1970, programa de Artur Agostinho e João Soares Louro. A convite da RTP produziu o programa Vamos aos Fados, em 1976, uma série de cinco programas da sua autoria. Em 1985 entrou no programa televisivo de Carlos Cruz, "Um, Dois, Três". João Maria Tudela convidou-o para a RTP em 1987, actuando em Noites de Gala. No ano seguinte Simone de Oliveira teve a mesma iniciativa no Piano Bar. Em 1991 Júlio Isidro levou-o a Regresso ao Passado. A convite da RTP-Açores fez uma série de cinco programas com o título Silêncio Que Se Vai Cantar O Fado, em 1993. No ano seguinte Herman José convidou-o para Parabéns. Em 1995, Carlos Cruz fê-lo entrar em Zona Mais. etc.

Grande admirador de José Nunes e seu seguidor no estilo em que toca guitarra, e também de Alfredo Marceneiro.

Nos últimos anos regressou aos Açores onde vive actualmente.

José Pracana nos últimos tempos tem lutado contra uma doença que tem debilitado, mas estou crente que não o irá derrotar.... E Graças a Deus não derrotou.

Felicidades “Kana”

 

 Vitó

 

O Meu Amigo Pracana
 

Para mim, escrever sobre José Pracana, melhor dizendo, o Kana, é canja. O Zé e eu conhecemo-nos numa das noites quentes do Cartola — um bar na cave do Tridente, um restaurante que ficava mesmo defronte do antigo Cinema S. José, em Cascais, no tempo em que começámos a correr para as fadistices que lá havia como se disso dependesse as nossas vidas. Lá, no Estribo, no Galito, em Caxias, mais tarde no seu Arreda, na Taverna do Embuçado, enfim, em todo e qualquer sítio onde houvesse uma guitarra, uma viola, mulheres bonitas e com bom ouvido. Depressa me apercebi, nesses primeiros encontros, de que ele tinha talento para dar e vender, além de um sentido de humor que é raro encontrar na Península Ibérica, o que é perfeitamente natural: nasceu nos Açores. 

Ao Zé, conheci-lhe três paixões fundamentais: as mulheres, a boa mesa e a guitarra. E não obrigatoriamente por esta ordem. Um dos guitarristas de fado que mais me deslumbrou, desde que o escutei em casa de meus pais, tinha eu quatro, cinco anos de idade, foi José Nunes. Sei que o Kana também se encantou com a sua arte fadista e elegeu-o como farol, no que à lira diz respeito, sem que isso o impedisse de admirar mais alguns e entusiasmar-se com os seus trinados, porque o sectarismo não habita o interior do Zé, ao contrário do que é comum, desgraçadamente, à maioria dos fadistas.

 

Não fosse José Pracana um incorrigível amador e podia ter tido uma carreira profissional ímpar, como humorista, do género “stand-up comedy” — para usar uma terminologia pós-moderna —, numa variante composta por imitações, melhor dizendo, por caricaturas de personagens conhecidas do grande público: Alfredo Marceneiro, Carlos Ramos, Vasco Santana, Francisco José, Vitorino Nemésio, António Ramalho Eanes, Tony de Matos, António Silva, Vicente da Câmara e até Simone de Oliveira, a Simone dos tempos em que a obrigavam, pobre dela, a ir para África entreter as tropas colonialistas. Pensando melhor, não é legítimo meter toda esta gente no caldeirão da pós-modernidade, mas como também nunca ninguém descodificou muito bem esse palavrão, ficamos assim. Começou também por tentar imitar José Nunes, mas, como já disse, inflamou-se de tal forma pelo seu tocar, que eu digo, seja a quem for, que jamais encontrei alguém que arrancasse um som tão semelhante ao do guitarrista dos olhos azuis, como o Pracana. 

O Zé sempre foi e continua a ser um apaixonado pelo Fado, por todos os fados que compõem o seu acervo e que ele conhece de cor e salteado. Na voz, na guitarra, na alma, escapando à onda da irritante moda de investigação que assola a canção de Amália e de Armandinho, que ele tem passado a vida a esforçar-se em conhecer melhor, partindo em busca da razão das coisas: dentro das livrarias, dos alfarrabistas, das tascas dos bairros mais antigos de Lisboa, através dos velhos cultores do Fado, com quem ainda se cruzou, e de quem bebia a sabedoria que eles oralmente lhe transmitiam.

Um desses mestres foi Alfredo Marceneiro. O homem, além de um extraordinário fadista, era um poço de sabedoria das coisas do Fado, um genuíno catedrático de tudo quanto respeita à nossa canção. Com ele, estou certo de que o Kana aprendeu muito do que sabe, até porque o Alfredo não tinha paciência para repartir a sua sapiência com quem não mostrasse muito interesse, o que não era nitidamente o caso do Zé. Tempos houve em que quando se via um sabia-se que o outro estava por perto, eram inseparáveis e o Kana possui um tal repertório de histórias dele e com ele que se Portugal fosse um outro país a esta hora já estariam reunidas em livro, para uma história do Fado — sem compadrios nem exclusões. 

Inseparáveis também, ou quase, fomos e somos eu e o Kana, ainda com mais episódios de vida partilhados, no Fado, na tropa, na boémia, embora neste caso com edição de duvidoso gosto. Haveria muito mais para dizer, infinitamente mais para contar mas, afinal, é muito mais difícil do que eu julgava escrever sobre uma pessoa a quem dedicamos uma tão grande amizade.

 

Lisboa, 14 de Julho de 2008

 

João Braga

 

Esta página já tinha sido publicada neste blogue em 14 de Julho de 2008.

 

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Viva Lisboa: Boa Kana,
música: Variações Noturno por José Pracana
publicado por Vítor Marceneiro às 19:00
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Domingo, 15 de Abril de 2007

50 Anos de Televisão - RTP

  (1)      (2)         

 

Comemora-se os 50 Anos de Televisão pública em Portugal, a inauguração foi na antiga Feira Popular (1)  Luna Parque) a Palhavã, que era para nós miúdos uma coisa do outro mundo, ficava no (2) Parque onde está a Fundação Calouste Gulbenkian, tive a felicidade de l á estar e nunca mais me esqueci daquela caixinha mágica, acabei de vir a ser profissional de Cinema e Televisão... o sonho concretizou-se.

Relembro este acontecimento porque para mim est á relacionado com Fado, pois naqueles anos quase todos os fadistas profissionais e amadores que sobressaiam ,  eram convidados a cantar para à RTP. Depois de abrirem os outros dois canais  tudo piorou, e até a RTP deixou de dar pr á ticamente Fado, agora são sempre os mesmos que vão aos mesmos canais, e a RTP vai-nos dando as "Memórias".

Passa a alguém pela cabeça que O Fado venha a ser considerado património da Humanidade, embora seja  uma forma musical única no mundo?  È  no próprio país que reivindica a designação, os nossos ministros dão entrevistas a dizer que não gostam de Fado. A Televisão Pública não tem  programas de Fado. (Excepto se for alguém premiado lá fora),.!!!

Mas meus amigos vem aí a solução.

Ficcão... ou Talvez não!

H á um Realizador de Cinema (Documentários) o  Sr. Saura , que  é quem  sabe da poda, foi -lhe pedida ajuda de uns entendidos (conselheiros),  que até arranjaram um mecenas (o er á rio público), pedindo-lhe  para fazer um filme histórico e isento, porque os realizadores portugueses são uns intelectuais e não de debruçam sobre estes temas menores, consta-se que o Sr. Saura   ter á nbsp; logo ter dito: — Fado só com portugueses é uma chatice , assim vai se for como eu quiser , vai haver fado em flamengo, em brasileiro, em mornas etc.

O Sr. Saura estudou muito sobre Fado , e vai acabar,   com conhecimento de causa por  explicar de uma vez por todas aos portugueses, que o Fado não é nada nosso, foi roubado, nós fomos foi grande navegadores, e como aos marinheiro era h á bito ter uma mulher em cada porto, os marinheiros portugueses não fugiam á regra, ou não fossem latino machistas , assim em cada terra por onde passavam, aprendiam um pouco do que por l á se cantava nos bordeis, aprenderam uma notas com os  escravos africanos, mais umas notas com os índios brasileiros, na Índia  também tirámos notas, na China , no Japão, etc. , repovo á mos ainda Cabo Verde com v á rias raças, o que obviamente deu mais umas misturas de musicais diferentes.

Finalmente previdentes como somos,  e para não sermos acusados de pl á gio, e hoje teríamos a pagar indemnizações a esses povos , juntámos tudo num molho e deu esta mistura de canção que chamamos   Fado,  e é por isso que só nós é que o cantamos em todo o Mundo. Mas é porque os outros não quiseram  aproveitar esta "modinha"?,  é porque é pobre musicalmente, é tocado num instrumento que tem cordas a mais,  só tem 1º e 2º  andamento e que é tocado de ouvido, os tocadores não vem do conservatório. Uma chatice .......

Ninguém tem dúvida que o Filme vai ser um êxito (ler a História do Rei Vai Nu), pois ele só ser á entendido por gente inteligente, e se não gostarem e protestarem o Sr. Saura até sabe daquela história do Manuel de Oliveira que no filme "Francisca" ninguém viu o filme até ao fim, a versão de televisão ninguém gostou, ali á s mudavam para o 2º canal, ou apagavam os televisores. Manuel de Oliveira em entrevista na TV confrontado com estes factos retorquiu : — O Filme é bom, o povo português é que é inculto, vejam como eu lá fora sou apreciado (Nota - felizmente é apreciado tem uma obra fant á stica, eu como inculto que sou, tenho direito a só ter gostado do Anikita Bóbó ).

Portanto seja o filme o que for, não tenham dúvidas que vamos ter muitos intelectuais e conhecedores a dizerem que nós é que não percebemos  nada disto, um homem com o percurso profissional do Sr. Saura ter á sempre razão, quero dizer, ter á sempre alguém que lhe dar á razão!!

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publicado por Vítor Marceneiro às 00:01
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