AH, FADISTA...
Letra e Música: Carlos Paião
Vem o homem, de lenço ao pescoço ai
a mão enviada no bolso.
Ah, fadista...
Entra logo a cantar muito alto,
as pessoas até dão um salto
Ah, fadista...
Depois põe-se nos bicos dos pés,
disfarçando a sua pequenez.
Ah, fadista...
Fecha os olhos, com ar concentrado
ai a ver se ainda dorme um bocado.
Ah, fadista...
E, quando chega o refrão
ele aperta o coração
e canta, co'a voz sofrida p'la emoção:
tu tens o recado de
tudo o que vejo, do
mundo alinhado num
grande cortejo, direito
ao pecado, no fogo
dum beijo!
Refrão
Ai fado,
não foste ensinado com
pauta ou solfejo, tu és
engraçado,
tu és um gracejo,
por seres tão prendado é
que eu te desejo!
Choradinho, a mostrar como é
picadinho,
p'ra bater o pé. Ah,
fadista...
Volta e meia dá-lhe um arrepio ai
coitado do homem, tem frio! Ah,
fadista...
E os senhores das guitarras, sisudos lá
resolvem os casos bicudos fadistas. ..
E o público está arrebatado,
há pessoas que caem p'ra o lado Ah,
fadistas...
E, quando volta o refrão,
há quem rasteje p'lo chão
e ele canta, com raça e com comichão:
Refrão
E, quando chega o final
os olhos já vêem mal
e grita duma maneira descomunal.