Eram 1, 05 horas de hoje, quando que recebi um mail da APAF, informando-me, bem como a todos os nossos associados e demais entidades, da triste notícia, que a Fadista Adelina Ramos nos tinha deixado, mas pasme-se...
ADELINA RAMOS, FOI A SEPULTAR NA TARDE DE DOMINGO 27.
DESCONHECE-SE QUE TENHA HAVIDO ALGUM COMUNICADO AOS ÓRGÃOS DE INFORMAÇÃO DA EFEMÉRIDE, O QUE É MUITO DESOLADOR PARA OS MUITOS ADMIRADORES QUE AINDA TINHA, QUER NO MEIO FADISTA EM PARTICULAR, QUER NO MEIO ARTÍSTICO EM GERAL.
É TRISTE... MUITO TRISTE... E NÃO É CASO ÚNICO, E NEM SERÁ O ÚLTIMO, PENSAMOS QUE A "CASA DO ARTISTA" PODIA ACAUTELAR ESTE TIPO DE INFORMAÇÃO, E EM ESPECIAL QUANDO ACONTECE EM FINS DE SEMANA. NÃO SE PÕE EM CAUSA A DIGNIDADE COM QUE AS PESSOAS ALI SAÕ TRATADAS, MAS NA MORTE TAMBÉM DE DEVE PRESERVAR A DIGNIDADE, RECORDANDO-AS.
ADELINA RAMOS
Adelina Ramos, nasceu a 14 de Junho de 1916.
Foi uma das verdadeiras fadistas, que o Fado conheceu.
Os Fados que ela cantava saíam-lhe da garganta onde o bairrismo alfacinha, puro e nato, tem todo o encanto pitoresco da genuína expressão fadista!
Adelina Ramos soube conservar-se humildemente, uma grande fadista!
Ao ouvi-la cantar o «menor», o «corrido», o «meia-noite», etc., afirmavam os seus admiradores:
— Sente-se o que ela canta, no modular espontâneo e natural das frases musicais, que lhe saem da garganta, como saem – isto é que é Fado, meus senhores... – ela dá-nos toda uma gama de sentimentos e emoções que no Fado procuramos e admiramos. Em noite grande, Adelina empolga, canta a garganta, cantam os olhos, cantam os gestos… E, quase sem nos apercebermo-nos, suavemente ficamos presos na magia da sua voz, que nos embala a alma, dizendo-nos coisas de amor, de saudade, de ciúme, de revolta... Sentimo-nos extasiados, fere-nos a carícia da sua voz a desvendar-nos esse mundo íntimo e profundo, que palpita em todos nós, e só o Fado consegue revelar.
Adelina Ramos foi proprietária do Restaurante Típico “A Tipóia”, recinto por onde passaram quase todos os grandes nomes da época, quer de fadistas, quer figuras de relevo da sociedade
Adelina Ramos
versos de: Carlos Conde
Adelina Ramos. Pronto.
Não é preciso mais nada,
Nem há lugar p'ra confronto
Nesta artista consagrada.
Canta o fado à moda antiga,
E dos laivos do passado
Às rimas de uma cantiga
Tudo tem sabor a fado.
Pela expressão saudosista
Que imprime aos fados que entoa,
Há quem lhe chame a fadista
Mais fadista de Lisboal
NOTA: A direção da APAF, lamenta que o falecimento de tão insigne figura, não tenha sido deviadamente divulgada.
Adelina Ramos, descansa em paz, pois apesar de tudo, não foste totalmente esquecida, e ficarás na história do nosso Fado.