Vitor Duarte aos 3 anos de idade
Mariete Duarte mãe de Vítor Marceneiro
Amália Rodrigues nos anos 50
Apontamento retirado do filme
História de uma Cantadeira
Amália canta "O Fado de Cada Um"
O Fado nasceu no mar
Ao balanço de ondas mil
Por berço teve um navio
Por cobertura um céu de anil
Numa barquinha vogando
Batida pelo luar
Ouvi um nauta cantando
“O FADO NASCEU NO MAR”
E mal a gente põe os pés
Nos sobrados do convés,
Levamos da terra a imagem
e. a cantar, toda a viagem
O Fado, de lés-a-lés!
In Ao sabor das ondas – Linhares Barbosa
Fado.... a alma de um povo.
As viagens encetados pelos portugueses no século XVI, é um paradigma do destino de um povo que partiu durante séculos à procura do desconhecido, que nos criou um modo colectivo de ser e estar no mundo. É um gene da identidade portuguesa.
Naquelas horas da partida para a imensidão gigantesca dos mares, fizeram brotar lágrimas de todas as mães, de todos os pais, de todos os filhos, de todas as esposas, as noivas, os parentes e amigos, que ao dizerem adeus com soluços nos corações, na praia de Belém, que foi apelidada por isso mesmo de “Praia das Lágrimas” confrontavam-se com a descoberta da amargura da ausência.
Foi uma vivência que moldou as almas, era um povo aflito que via partir as naus com as suas gentes, sabe-se lá para onde iam, para o outro mundo ?
Ó Mar salgado, quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal !
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos, em vão, choraram!
Quantas noivas ficaram por casar,
Para que fosses nosso, ó Mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem de passar além da dor.
Deu ao Mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o Céu
Poema de: Fernando Pessoa
É vida , é destino, é Fado, é a alma do nosso povo.
Em tão longo caminho e duvidoso,
Por perdidos as gentes nos julgavam,
As mulheres com choro piadoso ,
Os homens com suspiros que arrancavam;
Mães, esposas, irmãs, que o temerosos
Amor mais desconfia, acrescentavam.
A desesperação e frio medo
De já não nos tornar a ver tão cedo
Camões, Os Lusíadas, canto IV, 89)
VASCO DA GAMA
Esta mentalidade, criada de uma vivência bivalente, amargurada por um lado, alegre por outro, isto porque o ritual da partida o medo a tristeza, o espectro da morte, se misturaram com a esperança, o sonho e quanto era maravilhoso estar vivo no regresso, tais sentimentos moldaram a consciência que se cristalizou na música e no canto, com uma tonalidade própria, inconfundível e original como é a sua matriz..
O Fado é português, é toda uma mentalidade, é toda uma História, se o povo português é o único que canta o Fado, é porque também foi protagonista de uma vivência que mais nenhum povo teve.
Notas: In Fado, A alma de um povo M.L.Guerra
In Fado, Mascarenhas Barreto
AMÁLIA RODRIGUES canta:
Fado do Marujo Português
Letra de Linhares Barbosa e música de Artur Ribeiro
O FADO É PORTUGUÊS
O Fado é tão português, que, de arnês,
bateu-se em Fez;
esteve em Alcácer-Quibir;
arrostou o mar profundo
e ao Mundo
deu novo Mundo,
na senda de Descobrir!
Esteve em Malaca e Ormuz
e, à luz
do signo da Cruz,
construiu impérios novos;
da Guiné até Timor,
com ardor,
foi defensor
do Destino doutros povos!
Fê-lo Deus aventureiro:
foi guerreiro
e marinheiro;
missionário, ou de má-rês
e — vá ele p' ra' onde for —
cante a dor,
ou cante o amor,
o que canta é Português!
Poema de: Mascarenhas Barreto
AMÁLIA RODRIGUES canta:
Fado Português
Letra de José Régio e música Alain Oulmain
José Victal Branco Malhoa, nasceu nas Caldas da Rainha.
Veio para Lisboa onde fez toda a sua educação artística. Foi no início um pintor de assuntos de ar-livre. Passa por várias fases do desenrolar da sua criatividade. É assim que pinta a festa de S. Martinho e «O Fado», onde as figuras saem fora da vida para se impregnarem duma transfiguração impar. São os bêbados e os párias, vinho, e a meia-luz das vielas sombrias.
«O Fado», sobretudo, é uma alegoria pungente; um par amoroso numa atitude aviltante, num interior de lupanar onde não falta o olhar comiserado duma estampa do Senhor dos Passos, com a túnica roxa e a cruz às costas.
Mas o povo de Lisboa tem-lhe prestado o culto da admiração, glosando o seu motivo com pretextos da glorificação, e ama este quadro como jóia preciosa. O Fado de Malhoa!
Cantou-o a voz de Amália Rodrigues e tantas outras. Tem sido motivo de inspiração de cantigas e bailados nos teatros musicados; foi argumento de filmes, legenda de calendário, polémica de estudos, glosa de versos populares… e anda decorado na pupila dos lisboetas como estampa que é bem sua.
«A Voz de Portugal» na sua edição de 15 do Outubro de 1955 transcreve a história desta obra de arte ligada à cantiga popular portuguesa, como homenagem ao pintor que foi enaltecido em bronze numa praça da sua terra natal, num texto de António Montez.
Amigo de Lisboa e português dos melhores, entendeu o artista dever mostrar ao mundo a pintura que tanto o prendeu.
A França, a Espanha, a Inglaterra e a Argentina apreciaram o trabalho, deram-lhe altas recompensas, o que, por si só, justifica a sua aquisição pela Câmara Municipal de Lisboa, que não quis, perder a oportunidade de guardar no «Museu da Cidade» um quadro de realismo impressionante, sem dúvida a pintura mais lisboeta na obra do Mestre.
Mas para Malhoa não foi tarefa fácil a escolha dos modelos para o quadro!
Ao tempo, havia na Mouraria um fadista que dava que falar, conhecido pela alcunha de «Pintor».
As visitas diárias de Malhoa, à viela sombria da Rua do Capelão, começaram a chamar a atenção das desgraçadas do bairro castiço, que, para evitar confusões, passaram a chamar a Malhoa «O Pintor Fino». Aliás foi uma delas que lhe indicou o rufião Amâncio – tocador de guitarra que manejava a navalha como poucos –, para modelo do quadro que havia de imortalizar Malhoa.
O primeiro encontro do pintor com o fadista, em plena Mouraria, constituiu um acontecimento sensacional, pois deu lugar à apresentação da Adelaide, também chamada «Adelaide da Facada», por virtude dum traço largo e profundo que tinha do lado esquerdo do rosto, razão que levou o Mestre a mudar a posição que tinha esboçado inicialmente para os retratos.
Malhoa disse o que queria, pôs condições, e como a oferta de seis vinténs por sessão, foi considerada bastante compensadora, o Amâncio garantiu que Adelaide não faltaria nunca!
Foi sol de pouca dura, pois Amâncio, ruído de ciúmes, agredia a companheira logo que o pintor voltava costas, acabava por vir a polícia, e lá iam os dois para o Governo Civil, a insultarem-se mutuamente, mas o mestre Malhoa, com a sua influência pessoal, lá conseguia libertar os turbulentos modelos.
A certa altura, Malhoa fez descer a alça da camisa da infeliz. O Amâncio, cada vez mais ciumento, não gostou da graça, azedou-se, e de mão no bolso e ar ameaçador, disse ao Mestre que não era para brincadeiras. Não se sabe o que se passou, mas a verdade é que a alça subiu para o seu lugar, da mesma forma que a saia branca gomada foi substituída pelo saiote de baeta vermelha.
Quadro do Mestre José Malhoa " o Fado"
FADO MALHOA
Criação de Amália Rodrigues
Letra de: José Galhardo
Música de: Frederico Valério
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FADO MALHOA
Alguém que Deus já lá tem
Pintor consagrado,
Que foi bem grande
E nos fez já ser do passado,
Pintou numa tela
Com arte e com vida
A trova mais bela
Da terra mais querida.
Subiu a um quarto que viu
A luz do petróleo
E fez o mais português
Dos quadros a óleo
Um Zé de Samarra
Com a amante a seu lado
Com os dedos agarra
Percorre a guitarra
E ali vê-se o fado.
Faz rir a ideia de ouvir
Com os olhos senhor
Fará mas não para quem já
Ouviu mas em cor
Há vozes de Alfama
Naquela Pintura
E a banza derrama
Canções de amargura
Dali vos digo que ouvi
A voz que se esmera
Dançando o Faia banal
Cantando a Severa
Aquilo é bairrista
Aquilo é Lisboa
Aquilo é fadista
Aquilo é de artista
E aquilo é Malhoa
Faz hoje 14 anos que
AMÁLIA RODRIGUES
A 6 de Outubro de 1999 que se ausentou, em corpo, porque a sua imagem e o seu espírito, estará sempre nos nossos pensamentos
Foto montagem de Vítor Marceneiro
Amália está sepultada no Panteão Nacional.
A grande senhora do fado, a mulher do povo, a voz de Portugal está desde o dia 8 de Julho de 2001, na sua última morada.
Os seus restos mortais foram depositados na Sala de Língua Portuguesa, junto a figuras célebres da nossa cultura como Guerra Junqueiro, Camilo Castelo Branco e João de Deus.
As opiniões sobre a trasladação dos restos mortais de Amália do cemitério dos Prazeres foram contraditórias, há quem advogue, que como "Amália é do povo, devia estar junto do povo", outros que "Amália deve ir para o Panteão por ser um símbolo de Portugal".
O que é certo é que mais uma vez não foi o povo que decidiu!
É SEMPRE TRISTONHA E INGRATA
QUE SE TORNA A DESPEDIDA
DE QUEM TEMOS AMIZADE
MAS SE A SAUDADE NOS MATA
EU QUERO TER MUITA VIDA
PARA MORRER DE SAUDADES
Obrigado Amália por tudo o que nos deste
Geração de Marceneiro
A NOSSA AMÁLIA E O POVO
A nossa Amália morreu
Nosso Povo estremeceu
Com tanto calor e frio
No céu entrou uma Fada
E uma canção magoada
Povo que Lavas no rio.
As avenidas e estradas
E as pedras das calçadas
Ficaram todas unidas
Os rapazinhos choraram
As andorinhas voltaram
Sempre de luto vestidas.
Os carpinteiros a correr
Foram todos para fazer
As tábuas do seu caixão
Os Anjinhos se juntaram
Os Santinhos se prostraram
Até Deus pediu perdão.
Desde a Rua de São Bento
Povo Unido, num lamento
Choravam lágrimas e prantos
Peregrinos de sandálias
Consagraram nossa Amália
E os Poetas eram tantos.
A Cidade de Lisboa
Desde Alfama à Madragoa
Desde a Estrela ao Rossio
Varinas de sete saias
Vê lá meu Povo não caias
Povo que Lavas no rio.
Poema de: Manuel Luis Caeiro de Pavia
A Tua Voz Amália
Foto montagem Amália no Panteão
© Vítor Duarte Marceneiro
Amália está sepultada no Panteão Nacional.
A grande senhora do fado, a mulher do povo, a voz de Portugal está desde o dia 8 de Julho de 2001, na sua última morada.
Os seus restos mortais foram depositados na Sala de Língua Portuguesa, junto a figuras célebres da nossa cultura como Guerra Junqueiro, Camilo Castelo Branco e João de Deus.
As opiniões sobre a trasladação dos restos mortais de Amália do cemitério dos Prazeres foram contraditórias, há quem advogue, que como "Amália é do povo, devia estar junto do povo", outros que "Amália deve ir para o Panteão por ser um símbolo de Portugal".
O que é certo é que mais uma vez não foi o povo que decidiu!
Video postado no Youtube por Casa do Fado
AMÁLIA
Poema: José Galhardo
Música: Frederico Valério
Amália
Quis Deus que fosse o meu nome
Amália
Acho-lhe um jeito engraçado
Bem nosso e popular
Quando oiço alguém gritar
Amália
Canta-me o fado
Amália esta palavra ensinou-me
Amália
Tu tens na vida que amar
São ordens do Senhor
Amália sem amor
Não liga, tens de gostar
E como até morrer
Amar é padecer
Amália chora a cantar!
Amália
Disse-me alguém com ternura
Amália
Da mais bonita maneira
E eu toda coração
Julguei ouvir então
Amália p´la vez primeira
Amália
Andas agora à procura
Amália
Daquele amor mas sem fé
Alguém já mo tirou
Alguém o encontrou
Na rua com a outra ao pé
E a quem lhe fala em mim
Já só responde assim
Amália? Não sei quem é!
Já foi há 13 anos que
AMÁLIA RODRIGUES
se ausentou, em corpo, porque a sua imagem e o seu espirito, está nos nossos pensamentos
É SEMPRE TRISTONHA E INGRATA
QUE SE TORNA A DESPEDIDA
DE QUEM TEMOS AMIZADE
MAS SE A SAUDADE NOS MATA
EU QUERO TER MUITA VIDA
PARA MORRER DE SAUDADES
Flores que Amália tanto adorava
E Cerejas
Obrigado Amália por tudo o que nos deste
Geração de Marceneiro
A NOSSA AMALIA E O POVO
A nossa Amália morreu
Nosso Povo estremeceu
Com tanto calor e frio
No céu entrou uma Fada
E uma canção magoada
Povo que Lavas no rio.
As avenidas e estradas
E as pedras das calçadas
Ficaram todas unidas
Os rapazinhos choraram
As andorinhas voltaram
Sempre de luto vestidas.
Os carpinteiros a correr
Foram todos para fazer
As tábuas do seu caixão
Os Anjinhos se juntaram
Os Santinhos se prostraram
Até Deus pediu perdão.
Desde a Rua de São Bento
Povo Unido, num lamento
Choravam lágrimas e prantos
Peregrinos de sandálias
Consagraram nossa Amália
E os Poetas eram tantos.
A Cidade de Lisboa
Desde Alfama à Madragoa
Desde a Estrela ao Rossio
Varinas de sete saias
Vê lá meu Povo não caias
Povo que Lavas no rio.
Poema de: Manuel Luis Caeiro de Pavia
Foto montagem Amália no Panteão
© Vítor Duarte Marceneiro
AMÁLIA
Poema: José Galhardo
Música: Frederico Valério
Amália está sepultada no Panteão Nacional.
A grande senhora do fado, a mulher do povo, a voz de Portugal está desde o dia 8 de Julho de 2001, na sua última morada.
Os seus restos mortais foram depositados na Sala de Língua Portuguesa, junto a figuras célebres da nossa cultura como Guerra Junqueiro, Camilo Castelo Branco e João de Deus.
As opiniões sobre a trasladação dos restos mortais de Amália do cemitério dos Prazeres foram contraditórias, há quem advogue, que como "Amália é do povo, devia estar junto do povo", outros que "Amália deve ir para o Panteão por ser um símbolo de Portugal".
O que é certo é que mais uma vez não foi o povo que decidiu!
Amália partiu em 6 de Outubro de 1999
Foi em 1954, que os brasileiros, Piratini (Antônio Amábile) e Caco Velho (Matheus Nunes) criaram uma notável canção, a que deram o título "Mãe preta", que foi um grande êxito em no Brasil, e que óbviamnete não passou despercebido em Portugal.
O disco, e consequentemente o poema, foram proibidos em Portugal.
David Mourão-Ferreira, aproveitando a melodia, escreveu para Amália, outro excepcional poema, “Barco Negro”, também muito bom, mas que nada tinha que ver com o poema original, pois seu poema, a tragédia do pescador substitui a tragédia da exploração/escravatura e do racismo.
Amália Rodrigues tornou a música mundialmente famosa ao cantá-lo no filme francês os “Amantes do Tejo”
Com o advento do 25 de Abril Amália grava o poema original "Mãe preta", em 1978
MÃE PRETA
(Piratini e Caco Velho)
velha encarquilhada
carapinha branca
gandola de renda
caindo na anca
embalando o berço
do filho do sinhô
que há pouco tempo
a sinhá ganhou
era assim que mãe preta fazia
criava todo branco
com muita alegria
enquanto na senzala
seu bem apanhava
mãe preta mais uma lágrima enxugava
mãe preta, mãe preta,
mãe preta, mãe preta
enquanto a chibata
batia em seu amor
mãe preta embalava
o filho branco do sinhô
Barco Negro
(David Mourão-Ferreira)
De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.[Bis]
Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:
São loucas! São loucas!
Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis]
No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.
Amália canta: Barco Negro
Amália com o guitarrista José Nunes
Em 26 de Outubro de 2007, publiquei neste blogue o seguinte:
PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS
Gabinete do Primeiro-Ministro
Despacho 23913 de 2007
A Fundação Amália Rodrigues, pessoa colectiva no 504772260, com sede em Lisboa, foi constituída por testamento de Amália da Piedade Rodrigues, com a finalidade de auxiliar de uma maneira geral as pessoas mais desfavorecidas no âmbito patrimonial, designadamente os órfãos, indigentes, sem abrigo, de criar e de auxiliar instituições de beneficência e de solidariedade social.
No sentido de honrar a figura de grande impacte nacional e face ao interesse geral em perpetuar e prestigiar o nome de Amália Rodrigues,
contribuindo para satisfazer a sua vontade, claramente expressa no testamento público que elaborou, declaro, com efeitos retroactivos desde a data do pedido, a Fundação Amália Rodrigues pessoa colectiva de utilidade pública, nos termos do Decreto-Lei nº 460/77, de 7 de Novembro, sem prejuízo de, para além dos deveres fixados por este diploma, impor, nos termos do seu artigo 6.o, o cumprimento das seguintes condições:
a) Comprovar a regular constituição dos órgãos sociais, a inexistência de dívidas fiscais e à segurança social e entregar a documentação legalmente exigível;
b) Apresentar anualmente, até Março, o plano de actividades do ano em curso e o relatório pormenorizado e quantificado das actividades efectivamente desenvolvidas para cumprimento dos fins estatutários identificados no artigo 4.o e no n.o 2 do artigo 5.o dos respectivos estatutos.
Findo o prazo de três anos a contar da presente declaração, será reapreciado o cumprimento dos requisitos gerais e especiais que ora lhe são impostos, para efeitos de dar continuidade à presente declaração ou fazê-la cessar.
28 de Setembro de 2007.
O Primeiro-Ministro,
José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.
Passaram já os três anos, faltam poucos dias para o quarto ano, que Despacho Ministerial exigia, para as regularizações necessárias ao bom funcionamento da Fundação Amália Rodrigues, a Fundação está bem, e recomenda-se, é já um local de visita "obrigatória" dos estrangeiros que nos visitam, e como se verifica, todos os anos tem havido a cerimónia da entrega dos prémios Amália, também têm sido feitas doações a instituições de solidariedade social, e a casa da Amália no Brejo, que tanta polémica deu, provou-se que as insinuações eram infundadas, pois a casa lá está, com obras em curso muito dispendiosas, e talvez seja de criticar é mantê-la, mas os administradores é que sabem o que devem fazer para cumprir o que Amália deixou em testamento.
E hoje posso dizer que o evento "Noites de São Bento" , com Fados nas varandas da Casa da Amália, foi um êxito, e orgulho-me de ter feito parte da equipa que o concebeu e concretizou.
Conjuntamente com os dados que Fernando Boaventura me enviou sobre o pai, Armando Boaventura, (ver páginas abaixo publicadas) mandou-me também esta mensagem acompanhada com uma foto com Amália, que tenho todo o gosto em compartilhar com os visitantes deste blogue.
Caro Vítor
Na fragata F474 N.R.P. “ALMIRANTE MAGALHÃES CORRÊA”
Finalmente encontrei a tal fotografia da nossa Amália embarcada numa fragata da Marinha de Guerra.
A história aconteceu em 1977 em New Bedford – América - durante as comemorações do dia de Portugal.
Sabendo nós que a Amália ia cantar para os emigrantes, alguém a bordo pensou em convidá-la para vir comer, após o espectácula, um caldinho verde com chouriço. Como é que ela podia recusar?
E assim aconteceu.
Comeu a sopa toda e ainda provou o chouriço assado.
Não cantou mas foi prendada com os “artista” de Bordo.
Coisas do destino. Eu que uma ou duas vezes estive ao colo dela numa casa de fados tive o privilégio de acompanhar um camarada a cantar o fado Povo que Lavas no Rio.
Correu tudo bem e ela gostou muito.
Ficou na memória.
Como sempre pode usar a foto como desejar. Nenhum dos presentes na foto se importará.
Um abraço,
Fernando Boaventura
E DIGAM LÁ SE ISTO NÃO É FADO....
Da poetisa Maria José Praça, recebi nos comentários deste post, um poema que acho que deve ter o devido destaque.
CONTAS DE TERÇOS MAIS LATOS...
Em aguarelas de fado
No Fado usa-se em muitos poemas, referências a Deus, ao Rosário, ao Terço etc. Aqui fica a história do Rosário ou Terço de Rezar.
O Rosário é uma oração católica em honra da Santíssima Virgem Maria formado tradicionalmente por três terços. Recentemente houve o acréscimo de mais um terço pelo Papa João Paulo II. Cada terço compreende cinco mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Nossa Senhora. Os mistérios são formados básicamente por um Pai-Nosso e dez Ave-Marias. Cada mistério recorda uma passagem importante da história da salvação, segundo a doutrina católica, e cada terço é constituído por cinco mistérios.
A oração do Santo Rosário surge aproximadamente no ano 800 à sombra dos mosteiros, como "Saltério" dos leigos. Dado que os monges rezavam os salmos (150), os leigos, que em sua maioria não sabiam ler, aprenderam a rezar 150 Pai-Nossos. Com o passar do tempo, se formaram outros três saltérios com 150 Ave Marias, 150 louvores em honra a Jesus e 150 louvores em honra a Maria.
Segundo uma tradição a Igreja católica recebeu o Rosário em sua forma atual em 1206 quando a Virgem teria aparecido a Santo Domingo e o entregou como uma arma poderosa para a conversão dos hereges e outros pecadores daquele tempo. Desde então sua devoção se propagou rapidamente em todo o mundo com incríveis e milagrosos resultados
No ano 1365 fez-se uma combinação dos quatro saltérios, dividindo as 150 Ave Marias em 15 dezenas e colocando um Pai nosso no início de cada uma delas. Em 1500 ficou estabelecido, para cada dezena a meditação de um episódio da vida de Jesus ou Maria, e assim surgiu o Rosário de quinze mistérios.
A palavra Rosário significa 'Coroa de Rosas'. É uma antiga devoção católica que a Virgem Maria revelou que cada vez que se reza uma Ave Maria lhe é entregue uma rosa e por cada Rosário completo lhe é entregue uma coroa de rosas. A rosa é a rainha das flores, sendo assim o Rosário de todas as devoções é, portanto, tido como sendo a mais importante.
in: wikipédia
Amália era uma mulher crente e cantou muitos Fados com referêcias ao "Divino"
Amália canta música e letra de Alberto Janes
FOI DEUS QUE ME PÔS NO PEITO
UM ROSÁRIO DE PENAS
QUE EU VOU DESFOLHANDO
E CHORO A CANTAR
Amália Rodrigues canta
com letra de Feijó Teixeira e música de Sapateirinho da Bica
FADO FINAL
Quadro "O Fado" de José Malhoa
MESTRE JOSÉ MALHOA (1855 - 1933)
José Victal Branco Malhoa, nasceu nas Caldas da Rainha.
Veio para Lisboa onde fez toda a sua educação artística. Foi no início um pintor de assuntos de ar-livre. Passa por várias fases do desenrolar da sua criatividade. É assim que pinta a festa de S. Martinho e «O Fado», onde as figuras saem fora da vida para se impregnarem duma transfiguração impar. São os bêbados e os párias, vinho, e a meia-luz das vielas sombrias.
«O Fado», sobretudo, é uma alegoria pungente; um par amoroso numa atitude aviltante, num interior de lupanar onde não falta o olhar comiserado duma estampa do Senhor dos Passos, com a túnica roxa e a cruz às costas.
Mas o povo de Lisboa tem-lhe prestado o culto da admiração, glosando o seu motivo com pretextos da glorificação, e ama este quadro como jóia preciosa. O Fado de Malhoa!
Cantou-o a voz de Amália Rodrigues e tantas outras. Tem sido motivo de inspiração de cantigas e bailados nos teatros musicados; foi argumento de filmes, legenda de calendário, polémica de estudos, glosa de versos populares… e anda decorado na pupila dos lisboetas como estampa que é bem sua.
«A Voz de Portugal» na sua edição de 15 do Outubro de 1955 transcreve a história desta obra de arte ligada à cantiga popular portuguesa, como homenagem ao pintor que foi enaltecido em bronze numa praça da sua terra natal, num texto de António Montez.
Amigo de Lisboa e português dos melhores, entendeu o artista dever mostrar ao mundo a pintura que tanto o prendeu.
A França, a Espanha, a Inglaterra e a Argentina apreciaram o trabalho, deram-lhe altas recompensas, o que, por si só, justifica a sua aquisição pela Câmara Municipal de Lisboa, que não quis, perder a oportunidade de guardar no «Museu da Cidade» um quadro de realismo impressionante, sem dúvida a pintura mais lisboeta na obra do Mestre.
Mas para Malhoa não foi tarefa fácil a escolha dos modelos para o quadro!
Ao tempo, havia na Mouraria um fadista que dava que falar, conhecido pela alcunha de «Pintor».
As visitas diárias de Malhoa, à viela sombria da Rua do Capelão, começaram a chamar a atenção das desgraçadas do bairro castiço, que, para evitar confusões, passaram a chamar a Malhoa «O Pintor Fino». Aliás foi uma delas que lhe indicou o rufião Amâncio – tocador de guitarra que manejava a navalha como poucos –, para modelo do quadro que havia de imortalizar Malhoa.
O primeiro encontro do pintor com o fadista, em plena Mouraria, constituiu um acontecimento sensacional, pois deu lugar à apresentação da Adelaide, também chamada «Adelaide da Facada», por virtude dum traço largo e profundo que tinha do lado esquerdo do rosto, razão que levou o Mestre a mudar a posição que tinha esboçado inicialmente para os retratos.
Malhoa disse o que queria, pôs condições, e como a oferta de seis vinténs por sessão, foi considerada bastante compensadora, o Amâncio garantiu que Adelaide não faltaria nunca!
Foi sol de pouca dura, pois Amâncio, ruído de ciúmes, agredia a companheira logo que o pintor voltava costas, acabava por vir a polícia, e lá iam os dois para o Governo Civil, a insultarem-se mutuamente, mas o mestre Malhoa, com a sua influência pessoal, lá conseguia libertar os turbulentos modelos.
A certa altura, Malhoa fez descer a alça da camisa da infeliz. O Amâncio, cada vez mais ciumento, não gostou da graça, azedou-se, e de mão no bolso e ar ameaçador, disse ao Mestre que não era para brincadeiras. Não se sabe o que se passou, mas a verdade é que a alça subiu para o seu lugar, da mesma forma que a saia branca gomada foi substituída pelo saiote de baeta vermelha.
Foto do Mestre José Malhoa no seu Atelier
FADO MALHOA
Criação de Amália Rodrigues
Letra de: José Galhardo
Música de: Frederico Valério
Alguém que Deus já lá tem
Pintor consagrado,
Que foi bem grande
E nos fez já ser do passado,
Pintou numa tela
Com arte e com vida
A trova mais bela
Da terra mais querida.
Subiu a um quarto que viu
A luz do petróleo
E fez o mais português
Dos quadros a óleo
Um Zé de Samarra
Com a amante a seu lado
Com os dedos agarra
Percorre a guitarra
E ali vê-se o fado.
Faz rir a ideia de ouvir
Com os olhos senhor
Fará mas não para quem já
Ouviu mas em cor
Há vozes de Alfama
Naquela Pintura
E a banza derrama
Canções de amargura
Dali vos digo que ouvi
A voz que se esmera
Dançando o Faia banal
Cantando a Severa
Aquilo é bairrista
Aquilo é Lisboa
Aquilo é fadista
Aquilo é de artista
E aquilo é Malhoa
23 de JULHO há 87 anos
Nascia
AMÁLIA RODRIGUES
É SEMPRE TRISTONHA E INGRATA
QUE SE TORNA A DESPEDIDA
DE QUEM TEMOS AMIZADE
MAS SE A SAUDADE NOS MATA
EU QUERO TER MUITA VIDA
PARA MORRER DE SAUDADES
As flores que tanto adorava
Obrigado Amália por tudo o que nos deste
Geração de Marceneiro
A NOSSA AMALIA E O POVO
A nossa Amália morreu
Nosso Povo estremeceu
Com tanto calor e frio
No céu entrou uma Fada
E uma canção magoada
Povo que Lavas no rio.
As avenidas e estradas
E as pedras das calçadas
Ficaram todas unidas
Os rapazinhos choraram
As andorinhas voltaram
Sempre de luto vestidas.
Os carpinteiros a correr
Foram todos para fazer
As tábuas do seu caixão
Os Anjinhos se juntaram
Os Santinhos se prostraram
Até Deus pediu perdão.
Desde a Rua de São Bento
Povo Unido, num lamento
Choravam lágrimas e prantos
Peregrinos de sandálias
Consagraram nossa Amália
E os Poetas eram tantos.
A Cidade de Lisboa
Desde Alfama à Madragoa
Desde a Estrela ao Rossio
Varinas de sete saias
Vê lá meu Povo não caias
Povo que Lavas no rio.
Poema de: Manuel Luis Caeiro de Pavia