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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Quinta-feira, 12 de Abril de 2007

Amaro de Almeida (Dr.) - Médico dos Fadistas de então...

Alfredo Marceneiro a ser consultado por Dr. Amaro de Almeida
Fotos de: Vítor Duarte
Sempre que tenho oportunidade, relembro o Doutor Amaro de Almeida, foi um grande Homem, um  grande Médico, uma grande Alma Fadista e um bom amigo.
Presto-lhe esta homenagem em meu nome,  do meu avô e de meu pai, e tenho a certeza que falo em nome de todos aqueles artistas e não só, que ele ajudou desinteressadamente.

 

O Doutor Amaro de Almeida, desde os seus tempos de estudante que era assíduo frequentador das noites fadistas, mais tarde já formado, foi graciosamente o médico dos artistas, (Quer fosse no seu consultório particular quer na Policlínica do Carmo onde chegou a estar toda a noite para atender os artistas depois do final dos seus espectáculos),
Foi também poeta,  estudioso e amante do fado.
Era um homem admirado e respeitado por toda a comunidade artística.
Era amigo e admirador de Alfredo Marceneiro, que por ele também nutria uma amizade profunda.
Recordando os velhos tempos que viveram escreveu estes versos inéditos que lhe dedicou.
 
FADO... TU ERAS DANTES !
ALFREDO, Vê se te lembras...
 
Severas de chinelinhas, da Rua do Capelão
Boémios do Campaínhas » dos tempos que j á l á vão,
Rosas Marias cansadas, da meia-porta da vida,
Chorando com as guitarradas, mais uma noite perdida,
 
Bicos de g á s , lampejando, num recantinho da Guia,
Madrugada bocejando, noites de Triste agonia,
Ermidinha da Saúde, altar de fé, j á velhinha,
Que conseguia virtude, p´ra quem virtude não tinha,
 
Procissões com rosmaninho, com foguetes a estalar,
Desgarradas no Charquinho » e no «Ferro de Engomar»,
Tardes de sol nas toiradas, rufias de banza ao lado,
Tipóias escavacadas cheias de gente do Fado,
 
Verbenas e arraiais, Santo Estêvão, São Miguel,
Com leilões de «Quem d á mais?» e os cravos de papel,
Retiros fora de portas, Catedrais desmoronadas,
Ruínas, saudades mortas, de tantas, tantas noitadas,
 
O «Retiro dos Patacos»,«Caliça», «Perna de Pau»
Com brigas e desacatos, e pastéis de bacalhau,
Os descantes turbulentos, com o vinho a azedar humores,
Os descantes ciumentos, despique de cantadores,
 
Fadistas da terra fria, Maria Emília Ferreira,
O grande João Maria, o Proença e o Zé Pereira,
O Ginguinhas , o Fininho, o Custódio, o Cutileiro,
O Filipe, o Machadinho e o Jorge Caldeireiro,
 
Júlio Duarte, Cascais, o Artur do Intendente
E tantos e tantos mais, que a memória não consente,
Guitarristas afagando melodias e queixume,
Cordas trinando, chorando, tristeza, amor e ciúme,
 
O Salgado, o Armandinho , Zé Marques, Abel Negrão,
O saudoso Pai Martinho, e tantos que j á l á estão,
Poetas que ao Fado deram, a vida que o Fado tem,
Poetas que não morreram, a morte é vida, também,
 
O Gabriel de Oliveira, o grande Silva Tavares,
O Boto, o Lino Ferreira, o querido João Linhares,
Fernando Teles, Radamanto , Henrique Rego e Sobral
Poetas com tanto encanto. Poetas de Portugal
 
Alfredo, vê se te lembras de tudo isto, que é Fado:
Das Severas, da boémia, dos recantinhos da Guia,
Das madrugadas perdidas, das guitarradas,
Das procissões, das desgarradas, das tipóias,
Das verbenas, dos dias grandes e das noites pequenas.
 
Alfredo, vê se lembras, dos retiros fora de portas,
Do rigoroso atirado com doçura, com bravura,
Despiques a horas mortas, com vinho, com Fado,
Com ternura, dos teus colegas que o tempo esvaiu,
Que a saudade acende, do borralho frio.
 
Se te lembras, Alfredo, de tudo o que é Fado,
Se podes viver o tempo passado,
Se sabes sentir, o que já viveste
Se podes ouvir ainda o Armandinho ,
E se sentes correr
Do peito á garganta um copo de vinho,
 
Se cantas, se gingas da cabeça aos pés :
Alfredo Marceneiro, só tu é que és ....
                        ......O Fado verdadeiro
 Poema:Amaro de Almeida
Que grandes noites de fado!
Algumas assisti bem miúdo, tinha para aí os meus 6 a 7 anos, mas depois dava-me o sono como era natural, punham-me a dormir no bengaleiro, que pena... mas nas horas e minutos que estive acordado sempre que o meu avô me levava, esses nunca mais os esqueci e cada vez me vêm mais à memória
 
Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
publicado por Vítor Marceneiro às 14:10
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